por Octavio da Cunha Botelho
(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:
http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/jesus-na-india-uma-breve-analise-das-fontes/)
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O santuário Roza Bal em Srinagar, na Caxemira, onde está sepultado Yuz Asaf, quem a tradição local e alguns autores identificam com Jesus |
A vida de Jesus sem a crucificação e,
consequentemente, sem a ressurreição, é algo inconcebível para a tradição cristã,
ou melhor, mais do que isto, uma remoção da base da doutrina do Cristianismo, a
qual foi construída a partir do crucial milagre da ressurreição, que está bem no
coração da fé cristã. No entanto, não era assim nos primeiros anos do
Cristianismo, quando diferentes correntes exegéticas disputavam a hegemonia
ideológica da nova crença. Os gnósticos, com base no que é possível perceber a
partir dos textos remanescentes e dos descobertos, por exemplo, não davam tanta
importância para os fenômenos da crucificação e da ressurreição, tal como
faziam os seguidores da corrente que se tornaria ortodoxa mais tarde, pois para
eles, Jesus era mais um sábio do que um salvador, portanto a sua sabedoria era
mais importante que os milagres e o fenômeno da ressurreição. Os textos gnósticos
compostos no momento das aparições de Jesus após a morte não são para provar
que ele alcançou o fantástico milagre de renascer entre os mortos, tal como o
Cristianismo ortodoxo entende, mas sim para transmitir ensinamentos numa
sublimidade que nenhum outro era capaz. Enfim, para os gnósticos as instruções
são mais importantes que os milagres da ressurreição e das aparições póstumas.
Um exemplo é o Pistis Sophia, um extenso
texto gnóstico no qual Jesus transmite ensinamentos aos discípulos durante uma
aparição após a morte.
Assim, o estudo abaixo trata de uma versão da
vida de Jesus que desmorona todo o edifício da tradicional fé cristã, erguido,
após muita luta e sangue, sobre os alicerces da crucificação e da ressurreição
de Jesus, ou seja, a hipótese de que ele não tenha morrido na cruz, daí a magnitude
da polêmica entre os religiosos.
O ímpeto fantasioso
O ímpeto pela fantasia é tão incontido nos
religiosos que o processo de composição de novas lendas e mitos não tem fim,
bem como o resgate de antigas lendas perdidas continua a atrair a curiosidade
de muitos. Mesmo numa época predominantemente secular, tal como o século XX, novos
relatos fantasiosos sobre as antigas religiões e seus líderes foram criados com a
receptividade dos curiosos, sobretudo daqueles que procuram versões
alternativas que, supostamente, preencham lacunas deixadas pelas grandes
religiões tradicionais. No Ocidente, este interesse é alimentado, sobretudo, pelos
esoteristas, pelos teósofos, pelos rosa-cruzes, pelos new agers e por outros, os quais estão sempre abertos e ávidos por
novas revelações, por novos achados e por novas interpretações que satisfaçam os
seus apetites por esclarecimentos suplementares ausentes nas religiões
tradicionais, não importando, na maioria das vezes, o quão fantasiosa a nova revelação
possa ser.
Com respeito ao Cristianismo, a continuidade
do aparecimento de novos relatos, sobre a vida e os ensinamentos de Jesus,
recebeu os nomes de “apócrifos modernos” ou de “boatos bíblicos” (Goodspeed,
1956). Se estas denominações são procedentes ou não, trata-se de um assunto
discutível. A literatura sobre estas novas revelações e descobertas é extensa,
de modo que o breve estudo abaixo se limitará aos recentes textos sobre a
viagem e a estadia de Jesus na Índia.
Gravura reproduzindo Jesus no interior de um templo hindu |
O assunto nunca foi seriamente encarado pelos
acadêmicos. Com isso, não temos literatura acadêmica, apenas breves avaliações
e comentários desaprovadores por estudiosos, os quais não se deram ao
trabalho de aprofundar na questão. Porém, mesmo assim, será interessante tratar
deste assunto aqui, pois embora não seja de interesse acadêmico, provoca muito
reboliço na mídia e na população. Veja os exemplos do alvoroço provocado por
filmes como a Última Tentação de Cristo (1988) e O
Códico Da Vinci (2006), ambos a partir de livros, duas obras que tratam da
sobrevivência de Jesus à crucificação.
