Octavio da Cunha Botelho
(Obs: Este estudo está disponível em uma versão mais atualizada em:
Transformações: hoje as mulheres ocupam posições de liderança, situações inimagináveis no passado |
O
artigo abaixo foi extraído de trechos do livro, que estou escrevendo no
momento, sobre crítica da religião, disponibilizado neste blog em razão do Dia
Internacional da Mulher, 08/03/2012. O material compõe a introdução e os trechos
das reflexões finais da seção sobre uma das maiores injustiças na história: a
discriminação e a submissão da mulher nas grandes religiões tradicionais.
Coincidentemente, é o assunto que estou escrevendo no momento para este livro. Além
dos trechos incluídos abaixo, o miolo da seção terá uma subseção para cada uma
das cinco grandes religiões da atualidade, com a seleção das passagens das
fontes literárias (o Manusmrti, o
Talmude, o Alcorão, a Bíblia e os Sutras
budistas), onde estas discriminações são mencionadas nestas grandes tradições. Algumas
passagens são abomináveis e chocantes para a mentalidade atual das sociedades
mais seculares. Já foram escritas as passagens do Manusmrti do Hinduísmo, as do Talmude do Judaísmo, as do Alcorão do
Islamismo, estou escrevendo as da Bíblia do Cristianismo no momento, e em breve
serão escritas as dos Sutras do
Budismo.
Misoginia,
discriminação e submissão da mulher nas religiões tradicionais
Salvo
em algumas poucas religiões do passado e em um número maior nos Novos
Movimentos Religiosos, a mulher foi cruelmente discriminada, rebaixada,
desprestigiada e subjugada nas grandes religiões tradicionais. A razão para tal
discriminação ainda é motivo de debates entre os estudiosos, mas talvez seja
explicada pelo fato de que, em muitas sociedades antigas, as mulheres eram
excluídas das atividades culturais e religiosas em virtude da então
prevalecente idéia de que a mulher está biologicamente mais próxima da
natureza, enquanto o homem está intelectualmente mais próximo da cultura. Uma
vez que a cultura era vista como superior à natureza nestas sociedades, foi
dada ao homem uma posição social superior à mulher. Elas eram vistas assim em
virtude das suas propriedades biológicas de menstruação, de procriação, de
gravidez e de amamentação, daí então que o papel da mulher está na criação dos
filhos, no lar; ou seja, o mundo da mulher é o mundo doméstico; enquanto que,
as atividades externas e intelectuais cabem ao homem, o qual não está sujeito a
tais funções biológicas, portanto, apropriado para as atividades externas do
lar. Como exemplo, Ellen M. Umansky explicou assim este caso no Judaísmo: “Os
rabinos do Talmude, aqueles responsáveis pela formulação da lei judaica,
argumentavam que homens e mulheres, enquanto possuindo absoluta dignidade,
igualdade e valor, foram criados como complementos de um para o outro. Eles
alegavam que deus, empregando uma espécie de economia, projetou os homens e as
mulheres de tal forma a ocuparem diferentes papéis sociais, de maneira que
juntos eles poderiam alcançar a totalidade. Pensando nas mulheres
essencialmente como esposas e mães, eles viam o lar como o domínio natural das
mulheres, enquanto sustentavam que a esfera pública da vida religiosa, aquela
do estudo e da adoração pública, era o domínio natural dos homens” (Umansky,
1985: 479).
Brahma Kumaris, uma organização espiritual formada majoritariamente por mulheres |
Para
alguns teóricos sociais, a chegada da Era Moderna agravou a dicotomia: mulher
em casa e homem no trabalho externo. Pois, sobretudo a partir do século XIX,
com a diversificação da sociedade em tantas novas atividades e em novas
instituições, foram os homens, e não as mulheres, com sua já reconhecida
vocação para o trabalho externo, que se ocuparam na crescente proliferação de
profissões na educação, na indústria, no comércio, na saúde, no governo, na Justiça,
na Política, no lazer, no funcionalismo público, etc., com isso confinando as
mulheres ainda mais aos limites domésticos. Entretanto, o tempo, sobretudo a
recentidade, não confirmou esta tese de algumas das sociedades antigas. A
experiência histórica que mais apressou a mobilização da mulher da vida
doméstica para a vida profissional e externa foi a ocorrência das duas grandes
guerras no século XX, sobretudo a Segunda Guerra Mundial, quando as mulheres
tiveram de ser apressadamente recrutadas para o trabalho como operárias em
fábricas, como enfermeiras em hospitais, como funcionárias em empresas privadas
e em repartições públicas, etc., em virtude da crescente escassez de mão de
obra masculina, por estarem os homens sendo enviados para as frentes de combate.
