tag:blogger.com,1999:blog-73502525343498726312024-03-13T06:29:09.030-07:00Observador Crítico das ReligiõesAutor: Octavio da Cunha BotelhoOctavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-55221839542389970822013-12-27T10:42:00.000-08:002013-12-28T05:47:55.496-08:00|RELIGIÃO & CINEMA| Flores do Oriente: Quando os Laicos São Heróis Solidários<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">por Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-AW5HfY48WDI/Ur3GVDX2G8I/AAAAAAAABmA/LZk1QtMP7L8/s1600/baleflower_a.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="http://3.bp.blogspot.com/-AW5HfY48WDI/Ur3GVDX2G8I/AAAAAAAABmA/LZk1QtMP7L8/s400/baleflower_a.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O ator Christian Bale vive o papel de um coveiro que finge ser um padre<br />
para ajudar um grupo de adolescentes de um convento em<br />
Flores do Oriente (<i>The Flowers of War</i>, 2011), do diretor Zhang Yimou</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Este período do ano, em virtude da
diminuição das ocupações profissionais, é favorável para assistir aqueles
filmes que não puderam ser assistidos durante o ano. Então, na minha lista de
pendências estava a obra Flores do Oriente (<i>The</i>
<i>Flowers of War</i>, 2011), do talentoso cineasta
chinês Zhang Yimou, autor dos consagrados Lanternas Vermelhas, Herói e Clã das
Adagas Voadoras, quem considero ser um dos melhores diretores de filmes de arte
da atualidade. O filme é baseado no livro <i>13
Flowers of Nanking</i> (As 13 Flores de Nanquim) do autor Geling Yan, história
passada durante a guerra Sino-japonesa, mais especificadamente, em um episódio
historicamente conhecido como O Massacre de Nanquim, em 1937. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Embora esta seja a produção de Zhang
Yimou que mais se aproxima ao estilo hollywoodiano, os admiradores do seu
trabalho não devem deixar de assisti-la. Com um orçamento abastado de US$ 94
milhões, o maior da história do cinema chinês, o resultado nas bilheterias foi
lucrativo, uma vez que apenas no território chinês rendeu US$ 95 milhões. O
filme estreou na China apenas poucos dias após o 74º aniversário do Massacre de
Nanquim e nos primeiros quatro dias de exibição já tinha alcançado US$ 24
milhões em bilheteria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tal como será visto abaixo, esta é
uma história nem tão agradável para o público cristão, pois mesmo acontecendo
no interior de um convento católico, os heróis não são personagens cristãos. Diferente
do que o espectador cristão espera, são as adolescentes religiosas que são
ajudadas e salvas por descrentes mundanos e irreverentes à religião no final do
filme, após uma reviravolta no relacionamento entre eles. Daí a explicação para
a grande arrecadação de bilheteria nos cinemas da China e uma bem menor
arrecadação nos cinemas do Ocidente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estrelado pelo ator Christian Bale, que vive
o papel do coveiro John Miller, um beberrão esperto e <i>bon-vivant</i>, encarregado de providenciar
o sepultamento do padre Engelmann, antes de falecer ele era o líder de um
convento de adolescentes na cidade de Nanquim, na China. Em meio a um intenso tiroteio
entre as tropas japonesas e chinesas, com muita dificuldade, Miller consegue
chegar até o seu destino para executar sua tarefa. Ao chegar lá, ele percebe a
segurança do local, em virtude da neutralidade da Igreja Católica e dos
ocidentais no conflito sino-japonês, então decide estender sua permanência. Sua
decisão de partir é adiada ainda mais quando um grupo de prostitutas, em fuga
de um bordel por conta da onda de violência e de estupros praticada pelos
soldados japoneses, consegue pular o portão do convento e se refugiar no seu
interior. Em vista do contraste no estilo de vida, elas logo entram em
desentendimento com as adolescentes do convento, estas últimas não permitem que
as prostitutas sequer utilizem o banheiro, dando início a um relacionamento
hostil. Então, as prostitutas se escondem no porão.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-f-4Nz9_S_GM/Ur3HZb9XmEI/AAAAAAAABmM/VRtzMBvtvjg/s1600/nowshowing_flowersofwarwalk.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="300" src="http://1.bp.blogspot.com/-f-4Nz9_S_GM/Ur3HZb9XmEI/AAAAAAAABmM/VRtzMBvtvjg/s400/nowshowing_flowersofwarwalk.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Um grupo de prostitutas se refugia em um convento a fim de fugir da <br />
violência dos soldados japoneses, a diferença no estilo de vida<br />
resulta imediatamente em conflitos com as internas.</td></tr>
</tbody></table>
Comovido pelas situações das
adolescentes e das prostitutas, o coveiro John Miller (Christian Bale) decide
ajudar. Então, aproveitando-se da imunidade da igreja e o fato de ser um
ocidental neutro no conflito, disfarça-se de padre, tornando-se o Father John, a
fim de proteger ambos os grupos. O hostil relacionamento entre as adolescentes
e as prostitutas começa a mudar quando um grupo de soldados japoneses consegue
entrar no convento, então violenta e estupra algumas adolescentes, chegando a
matar uma delas, o qual é ainda mais alterado com a tentativa de suicídio de
algumas adolescentes em seguida. A partir de então, um novo relacionamento de afeto
e de piedade entre o falso padre John, as prostitutas e as adolescente começa a
se desenvolver, cuja culminação é um piedoso ato de solidariedade das
prostitutas para ajudar as adolescentes temerosas de serem violentadas e
estupradas pelos soldados japoneses. O final do filme é comovente e transmite
uma interessante lição de humanismo e de solidariedade, sem invocar ideias e
práticas cristãs. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Agora, o leitor poderá estar
perguntando em que este filme interessará ao cético e ao ateu para merecer um
comentário em um espaço sobre crítica religiosa. Bem, o interessante desta
história é que, embora aconteça em um ambiente cristão, ou seja, um convento, os
heróis da solidariedade na história não são pessoas religiosas, senão um
coveiro esperto e <i>bon-vivant</i>, que finge
ser um padre para ajudar outras pessoas, e um grupo de prostitutas vaidosas que
passa a se preocupar com o futuro das adolescentes, a fim de que as mesmas não
tenham o mesmo destino abominável que cada uma teve, ou seja, de serem
estuprada ainda na adolescência e daí serem levadas ao caminho da prostituição.
