COISAS DA RELIGIÃO
Um olhar crítico sobre o que acontece no mundo religioso
Octavio da Cunha Botelho
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(Obs: conheça as postagens mais recentes da seção COISAS DA RELIGIÃO em:
http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/category/coisas-da-religiao/)
JORNADA
MUNDIAL DA “JUVENTUDE TRANSVIADA”
O Movimento Contracultura promoveu a maior transformação cultural da juventude no Ocidente |
O título desta crônica é parcialmente
extraído do filme Rebel Without a Cause
(1955), um clássico dirigido por Nicolas Ray, estrelado pelo lendário James
Dean e pela bela Natalie Wood, lançado no Brasil com o título de Juventude
Transviada. O drama mostra a rebeldia de um jovem interpretado por James Dean,
numa época quando a revolta da juventude era um ato absolutamente fora dos
padrões sociais, portanto inaceitável, uma vez que, até então, os jovens eram
educados pelos adultos para ouvir e obedecer. De modo que, quando um jovem se
comportava fora do padrão submisso da época, era considerado um transviado, daí
o título do filme de Juventude Transviada. Enfim, os jovens não tinham voz
ativa em nenhum setor da sociedade.
Entretanto, este panorama começou a mudar com
as primeiras reações, ainda nos anos 1950, para depois alcançar sua efetividade,
na década seguinte, com a deflagração da maior revolução jovem na história da
civilização ocidental: o Movimento Contracultura, cuja duração se estendeu
pelos anos 1960 e 1970. No centro das reivindicações destes jovens rebeldes,
estava a mudança nos costumes e nos padrões culturais, em grande parte, criados
e impostos pelo Cristianismo, após os seus muitos séculos de ditadura cultural
no Ocidente. Ademais, esta foi a época de maior penetração de ideias e de
práticas orientais (yoga, zen, etc.) no mundo ocidental, quando ficaram
internacionalmente famosos gurus e grupos, tais como Sri Maharshi Maheshi Yogi, conhecido pela Meditação Transcendental
(ele foi guru dos Beatles nos anos 1960, para conhecer a influência deste
instrutor no quarteto de Liverpool, ouça a música Across the Universe) e o Movimento Hare Krishna, com muitas celebridades em seu séquito, inclusive George
Harrison, como um dos mais ilustres adeptos.
Jovens dos anos 1950; a década seguinte foi marcada por uma profunda transformação, desde a moral até o vestuário. |
Os jovens de hoje desconhecem o tanto que o
modo de vida da juventude atual, bem como outros comportamentos adultos da
atualidade, são conquistas culturais resultantes pelo Movimento Contracultura,
cujos efeitos refletiram nas décadas seguintes. Conquistas que se estendem
desde as transformações na mentalidade, nos costumes, no comportamento, na
moral, e até no vestuário, são frutos da rebeldia dos jovens de então. Dentre
as tantas conquistas, o Movimento Contracultura fez surgir “o mundo e a
cultura jovem” no Ocidente. Diferente do passado, quando a vida constava apenas
da infância e da vida adulta, ou seja, quando a criança ultrapassava a vida
infantil, já iniciava imediatamente sua preparação para a vida adulta, em
outras palavras, o jovem era um “pré-adulto”. Ao contrário, este movimento
introduziu uma nova cultura no intervalo da vida infantil e da vida adulta: a
cultura jovem, e o resultado disto é que hoje, diferente do passado, os jovens
atuais têm a sua própria linguagem (com suas gírias peculiares), o seu próprio estilo de vida, a sua própria
literatura, a sua própria música, o seu próprio vestuário, os seus próprios
filmes, a sua própria culinária, etc., enfim, o Movimento Contracultura fez a
juventude descobrir a sua própria identidade e, com isso, os jovens passaram a
desenvolver a sua própria cultura.
Passados os anos de rebeldia, seus efeitos na
cultura religiosa do Ocidente assumiram dois sentidos, que podem ser percebidos
desde então. Nos países de melhor qualidade de vida (Holanda, Suécia, Noruega,
Suíça e outros), a religião tende a desaparecer e a sua cultura se tornar cada
vez mais laica. Já nos países na posição mediana e na lanterna do índice de
qualidade de vida (Brasil, México, Honduras, Haiti, países da África e outros),
a religião cresce e tende a consolidar a sua hegemonia cultural. O principal reduto
do Catolicismo atual é a América Latina, sendo o Brasil o país com a maior
população católica do mundo, enquanto que na Europa Ocidental, o Cristianismo
se encolhe velozmente, sendo que algumas igrejas estão até à venda na Holanda e
na França. Durante os anos 1960 e 1970, falou-se muito no fim das religiões
tradicionais, especialmente do Cristianismo no Ocidente, pois aqueles jovens
que ainda conservavam o interesse religioso buscavam os Novos Movimentos
Religiosos (Hare Krishna, Sociedade
Teosófica, Escola Arcana, Meditação Transcendental, Igreja da Unificação, etc.
e, a partir dos anos 1980, o Rajeenishismo e Sathya Sai Baba, bem como outros grupos menores de influência
oriental). Este foi o período de maior proliferação de novas religiões e o
Cristianismo parecia destinado a desaparecer.
O Festival de Woodstock (1969) foi o evento apoteótico do Movimento Contracultura |
Por outro lado, os países de pior qualidade de
vida no Ocidente experimentaram um ressurgimento do Cristianismo, a partir dos
anos 1980, enquanto nos países de melhor qualidade de vida, o secularismo
cresceu, deixando claro quais são as sociedades e as pessoas que ainda precisam
da religião. Estes últimos países provaram que o bem estar é possível de ser
alcançado com a ausência da religião. Já o Brasil, por exemplo, por não ter acompanhado
o avanço cultural, social e econômico dos países da Europa Ocidental, é um país
que ainda precisa da religião, o exemplo disto é o seu grande número de
seguidores do Cristianismo, por isso o papa faz tanto sucesso por aqui. Em
contrapartida, se o papa visitar a Holanda ou a Suécia, por exemplo,
provavelmente a maioria da população destes países nem ficará sabendo, pois o
interesse da população será pequeno e a cobertura da impressa será mínima,
muito menos ainda a ocorrência de tietagem com o papa, tal como acontece aqui. Então,
no caso de uma visita como esta, é provável que os brasileiros fiquem sabendo
mais do evento que os próprios holandeses e suecos.
Cena do filme Hair (1979) de Milos Forman: jovens dançam no Central Park ao som de Age of Aquarius, fusão das ideias dos Movimentos Contracultura e New Age. |
Agora, quando comparamos a mentalidade e o
comportamento da juventude de antes e de depois do Movimento Contracultura, o
ponto religioso que nos chama a atenção é a submissão dos jovens à educação
religiosa no período pré-Movimento Contracultura e a insubordinação à mesma no
período pós-Movimento Contracultura. Até os anos 1960, era inadmissível um jovem
não ter recebido a Primeira Comunhão. A educação dos filhos em escolas
católicas era comum, eu mesmo e meus irmãos estudamos em escolas de padres e de
freiras, cujo currículo incluía o catecismo. A influência dos pais na vida
religiosa dos filhos era preponderante, de modo que era muito raro um jovem
contrariar a orientação religiosa dos pais. Os jovens não tinham a opção de
escolher o seu destino religioso, este era traçado pelos adultos e o
conservadorismo predominava. Já as gerações posteriores ao Movimento
Contracultura desfrutaram de uma autonomia inédita: a liberdade do jovem
escolher por si mesmo o seu destino religioso, no qual está incluída até mesmo
a opção ateísta.
Com estas conquistas culturais e sociais
alcançadas pelo Movimento Contracultura, resta agora refletir sobre qual é a
juventude transviada de hoje. Para tanto, será preciso primeiro definir o
significado da palavra ‘transviada’ que está sendo utilizada aqui. Etimologicamente,
ela vem do verbo transviar, isto é, a combinação das palavras ‘trans’ (ir além,
transpor) e ‘via’ (caminho), portanto, ir além do caminho, desviar, extraviar.
O significado mais comum de transviada é aquela “pessoa que não obedece aos padrões
comportamentais vigentes”.
O ator James Dean em uma cena do filme Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955). |
Bem, os padrões comportamentais vigentes da
juventude atual são de autonomia dentro de um contexto maior da sociedade onde
está inserida, algo como dizer que a cultura jovem da atualidade está mais para
uma subcultura, no sentido dado pelos sociólogos. A revolução efetuada pelo
Movimento Contracultura dos anos 1960 assemelhou-se a um “Iluminismo Jovem”, quando
a juventude foi capaz, pela primeira vez, de se libertar da imposição religiosa
dos pais sobre os filhos. O direito dos jovens de decidir pelo seu destino
religioso estava conquistado, com isso muitos jovens se tornaram laicos.
Sendo assim, as campanhas para atrair os
jovens de volta para as igrejas, tal como esta Jornada Mundial da Juventude, daí lhes impor uma educação catequética, contrariam
o avanço da juventude rumo à autonomia laica e promovem um retrocesso ao
período pré-Movimento Contracultura, quando os padrões comportamentais dos
jovens eram aqueles aprendidos com os valores do Cristianismo. Enfim, um comportamento retrógrado não pode
ser o comportamento padrão atual, portanto, uma juventude cristã hoje é a que, a rigor, seria a “juventude transviada” (extraviada) dos padrões comportamentais
vigentes.