A lacuna nos evangelhos
canônicos
Os quatro textos oficiais omitem o
relato da vida de Jesus dos 12 aos 30 anos de idade. No máximo, o Evangelho de Lucas apenas menciona
que ele foi levado ao templo na idade de 12 anos (Lucas 2:41), mais adiante é
afirmado que ele inicia seu ministério na idade de cerca de 30 anos (Lucas
3:23), portanto um salto de 18 anos. Existem alguns evangelhos apócrifos da
infância, porém nada foi registrado da sua adolescência e do início da sua vida
adulta. Esta lacuna deixa a curiosidade
em saber da vida do nazareno durante este período. Os relatos sobre as suas
viagens durante este período, sobretudo à Índia, são contestadas pelos
oponentes com base em um episódio, nem tão esclarecedor, narrado nos evangelhos
de Marcos e de Mateus, quando Jesus está iniciando seu trabalho de pregação e é
visto por conterrâneos que se surpreendem com o seu discurso, então proferem a
indagação: “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria...”? (Marcos 6:03 e
Mateus 13:53). Existe uma diferença na redação destas duas passagens, na de Marcos,
Jesus é mencionado como o ‘carpinteiro’ (gr: tekton; lat: faber),
enquanto na de Mateus, é mencionado como o ‘filho do carpinteiro’ (gr: tektonos uios; lat: fabri filius).
A alegação dos contestadores das viagens é que Jesus permaneceu em sua cidade,
trabalhando como carpinteiro, durante este período, por isso a familiaridade de
seus conterrâneos e a surpresa pela sua pregação. No entanto, a indagação dos
conterrâneos não é suficiente para assegurar a sua invariável permanência, pois
a frase “filho do carpinteiro” (tektonos
uios) deixa uma margem para o fato de Jesus ser conhecido apenas como o filho
de José, o carpinteiro, e não ter sido um carpinteiro de profissão, bem como a
possibilidade de ter estado fora da região por algum período, portanto não
trabalhou o tempo todo como carpinteiro em sua cidade.
Os anos perdidos e a
sobrevivência à crucificação
O período da vida de Jesus omitido
nos relatos bíblicos é conhecido como “os anos perdidos” ou “os anos
desconhecidos” (Notovitch, 1916; Dowling, 1947; Prophet, 1987; Kerster, 2001 e
Ahmad, 2003), isto é, a fase dos 12 aos 30 anos, quando alguns autores alegam
que o nazareno esteve com os essênios, ou visitou a Bretanha, ou viajou pelo
Oriente (Índia, Tibete, Egito, Pérsia, Grécia, Japão, etc.), aprendendo com os
sábios ou ensinando ao povo. Outra alegação é a de que ele não morreu na cruz
(Alcorão 4:157 e Ahmad, 2003: 57-62), sendo então substituído por outra pessoa
no momento da crucificação, a qual foi crucificada em seu lugar, ou também, sobreviveu
à crucificação, não chegando a morrer, mas apenas sofreu um desmaio (Ahmad,
2003: 17), este último caso é conhecido como “hipótese do desmaio”. Então, em seguida,
partiu em viagem para o Oriente, onde faleceu nestas terras distantes em idade
avançada (Ahmad, 2003: passim), ou até
mesmo que Jesus visitou as regiões orientais tanto na sua juventude como depois
da sobrevivência à crucificação (Kersten, 2001). Os mórmons acreditam que Jesus
realizou aparições na América depois da sua morte. Dentre todas estas
especulações, o estudo aqui se limitará à hipótese de sua viagem à Índia, do
contrário este estudo se tornaria muito extenso, em vista do grande número de relatos
delirantes.
O despertar do interesse
O mosteiro de Hemis, Ladak, Caxemira, onde Notovitch alegou ter anotado a tradução do manuscrito de A Vida Desconhecida de Jesus. |
Em 1956, Edgar J Goodspeed usou o
primeiro capítulo de seu livro Famous
Biblical Hoaxes or Modern Apocrypha (Famosos Boatos Bíblicos ou Apócrifos
Modernos) para demonstrar a fraude de Nicolas Notovitch. Mais recentemente, o
conhecido e dedicado pesquisador bíblico Bart D. Ehrman escreveu: “Hoje não há
um único pesquisador reconhecido no planeta que tenha dúvida sobre a matéria. A
história inteira foi inventada por Notovitch, que ganhou muito dinheiro e uma
substancial soma de notoriedade por seu boato” (Ehrman, 2011: 282-3). Para James R. Lewis, tudo é uma forja (Lewis, 2003: 79s).
Por outro lado, Nicolas Notovitch
também teve defensores, naturalmente da parte de um esoterista, de um místico,
e de uma que se autoproclamava vidente (Kersten, 2001: 01-18; Abhedananda, 1987
e Prophet, 1987: 92-120 respectivamente). Enfim, somente estas modalidades de
pessoas acreditaram em Notovitch. O fato é que, o manuscrito, do qual Notovich
retirou suas anotações traduzidas, nunca foi mostrado publicamente, nem sequer
uma cópia, sendo assim, nunca foi entregue para o escrutínio de pesquisadores
acadêmicos com conhecimento em Crítica Textual e em Filologia, para a avaliação
da sua autenticidade, do seu significado e da sua credibilidade como documento
histórico.