Em suma, a lição que o filme deixa é a de que não é preciso ser religioso para
sentir piedade e se entregar ao sacrifício pelo próximo em um ato de
solidariedade, pois a experiência mundana é suficiente para levar alguém à
sensatez de perceber a necessidade da piedade e da solidariedade em circunstâncias
dolorosas. Em nenhum momento do filme alguém foi levado à sensatez de se
ajudarem, em meio a uma angustiante guerra, em função de crenças cristãs ou de
fé, ao contrário, o coveiro espertalhão usou da sua esperteza e as prostitutas das
suas experiências de vida e da coragem, para auxiliarem o grupo cristão de
adolescentes inocentes e ingênuas. Deus e a religião não são invocados nos
momentos mais angustiantes de apuro e de sofrimento, mesmo estando todos eles
no interior de um convento com uma enorme catedral, rodeados por uma violenta e
aterrorizante guerra, diferentemente, tudo é resolvido a partir da
sensibilização e da sensatez. A mensagem laica que o filme deixa é a de que
deus e a religião são desnecessários até mesmo nos momentos de maior angustia
no meio de uma guerra, ninguém rezou ou pediu a ajuda de deus, nem mesmo as
adolescentes religiosas.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-bVRiIGsNL1M/Ur3IncPjY5I/AAAAAAAABmY/f-Hs4TVN7F8/s1600/Bale-delivers-Flowers-of-War-in-China-C6ND5D6-x-large.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="235" src="http://3.bp.blogspot.com/-bVRiIGsNL1M/Ur3IncPjY5I/AAAAAAAABmY/f-Hs4TVN7F8/s320/Bale-delivers-Flowers-of-War-in-China-C6ND5D6-x-large.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O ator Christian Bale ao lado do diretor Zhang Yimou</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em outras palavras, não é preciso ser
cristão, acreditar em deus, ser batizado, ter recebido a primeira comunhão, frequentar
igreja ou acreditar em um livro religioso para ser levado à pratica da piedade
e da solidariedade; basta, ao contrário, apenas entender que elas são
resultados da sensatez que qualquer laico pode descobrir quando percebe que a
família, a sociedade, a humanidade ou mesmo qualquer grupo, sobretudo, em
circunstâncias de dificuldade e de apuro, sobrevivem com mais paz e com mais justiça
quando a solidariedade é praticada.
Enfim, a solidariedade não é uma virtude religiosa que fará o praticante
ganhar o céu ou a benção de deus, mas sim uma solução sensata para a sobrevivência
humana. <o:p></o:p></span></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-41273670340964510232013-12-12T04:50:00.000-08:002013-12-12T10:08:25.335-08:00|FATO QUE MERECE NOTA| Papa Francisco, a Personalidade do Ano (para o bem ou para o mal)<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-4ajp3oyDtKw/UqmvxBOpyTI/AAAAAAAABkM/nMu3YfeddeE/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-4ajp3oyDtKw/UqmvxBOpyTI/AAAAAAAABkM/nMu3YfeddeE/s1600/download.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O papa Francisco escolhido como a <br />
Personalidade do Ano, pelo critério de <br />
escolha da revista, até Osama Bin Laden<br />
mereceria a homenagem.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ontem foi divulgada a notícia da escolha do
papa Francisco como a Personalidade do Ano pela revista Time. Esta homenagem é
concedida desde o ano de 1927 por esta prestigiada publicação norte americana. A
justificativa para esta escolha foi que ele “mudou o tom, a percepção e o foco
de uma das maiores instituições do mundo de forma extraordinária”, disse a
revista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem, para uma ideia do tanto que as escolhas
dos candidatos para esta homenagem são polêmicas, veja em seguida quem foram os
seus concorrentes. O segundo lugar ficou com Edward Snowden, aquele personagem