Octavio da Cunha Botelho
25/07/2013
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DALAI
LAMA MULHER, CRISE DE SENSIBILIDADE NO LAMAÍSMO GELUGPA
Diferente de seus antecessores, o atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, esbanja extroversão. |
A atriz mirim Greishma Makar Singh no papel de Gita em uma cena do filme O Pequeno Buda (Little Buddha), 1993, de Bernado Bertolucci. |
A maneira sensacionalista com a qual
foi divulgada estas declarações do líder da seita Gelugpa do Budismo Tibetano, pareceu até que este seu anúncio,
sobre a possibilidade de um próximo Dalai Lama mulher, era uma revelação
inédita. A rigor, ele já fez estas declarações anteriormente algumas vezes, não
só sobre o próximo Dalai Lama mulher, mas também de que o próximo Dalai Lama
poderá ser um ocidental. Um exemplo de que estas previsões já eram conhecidas
há muito tempo, pode ser visto no filme O Pequeno Buda (Little Buddha), de 1993, do diretor Bernardo Bertolucci (budista e
amigo do Dalai Lama), onde três crianças, dois garotos e uma garota, cujos
sinais os identificavam como a reencarnação de um lama muito prestigiado, o lama
Dorje. O garoto ocidental é Jesse,
filho de um casal de Seatle, EUA, e a garota é Gita, interpretada pela atriz então
mirim, Greishma Makar Singh. Bernardo Bertolucci se inspirou, para escrever o
roteiro do filme, no já conhecido anúncio do Dalai Lama, sobre a possibilidade
de um dalai lama ocidental ou mesmo de uma mulher.
Cena do filme Die Papstin (Papisa Joana) de 2009. |
O atual Dalai Lama posa junto de jogadores de Rugby da Austrália; o esporte cada vez mais presente na agenda das religiões. |
Octavio da Cunha Botelho
17/06/2013
MULHERES
DO MURO: PARA QUÊ LUTAR POR OBSOLETISMO?
Ativista judia do movimento Mulheres do Muro faz leitura da Torá diante do Muro das Lamentações: muita luta pelo direito de praticar rituais de crendice. |
O evento foi acompanhado de
insultos, de xingamentos, de arremesso de objetos nas ativistas e de momentos de
violência, em virtude da oposição dos judeus ortodoxos, os quais estavam em
número de cerca de mil manifestantes. As Mulheres do Muro tiveram de orar
protegidas pela polícia, através de um cordão de isolamento, para que o confronto
fosse evitado. Alguns ortodoxos tentaram invadir e foram presos. Mais um
exemplo da estupidez religiosa.
Judia, depois de instalar o tefilin na testa (shel rosh), coloca o tefilin de braço (shel yad); acessórios de uso exclusivo dos homens durante as orações. |
Judias, vestidas com o tallit (xale de oração), reproduzem o Ritual de Leitura da Torá (Kriat ha-Torah) diante do Muro das Lamentações; ritual efetuado somente pelos rabinos. |
O Judaísmo é uma das
religiões mais discriminadoras quanto ao gênero. Veja em seguida como alguns
autores resumem o tratamento desta tradição com as mulheres. Adin Steinsaltz
resume assim a situação da mulher no Judaísmo Rabínico: “A lei talmúdica exclui
as mulheres, em muitas maneiras, de diversas esferas importantes da vida. Ela
as exclui, por exemplo, daqueles positivos preceitos que dependem de uma
determinada hora do dia ou do ano para a sua execução. Estes excluem muitos dos
rituais familiares da vida judaica: o uso do tallit (xale de oração), do uso do tzitzit (franjas nas quatro extremidades do tallit), o uso do tefillin
(pequena caixa preta contendo pequenos rolos de pergaminhos inscritos com
trechos da Torá, a qual é amarrada à testa ou ao braço esquerdo com fitas
pretas), a recitação da shemá (uma
oração diária), o sopro do shofar
(trombone), a construção da sukkah
(tenda) e a peregrinação. Às mulheres não é permitido juntarem-se a um minyan (o quorum dos dez anciões) para
orações, nem são atribuídas a elas atividades dentro da comunidade. Quanto ao
seu status social, elas não são qualificadas para posições judiciais e
administrativas. E, o mais significativo de tudo, elas são excluídas do
importante mitzvoh (mandamento) de
estudar a Torá, um fato que, inevitavelmente, as impedem de exercer um papel na
vida espiritual e cultural judia”. Também, o resumo de Judith Baskin: “As
mulheres não exerceram um papel ativo no desenvolvimento do Judaísmo Rabínico,
nem lhes foi concedido um papel significativo na vida religiosa daquela
tradição. (...) De fato, a definição de mulher do Judaísmo Rabínico compartilha
muitas características com aquelas de outras sociedades conservadoras. Aqui,
tal como em outros lugares, as mulheres não aparecem como seres inferiores aos
homens, mas são, ao invés disto, uma criação completamente e necessariamente
diferente do imaculado homem que, somente ele, pode servir a deus plenamente.
No Judaísmo Rabínico, nenhuma mulher é considerada capaz de qualquer
experiência direta do divino”. E mais: “O Judaísmo Rabínico coloca a mulher
numa severa desvantagem (...) a posição da mulher é subordinada ao homem em
todos os aspectos da vida social, legal e religiosa. (...) As mulheres eram, no
geral, observadas como inferiores aos homens em inteligência, em função e em
status”, por isso “quanto à prática, as mulheres são dispensadas da maioria das
obrigações religiosas...”. E ainda mais: “O Judaísmo Rabínico foi produzido
dentro de uma sociedade patriarcal por um grupo de sábios que imaginavam um
mundo masculino, com os homens no seu centro. A legislação rabínica, percebida
por seus autores como divinamente ordenada, considera a mulher somente em seu
relacionamento com o homem, tal como ela se enquadra dentro do seu controle e
pode contribuir para seu conforto”. “Em essência, todas as importantes maneiras
nas quais o Judaísmo definiu o que significava ser um judeu, foram quer
parcialmente ou completamente fechadas às mulheres”.
As pretensões das Mulheres do Muro são contestadas pelos judeus ortodoxos com hostilidade; estupidez religiosa. |
Estritamente falando, o
rigor destas discriminações e proibições depende da corrente judaica, que se
estende desde o Judaísmo ortodoxo e ultraconservador até o Movimento Reformista
mais liberal. Nesta última corrente, as mulheres já têm alcançado mais
autonomina religiosa nas últimas décadas.
Bem, mas o que se pretende
analisar aqui é o benefício de lutar tanto por um objetivo tão obsoleto e
inútil para a cultura atual, isto é, o direito de rezar diante de um muro velho,
sujo, fétido e aparentemente feio (pois trata-se de uma ruína), de ler a Torá
(a Lei) em voz alta (um livro com regras e ensinamentos ultrapassados), a qual
é formada pelos cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica: Bereshit (Gênesis), Shemot
(Êxodo), Vaikrá (Levítico), Bamidbar (Números) e o Devarim (Deuteronômio), com um xale (o tallit) e com os acessórios (o tefillin), este último é uma pequena
caixa preta, onde se coloca no interior um pequeno rolo de manuscrito da Torá,
amarrado quer na testa (shel rosh) ou
no braço esquerdo (shel yad), por uma
longa fita preta, para os judeus se lembrem da eterna aliança com deus (veja
isto em fotos para perceber o tanto que é cômico), bem como com o kippah, um pequeno gorro usado na
cabeça... pura crendice. Algumas rezas são feitas diante deste muro
acompanhadas de movimentos corporais que se assemelham a um exercício abdominal.
Por outro lado, poderá ser
muito mais proveitoso para as mulheres, as quais já conquistaram tantos
direitos e tantos privilégios sociais, culturais e políticos nas últimas
décadas, abandonarem esta luta por crendices tão ultrapassadas e inúteis para a
cultura contemporânea e, ao invés disto, darem a volta por cima, olharem para o
futuro e concentrarem seus esforços no aproveitamento das conquistas já
alcançadas, bem como nas suas carreiras, para então desenvolver novos projetos
de vida, pois nunca na história as mulheres alcançaram tanta autonomia,
portanto uma era de oportunidades formidáveis; deixando de lado a continuidade
destas obsoletas práticas de crendices para os judeus conservadores, com sua
mentalidade entranhada no obsoletismo, para que somente eles prossigam com o “lamento
pelo leite derramado” no Muro das Lamentações.
Octavio da Cunha Botelho
13/05/2013
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CRISTÃOS,
DA VIDA INTRANSIGENTE À MUNDANIDADE
A execução de Perpétua, uma mártir cristã executada em um anfiteatro na cidade de Cartago em 203 e.c. |
O canal de TV por assinatura National
Geographic repetiu neste fim de semana três documentários, desta vez em
sequência, da série Jesus, Rise to Power
(Jesus, A Ascensão ao Poder), porém traduzido como O Poder do Cristianismo. Desde alguns anos, os canais de
documentários têm adotado a mesma estratégia de marketing do cinema de nem sempre traduzir literalmente o nome das
produções, mas sim de denominá-las de acordo com um título que cause mais
impacto no público de cada país. Este é mais um sinal de como os documentários,
os quais no passado eram mais científicos e didáticos, estão se transformando,
cada vez mais, em produções comerciais e de entretenimento. Quem assistiu os
canais Discovery, Mundo e History Channel, ainda nos anos 1990, é capar de
perceber a diferença.