“A Vida Desconhecida de
Jesus Cristo” de Nicolas Notovitch
Agora, deixando de lado a questão se
a publicação de Notovitch é autêntica ou uma fraude, ou seja, se o tal manuscrito
realmente existe, se ele esteve no mosteiro de Hemis, se o tal manuscrito lhe foi mostrado, se ele de fato anotou
as traduções ditadas pelo tradutor, etc., uma vez que a dúvida não foi
esclarecida até hoje, a análise do próprio conteúdo da publicação poderá ser
mais útil para o julgamento da autenticidade.
Nicolas Notovitch despertou o interesse pela hipótese da viagem de Jesus à Índia |
Ao saberem deste discurso de Issa, os brâmanes ordenaram que ele
fosse assassinado (essa reação não é comum na história do Hinduísmo). Porém,
antes disto, Issa ficou sabendo e
fugiu para o Nepal, onde aprendeu a língua Páli e estudou os Sutras (sermões) de Buda (idem p. 113) –
ainda é dúvida se a língua Páli era conhecida naquela época no local. Depois
deixou esta região em direção ao Ocidente, onde continuou pregando em seu
caminho até chegar de volta à Israel com 29 anos de idade (idem, p. 123). Na
passagem pela sua terra natal (idem p. 123-46), alguns episódios coincidem e
outros divergem do Novo Testamento. Seria muito extenso mencioná-los todos
aqui, porém os mais curiosos são os fatos que Issa também é crucificado e a tumba é encontrada vazia depois de
três dias, mas não por Maria Madalena, e sim pela multidão (idem, p. 146),
então o texto termina aqui. De maneira que não menciona a ressurreição e nem as
aparições póstumas de Issa aos
discípulos. Bem, se o relato acima não é crível, é, pelo menos, cômico em
alguns trechos.
O templo de Jagannatha em Puri, no estado de Orissa, Índia; a alegação de que Jesus esteve aqui é anacrônica |
Jesus na Índia após a
crucificação
H. Mirza Ghulam Ahmad (1835-1908) foi o principal divulgador da identificação de Yuz Asaf e Jesus |
H. Mirza Ghulam Ahmad influenciou outros
autores, inclusive esoteristas ocidentais, os quais acreditaram na sua
argumentação. Em suma, para ele Jesus sobreviveu à crucificação, viveu na Índia
por muitos anos, que ele é Yuz Asaf e
está sepultado no santuário de Roza Bal
em Srinagar, Caxemira.
Jesus no Bhavishya Purana
Os Puranas são textos em sânscrito que fazem parte de uma coleção de
contos dos tempos antigos da Índia. Estão entre as mais importantes e
influentes escrituras do Hinduísmo. Existem 18 Puranas principais, conhecidos como Maha Puranas (Grande Puranas), e o Bhavishya Purana está entre eles. Diferente dos demais, o Bhavishya Purana trata, além dos
habituais tópicos comuns nos outros puranas,
de profecias sobre o futuro (bhavishya),
portanto, em alguns trechos, é um purana
profético.
O que existe de excepcional neste purana é a referência a Jesus,
mencionado como Isha Putra (filho de
deus), a partir dos termos Isa e Issa dos textos islâmicos, no episódio
do diálogo com o rei Salivahana (também
conhecido como Gautamiputra Shatakarni),
pertencente à dinastia Shatavahana, que
reinou de 78 a 102 e.c. (portanto contemporâneo com o período da sobrevivência
de Jesus à crucificação), cuja capital do reino era Ujjain, no atual estado de Madhya
Pradesh, na Índia Central. Este
diálogo aparece no Pratisarga Parva do Chaturyuga Kanda do Dwitiya
Adhyayah, no capítulo 19, versos 17-32. Abaixo um resumo deste trecho.
O texto inicia informando que uma
vez um poderoso rei, chamado Salivahana,
alcançou muitas conquistas, o qual subjulgou os Shakas, os Cinas, o povo
de Roma, os descendentes de Khuru e o
povo de Bahikaus. Em seguida
estabeleceu as fronteiras do país dos arianos e a dos Mlecchas (estrangeiros impuros). O país dos arianos era conhecido
como Sindusthan, o qual se transformou em um grande país (versos 17-21).
Moeda cunhada com o perfil do rei Salivahana (r.78-102 e.c.), com quem Jesus teve um diálogo, tal como narrado no Bhavishya Purana |
Após ouvir estas comoventes palavras
e prestar reverência a aquele homem, o qual é adorado pelos bárbaros, o rei
humildemente pediu a ele para permanecer na terra horrível dos Mlecchas (estrangeiros impuros).