controvertido que revelou o programa secreto de espionagem do governo norte
americano. Outros candidatos na disputa foram Bashar Assad, o ditador da Síria
que levou o seu país a um banho de sangue, Hassan Rouhani, o presidente do país
que tem um regime religioso, a República Islâmica do Irã, e a cantora Miley
Cyrus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agora, o mais curioso é o mérito desta
homenagem, uma vez que, se for verdadeiro o critério utilizado para avaliar os
candidatos, tal como noticiado pelo jornal O Globo Online, desta Quarta Feira,
11/12/13, “o papa foi escolhido pela prestigiada publicação americana como a
pessoa que exerceu mais impacto sobre o mundo, <u>para o bem ou para o mal</u>,
durante 2013”. Ora, se o critério de avaliação é o “impacto exercido no mundo, <u>para
o bem ou para o mal</u>”, então o homenageado como a personalidade do ano de
2001, indubitavelmente, não poderia ser outra pessoa do que Osama Bin Laden. </span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Afinal, qual o
objetivo, bem como, mais significativamente, qual o mérito, desta homenagem, a qual
pode ser concedida até para aqueles que fazem o mal? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-68647064545982220252013-12-02T04:15:00.001-08:002013-12-05T05:50:08.359-08:00|SÁTIRA| Fé, a Preguiça do Intelecto<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-EJg_ARbxlJo/Upx4YRqdyTI/AAAAAAAABjw/g8V8nbpwTmY/s1600/316596_2341149820360_1598376026_2284855_1962417270_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="263" src="http://2.bp.blogspot.com/-EJg_ARbxlJo/Upx4YRqdyTI/AAAAAAAABjw/g8V8nbpwTmY/s400/316596_2341149820360_1598376026_2284855_1962417270_n.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Caso a razão encontrasse a fé em uma livraria, quais <br />
recomendações de leitura aquela poderia sugerir para esta última?</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Estando um dia em uma livraria, a Razão
casualmente se encontra com a Fé. Ao vê-la, se surpreende e lhe dirige a palavra:
“olá senhora Fé, que surpresa vê-la em uma livraria, nunca nos encontramos aqui,
é a sua primeira vez”? A Fé respondeu, “olá, que prazer em vê-la! Sim, senhora
Razão, esta é a primeira vez que venho a uma livraria”. A Razão continuou: “que
bom tê-la aqui, por ser a sua primeira vez, gostaria de lhe mostrar a livraria
e, ao mesmo tempo, lhe sugerir algumas leituras”. A Fé respondeu: “Ó, senhora
Razão, que gentileza sua, será um prazer”. Então, a Razão começou a caminhar e
se deparou primeiramente com a seção de livros de Matemática e se dirigiu para
a Fé e disse: “aqui senhora Fé, estes são os livros sobre Matemática, o que
acha da ideia de adquirir alguns deles”? A Fé pegou alguns e começou a
folheá-los. Depois de ler um tanto de suas páginas, reclamou: “hummm, senhora
Razão, estes livros exigem muito esforço de raciocínio lógico e exato, não
combinam com a minha natureza fantasiosa e imprecisa, estas leituras representam muito empenho
intelectual para mim”. “Ok”, disse a razão, “então vamos para outra seção”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em seguida, caminhando mais um
pouco, encontram a seção de livros de Filosofia. Aí a Razão disse: “Aqui,
senhora Fé, que tal estes livros”? A Fé então começou a folhear algumas páginas
de certos livros e reagiu: “Êpa, estes livros exigem esforço de reflexão
crítica, portanto não combinam com minha acomodada natureza condescendente”. “Tudo
bem, senhora Fé”, disse a Razão, “vamos para outra seção”. Caminharam mais um
pouco e encontraram a seção de livros de Ciências. Aí então a Razão perguntou:
“que tal estes”? A Fé novamente leu trechos de alguns livros e reclamou: “Ahhh...