Foram nestes momentos que as mulheres puderam provar, numa dimensão nunca antes
demonstrada, sua capacidade de substituir a mão de obra masculina com a mesma
eficiência, daí aptas à prática profissional. Parece que, a primeira profissão
externa, praticada em grande escala pelas mulheres, foi a Enfermagem, um
desdobramento natural do antigo trabalho das parteiras. A Enfermagem moderna e
científica foi estruturada no século XIX por Florence Nightingale (1820-1910),
durante sua devotada assistência aos soldados na Guerra da Criméia.
Helena P. Blavatsky (1831-91), uma das fundadoras da Sociedade Teosófica |
Por
outro lado, diferente das antigas tradições religiosas, nos Novos Movimentos
Religiosos, a mulher recebeu maior valorização e tratamento mais igualitário,
com o rompimento de muitos antigos preconceitos, sob influência da ‘primeira
onda’ do movimento feminista do século XIX. Um traço inovador nos Novos
Movimentos Religiosos foi a ascensão da mulher à proeminência dentro do ofício
religioso a partir do século XIX, até então uma tarefa predominantemente
masculina, com o surgimento das primeiras fundadoras, líderes, pregadoras,
instrutoras, intérpretes e até mesmo daquelas que se declaravam teólogas, o que
representou o rompimento de um antigo e infundado tabu. Pois, antes deste
período inicial de conquistas sociais, qualquer mulher que se atrevesse nestas
atividades era considerada uma bruxa. Destacaram-se naquele e no início do
século seguinte: Helena P. Blavatsky (1831-91), fundadora da Sociedade
Teosófica, que depois foi presidida por Anna Kingsford (1846-88), em 1883, e em
seguida por outra mulher, Annie Besant (1847-1933), de 1908 a 1933. Uma
dissidente da Sociedade Teosófica, que depois se tornaria uma famosa líder e
canalizadora de instruções religiosas, foi Alice Bailey (1878-1939), fundadora
da Escola Arcana. O Movimento New Thought (Novo Pensamento) foi, até certo
ponto, um movimento feminino, uma vez que muitos dos principais líderes foram
mulheres, tais como: Emma Curtis Hopkins (1849-1925), uma das precursoras,
juntamente com Phieas P. Quimby, do Movimento New Thought; Mary Baker Eddy (1821-1910) fundadora do movimento Christian Science (Ciência Cristã) e da Church of Christ, Scientist (Igreja de
Cristo, Cientista) em 1894 na cidade de Boston; Myrtle Page Fillmore
(1845-1931), co-fundadora com seu marido da Unity
Church, em 1889, na cidade de Kansas;
Malinda Elliott Cramer (1844-1906), fundadora da Church of Divine Science (Igreja da Ciência Divina) e Nona L.
Brooks (1861-1945), fundadora de uma igreja da Divine Science em Denver, Colorado. Todas estas igrejas foram fundadas
sob a influência do movimento New Thought. Esta onda de novas
oportunidades para as mulheres também alcançou uma instituição indiana, a Brahma Kumaris (Filhas do Deus Brahma), a qual, apesar de ter sido
fundada por um homem, Lekhraj Kripalani
(1884-1969), em 1932, na cidade de Karachi,
antes da formação do estado do Paquistão, é liderada majoritariamente por
mulheres. Também conhecida como Brahma
Kumaris World Spiritual University, (em sânscrito: Prajapita Brahma Kumaris
Ishwariya Vishwa Vidyalaya), foi formada no contexto do Hinduísmo, porém
com o compartilhamento de poucas interpretações em comum com esta tradição. O
núcleo da sua prática é a Raja Yoga,
mas, obviamente, com instruções e técnicas diferentes da yoga clássica de Patanjali.
