Octavio da Cunha Boteho
Surpreendentemente, os países mais religiosos não são os mais caridosos, segundo pesquisa. |
a)
doação em dinheiro a uma organização,
b)
tempo de serviço voluntário em uma organização e
c)
ajuda a um estranho necessitado.
O índice (WGI) é apresentado através de uma
pontuação na forma de um score
traduzido em porcentagem da população envolvida na caridade, de modo que, as
populações com as maiores porcentagens são as mais caridosas do mundo. Então, o
ranking ficou assim:
1º
Austrália com o score de 60%,
2º
Irlanda com o score de também 60%,
3º
Canadá com 58%,
4º
Nova Zelândia com 57%,
5º
EUA com 57% e
6º
Holanda com 53%.
O Brasil, a segunda maior população cristã e
a maior população católica do mundo, amargurou um vergonhoso 83º lugar com o score de apenas 27%, confirmando que é
um país com uma população com muita fé, mas com pouco espírito caridoso, mais
um exemplo de que ter crença não é sinal de ter religiosidade, ou mesmo, de ter
espírito generoso. Isto é, a maioria da população cristã aqui é religiosa
apenas da boca para fora, enfim, são muitos os que se declaram cristãos, porém,
em contrapartida, muitos poucos os que efetivamente praticam.
Se fosse correto o raciocínio de que as
populações mais cristãs seriam as mais caridosas do mundo, então o topo deste
ranking deveria ser ocupado pelos países mais cristãos, porém observe que,
segundo esta pesquisa, a realidade não é assim. Veja abaixo uma relação dos países
mais católicos e suas respectivas posições no ranking do Índice de Caridade
Mundial (WGI):
-
Honduras (97% católicos) posição no WGI: 31º lugar com o score de 40%
-
Equador (95% católicos) posição no WGI: 128º lugar com o score de 17%
-
Venezuela (95% católicos) posição no WGI: 123º lugar com o score de 19%
-
Argentina (92% católicos) posição no WGI: 94º lugar com o score de 24%
-
Colômbia (90% católicos) posição no WGI: 42º lugar com o score de 37%
-
Itália (90% católicos) posição no WGI: 57º lugar com o score de 33%
-
México (76% católicos) posição no WGI: 75º lugar com o score de 28%
-
Brasil (64% católicos) posição no WGI: 83º lugar com score de 27%.
Austrália, onde o ateísmo é crescente, está no topo dos mais caridosos |
O resultado desta pesquisa nos leva a
refletir sobre a razão porque países com o alto índice de ateísmo, ou com o
ateísmo em crescimento nas últimas décadas, como a Austrália, a Irlanda, a
Holanda e a Nova Zelândia praticarem a caridade mais que as nações
majoritariamente cristãs. A resposta poderá ser que, nas sociedades de melhor
qualidade de vida, onde o senso de egoísmo foi superado, em virtude da alta
escolaridade, e a religião não tem mais utilidade cultural e social, as
virtudes da religião, que ainda têm utilidades culturais e sociais, tais como a
caridade e a generosidade, foram absorvidas pela cultura secular destes países,
de modo que estas virtudes são percebidas não mais como uma prática religiosa,
mas sim como uma responsabilidade social e uma sensatez humanística. Ou seja, o
papel da religião foi substituído por outros órgãos sociais e instituições
(ONG’s, Cruz Vermelha, grupos assistenciais, etc.). Enfim, o resultado desta
pesquisa demarca claramente a divisão, no mundo atual, entre aquelas sociedades
e pessoas que ainda precisam da religião e aquelas que já conseguiram
substituir a religião por outros órgãos e instituições sociais de efetiva
contribuição social para o bem estar da população, por isso estes países ocupam
o topo do ranking dos índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e de Felicidade
da População (GHI).
Em suma, o que o resultado desta pesquisa nos
leva a concluir é que não é preciso estar embebido de crença cristã para ser um
caridoso, basta superar o egoísmo e ter responsabilidade social, um trabalho
educativo que foi feito pelas escolas nos países mais bem ranqueados, e não
pelas igrejas.
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