estes livros exigem esforço investigativo com rigor metodológico, são muito cansativos para mim, pois contrariam minha natureza ingênua e comodista, ademais, não fui
educada para tão grande esforço”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Daí, a Razão, já demonstrando sinais
de impaciência, conduziu a Fé até a seção de Informática e dsse: “Olha, esta é uma
das ciências mais importantes e utilizadas na atualidade, com certeza irá lhe
agradar, que tal”? A Fé, mais uma vez, folheou alguns livros para logo
desabafar: “Ah não! Estes livros exigem muito esforço racional e tecnológico,
portanto incomodam minha preguiça congênita”. Então, pensando já estar sem
opções de sugestões, a Razão não sabia mais o que indicar, até que, de repente,
teve uma ideia. Daí, convidou a Fé para o outro lado da livraria e lhe disse:
“olhe, esta é uma seção diferente de todas as outras, trata-se do setor de
livros infantis, veja se lhe agrada”. Em seguida a Fé folheou algumas páginas
dos livros e, diferente das outras vezes, se deteve mais na leitura até
exclamar entusiasmada: “Maravilha, estes livros são formidáveis, me agradou
muito, os temas me fazem lembrar os mitos e as lendas com os quais sempre
estive envolvida e, ademais, é muito fácil de entender, por isso vou
comprá-los”. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GA6N16TdElg/Upx5ZoBlrZI/AAAAAAAABj8/D2UEB6diD2U/s1600/images+(2).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="246" src="http://1.bp.blogspot.com/-GA6N16TdElg/Upx5ZoBlrZI/AAAAAAAABj8/D2UEB6diD2U/s320/images+(2).jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Com o aumento do secularismo no mundo, Deus <br />
passou a ter cada vez menos o que fazer.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Então, começou a recolher muitos livros desta
seção, porém, curiosamente, ela colocava dois exemplares do mesmo título na
cesta de compras. Ao perceber isto a Razão observou: “Perdão, senhora Fé, mas
você está selecionando dois exemplares do mesmo título, você não precisa fazer
assim, basta um exemplar de cada”. Com isso a Fé respondeu: “Se fosse só para
mim, sim, mas quero presentear o senhor Deus com alguns livros, quando retornar
ao paraíso, por isso pretendo levar mais de um exemplar por título”. Surpreendida,
a Razão perguntou: “Com todo respeito, senhora Fé, mas o senhor Deus irá ler
estes livros infantis”? “Sim”, respondeu a Fé e continuou: “ele está muito
ocioso nos últimos séculos, pois depois que aumentou o secularismo no mundo,
com o crescimento do conhecimento científico e da tecnologia, bem como as mudanças
na Moral e na Política, o senhor Deus não tem quase mais nada para fazer, de modo
que preciso levar algo que ocupe o seu tempo, pois receio que ele entre em
depressão com tanta ociosidade, por isso vou presenteá-lo com estes livros
infantis”. “Mas”, interrompeu a Razão, “você acha que o senhor Deus vai gostar
de livros infantis”? “Sim”, respondeu a Fé, “porque, além de ser um presente,
será para ele um consolo também, uma vez que, lendo estas histórias infantis,
ele poderá se recordar do período da infância da humanidade, quando ele era
acreditado pela população em geral e tinha poder sobre todos. Ademais, ele
precisa de algo para fazer, pois desde quando o triunfo do secularismo o
aposentou, ele vem reclamando da falta de ocupação”. Dito isto, a Razão esboçou
um sorriso amarelo e disse: “bem, melhor ler isto do que não fazer nada”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Então, as duas se encaminharam para
o caixa e para o setor de empacotamento para finalizarem a compra. Chegando o
momento de embrulhar os livros, a funcionária perguntou para a Fé: “prezada
senhora, qual estampa infantil de papel de embrulho lhe agrada mais, esta ou
aquela”? Com isso a Fé respondeu: “não precisar embrulhar com papel de presente
para criança, estes livros são para adultos”. A funcionária surpreendida
exclamou: “Ora, desde que trabalho aqui, esta é a primeira vez que vendemos
livros infantis para adultos lerem”! “Sim”, disse a Fé: “sua surpresa é
justificável, pois quando, em virtude da preguiça intelectual, não acompanhamos
a evolução cultural, somos limitados a entender apenas aquilo que as culturas
desenvolvidas têm de mais infantil, e isto é o que acontece comigo, pois ainda
estou na infância cultural da humanidade”. <o:p></o:p></span></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-85572483215107008142013-10-24T09:31:00.002-07:002014-03-05T11:23:46.613-08:00|ESTUDO| O Polêmico Beijo de Jesus na [...] de Maria Madalena<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/01/o-polemico-beijo-de-jesus-na-de-maria-madalena/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/01/o-polemico-beijo-de-jesus-na-de-maria-madalena/</a>)</span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Considerações iniciais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-kxvVpnJQtGg/UmlKh_F14zI/AAAAAAAABi4/wXmLdRoWp_0/s1600/jesus-and-mary-magdalene.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-kxvVpnJQtGg/UmlKh_F14zI/AAAAAAAABi4/wXmLdRoWp_0/s320/jesus-and-mary-magdalene.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vitral de uma igreja reproduzindo um contato<br />
afetuoso entre Jesus e Maria Madalena</td></tr>
</tbody></table>
A ideia de um Jesus casado era um
assunto adormecido, para quase todos os cristãos, até o lançamento do livro de