Esta ascensão feminina abalou mesmo as tradições até então de ofício
exclusivamente masculino. A Maçonaria, por exemplo, começou a admitir mulheres
a partir do século XIX, quando foram fundadas as primeiras ordens que admitiam
tanto homens como mulheres para iniciação ou mesmo, só mulheres, as mais
conhecidas foram: a Order of the Eastern
Star (Ordem da Estrela Oriental), fundada por Rob Morris em 1850, na cidade
de Boston (existe registro de que Anna Eleonor Roosevelt, esposa do
ex-presidente Franklin D. Roosevelt, foi iniciada nesta ordem nos anos 1930); a
Order of the Amaranth (a Ordem do
Amaranto), fundada pela rainha Cristina da Suécia e depois importada para os
EUA por Rob Macoy em 1873; o White Shrine of Jerusalem (o Santuário Branco
de Jerusalém); a Social Order of
Beauceant (a Ordem Social de Beauceant); as Daughters of the Nile (as Filhas do Nilo) e na França: a Loge Libre Penseurs (a Loja Livre Pensadores), onde Maria Deraimes foi a
primeira iniciada em 1882. No início do século XX, foi marcante a publicação de
The Compass and Square for Women Only (O Compasso e o Esquadro
Só para Mulheres), de Harriet L. M. Handerson, o primeiro livro sobre Maçonaria
direcionado para mulheres publicado em 1916 nos EUA.
Algumas
reflexões
Rainha Cristina da Suécia, fundadora da Ordem do Amaranto da Maçonaria |
Dois
de tantos séculos de injustiça cultural e social com as mulheres, imposta pelas
religiões tradicionais, o estrago foi tão grande que, em muitas sociedades, não
serão em apenas poucas décadas que o defeito será reparado. Quando estudamos os
inúmeros trabalhos publicados em livros, jornais, revistas, sites e blogs sobre
os avanços alcançados nas áreas sociais, profissionais e políticas no último
século, não deixamos de nos sentirmos obrigados a elogiar o trabalho de
dedicadas feministas em favor da maior participação da mulher na sociedade, no
trabalho, na política e na educação. No entanto, ao mesmo tempo, quando
observamos o volume de esforço despendido recentemente, percebemos também que
este esforço é tão grande por conta do imenso obstáculo colocado, pelas
religiões tradicionais, na vida das mulheres no passado. Trata-se de uma
privação de oportunidades que perdurou por séculos. Portanto, ver o triunfante
trabalho das feministas nos últimos anos é aliviante, mas, por outro lado,
quando conhecemos a longa duração do período de subjugação ao estudar a
história das religiões, o que sentimos é revoltante. Todo este penoso esforço e
esta gigantesca luta poderiam ser evitados se os enganos conceituais das
tradições religiosas, responsáveis por estas injustiças, não tivessem sido
concebidos ou, pelo menos, tivessem sido reparados logo no início pelos
próprios religiosos. Mas não, a cultura da mulher discriminada e submissa, imposta
pelas religiões tradicionais, perdurou por séculos, fazendo com que, por todo
este longo período, as mulheres perdessem um número infinito de oportunidades
na vida. Para nossa maior indignação, a rigor, não foram os religiosos, senão
as pessoas inconformadas, sobretudo as feministas, de fora do meio religioso,
as primeiras a levantarem a voz contra esta antiga injustiça. Apesar dos
esforços e das lutas para melhorar o quadro em muitas partes do mundo nos
últimos anos, há muito ainda por fazer em vista de tantas injustiças
remanescentes, principalmente nas regiões onde o conservadorismo
discriminatório da mulher ainda prevalece em face da influência do
tradicionalismo. Estes avanços caminham em ritmo desigual em diferentes
sociedades. O caminho está mais aberto para os países onde a laicidade é mais
dominante na vida da população.