Primeiro é preciso esclarecer que o Bhavisha Purana é um texto cercado de
desconfianças, uma vez que, das quatro edições disponíveis atualmente, nenhuma
coincide uma com a outra em muitos pontos. Por isso, Maurice Winternitz observa
que “o texto preservado até nós em forma manuscrita certamente não é a antiga
obra, a qual é citada no Apastambiya
Dharmasutra” e que Th. Aufrecht o “tem exposto como uma fraude literária”
(Winternitz, 1990, 541). As fraudes não
são difíceis de serem percebidas, pois se mostram através de clamorosas falhas
históricas e anacrônicas. Logo no início é afirmado que o rei Salivahara (r. 78-102 e.c.) derrotou os Shakas, os Cinas (chineses), o povo de Roma, os descendentes de Khuru (os persas) e o povo de Bahikaus (bactrinianos-gregos).
Historicamente falando, dos povos relacionados, o rei Salivahana (Gautamiputra
Shatakarni), na verdade, derrotou apenas os Shakas (Keay, 2000, 131). Os outros povos derrotados pelo rei Salivahana, conhecidos na história, são
os Yavanas e os Pahlavas, porém não são mencionados no texto em questão. Não existe
nenhum registro na história indiana no qual os chineses travaram uma batalha
com os indianos no passado. Também, os indianos nunca guerrearam com os romanos,
apenas com os gregos, na época de Alexandre, o Grande. Ademais, não existe
prova de que os gregos chegaram até a região de Ujjain, a capital Shatavahana
na Índia Central, a ocupação grega na Índia se limitou à região noroeste.
Jesus na posição de meditação, bem no estilo yoga |
Outra curiosidade é a diferença entre as quatro edições conhecidas, uma tem 5 capítulos, outra tem 4, uma outra tem 3 e ainda uma outra tem apenas 1 capítulo. Também, o conteúdo em cada uma das 4 versões diverge em muitos graus, algumas têm mais versos, enquanto outras têm menos, embora todas elas mencionam Jesus (Isha Putra), porém, com redações diferentes. Aqui foi utilizada, para este estudo, a edição da Venkateswara Press, Mumbai, 1917.
Enfim, para encerrar, se para um cristão
tradicional a ideia de uma vida de Jesus sobrevivendo à crucificação, portanto
sem ressurreição, já é percebida como um desmoronamento da fé cristã, imagine
então o choque que será ao saber de um Jesus pregando doutrinas e prática hindus.
Obras consultadas
ABHEDANANDA,
Swami. Journey into Kashmir and Tibet:
with the Life of Jesus by Nicolas Notovitch. Calcutta: Ramakrishna Vedanta
Math, 1987.
AHMAD,
H. M. Ghulam. Jesus in India: Jesus’s
Deliverance from the Cross & Journey to India. Tilford: Islam International
Publication, 2003, (1st edition, 1908).
BHAVISHYA
MAHAPURANA (Sanskrit Edition). Mumbai: Venkateswara Press, 1917.
DOWLING,
Levi H. The Aquarian Gospel of Jesus the
Christ. London: L. N. Fowler & Co. Ltd, 1947 (first published, 1908).
EHRMAN,
Bart D. Forged: Writing in the Name of
God. Why the Bible’s Author’s Are Not Who We Think They Are. New York:
Harper/Collins, 2011.
GOODSPEED,
Edgar J. Famous Biblical Hoaxes or Modern
Apocrypha. Grand Rapids: Baker Book House, 1956.
GREEN,
Joel B. Crucifixion em The Cambridge Companion to Jesus. Markus
Bockmeuhl (ed.). Cambridge: Cambridge
University Press, 2001, p. 87-101.
HALEEM,
M. A. S. Abdel (tr.). The Qur’an.
Oxford/New York: Oxford University Press, 2005.
KEAY,
John. India: a History. London:
HarperCollins Publishers, 2000.
KERSTEN,
Holger. Jesus Lived in India: His Unknown
Life Before and After the Crucifixion. New Delhi: Penguin Books, 2001.
LEWIS, James R. Legitimating New Religions. New Brunswick: Rutgers University Press, 2003. p. 73-88.
LEWIS, James R. Legitimating New Religions. New Brunswick: Rutgers University Press, 2003. p. 73-88.
NOTOVITCH,
Nicolas. The Unknown Live of Jesus Christ.
Chicago: Indo-American Book Company, 1916, (primeira edição francesa, 1894).
PROPHET,
Elizabeth Clare. The Lost Years of Jesus:
Documentary Evidence of Jesus’ 17-years Journey to the East. Gardiner:
Summit Publications, 1987.
WINTERNITZ,
Maurice. A History of Indian Literature,
vol. I. Delhi: Motilal Banarsidass, 1990.
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