ficção <i>O Código Da Vinci</i> (<i>Da Vinci Code</i> - 2003) de Dan Brown, bem
como do filme homônimo (2006), do diretor Ron Howard, estrelado por Tom Hanks,
os quais introduziram na discussão popular uma polêmica que antes só circulava
entre os acadêmicos e os pesquisadores. Mesmo não sendo um livro de história, a
publicação desencadeou discussões entre cristãos e ateus, e uma vez que a fonte
literária do tema, o <i>Evangelho de Felipe</i>,
um texto gnóstico descoberto em <i>Nag
Hammadi</i>, no Egito, em 1945, não é popularmente conhecida, os curiosos
ficaram desorientados sobre o que era de fonte evangélica e o que era produto
da imaginação de Dan Brown em seu livro. A hipótese de um Jesus casado, tal
como imaginada na obra, extraída de apenas uma das vertentes interpretativas
deste controvertido evangelho gnóstico, tornou-se intrigante para o público
mais curioso, quer cristão ou cético, levando muitas pessoas à curiosidade
sobre o que se falava de Jesus fora dos evangelhos canônicos nos primeiros anos
do Cristianismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tão intrigante quanto a hipótese de
um Jesus casado e com descendentes é a passagem, neste texto apócrifo, onde é
mencionado um “beijo de Jesus na [...] de Maria Madalena”, bem como a menção
desta como a “companheira” de Jesus. O trecho entre colchetes da frase
representa a parte danificada do manuscrito, e por ser este o único existente,
não é possível consultar outro para saber onde é dado este beijo de Jesus em
Maria Madalena, se é na “boca”, tal como a maioria dos tradutores e intérpretes
sugere, ou em outra parte do corpo, tal como interpretam outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Polêmicas religiosas são sempre
carregadas de emotividade, quando cada parte na discussão, quer a favor ou
contra, projeta seus sentimentos e ideologias em seus argumentos. De modo que,
conspiradores contra o Cristianismo se deleitam em citar esta passagem, interpretando
o beijo como que na boca, portanto tendo um sentido erótico, para denunciar o
caráter estritamente humano e sucumbente à tentação de Jesus. Enquanto que, por
outro lado, os cristãos procuram encontrar sentidos que levem ao entendimento
de que este beijo não é um beijo puramente carnal, mas sim espiritual e
metafórico, conforme o significado esotérico atribuído pelos gnósticos
valentinianos, esta última interpretação é bem recebida e alimentada,
sobretudo, pelos esoteristas. Sendo assim, o breve estudo abaixo tentará
mostrar ao leitor a situação da discussão sobre este assunto na atualidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Evangelho de Felipe<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Enquanto alguns textos gnósticos já eram
conhecidos através de manuscritos em Grego e em Latim, quer na íntegra ou em
fragmentos, o texto do <i>Evangelho de
Felipe</i>, por sua vez, não era do nosso conhecimento antes da descoberta da
coleção de códices de <i>Nag Hammadi</i>, em
1945, no Egito, portanto é o único manuscrito existente, constante do Códice
II, fólios 51-86, da coleção acima (Ehrman, 2003: 38). Existem duas traduções
inglesas mais conhecidas, a de Wesley W. Isenberg (2007: 126-43) e a de David
Cartlidge (Ehrman, 2003: 38-44). Alguns autores atribuem o texto à corrente
valentiniana do Gnosticismo (Tripolitis, 2002: 133n; Schaberg, 2004: 151 e Isenberg,
2007: 126), uma vertente gnóstica fundada pelo mestre gnóstico Valentino
(séculos II e III e.c.). Pouco se sabe sobre sua vida, a partir dos
heresiólogos cristãos, apenas que ele nasceu e foi educado em Alexandria, por
volta de 140 e.c. foi para Roma como um mestre cristão e chegou a ser bem
sucedido. Valentino foi nomeado para o bispado, mas foi preterido em favor de
Pio, o Mártir. Logo em seguida, ele rompeu com a comunidade cristã e foi
considerado um herege. Então criou sua própria linha de interpretação
cristã a partir do pensamento gnóstico (Tripolitis, 2002: 132-3). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-2bFQV-D1D5M/UmlLBiXEwPI/AAAAAAAABjA/iCR2uqB79qk/s1600/gospel_philip.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-2bFQV-D1D5M/UmlLBiXEwPI/AAAAAAAABjA/iCR2uqB79qk/s320/gospel_philip.jpg" height="320" width="226" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Página do manuscrito do <i>Evangelho de </i><br />
<i>Felipe</i> mostrando os trechos danificados</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Trata-se de um texto extremamente
enigmático e carregado de simbolismos gnósticos, cujo entendimento só é
possível à luz de uma exegese esotérica. Somado a uma redação desconexa e
desencadeada, através de proclamações resumidas, bem como aos trechos
danificados do manuscrito, o resultado é um texto de difícil compreensão
(Ehrman, 2003: 38 e Isenberg, 2007: 126-7). Quanto à data da compilação, Bart
D. Ehrman sugere: “É difícil determinar a data desta obra, mas foi
provavelmente compilada durante o terceiro século, embora ela utilize de fontes
mais antigas” (Ehrman, 2003: 38). O manuscrito é certamente uma tradução de um
original grego (Isenberg, 2007: 128). O título, <i>Evangelho de Felipe</i>, pode derivar meramente do fato de que Felipe é
o nome do único apóstolo mencionado nele (Isenberg, 2007: 128 e 138).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Do modo que se apresenta, o <i>Evangelho de Felipe</i> parece ser mais uma