Bem, mas o objetivo desta crônica
não é comentar sobre a qualidade das produções dos documentários, senão sobre
um tema tratado neles, ou seja, o Cristianismo primitivo como um radical modo
de vida e de oposição ao estilo de vida romano, o qual contrasta flagrantemente
com o modo de vida dos cristãos atuais. Em outras palavras, o Cristianismo não
era, naquela época, tal como hoje (exceto os clérigos), apenas uma aceitação de
fé com quase nenhum compromisso prático com o modo de vida. Ele era sim, além
da fé, um modo de vida radical, isto é, uma combinação rigorosa de fé e de modo
de vida.
O exemplo mais claro que atesta este rigoroso
e intransigente modo de vida dos primeiros cristão está na razão por eles terem
sido perseguidos pelos romanos sendo que, tal como sabemos, estes últimos eram
muito tolerantes com os diferentes cultos praticados no Império Romano. Então,
qual o motivo para os romanos perseguirem os cristãos? Naquela época, a
religião romana era um aglomerado de cultos estrangeiros, sendo assim, por que
só os cristãos foram perseguidos? A resposta está no radical e inflexível modo
de vida dos primeiros cristão, os quais não aceitavam dividir seu estilo de
vida com a prática de culto e de sacrifícios aos deuses da religião romana, tal
como os seguidores dos outros cultos do Império faziam. Sendo a religião romana
uma religião civil, a recusa em praticar os cultos e os sacrifícios do seu
calendário religioso era entendida como uma desobediência civil, portanto
sujeita à punição pelo Estado. De modo que, os cristãos foram perseguidos e
mortos nem tanto por sua crença, mais do que isto, por sua resistência em se
enquadrar no estilo de vida do cidadão romano, fazendo com que fossem
percebidos como inimigos do Estado Romano. Uma vez que os praticantes dos
outros cultos se alinhavam à cidadania romana, não foram perseguidos e mortos
na ocasião, somente os cristãos. A acusação de que os cristãos foram
perseguidos pelos romanos por cauda de sua crença, e não por causa da
desobediência civil, é uma dramatização dos historiadores cristãos, os quais também
exageram muito nos números de perseguidos e de mortos, sobretudo o historiador
eclesiástico Eusébio de Cesareia (século IV e.c.).
Cristãos na arena para serem devorados pelos leões, punição pela insubmissão ao modo de vida civil dos romanos e não pela crença diferenciada, os romanos eram religiosamente tolerantes. |
A oposição dos primeiros cristão de se
enquadrarem na vida romana foi tão extrema que surgiu, naquela época, a paranoica
prática do martírio. Cristãos que se ofereciam à morte ao invés de se
submeterem ao estilo romano. A prática do martírio se tornou tão frequente que
um governador romano chegou a reclamar, através de uma carta, da quantidade de
cristãos que se ofereciam para serem martirizados na sua região. A prática do
martírio, através do lançamento de cristãos aos leões para serem devorados, bem
como da decapitação por gladiadores, que era para a população romana um
espetáculo de entretenimento, contribuiu para aumentar a imagem dos cristãos
como inimigos do Império diante dos cidadãos romanos.
Agora, para efeito de reflexão, é curioso
comparar este radicalismo e intransigência comportamentais dos primeiros
cristãos, acima resumidos, com o modo de vida da maioria dos cristãos atuais. Enquanto
muitas pessoas, sobretudo os irreligiosos, consideram que os cristãos atuais
são conservadores e retrógrados, a noção mudará a partir do conhecimento dos
tempos passados, quando o Cristianismo não era apenas uma “aceitação de fé”,
tal como é hoje, senão, mais precisamente, uma rigorosa combinação de modo de
vida e de fé. Das grandes religiões tradicionais da atualidade, o Cristianismo
é a com o maior número de seguidores perfeitamente acomodados à vida secular e
civil. Diferente daqueles primeiros cristãos, que se ofereciam ao martírio por
oposição ao ajustamento civil romano, os cristãos atuais, não só se ajustam,
bem como também se deleitam com a mundanidade da vida civil dos países onde
residem, isto faz com eles levem uma vida 99% secular e apenas 1% religiosa,
por isso formam a religião mais numerosa do mundo. Atualmente, basta ter fé
para ser considerado um cristão, o que não era assim na Antiguidade e na Idade
Média, pois das grandes religiões tradicionais, os cristãos são os que mais se
separam da combinação crença/modo de vida.
Cartaz incentivando a vinda de cristão à igreja, exemplo de como os cristãos atuais dividem suas vidas com outros gostos e outros estilos de vida. |
Existem tantos cristãos que levam uma vida
tão secularizada, tão exteriorizada, tão licenciosa, tão imitativa e tão
influenciada pela mídia e pela moda que não se diferenciam em nada de um ateu,
fazendo com que a mundanidade seja a regra de conduta. Só somos capazes de
perceber sua religiosidade, se alguma, quando tocam no assunto da religião e
então professam sua fé infundida em suas mentes persuadidas. Ou seja, um
cristão atual só parece um cristão quando abre a boca para falar de religião,
até mesmo quando fala de outro assunto não pode ser reconhecido, agora, quando está
de boca fechada, um cristão atual é confundido com os maiores dos ateus, pois
seus hábitos mundanos são idênticos. Portanto, para a maioria dos cristãos
atuais, a religião é apenas um pronto socorro para os momentos de angustia e de
apuro, quando eles não estão nestas situações, suas mentes se dirigem para tudo
que é diferente do religioso, então a religiosidade é esquecida. Isto afasta os
cristãos daquilo que é considerado como o mais sagrado na prática de todas as
religiões deste os tempos mais antigos e representa a essência da religiosidade:
o sacrifício, que etimologicamente significa
sagrado ofício, mas não no sentido de imolação (matança de animais ou de
pessoas em ritual), mas sim no sentido sublime de esforço abnegado. Neste último sentido, quando praticado com
sinceridade, até mesmo um ateu poderá ser mais religioso que um cristão atual,
pois um fato muito raro atualmente é encontrar um cristão disposto a fazer
sacrifício (esforço abnegado), e quando o encontramos fazendo um esforço, é em
troca ou em pagamento por uma graça ou por um favor (procissões, romarias,
etc.), nunca um esforço abnegado (sacrifício). Os cristãos atuais, com sua contaminada
mentalidade mundana, absorvem bem o negócio do “toma lá, dá cá”.
Octavio da Cunha Botelho
06/05/2013
RELIGIÃO,
A “MENTIRA” MAIS DURADOURA
A cultura era predominantemente supersticiosa no passado |
Conhecemos pela história que a cultura, antes
do Movimento Iluminista dos séculos XVIII e XIX, era predominantemente supersticiosa,
quando a crença em diferentes forças e em seres sobrenaturais dominavam as
mentes e regiam as vidas das pessoas. As decisões e as atividades eram feitas a
partir da aceitação da influência do sobrenatural sobre o destino, enfim, vivia-se
em um mundo cercado pela superstição. O
Iluminismo (ou Ilustração, como alguns autores preferem denominá-lo) colocou em
marcha o processo de ‘desencantamento do mundo’, com isso a visão supersticiosa
do mundo gradativamente foi se retirando da vida dos indivíduos, para dar lugar
a uma nova visão de mundo e um modo de vida inédito na história, o secularismo.
Este processo de ‘desencantamento do mundo’, através da emancipação da razão e
da revolução científica, levou ao reconhecimento das muitas mentiras, até então
proferidas pelas religiões e pelas demais culturas supersticiosas, à medida
que, cada vez mais, as novas descobertas científicas desmascaravam as
concepções supersticiosas e sobrenaturais. Até as antigas especulações
religiosas sobre cosmologia, sobre a natureza e sobre a alma humana, pareceram
superstições diante dos resultados das novas descobertas científicas, daí foram
entendidas por muitos como antigas mentiras que precisavam ser enterradas no
cemitério dos enganos.
Agora, o curioso é que, de todas as
modalidades de culturas supersticiosas: religião, magia, astrologia, artes de
adivinhação, xamanismo, lenda, curandeirismo, simpatia, oráculo, alquimia, etc.,
a religião é a única que ainda sobrevive com relativo vigor. Embora não tenha
mais o mesmo poder de influencia na vida privada e pública das pessoas, tal
como na época da Antiguidade e da Idade Média, mesmo assim a cultura religiosa ainda
mostra sua presença, com mais atuação no cotidiano, do que as outras formas de
superstição.
Então, para entender o motivo da religião
conseguir ainda manter a sua crença, enquanto as outras modalidades de superstição
perderam muito mais credibilidade, é preciso conhecer que artifício a religião
assimilou e desenvolveu, que a fez mais influente que as demais. Em outras
palavras, qual o segredo da longevidade da religião, bem como da sua capacidade
de ainda influir, relativamente, mesmo numa sociedade secularizada e
esclarecida? Enfim, o que existe inerente à mentira religiosa que ainda a faz
efetiva? Ou, num sentido mais geral, o que faz a mentira parecer verdade?
Se for verdadeiro o ditado popular de que “a
mentira tem pernas curtas”, a religião será uma exceção, haja visto que, com
suas pernas longas, ela percorreu uma longa trajetória, pois talvez seja a
instituição cultural mais antiga da humanidade.
O Iluminismo iniciou o processo de 'desencantamento do mundo' |
Entretanto, antes de apontar qual é este
artifício, é preciso lembrar que, quanto mais retrocedemos na história, mais
iremos encontrar a religião envolvida com a magia, com a adivinhação e outras
modalidades de superstição. No passado, religião e magia se misturavam mais
indistintamente do que hoje, embora, no futuro, a separação nunca fosse total,
pois todas as religiões, mesmo as recentes, ainda conservam propriedades
mágicas, sobretudo o encantamento, o fator mais comum entre ambas. À medida que
a religião foi se direcionando, cada vez mais, para a especulação ontológica e
para o objetivo soteriológico, afastou-se da magia e das outras culturas e
práticas supersticiosas. Então, em linhas gerais, as religiões, assim que se
transformavam, passaram a utilizarem-se menos do encantamento para, então,
utilizarem de outro artifício, o qual é um desdobramento do encantamento, isto
é: a comunicação persuasiva.