As
recentes transformações aconteceram não só na maneira pela qual as mulheres
passaram a ser vistas pela sociedade, mas também e, sobretudo, na maneira pela
qual elas passaram a perceberem a si mesmas. Aconteceu um enorme aumento da
auto-estima da mulher. Com isso, elas agora se sentem mais encorajadas em
desenvolver seus talentos e suas habilidades. Enfim, quanto mais as mulheres
são capazes de demonstrar suas capacidades e confirmar sua dignidade, por
tantos séculos privadas, somos, cada vez mais, possibilitados de,
proporcionalmente, mensurar a dimensão do prejuízo que as mulheres sofreram nas
mãos injustas das religiões durante o longo período de privação.
Elizabeth Taylor no papel de Cleópatra, uma das mulheres mais influentes da Antiguidade |
Alguns
autores, sobretudo autoras, se deleitam em citar mulheres do passado que se
destacaram na cultura, na religião, na política ou na sociedade (Nefertite,
Cleópatra, Joana D’arc, etc.), com a intenção de demonstrar que a subjugação
não era tão acentuada assim. De fato, não se pode discordar, os exemplos
existem, mas o mais importante é ter em conta que estes exemplos representam
raríssimas exceções, quando comparados com o número infinitamente maior da
participação masculina nestas áreas. Parece que, o que leva estes autores e
estas autoras a se entusiasmarem com estas citações são os papéis protagonistas
de mulheres que, por representarem exceções, chamam a atenção dos observadores
e dos historiadores, com isso são vivamente recordados em razão da
excepcionalidade.
Uma
vez que, estimativamente, a metade da população mundial sempre foi formada
pelas mulheres, as feministas têm um argumento intrigante. Se as grandes
religiões atuais, antes do reconhecimento da igualdade dos gêneros, conceberam
suas idéias e regras no passado a partir de uma cultura e sociedade patriarcais
- a rigor, com base na metade masculina da população mundial - todas as suas
doutrinas e práticas teriam agora de serem revistas e refeitas, para incluir a
outra metade da população mundial: as mulheres. Pois, a confirmação e o
reconhecimento da igualdade intelectual e moral da mulher, com relação ao
homem, no século passado, modificou todo o panorama cultural no qual os
religiosos se basearam para construir suas visões de mundo, quando desprezaram
a metade feminina da população mundial. Assim sendo, se a metade feminina é
agora considerada tão importante quanto a metade masculina, então as idéias de
fundo que formaram as doutrinas e as regras das religiões tradicionais precisam
de revisão. Em outras palavras, o imenso edifício, no qual foram erguidas as
inúmeras doutrinas e práticas religiosas durante séculos, terá de ser demolido
para, então, se reerguer um novo edifício doutrinário que leve em conta a
mulher com a sua nova dignidade alcançada a partir do século XX e afaste todos
os sentimentos de misoginia. Enfim, no passado a religião era prioritariamente
destinada para uma metade da população, mas agora, diferentemente, uma religião
só é completa se destinada para as duas metades da população mundial. Em parte,
este trabalho de reconstrução foi realizado pelos Novos Movimentos Religiosos
nos últimos anos, ao conceder uma nova dignidade e um novo papel para a mulher
dentro da religião, da família e da sociedade. A reforma foi inevitável, está
sendo e continuará a ser no futuro, uma vez que a situação mudou tanto que,
atualmente, encontramos exemplos nos quais as mulheres até exibem capacidades
intelectuais e habilidades profissionais superiores aos homens em muitas
tarefas.