compilação do que uma composição original e uniforme. Wesley W. Isenberg
analisa na introdução da sua tradução: “O <i>Evangelho
de Felipe</i> é uma compilação de declarações (...)”. As “poucas palavras e
histórias sobre Jesus, entretanto, não estão organizadas em um tipo de quadro
narrativo algum, como aqueles encontrados nos evangelhos do Novo Testamento. De
fato, o <i>Evangelho de Felipe</i> não está
organizado na forma que poderia ser convenientemente esboçado. Apesar de
conseguir manter alguma continuidade através da associação de ideias, a linha
de pensamento se apresenta com divagações e desconexões. Mudanças radicais de
assunto são comuns”. Sobre a coerência ele aponta que: “a coerência é provável
que seja mais coincidente do que planejada”. E continua: “É possível que o
compilador desta coleção tenha desmembrado propositadamente o que antes eram
parágrafos completos de pensamento e distribuído as partes fragmentadas em
vários lugares da obra” (Isenberg, 2007, 126-7). Enfim, a sua leitura nos deixa
a impressão de que o texto do <i>Evangelho
de Felipe</i> está mais para uma ‘colcha de retalhos’ do que uma composição
uniforme e concatenada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A companheira de Jesus<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O grau de relacionamento e de
intimidade entre Jesus e Maria Madalena vem sendo objeto de ardentes discussões
desde a publicação do evangelho acima. Um trecho corrompido do manuscrito é
cercado de polêmica e de discussão. Com a destruição pelo tempo, algumas frases
estão mutiladas, deixando um mistério intrigante. O trecho é o seguinte (as
lacunas entre colchetes são as partes danificadas do manuscrito): “E a
companheira de [...] Maria Madalena [...] ela mais que aos discípulos, beijá-la
na sua [...]”. Para tornar este trecho mais claro, as duas traduções inglesas
mais utilizadas preencheram as lacunas da seguinte maneira: “E a companheira de
[...] Maria Madalena [... amava] ela mais que a [todos] os discípulos, [e
costumava] beijá-la [frequentemente] na sua [... boca]” (Isenberg, 2007, 134). E
na tradução de David Cartlidge e David Dungan, utilizada por Bart D. Ehrman: “e
a consorte de Cristo é Maria Madalena. O [senhor amava Maria] mais que todos os
discípulos, e ele a beijava na [boca muitas vezes]” (Ehrman, 2003: 42). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1GR_A-qJryw/UmlMlvOLGuI/AAAAAAAABjI/JzJp26c8TxY/s1600/cesur-bir-uyarlama_5353629.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-1GR_A-qJryw/UmlMlvOLGuI/AAAAAAAABjI/JzJp26c8TxY/s320/cesur-bir-uyarlama_5353629.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cena de um filme na qual Jesus e Maria Madalena<br />
trocam olhares amorosos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Antes de analisar a questão do beijo, a
referência à Maria Madalena como ‘companheira’ ou como ‘consorte’ de Jesus
merece consideração aqui. Uma vez que muitos manuscritos gnósticos de <i>Nag Hammadi</i> são traduções de textos
gregos para a língua copta, os pesquisadores apontam que estas palavras são
traduções da palavra copta <i>hotre</i>, e
esta, por sua vez, também traduzida da palavra grega <i>koinonos</i>. Jane Schaberg explica: “O termo grego <i>koinonos</i> tem um amplo horizonte de
significados na Bíblia e em outros textos: parceira de casamento, participante,
cooperadora na evangelização, companheira de fé, parceira de negócio, camarada
e amiga” (Schaberg, 2004: 152). Então, o significado da palavra <i>koinosos</i> é um tanto genérico, por isso
os tradutores a traduziram pelos termos “companheira” ou “consorte”, os quais,
por sua vez, podem ser uma companheira de fé, de matrimônio, de negócio, de
viagem ou de amizade. Porém, J. Schaberg observa que, em outra passagem
anterior, do mesmo evangelho, é mencionado que “havia três Marias que sempre
andavam com o Mestre, Maria sua mãe, sua irmã e Madalena, aquela a quem era
chamada de sua companheira” (Isenberg, 2007: 132). O curioso desta passagem é
que as três Marias “andavam com o Mestre”, mas apenas Madalena é chamada de companheira
(<i>koinosos</i>), sinalizando para o fato de
que ela era uma companheira diferenciada (Schaberg, 2004, 152). Por isso, J.
Schaberg assinala: “Ela não é chamada de a ‘companheira’ do Senhor em nenhum
outro lugar na existente literatura gnóstica, e ninguém mais é chamada de sua
‘companheira’” (Schaberg, 2004: 152). Já no <i>Evangelho
de Maria Madalena</i>, ela é mencionada como aquela “que o Salvador amava mais
que a todas as mulheres” (Wilson, 2007: 442), e não como companheira (<i>koinosos</i>), pelo menos nos fragmentos
restantes deste texto, o qual está muito mutilado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim, a natureza precisa do relacionamento
de Jesus com Maria Madalena não é possível de ser identificada com clareza,
em vista da linguagem ambígua e enigmática deste evangelho gnóstico. Por toda a
análise de Jane Schaberg sobre esta passagem (p. 151-5), somente são
apresentadas hipóteses para o que o autor (que está mais para um compilador)
tentou mencionar com a palavra ‘companheira’. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O beijo de Jesus na [...] de
Maria Madalena<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Alguns autores procuram preencher