Antes de prosseguir, será útil
esclarecer o que é persuasão em seu sentido técnico, tal como entendem a
Retórica e a Psicologia Social. Atualmente, já está em formação uma Ciência da
Persuasão. De modo que, persuasão é o ato
de levar alguém ou um grupo a acreditar em uma ideia, aceitar uma sugestão e/ou
fazer uma ação por meio de artifícios verossímeis ou da manipulação psicológica
ou social. Por tentar influenciar através de artifícios e manipulações, persuadir se difere de convencer. Na persuasão, alguém é levado
a “crer” ou a “agir” por argumentos extras racionais ou por manipulações
psicológicas, enquanto no convencimento, alguém é levado a “compreender” ou a “agir” por argumentos racionais com fundamentos na demonstração. A
estratégia da persuasão é a manipulação, enquanto a do convencimento é a
demonstração, a prova. Em suma, persuadir é fazer
crer; convencer é fazer compreender.
Convencer pela demonstração é próprio das ciências e da filosofia, já persuadir
é próprio dos advogados, dos políticos, dos religiosos, dos profissionais de
vendas e dos publicitários. A persuasão trabalha com o provável, o possível e o
crível, já o convencimento trabalha com a certeza e a prova. Em outras
palavras, na persuasão forma-se a convicção pela crença (no verossímil, no
possível ou no crível), enquanto que no convencimento forma-se a convicção pela
compreensão na evidência (na prova, na certeza ou na demonstração).
A persuasão busca dois objetivos: fazer crer e fazer agir. O fazer crer
é próprio da manipulação da linguagem, ou seja, da Retórica, enquanto o fazer agir atua sobre a vontade e é
próprio da Psicologia Social, de maneira que a arte de persuadir pode ser estudada
tanto por pesquisadores da Retórica quanto por psicólogos. Veja a diferença nos
exemplos abaixo:
1) Mauro persuadiu João de que sua causa era
justa.
2) Mauro persuadiu João a trabalhar por sua
causa.
Em
(1), Mauro conseguiu levar alguém a
acreditar em alguma coisa (persuasão retórica), enquanto que em (2), ele
conseguiu levar alguém a fazer alguma
ação (persuasão psicológica), mas não como resultado de acreditar na causa
justa. Portanto, a persuasão retórica consiste em fazer crer (1), sem resultar necessariamente em levar a agir (2), e a persuasão
psicológica em fazer agir (2), sem depender em acreditar ou
não (1). De maneira que, a persuasão retórica (efeito sobre a crença) pode ser
convincente sem ser exortativa. Exemplo: uma pessoa pode ser levada a acreditar
numa doutrina religiosa, mas não ser estimulada a praticá-la, ocorrência muito
comum entre pessoas que se declaram cristãs na atualidade. Assim, a persuasão
psicológica (efeito sobre a vontade e atitude) pode estimular a mudança de
comportamento independentemente de se acreditar na sugestão, pois esta também pode
ser exercida através da ameaça, do constrangimento, da coerção, da promessa ou
da chantagem. Alguém pode ser persuadido através da promessa de recompensa ou
da ameaça a cometer um crime, mas este alguém pode não acreditar que o que está
fazendo seja uma ação socialmente aprovável. Por outro lado, a persuasão é mais
completa quando se consegue o efeito de ambas, ou seja, sobre a crença quanto
sobre a atitude, mais ainda, se simultaneamente. Na história da comunicação,
ninguém conseguiu melhores resultados em combinar tão bem estes recursos (fazer
crer e fazer agir) do que, de início, a religião e, depois, a partir do século
XX, a propaganda comercial. Isto é, a religião consegue efetuar bem a
combinação de fazer o ouvinte, o
telespectador ou o leitor crer (acreditar
na mensagem) com o fazer agir
(ingressar e praticar); o mesmo com a propaganda comercial, a qual consegue combinar
bem o fazer crer (acreditar na
mensagem publicitária) com o fazer agir
(consumir).
A pregação é uma forma de comunicação persuasiva |
Assim, com sua hábil capacidade de utilizar-se
da persuasão, a religião manteve a persuasão como a ambrosia que alimentou a sua
sobrevivência até hoje. Com suas técnicas de retórica, de oratória, de
estratégia capciosa de argumentação, bem como o uso das frases de efeito, da
exortação, da pregação, do discurso comovente, da estimulação e da manipulação psicológica, ela
se distingue, formalmente, das maneiras de comunicação das demais modalidades
de superstição. Por isso nunca se ouviu falar de um astrólogo pregador, de um
adivinho orador ou de um curandeiro retórico. Em suma, a persuasão, com suas
técnicas ardilosas, é capaz de fazer a mentira parecer verdade, e é por esta
razão que a religião ainda sobrevive.
A
persuasão na religião tem os seguintes objetivos. Nas religiões proselitistas,
a intenção é arrebanhar mais seguidores e estimular o aumento da devoção dos
que já são adeptos. Já nas religiões hereditárias e étnicas, as quais não
promovem a conversão de novos adeptos, a pretensão é criar estímulos para
manter os membros, aumentando-lhes a dedicação, a fim de evitar o abandono e a
apostasia. Uma vez que é muito numeroso, o Hinduísmo é a religião hereditária
com o maior número de desistentes na atualidade, pois os jovens indianos estão
cada vez menos interessados em seguir a tradição dos pais, daí a necessidade de
criar estratégias persuasivas para conter a desistência.
O objetivo da propaganda é persuadir |
O exemplo mais notável do efeito da persuasão
no público é o sucesso atual da propaganda (persuadir é o objetivo da
propaganda), quer comercial ou política, a qual se transformou em um dos negócios
mais milionários a partir do século XX.
Portanto, para finalizar, se for preciso apontar
um exemplo para o antigo ditado que diz que “uma mentira bem contada tem mais
efeito do que uma verdade mal contada”, a religião poderá ser a principal
indicada. Enfim, enquanto existirem pessoas que acreditam em mentiras bem
contadas, a religião sobreviverá.
Octavio da Cunha Botelho
em 01/04/2013
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CONFLITOS EM MIANMAR REMOVEM A IMAGEM DE RELIGIÃO PACÍFICA DO BUDISMO
Monge budista empunhado arma de fogo |
Quase todas as religiões possuem
seus lados pacíficos e violentos. Assim como afirmar que todo o Islã é uma
religião violenta é uma generalização improcedente, também dizer que todo o
Budismo é uma religião pacífica é uma generalização descabida. Uma vez que a
população ocidental não tem muitas informações sobre a religião de Buda, tal
como possui da religião cristã, pois não temos no Ocidente países
majoritariamente budistas, a imagem formada desta religião oriental é então formada
através dos itens ou dos personagens que mais lhe chamam a atenção, isto é, que
são destaques na mídia. De maneira que, nada e ninguém no Budismo de hoje é
mais emblemático do que o atual Dalai Lama, Tenzin
Gyatso, o qual se transformou numa estrela internacional. Sendo assim,
muitas das informações sobre Budismo foram formadas a partir das suas
interpretações e das suas atitudes, de modo que estas foram transferidas para as
noções de Budismo pelas pessoas, em geral, pouco informadas. Com sua campanha
pacífica de independência do Tibete, a partir do princípio da não violência (ahimsa), propagado por Mahatma Gandhi na primeira metade do
século XX, ele disseminou a imagem de um Budismo pacífico. No entanto, por trás
desta mensagem pacífica esconde-se uma história sangrenta do Budismo Tibetano,
do qual o Dalai Lama é o líder, tal como mostrado no estudo postado nesta revista em 22/11/2012, sobre a Linhagem dos Dalai Lamas (http://octaviobotelho.blogspot.com.br/2012/11/a-linhagem-dos-dalai-lamas-um-breve.html).
Monges budistas em confronto com a polícia |
A oficialização do Budismo como religião
do estado aconteceu através de um episódio que lembra o do sanguinário
imperador Constantino (século IV e.c.) no Cristianismo. Trata-se do também
sanguinário imperador Ashoka (século
III a.e.c.) quem, depois de aniquilar e subjulgar milhares de pessoas, se
converteu ao Budismo e levou sua doutrina aos quatro cantos do seu império e
até para além, no século III a.e.c. Assim como Constantino foi o grande patrono
do Cristianismo, Ashoka foi o grande
patrono do Budismo na Índia. Ambas as religiões alcançaram sua oficialização
pelas mãos de guerreiros sanguinários. Portanto, o Budismo, além do caráter
pacífico, tem também um gene violento que se instalou nos tempos de Ashoka.