Mira Bai (1498-1547), uma das santas mais adoradas do Hinduísmo |
Das
grandes religiões tradicionais, as que concederam mais oportunidades religiosas
às mulheres foram o Cristianismo e o Movimento Bhakta do Hinduísmo. Mesmo assim, elas tiveram o direito apenas à
santidade, ou seja, de se tornarem santas ou devotas exemplares, mas não o
direito à ordenação ou à iniciação, portanto, nunca puderam se tornar
sacerdotisas. Por isso ouvimos falar de santa Juliana de Norwich (1342-1416),
de santa Teresa de Ávila (1515-1582), de santa Bernadette Soubirous (1844-1879)
e de outras no Cristianismo. Também, de Andal
(séculos VII e VIII e.c.), de Jana Bai (m.1350), de Mira Bai (1498-1547, de Sarada
Devi (1853-1920) e de outras santas da tradição Sant Mat (Caminho dos Santos) na Índia. O sacerdócio sempre foi um
ofício de predomínio dos homens, porém, as antigas religiões da Grécia e de
Roma ordenavam mulheres como sacerdotisas, exemplos: as Pítias (Dillon, 2002:
73-106) e as Virgens Vestias (Staples, 1998: 129-56 e Takacs, 2008: passim) respectivamente. O Hinduísmo é
um conjunto de tradições repleto de deusas. Além das mais comumente adoradas (Durga, Kali, Parvati, Lakshmi, Saraswati,
Mahadevi, etc.), existe também uma
quantidade de deusas de adoração apenas regional espalhada por toda a Índia
que, se então acrescida, torna o panteão incalculável. Das grandes religiões
vivas, é a que mais conserva cultos às deusas. Existe uma corrente
especialmente voltada para a adoração do aspecto feminino da divindade (shakti), o Shaktismo da tradição
tântrica (Kinsley, 1987 e Bhattacharyya, 1987: 315-69). Enfim, as devotas
indianas compuseram poesias e canções devocionais (bhajans), praticaram austeridade e meditação, afirmaram terem
alcançado experiências de transe místico, se tornaram santas e até deusas
(exemplo: Andal), daí que hoje são
adoradas por milhares de devotos, porém nenhuma foi ordenada como sacerdotisa.
O mesmo acontece com o Catolicismo, as devotas podem até se tornarem santas
ainda em vida, mas não são ordenadas como sacerdotisas.
Por
outro lado, simultaneamente, algumas mulheres retrógadas percorrem um trajeto
contrário procurando se submeterem, com cada vez mais zelo, às regras das
tradições antigas. Elas abrem mão das conquistas culturais, profissionais e
social alcançadas nos últimos anos para viver uma vida de privações e de
subjugação, tal como no passado. Este fenômeno acontece, no momento, com mais
freqüência entre as mulheres islâmicas.
Teresa de Ávila (1515-82), a mais mística das santas do Catolicismo |
Alguns
autores e autoras, feministas, religiosos e acadêmicos se contentam, e alguns
até se vangloriam, das recentes conquistas de espaço e de funções das mulheres
dentro das religiões. Isto é, mulheres que são ordenadas, que se tornam
líderes, instrutoras, pregadoras, teólogas, etc. Estas novas oportunidades
religiosas fazem com que as mulheres se sintam agora como que se tivessem
encontrado a verdadeira religião. Tudo isto representa para estas pessoas um
grande progresso da religião. Entretanto, do ponto de vista crítico,
experimentar hoje novos papéis e cargos dentro de uma religião não significa
tanto progresso assim, pois a pessoa, de qualquer forma, continua mantida no interior
de um ambiente culturalmente obsoleto. De modo que, a rigor, o que deve ser
mais aproveitada com o crescimento da autonomia das mulheres nos últimos anos,
não é sua oportunidade dentro da religião, mas sim sua oportunidade fora do
mundo religioso, ou seja, na sociedade laica, aproveitando-se da queda da
influencia da religião na vida dos indivíduos e da sociedade, que resultou na
abertura de muitas portas para as mulheres manifestarem seus talentos e suas
habilidades nas profissões, na família, na política, na economia, no ensino,
etc. A atual sociedade secular é capaz de oferecer oportunidades infinitamente
maiores, em muitas atividades, para as mulheres, em comparação com o que pode
oferecer a limitada vida religiosa. A vantagem está na diminuição do poder da
religião e não na abertura de oportunidades às mulheres no interior da
religião. Para resumir de uma maneira descontraída, este aproveitamento de
novas oportunidades femininas dentro das religiões, representa, na verdade, um
fato semelhante ao que expressa a frase popular: “fugir do espeto para cair na
brasa”.
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Muito bom!
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