esta lacuna a partir de dados de outros trechos do mesmo <i>Evangelho de Felipe</i>, texto que só existe em uma única cópia
manuscrita, ou seja, no Códice II da Coleção de <i>Nag Hammadi</i>, portanto não é possível recorrer a outro manuscrito para
suprir as lacunas. Ademais, além de muito multilado, trata-se de uma compilação
desconexa, onde nem sempre é possível se ter certeza de que outro trecho seria
a interpretação apropriada para explicar determinada passagem corrompida ou
enigmática. Sendo assim, tudo que já foi sugerido até agora não passa de
conjectura para tentar encontrar o sentido das passagens obscuras.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-XZNBwW-GRCs/UmlNDN5JNdI/AAAAAAAABjU/aTOhQcywkCE/s1600/Nag+Hammadi+310111+2.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-XZNBwW-GRCs/UmlNDN5JNdI/AAAAAAAABjU/aTOhQcywkCE/s320/Nag+Hammadi+310111+2.JPG" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os códices dos manuscritos de <i>Nag Hammadi</i> foram<br />
encontrados encapados por couro</td></tr>
</tbody></table>
No caso da passagem: “E a
companheira de [...] Maria Madalena [...] ela mais que aos discípulos, beijá-la
na sua [...]”, Wesley Isenberg, David Cartlidge e David Dungan sugeriram, em
suas traduções, preencher a lacuna com a palavra “boca”, resultando em:
“beijá-la na [boca frequentemente ou muitas vezes]” (Isenberg, 2007: 134 e
Ehrman, 2003: 42). Esta é a palavra mais sugerida, porém outros autores afirmam
que outras palavras da língua copta também se encaixam perfeitamente no espaço
corrompido do manuscrito, tais como: “face”, “pés”, “testa”, “lábios” e “mão”
(Schaberg, 2004: 154), portanto o beijo poderia acontecer em qualquer uma destas
partes do corpo. Entretanto, Jane Schaberg acredita que “evidência interna
indica que boca possa ser a melhor escolha” (Schaberg, 2004: 154), e se
justifica com uma passagem anterior do mesmo <i>Evangelho de Felipe</i> (59: 1-6): “É por ser prometido ao lugar
celestial que o homem [recebe] o alimento [...] dele pela boca. [E assim] veio
a palavra daquele lugar (dizendo) que seriam alimentados pela boca e se
tornariam perfeitos. Sendo ela através de um beijo que o Perfeito concebe e dá
a luz. Por esse motivo, nós nos beijamos uns aos outros. Recebemos a concepção da graça que está no meio de nós”
(Isenberg, 2007: 132). A passagem não é absolutamente clara, mas transmite a
ideia que os gnósticos concebiam uma forma de alimentação (transmissão)
espiritual através da boca, por isso os discípulos se beijavam, de modo que o
beijo poderia significar uma maneira de transmissão de espiritualidade. Esta
autora associa este episódio a uma passagem do Evangelho de João (20: 22): “E tendo
ele (Jesus ressuscitado) dito isto, ele soprou (gr: <i>enefusesen kai</i>; lat: <i>insufflavit</i>)
sobre eles (discípulos) e disse-lhes: receba o Espírito Santo” (Schaberg, 2004:
154). A relação entre estas duas passagens não me parece procedente, uma vez
que beijo na boca como transmissão espiritual poderia ser muito diferente do
significado de sopro espiritual, este último é utilizado em outras tradições
religiosas diferente do Cristianismo, sobretudo como transmissão de poder
espiritual nas iniciações, enquanto beijo espiritual na boca é uma
singularidade deste evangelho gnóstico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Mesmo que não exista esta relação
entre estas duas passagens, não implica que a passagem do <i>Evangelho de Felipe</i> não tenha um significado metafórico. Karen L.
King explica: “Embora o texto nunca negue que a discussão de beijar possa ter
um sentido literal, a passagem (acima) mostra que beijar claramente tem um
significado metafórico” (King, 1993; 631n). E continua; “Existem três possíveis
compreensões de beijar e elas não são mutuamente exclusivas: (1) referência a
ensinar através da palavra; (2) uma metáfora para uma íntima e pessoal recepção
da palavra de ensinamento; e (3) a prática cristã do beijo de companheirismo. Talvez
a menção de Maria e o Salvador se beijando refere-se a um ou a todos estes
sentidos do termo. Se este for o caso, isto poderia implicar que Maria tinha
aceito e compreendido o ensinamento do Salvador particularmente bem, e por esta
razão ele a amava. Os outros discípulos, sendo menos avançados espiritualmente,
confundiram a natureza desta afeição e são ciumentos” (King, 1993: 631n e
Schaberg, 2004: 154). De todas as tentativas de explicar esta passagem do beijo,
consultadas durante a preparação deste estudo, a de K. L. King acima parece ser
a menos conjectural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Câmara Nupcial <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Até a descoberta do <i>Evangelho de Felipe</i>, as referências à
Câmara Nupcial, do Gnosticismo Valentiniano, eram conhecidas apenas através das
obras dos heresiólogos (autores de tratados de heresia: Tertuliano, Irineu de
Lyon, etc.). As menções, em muitas passagens, à Câmara Nupcial neste evangelho
gnóstico, foi o traço que levou os estudiosos a conectá-lo à corrente
valentiniana do Gnosticismo. Apesar das tantas menções, o preciso significado
desta Câmara Nupcial, neste texto gnóstico, não está absolutamente claro, daí
que pesquisadores continuam a vasculharem as obras dos antigos heresiólogos,
sobretudos os que defendem a opinião do beijo ritual. De modo que, ainda