A história do Budismo no Tibete, na
China, no Japão, em Sri Lanka, em Mianmar (antiga Birmânia) e em outros países
budistas está pautada com muita violência. Na China, o envolvimento é antigo, pois
lá ficou conhecido o mosteiro budista Shaolin,
onde monges praticavam as artes marciais, sobretudo o Kung Fu. Na tradição Wuxia
(heróis guerreiros), a qual depois foi transferida para a literatura, para o
teatro, para as artes plásticas e, mais recentemente, para o cinema, muitos de
seus heróis eram monges budistas praticantes de artes marciais. No Japão,
também são conhecidos os Sohei
(monges guerreiros), os ancestrais dos Samurais,
os quais lutaram nas guerras Jokyu, Onin e Genpei, para defender os senhores feudais. Na atual Sri Lanka, os
budistas se envolveram numa guerra contra os tamis (imigrantes hindus do sul da
Índia), a qual já matou milhares de pessoas, ademais já ficou conhecido o “Yellow Robe Terrorism” (Terrorismo da
Túnica Amarela), referindo-se a cor amarela da tradicional túnica dos monges Theravada, corrente budista predominante
naquela ilha. Estes são apenas alguns poucos exemplos na história, para mostrar
que o Budismo tem DNA violento.
Nas regiões mais hostis, até as crianças budistas estão armadas |
O mundo se chocou com a notícia do
ataque terrorista com gás venenoso Sarin
efetuado por uma seita japonesa, de caráter terrorista, a qual também incorpora
doutrinas budistas, no metrô de Tóquio em 20 de Março de 1995. Na ocasião, 13
usuários perderam suas vidas, 54 ficaram seriamente feridos, mais 980 foram
afetados e, estima-se que, no total, cerca de 5 mil pessoas foram afetadas pelo
gás venenoso.
Embora ainda não tão popularizado, o
assunto começou a chamar a atenção dos acadêmicos, sobretudo em razão da
necessidade de corrigir esta imagem deformada do Budismo no Ocidente, prova
disto são as recentes publicações de dois livros sobre a violência budista. O
primeiro é “Buddhist Warfare” (Guerra
Budista), editado por Michael Jerryson e Mark Juergensmeyer, Oxford University
Press, 2010, o outro “Buddhism and
Violence: Militarism and Buddhism in Modern Asia” (Budismo e Violência:
Militarismo e Budismo na Ásia Moderna), editado por Vladimir Tikhonov e Torkel
Brekke, Routledge, 2013.
No conflito noticiado recentemente
em Mianmar, entre budistas e muçulmanos, na cidade de Meiktila, 32 pessoas morreram e mais de 8 mil pessoas fugiram do
local. Os jornais e sites anunciaram que era possível ver monges budistas
armados pelas ruas. O Budismo é maioria em Mianmar. Outros conflitos entre
budistas e muçulmanos em Mianmar, no ano passado, no estado de Rakhine, deixaram cerca de 180 mortos e
110 mil abandonaram a região. Mianmar está no 150º lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) medido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 2012, considerado desenvolvimento baixo.
Um enfurecido monge budista durante protesto |
Agora, para aqueles que, desde muito
tempo, sempre cultivaram a imagem de um Budismo pacífico, é chocante acompanhar
o crescimento da violência praticada por budistas em diversas partes do mundo.
Com isso, o mito do Budismo sem violência começa a se desfazer no Ocidente,
para dar lugar a uma visão mais realista do caráter budista.
Por outro lado, é preciso lembrar
que nem todo o Budismo é violento, portanto é importante saber separar o joio
do trigo, e não começar a transformar a imagem do budismo em uma religião
inteiramente violenta, tal como acontece atualmente com a imagem generalizada do
Islamismo como religião violenta e terrorista. Bem... mais uma das coisas da
religião.
Octavio da Cunha Botelho
25/03/2013
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ESCOLHA DE UM PAPA LATINO-AMERICANO HOMOLOGA A TRANSFORMAÇÃO DO CATOLICISMO EM RELIGIÃO DOS PAÍSES ATRASADOS
O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio (76) é o novo papa Francisco |
Recentemente assistimos a uma
decisão inédita na história, isto é, a escolha de um papa não europeu, após
quase dois mil anos de papado. Entretanto, por trás dos inúmeros elogios,
sobretudo dos governantes, por este ato de descentralização, acontece uma
tendência que vem se desenvolvendo ao longo das últimas décadas: a decadência
do Catolicismo na Europa e seu crescimento nos países nas piores posições no
ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sobretudo na América Latina.
O quadro abaixo mostrará o panorama
atual entre os países que estão no topo do ranking do IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) e os países da América Latina (ranking 2012 do IDH do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD - divulgado em 14/03/2013).
Os
12 países no topo do ranking do IDH com as respectivas populações católicas,
porcentagem e suas posições no levantamento de 2012:
País população católica % de católicos posição IDH 2012
-
Noruega 514 mil 1,1% 1º
-
Austrália 5 milhões 26% 2º
-
EUA 70 milhões 24% 3º
- Holanda 5 milhões 31% 4º
- Alemanha 25 milhões 31,4% 5º
- Alemanha 25 milhões 31,4% 5º
-
Nova Zelândia 5 milhões 12,6% 6º
-
Irlanda 3 milhões 88% 7º
-
Suécia 145 mil 1,6% 8º
-
Suíça 3 milhões 41,8% 9º
-
Japão 509 mil 0,4% 10º
- Canadá 13 milhões 42% 11º
- Canadá 13 milhões 42% 11º
-
Coréia do Sul 3 mil 6,6% 12º
Os
12 países latino-americanos com maior população católica e as posições no IDH de
2012:
País população católica % de católicos posição
IDH 2012
-
Brasil 123 milhões 64,6% 85º
-
México 83 milhões 76% 61º
-
Colômbia 38 milhões 90% 91º
-
Argentina 36 milhões 92% 45º
-
Venezuela 24 milhões 95% 71º
-
Peru 22 milhões 81% 77º
-
Equador 12 milhões 95% 89º
-
Chile 11 milhões 70% 40º
-
Guatemala 11 milhões 75% 133º
-
Bolívia 8 milhões 95% 108º
-
Honduras 7 milhões 97% 120º
-
Haiti 6 milhões 80% 161º
Dos 1,2 bilhão de católicos no
mundo, 524 milhões estão nas Américas, ou seja, 48,5%, sendo 351 milhões na
América Latina. Assim, podemos dizer
que, com o tempo, o Catolicismo se transformou numa religião com muitos seguidores latino-americanos. Daí a pressão para a eleição de um papa desta região. A escolha
de um papa brasileiro bateu na trave, mas acabou ficando com um argentino, o
cardial Jorge Mario Bergoglio (76), que a partir de agora se chamará papa
Francisco I. Sabemos que a Argentina é o país mais europeu da América Latina,
enquanto o Brasil está mais para a África. Será que estas características
pesaram na decisão dos cardiais?
O mapa da miséria na América Latina |
Ademais, é preciso levar em conta
que, os países da América do Norte com grande população católica, Canadá e EUA,
são regiões com grande número de imigrantes latino-americanos (mexicanos,
brasileiros, etc.), o que contribui para o aumento no número de católicos. Uma
curiosidade, o Brasil é o país com maior população católica do mundo (123
milhões), porém tem a menor porcentagem (64,5%) dentre os países
latino-americanos relacionados acima. Agora, num país com 97% de católicos, tal
como em Honduras, certamente a população não conhece outra religião que não
seja o Catolicismo, em contrapartida, no Japão, onde a porcentagem é de 0,4%,
muitos cidadãos devem conhecer a religião cristã apenas através de literatura, de
noticiários, de reportagens e de filmes estrangeiros.
A América Latina está caminhando na
contra mão de alguns países onde a religião está ameaçada de acabar. Veja em
seguida os nomes dos países onde a religião é uma “espécie em extinção”:
Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Estônia, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e
Republica Tcheca. Estes são os com as maiores quedas no número de pessoas que
se declaram religiosas nos censos realizados nas últimas décadas. Todos eles
estão entre os 35 melhores ranqueados no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH). Nos países bem colocados, onde a população religiosa cresce, são
principalmente aqueles que vem recebendo muitos imigrantes estrangeiros nas
últimas décadas (EUA, Canadá, Austrália, França e Alemanha).
Octavio da Cunha Botelho
15/03/2013
A RENÚNCIA
DE BENTO XVI, “MUITO BARULHO POR NADA”
Bento XVI, alegando fragilidade da saúde, pediu arrego |
Embora alguns poucos já previam esta
possibilidade, no entanto não era possível saber quando, então a ocorrência
agora pegou muitos de surpresa. Então, fui obrigado, obviamente, a interromper
o que estava escrevendo (um estudo sobre bibliolatria, o qual será postado em
breve no blog), para assim me dedicar a este assunto, pois não é possível
deixá-lo sem um comentário.
Bem, em um país com um tão numeroso séquito
de católicos é natural que o recente e raro acontecimento cause uma repercussão
estrondosa, afinal o Brasil abriga a maior população católica do mundo, ou
seja, aproximadamente 70% dos questionados nas pesquisas respondem que são
adeptos ou simpatizantes deste seguimento cristão, o que corresponde a cerca de
130 milhões de brasileiros. De modo que,
o barulho que a imprensa brasileira fez com este incidente deve ter sido, muito
provavelmente, o maior de todos os países.
Praça de S. Pedro no Vaticano, a história do papado é muito mais tumultuada do que imagina a maioria dos católicos |
Agora, existe uma diferença muito
grande, no meio religioso, em se declarar cristão e, efetivamente, ser um
praticante de uma religião. Ou seja, afirmar que acredita numa religião é muito
distinto de levar uma vida regida por ideias e regras religiosas. Para entender
este fenômeno, nada melhor que comparar religiões, bem como nenhuma experiência
é mais esclarecedora desta distinção do que a oportunidade de viver em um país,
sobretudo no seu meio religioso, que preserva ainda uma rigorosa religiosidade,
tal como a Índia. Para ilustrar isto,
relatarei em seguida, uma experiência pessoal que passei durante o período em
que residi naquele país. Aconteceu, em 1984, quando estava com o meu visto de
permanência próximo do vencimento, então comuniquei, com algumas semanas de
antecedência, ao meu instrutor sobre a necessidade da renovação. No entanto,
ele não me levou ao tal local imediatamente, sempre prorrogando a nossa ida até
lá. Comecei a ficar angustiado, à medida que se aproximava a data do vencimento
e não entendia o motivo da demora. Quando estava quase na data do vencimento,
ele finalmente me levou até o órgão de renovação de vistos. Depois de
realizados os procedimentos legais, tive a curiosidade de lhe perguntar o
motivo de deixar a renovação para em cima da hora, ele me respondeu que o
período em que eu tinha solicitado para realizar a renovação não era uma
momento propício para tal tarefa, segundo o calendário hindu, então,
consequentemente, se tivéssemos feito naquele período, não seríamos bem
recebidos pelos atendentes daquele órgão. Citei este episódio para exemplificar
como as decisões na vida dos hindus ainda são orientadas por ideias e
princípios religiosos. Este é apenas num exemplo, pois a religiosidade impregna
o dia a dia do hindu de uma maneira total, tudo é regido pela religião, o hindu
tem regras religiosas, mantras e cerimônias para tudo.
No Hinduísmo, não existe a
possibilidade de alguém ser hindu, apenas declarando-se, e não praticá-lo. Ou seja, alguém
pode proclamar e gritar aos quatro cantos que é hindu, fazer os mais eloquentes
discursos de fé e de louvor ao Bhagavad
Gita (um dos principais livros sagrados do Hinduísmo), mas se ele deixar de
praticar os ritos diários obrigatórios e os deveres da casta, não é considerado
mais um hindu. Pois, ser hindu está no modo de vida, na prática da tradição e
dos costumes, em suma, ser hindu está no caráter. Frequentemente encontramos
santos e iogues (exemplos: Ramakrishna
Paramahamsa, Swami Ramalinga, Swami Vivekananda, Ramana Maharshi, etc.) criticando o excessivo apego às escrituras
sagradas em detrimento da prática (sadhana),
e mesmo assim são os mais venerados santos e iogues da Índia Moderna, em razão
do exemplo de espiritualidade que deixaram. O Cristianismo equilibrava fé e
modo de vida na Antiguidade e na Idade Média. De maneira que, aos olhos de são
Antão (Antônio) do Deserto, de são Francisco de Assis, de santa Teresa de Ávila e de são
João da Cruz, o atual Cristianismo de padre Marcelo Rossi parece um teatro de
comédia, o qual agora se transformou numa religião em que seus seguidores (excluído
os ordenados: padres, feiras, bispos etc.) tomam 99% das suas decisões com base
em ideias e regras seculares e apenas 1% a partir de ideias e regras cristãs.
Santa Teresa de Ávila (1515-1582), vivência
de um Catolicismo muito diferente do atual
|
Então, sendo assim, precisamos refletir sobre
a justificativa de se atribuir tanta importância à renúncia de alguém que
lidera uma religião (Catolicismo) onde quase todos os seguidores regem suas
vidas a partir de ideias e princípios seculares, ao invés de religiosos. Para
quem já residiu na Índia e conviveu intensamente com hindus e iogues, portanto
frequentando templos, ashrams, etc,
ao regressar, a impressão que se tem é de que as igrejas cristãs (católicas e
protestantes) hoje estão mais para “clubes sociais” do que centros de
espiritualidade.
O Cristianismo atual só tem tamanho, semelhante a um gigante impotente (com o
tempo, se transformou na maior religião do mundo com quase 2 bilhões de
seguidores, sendo quase 1 bilhão de católicos), portanto é uma multidão de
crédulos que confunde crença com espiritualidade, isto é, com base apenas no
sentimento de fé intensa, sem a mudança no modo de pensar e agir, imaginam que só
com isso (fé) conseguirão sucesso, de modo que as suas vidas (exceto padres e
freiras) não correspondem ás suas crenças. Em suma, muita crença para pouca
prática.
Papa Gregório XII (1327-1415), último papa a renunciar antes de Bento XVI, em 1415 e.c. |
Resultados de pesquisas, em países
de predominância cristã, já mostraram que é muito pequeno o número de casos em
que as pessoas tomam decisões importantes na vida a partir de ideias e/ou regras
religiosas. Portanto, ao decidir sobre o que estudar, sobre a profissão, sobre
os negócios, sobre o que comprar e como, etc., uma esmagadora maioria se orienta
por ideias, raciocínios e regras seculares, deixando de lado a influência
religiosa, sendo que, até mesmo os cristãos tomam as decisões desta maneira. Isto porque o estilo de vida dos cristãos atuais, em sua maioria, excluindo os ordenados, é 99% secular e apenas 1% religioso. Estes casos são exemplos de que mesmos os crentes de hoje não confiam
inteiramente nas ideias e nos mandamentos da religião. A razão disto é que, com
o avanço das culturas e da moral seculares, as religiões foram, aos poucos,
perdendo seu espaço de influência para a cultura secular, de modo que, no caso
do Cristianismo, aquela antiga influência sobre a vida pública (política,
economia, arte, moral, direito, educação, costumes, etc.) foi perdida para a
emergente cultura secular, até que, finalmente, a religião se encolheu para os
restritos domínios da influencia somente na vida privada das pessoas.
Sendo assim, voltemos à reflexão
sobre a justificativa de atribuir tanta importância à renúncia do líder de uma
igreja (Catolicismo), que nos impressiona pelo número de crentes, mas que quase
a totalidade de seus seguidores toma decisões e orienta sua vida a partir de
ideias e de princípios seculares. Portanto, qual a utilidade para tanto alarde,
tal com fez a imprensa brasileira? Com base na perspectiva acima, parece um
“muito barulho por nada”. Ademais, esta decisão de renúncia do atual papa,
apesar de rara, não representa tanto, quando consultamos a história papal, diante
dos inúmeros outros casos alarmantes de assassinatos, traições, brigas, rixas,
cismas, casamentos clandestinos, incesto, etc., ocorridos no passado. Por exemplo, na época do Grande Cisma do
Ocidente (1378-1417) existiram três papas simultâneos (Gregório XII de Roma,
Bento XIII de Avignon e o antipapa João XXIII), período no qual aconteceu a
última renúncia papal, a de Gregório XII em 1415, logo em seguida a
fragmentação foi desfeita. Também, outros papas anteriores renunciaram:
Ponciano (230-5 e.c.), Silvério (536-7), Bento IX (apenas 2 meses no papado),
Gregório VI (poucos dias no papado, teve que renunciar) e Celestino V (apenas 4
meses de papado).
Bem, se o Cristianismo perdeu a
influência na vida pública das pessoas (política, educação, arte, moral,
direito, economia, costumes, negócios, etc,.) e o que restou foi apenas a
restrição à influência na vida privada, sendo que, mesmo esta última, não é
capaz de orientar os fiéis na maior parte de suas decisões pessoais, tal como
foi mostrado acima. Sendo assim, não sobra quase espaço nenhum, deste lado da
vida, no qual esta religião possa nos influenciar, a não ser que, para retomar
o antigo domínio, tão poderoso no passado, ela se volte para a sua orientação
exclusivamente para o outro lado da vida, isto é, para a vida depois da morte,
se abdicando dos assuntos do lado de cá da vida. Fazendo assim, ela estará se
abrigando naquilo que as religiões sempre souberam fazer de melhor, qual seja,
se esconder nas regiões desconhecidas e inacessíveis da experiência humana,
para então permanecer protegida pelo mistério e daí não precisar fornecer muitas
explicações, deixando assim o caminho livre para, em seguida, lançar o seu
programa de doutrinação persuasiva sobre aqueles ingênuos que, diante do
mistério e da incerteza das suas pregações, são aliciados para o seu seio.
Enfim, só mesmo partindo exclusivamente
para a vida do lado de lá para o Cristianismo voltar a ter influência sobre as
vidas das pessoas, pois em assuntos sobre a vida do lado de cá, ele não ‘apita’ mais nada.
Octavio da Cunha Botelho
13/02/2013
UMA
ANÁLISE HUMORADA DAS CONSEQUÊNCIAS DA INVERSÃO DOS POLOS MAGNÉTICOS DA TERRA EM
21/12/2012
A inversão dos polos magnéticos da Terra já aconteceu e poderá se repetir |
Dentre as catástrofes anunciadas por
aqueles que acreditam no cataclismo de 21/12/2012, está o fenômeno da inversão
dos polos magnéticos da Terra. Um fato astronômico que já ocorreu e que poderá
se repetir. Se isto acontecer, o polo norte passará a ser o polo sul e vice
versa. Portanto, consequentemente, parecerá como que o planeta passasse a estar
de cabeça para baixo.
Diante de tal mudança astronômica, a
pergunta mais imediata, se o fenômeno acontecer, é quanto as suas
consequências. O que mudará na Terra e na vida após este evento? A resposta não
é fácil de ser respondida, mas podemos conjecturar que, tal como os fantasiosos
crédulos nesta hipótese costumam fazer nas suas comparações entre Ciência e
Religião, se a natureza é regida por leis tão exatas e rigorosas, os mesmos
rigores e proporções serão transferidos para a vida civil e social. De maneira
que, a partir de 21/12/2012, tudo assumirá sua propriedade inversa, ou seja, os
ricos se tornarão pobres, as pessoas bonitas se transformarão em feias, os
ateus em religiosos, os homossexuais em heterossexuais, os gordos em magros e
vice versa para todas as condições, bem como na mesma proporção.
Se a inversão acontecer, será que algumas coisas também se inverterão? |
Se assim for, então o Bill Gates se tornará
um dos homens mais pobres do mundo, talvez um sem-teto. A Gisele Bündchen numa
das mulheres mais feias, talvez parecida com a Catifunda, o Messi em um perna-de-pau,
talvez um peladeiro de campinho de terra e Richard Dawkins num cristão
fervoroso, talvez um líder da Igreja Anglicana. O Papa será um pedófilo
assumido, o atual Dalai Lama um inescrupuloso invasor sem-terra e
assim por diante. A inversão se
estenderá para além da vida das pessoas, também para o mundo dos negócios. Por
exemplo, a Microsoft se transformará numa fábrica de ábaco, a Dell numa fábrica
de máquina de escrever, a HP numa fábrica de fotolito para impressora offset e a Apple numa fábrica de pinball machine. O mundo dos esportes
também será afetado, o vencedor da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, será a
Etiópia, classificada na última colocação da repescagem; já os maiores
medalhistas nos Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil, serão os atletas do Butão,
das Ilhas Maurício e do Nepal.
No mundo religioso, os efeitos serão curiosos,
pois com as transformações dos religiosos em céticos, o planeta ficará inundado
de ateus, em vista do grande número de crentes da atualidade. As igrejas serão transformadas em residências,
tal com já acontece hoje na Holanda. A
Bíblia se transformará em livro de fábulas para a educação infantil, tal como
deveria ter sido desde a sua composição. O Alcorão se transformará num livro de
entoação para estudantes de canto, uma vez que a musicalidade da sua recitação
é a única coisa admirável, e o Bhagavad
Gita num discurso de exortação militar para o momento antes de qualquer
batalha, por ser o único propósito para o qual ele serve hoje.
O Bill Gates poderá ser tornar um mendigo da informática. |
Agora, o leitor poderá estar perguntando se
existe um meio de driblar o efeito desta inversão. Existe sim, o que tem de ser
feito é se converter naquilo que é o seu oposto antes de 21/12/2012. Por
exemplo, um ateu deverá se batizar ou se iniciar em qualquer religião, se
quiser ser transformado em ateu novamente depois da inversão do campo magnético
da Terra. Os ateus ativistas de hoje, que fizerem assim, verão os seus sonhos
realizados após o fenômeno astronômico, pois a imensa quantidade de religiosos
da atualidade será transformada em céticos, com isso teremos um mundo
majoritariamente ateu. De modo que, Richard Dawkins e Sanal Edamaruku, se
realizarem a conversão religiosa antes de 21/12/2012, logo passarão a serem
líderes de um grande séquito de ateus do Ocidente e do Oriente respectivamente.
Por outro lado, como uma peça do destino, os
atuais partidários do apocalipse maia de 21/12/2012 serão transformados em
ateus após o evento cataclísmico, daí que todo aquele trabalho de preparação
para a grande revolução espiritual pós-cataclismo, pregada por eles, será como
um tiro disparado pela culatra.
Páginas do Códice de Dresden, uma das referências ao fim do calendário maia |
Bem... tudo acima é uma brincadeira, com algumas
informações imprecisas a fim de aumentar o impacto humorístico do texto e fazer
com que a mensagem tenha “aparência de
verdade”. Porém, é exatamente assim que trabalha a maioria dos pregadores da
hipótese do apocalipse maia de 21/12/2012; ou seja, através da comunicação de informações
científicas superficiais e imprecisas sobre a iminência de certos fenômenos astronômicos,
as quais são transmitidas através de um discurso com “aparência de verdade”, suficiente
para convencer o público pouco informado sobre o assunto, uma vez que são fenômenos
possíveis de acontecer, alguns até já aconteceram há milhares de anos, mas não significa,
de modo algum, que irão acontecer agora. Enfim... somente com humor é possível
lidar com estas ‘coisas da religião’.
Octavio da Cunha Botelho
10/12/2012
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MADONNA
E A CABALA MERCANTILIZADA
O Kabbakah Centre de Nova York, frequentado pela cantora Madonna |
Tal como a crônica sobre o Dia da Ashura (26/11/12), o assunto abaixo
precisaria, na verdade, é de um estudo na forma de artigo. No entanto, não há
tempo para tanto, se a urgência é postar ainda durante a passagem da cantora
Madonna pelo Brasil, a cabalista mais famosa do mundo. Outra razão é que
estudos críticos sobre a Cabala são muitos raros, portanto existe uma carência de
publicações de trabalhos mediante esta perspectiva.
Não haverá espaço aqui para informar
sobre a Cabala, de maneira que esta crônica se limitará a atender a curiosidade
daqueles que, conhecendo um pouco sobre esta corrente do misticismo judaico,
desejará saber como uma mulher com a personalidade tão irreverente,
extrovertida e libertina, tal como Madonna, foi aceita numa instituição
cabalista, sendo que, o ingresso nesta última é tradicionalmente reservado aos
judeus somente, segundo algumas correntes cabalísticas, ou apenas aos homens,
de acordo com outros grupos. Bem como, a Cabala sempre foi conhecida por seu
conservadorismo, disciplina e sigilo, portanto um local tão incompatível com o perfil
espalhafatoso desta roqueira. Assim, esta crônica se restringirá a informar e
analisar a variante cabalística que aceita Madonna e outras celebridades no seu
séquito, diante da reação desaprovadora dos judeus e cabalistas tradicionais.
A Cabala surgiu e se desenvolveu no
meio judeu, mas com o tempo surgiram os grupos de estudantes não judeus,
exemplo: a OKRS (a Ordem Kabalista da Rosa Cruz), de Stanislas de Guaita e
Papus (Gerard Encausse), e outros grupos. Os maçons, os rosa cruzes, os
teósofos e os esoteristas em geral sempre se interessaram pela Cabala. Quer
seja judaica ou não judaica, a Cabala sempre foi uma tradição exclusivamente estudada
e praticada por homens. Não existiram mulheres cabalistas no passado.
Madonna usando o bracelete vermelho, sinal de filiação ao Kabbalah Centre |
Então, que variante é esta da Cabala
que aceita mulheres e tem como um de seus líderes uma mulher, Karen Berg?
Trata-se do Kabbalah Centre, um grupo cabalista fundado inicialmente por Yeshivah Kol Yehuda em 1922, depois
reorganizado por Philip Berg e sua esposa Karen Berg em 1965, nos EUA. A atual
sede principal está em Los Angeles, EUA. A instituição aceita membros judeus e
não judeus e não exige o prévio conhecimento dos textos judeus (Tahakh, Talmude, Mixná, etc.) como
pré-requisito, está aberta ao ingresso de todos, algo como uma “Cabala
Popular”. Tal como os outros grupos reconciliadores de doutrinas dos Novos
Movimentos Religiosos (Sociedade Teosófica, Escola Arcana, Sai Baba, New Age e
muitos outros), associa as especulações cabalistas com os ensinamentos e as práticas
de outras tradições religiosas e com as seguintes teorias atuais: Teoria do Big
Bang, Teoria das Cordas, Mecânica Quântica. Michael Berg e Yehuda Berg, filhos do casal
fundador, são instrutores e ministram cursos presenciais e online sobre temas
cabalísticos, inclusive no Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo (http://www.kabbalahcentre.com.br/kabbalah-cabala/agenda-cursos-kabbalah-online.html). Karen Berg propôs uma interpretação muito
revolucionária em seu livro “Deus Usa Batom:
Kabbalah para Mulheres”. Enfim, o Kabbalah Centre é uma combinação de
doutrinas tradicionais com inovações modernas.
Assim, ao mesmo tempo em que
aproveita as especulações da Cabala Tradicional, esta variante inovadora
introduz concepções estranhas à tradição cabalística, extraídas de outras
tradições, tal como a teoria da reencarnação, a qual não é concebida pela
Cabala Judaica, pois o Judaísmo não aceita tal fenômeno sobrenatural. Karen
Berg escreveu um livro sobre este assunto. Enfim, a Cabala Judaica, os outros
grupos cabalísticos tradicionais e os judeus consideram a interpretação do
Kabbalah Centre uma deformação da Cabala, para outros, é uma Cabala
mercantilizada.
Paris Hilton usando o bracelete vermelho do Kabbalah Centre, depois desligou-se |
Tal como as outras correntes da
Cabala em geral, a doutrina do Kabbalah Centre é amplamente envolvida com o
sobrenatural. Para ela, tudo é regido por forças sobrenaturais que guiam nosso
destino, de modo que seus instrutores cultivam um forte interesse pela Astrologia,
com o oferecimento de frequentes cursos dobre o assunto.
Bem, não há espaço para informar muito sobre a
doutrina do Kabbalah Centre aqui, mas o que pode se dizer resumidamente é que,
quando a lemos, sentimos transportados para a época do Humanismo Renascentista
(século XV e.c.), algo como uma viagem no tempo que nos leva à oportunidade de
uma visita ao cabalista João Pico de Mirândola (1463-94) e a outros
intelectuais da época interessados no Ocultismo. A forte crença no sobrenatural
inundou este período. Em suma, a doutrina do Kabbalah Centre é extremamente
supersticiosa.
Ao invés de deus, a ontologia do
Kabbalah Centre fala da Luz (Light),
a qual é tudo, mas não podemos vê-la em razão da nossa cegueira espiritual. Uma
das doutrinas principais é a que afirma que o mundo concreto é apenas 1%,
enquanto o mundo sobrenatural é 99% do universo total, portanto para
alcançarmos a Luz (Light) é preciso
penetrar neste “mundo 99%”. Isto é feito com as doutrinas e as práticas
fornecidas pelo Kabbalah Centre.
Madonna chegando ao Kabbalah Centre de NY |
Alem da cantora Madonna, outras
celebridades são adeptas desta variante mercantilizada da Cabala: Lindsay
Lohan, Ashton Kutcher, Demi Moore, Mick Jagger, Rosie O’Donnell, Naomi Campbell
e Lucy Liu. A cantora Britney Spears, Paris Hilton e Jerry Hall (ex-esposa de
Mick Jagger) já foram associadas, mas se afastaram em seguida, esta última após
lhe solicitarem o pagamento mensal de 10% da sua renda. O jogador de futebol,
David Beckham, já foi visto usando o bracelete vermelho do Kabbalah Centre.
A fortuna da instituição levanta
muitas suspeitas, bem como a vida luxuosa dos seus líderes. O fundador, Philip
Berg, leva uma vida de milionário. Reportagens publicadas em 2005 pela BBC
News, por jornalistas disfarçados que se infiltraram na instituição, mostraram
que o Kabbalah Centre de Londres vende um pacote de cura para doenças por 860
Libras (R$ 2.920,00 no câmbio atual), o qual inclui água curativa e livros do Zohar (livro sagrado do Cabala). Um
pacote de 10 estojos de água curativa custa 400 Libras (R$ 1.360,00). A sede de
Londres está avaliada em 3,7 milhões de Libras (R$ 12,5 milhões). Desde alguns
anos, as autoridades em Israel se recusam a fornecer um Certificado de
Gerenciamento Correto à instituição por causa das irregularidades contábeis.
Philip Berg e Karen Berg, fundadores do Kabbalah Centre nos EUA, vida de milionários |
Uma acusação comum é a de que “o
Kabbalah Centre é uma ramificação oportunista da fé, com líderes carismáticos
que tentam atrair os ricos e os vulneráveis com promessa de cura, riqueza e
felicidade” (BBC News, 09 de Janeiro, 2005). O líder da sede de Londres, Eliyahu Yardeni, fez em 2005 uma
afirmação bombástica sobre a cauda das mortes dos seis milhões de judeus no
Holocausto, que provocou a revolta dos judeus e de alguns intelectuais: “a
questão foi que a Luz (Light) estava
bloqueada. Eles (os judeus) não usaram a Kabbalah”.
Bem... depois de uma justificativa idiota
como esta, não é preciso falar mais nada, pois já é possível dimensionar o
tamanho da idiotice que é este Kabbalah Centre. Mais uma destas coisas da
religião.
Octavio da Cunha Botelho
03/12/2012
O
DIA DA ASHURA, VIOLÊNCIA ATRAI
VIOLÊNCIA
Em vista da ocupação com a preparação do
estudo “A Linhagem dos Dalai Lamas”,
postado em 22/11/12, não foi possível encontrar tempo para que o assunto
tratado abaixo fosse preparado na forma de artigo, portanto o mesmo, para não
passar em branco, é apresentado nesta coluna de crônicas.
A mesquita de Kerbala, Iraque, aqui estão os restos de Hussein, morto, com seus familiares, em 680 e.c. |
Neste último Sábado, 23/11/12, os
muçulmanos xiitas comemoraram mais um Dia da Ashura, uma das datas comemorativas mais importantes no calendário
desta corrente muçulmana. Ashura
significa “décimo”, trata-se da comemoração, no décimo dia do mês muçulmano de Murarram, do aniversário do massacre de Hussein Ibn Ali (626-80 e.c.) e de seus familiares, na Batalha de Kerbala (agora no Iraque), em 680 e.c.,
pelas tropas de Yazid, então califa
(sucessor), este último não reconhecido pela tradição xiita. Este dia encerra
um período de dez dias de lamento pelo martírio de Hussein. O apogeu da comemoração, no décimo dia, é a procissão da
autoflagelação, quando os fiéis se chicoteiam ou se cortam com espadas,
deixando o sangue escorrer, a fim de exibirem o seu lamento pelo sofrimento de Hussein.
Muçulmanos xiitas se altoflagelando durante a procissão da Ashura, Paquistão, oportunidade para o exibicionismo. |
O antigo cisma sunita/xiita tem sua
origem no desentendimento sobre os primeiros califas (sucessores de Maomé). Os
sunitas reconhecem que os quatro primeiros califas são: Abu Bakr (exerceu o califado em 632-4 e.c.), sogro de Maomé, Omar (exerceu o califado em 634-44 e.c.),
Otman (644-56 e.c.) e Ali (656-61 e.c.), primo e genro de Maomé.
Nenhum dos filhos de Maomé sobreviveu até a idade adulta. Os xiitas não
reconhecem os três primeiros (Abu Bakr,
Omar e Otman), pois para eles o
verdadeiro e primeiro califa (sucessor) é o genro de Maomé, casado com sua
filha Fátima, Ali ibn Abi Talib. Já
os três primeiros califas ou imãs na linhagem xiita são: Ali ibn Abi Talib (genro de Maomé), seu filho mais velho Hassan ibn Ali (624-70 e.c.) e seu filho
mais jovem Hussein ibn Ali (626-80
e.c.), este último foi vítima no massacre de Kerbala, portanto todos são familiares de Maomé. Os xiitas insistem
que a linhagem sucessória (califado) deve ser priorizada pelos parentes de
sangue de Maomé. Os três primeiros califas da linhagem sunita (Abu Bakr, Omar e Otman) não são parentes consanguíneos de Maomé.
Xiita do Líbano com a cabeça ensanguentada durante a procissão da Ashura, suspeita de sangue artificial. |
As comemorações, nos dez primeiros
dias do mês muçulmano de Muharram,
acontecem para lamentar o martírio e o sofrimento de Hussein ibn Ali e de seus familiares durante a Batalha de Kerbala em 680 e.c., quando alguns foram
estrangulados e decapitados pelos soldados de Yazid. Este evento consolida o definitivo rompimento entre as
seitas sunita e xiita do Islã.
Além das demonstrações de violência,
com a prática da autoflagelação por fiéis, o Dia da Ashura é tradicionalmente marcado por outras ocorrências de
violência, em geral atentados terroristas, dos quais os principais foram:
-
Em 20 de Junho de 1994: a explosão de uma bomba, no salão de orações do
santuário do Imã Reza em Mashha, Irã, matou pelo menos 25 pessoas.
-
Em 27 de Dezembro de 2002: dezenas de féis foram mortos e centenas ficaram
feridos, quando uma bomba explodiu numa procissão em Karachi, Paquistão.
-
Em 2004: a procissão xiita à Kerbala,
Iraque, foi marcada por ataques de bombas, que mataram e feriram centenas de
fiéis.
-
Em 19 de Janeiro de 2008: nove mortos no Iraque após um ataque de foguetes. Também,
um conflito entre soldados iraquianos e membros de um culto xiita, os Soldados
de Céu, deixou 263 mortos em Basra e Masiriya, Iraque.
-
05 de Dezembro de 2011: trinta peregrinos que participavam da procissão de Ashura foram mortos por uma série de
ataques com bombas em Hilla e Bagdá,
Iraque.
06
de Dezembro de 2011; um ataque suicida matou 63 e feriu 160 num santuário em Kabul, Afeganistão.
-
Em 23 de Novembro de 2012: 34 mortos por um homem bomba de um grupo sunita
militante, durante a procissão na cidade de Chabahar,
Irã.
Xiita se autoflagelando, o espetáculo é importante para comover o público assistente. |
Agora, uma curiosidade durante a
prática de autoflagelação, na procissão da Ashura,
é a ocorrência de simulações, ou seja, a grande quantidade de sangue escorrido,
durante o açoite nas costas pelos participantes, é sangue artificial, a fim de
aumentar a comoção do público assistente, conforme situações já flagradas pela
imprensa. De modo que, em alguns casos, a tão comovente prática da autoflagelação,
na procissão de Ashura,
transformou-se, com o tempo, em espetáculo e em oportunidade para exibicionismo,
sobretudo após o aumento da cobertura do evento pela imprensa e a transmissão
pelos canais de TV nos países de numeroso séquito muçulmano. Enfim, existe uma
intenção exibicionista por trás da procissão de autoflagelação, que pode ser
percebida nas imagens em vídeo e nas fotos das reportagens, quando atentamos
aos detalhes.
Bem... interessante encontrar ainda pessoas
que se satisfazem com esta modalidade de exibicionismo, numa época quando
pensamos que esta prática tinha vigorado apenas até a Idade Média... só pode
ser mais uma destas Coisas da Religião.
Octavio da Cunha Botelho
26/11/2012
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Muito bom! Conheci o site hoje e adicionei aos meu favoritos!
ResponderExcluirBotelho: você é um "mal amado"! Fofoqueiro! Crítico ignorante! Na sua minúscula existência, não transformará "nada"!!! Se ame e deixe cada um ser o que quiser. Acreditar no que quiser. Não se meta! Se não é ilegal ou imoral...bola pra frente"...Qual é a tua frustração? BOBAO!!!
ResponderExcluirParabéns pela sobriedade, coerência e lógica das suas criticas.
ResponderExcluirEu pessoalmente acho que religião deveria ser tratada como doença mental.
E uma doença que contamina e interfere diretamente na nossa vida.
Escreva sobre os evangélicos e sobre a força da bancada evangélica no Congresso Nacional Brasileiro.
Grande abraço.