persiste um acalorado debate sobre a questão de que se este beijo de Jesus é um
beijo erótico na boca, entre amantes, ou trata-se de um beijo físico que
simboliza o beijo espiritual durante o ritual da Câmara Nupcial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A partir das referências no <i>Evangelho de Felipe</i>, bem como as
citações reunidas por April D. Deconigk a partir dos heresiólogos cristãos, estas
mostram que não se trata de uma câmara física ou material, senão de uma câmara
celestial, “na qual todas as almas salvas seriam transformadas em corpos
perfeitos” (Deconigk, 2011: 45-6), ou onde “assim como o marido e esposa se
unem na câmara nupcial, também a reunião efetuada por Cristo acontecerá na Câmara
Nupcial, a sacramentada, onde a pessoa recebe a antecipação e a garantia da
derradeira união com um parceiro celestialmente angelical” (Isenberg, 2007:
127). Agora, o curioso é que, segundo o <i>Evangelho
de Felipe</i>, a Câmara Nupcial não é para todos: “uma Câmara Nupcial não é
para os animais, nem para os escravos, nem para as mulheres corrompidas, mas
para os homens livres e as imaculadas” (Isenberg, 2007: 136). A discriminação
entre escravos e homens livres acima é intrigante, pois sinaliza para o sentido
de que os valentinianos aprovavam o regime de escravatura. Mais adiante: “A
redenção é o ‘sagrado do sagrado’. ‘O sagrado dos mais sagrados’ é a câmara
nupcial” (Idem: 136). E “de fato, aqueles que foram unidos na câmara nupcial
jamais serão separados. Consequentemente, Eva se separou de Adão porque não foi
unida na câmara nupcial, que a unia com ele” (idem, 137). Também: “Aquele que
foi ungido possui tudo. Possui a ressurreição, a luz, a cruz e o Espírito
Santo. O Pai o ofereceu isto na câmara nupcial” (Idem: 138). E no último
parágrafo deste evangelho: “Se alguém se tornar um filho da câmara nupcial, ele
receberá a luz. Se esta pessoa não a receber enquanto estiver aqui, não será
capaz de recebê-la no outro lugar. Aquele que recebe esta luz não será visto,
nem poderá ser detido. E ninguém será capaz de atormentar uma pessoa como esta,
mesmo enquanto ela habitar no mundo” (Idem, 143).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A visão valentiniana da
concepção<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-paunS-4iuys/UmlOrlFN2RI/AAAAAAAABjk/ePz7ApCZPds/s1600/valentinus.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-paunS-4iuys/UmlOrlFN2RI/AAAAAAAABjk/ePz7ApCZPds/s320/valentinus.jpg" height="320" width="205" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O mestre gnóstico Valentino<br />
(séculos II e III e.c.)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Conforme a maneira de ser lido e
interpretado, o <i>Evangelho de Felipe</i>
poderá ser chocante para o cristão convencional, uma vez que o texto trata
abundantemente de casamento, de sexo, de procriação e até de adultério. Algumas
passagens chegam a ser cômicas, tal como a seguinte explicação sobre a “hereditariedade
do adultério”: “As crianças </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">que uma mulher gera são semelhantes ao marido que
ela ama. Se o marido a ama, então eles (os filhos) são semelhantes ao marido.
Se for uma adúltera, então (os filhos) são semelhantes ao adúltero.
Frequentemente, se uma mulher dorme com o seu marido sem necessidade, enquanto
seu coração está com o adúltero, com quem ela geralmente mantém relações
sexuais, a criança que ela gerar será semelhante ao adúltero” (Isenberg, 2007:
140 e Deconigk, 2011: 42). Isto porque, para os gnósticos valentinianos, a concepção
era um fenômeno determinante nos destinos das almas que desciam até este mundo,
daí que a procriação é um tema importante para esta vertente gnóstica. Recheado
de simbolismos, estes gnósticos tentavam explicar o fenômeno da procriação em
seu sentido carnal, celestial </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">e soteriológico. Eles a explicavam assim: “a
substância anímica e psíquica eram pré-existentes e, de fato, pré-cósmica. Após
o Demiurgo ter criado os corpos psíquicos e físicos, Sofia (o Logos) implantava
sementes anímicas neles, aparentemente com a ajuda de um anjo ou do espírito santo”.
E mais: “a alma entra no útero, que foi preparado para a concepção pela
purificação [menstruação] e é introduzida (no útero) por um daqueles anjos
destinados a supervisionar o nascimento, os quais conhecem antecipadamente o
momento da concepção para estimular a mulher para a relação sexual, e quando a
semente foi depositada, de certa maneira, a </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pneuma</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
que está na semente é adaptada, e esta participa da formação (do embrião)”
(Deconigk, 2011: 44). April Deconigk explica: “Os anjos, (...), incentivavam a
mulher a ter relação sexual com seu marido quando o momento da concepção se
aproximava. Após o sêmen ter sido expelido no útero, os anjos então depositavam
a alma no momento da concepção. Na verdade, a esterilidade é devido à ausência
de intervenção angélica, não ao problema com qualquer um dos pais” (Deconigk,
2011: 45).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Assim, para os gnósticos
valentinianos, a maneira de se fazer sexo, ou seja, a concepção, era de suma
importância para o destino dos corpos que nasciam neste mundo inferior. Isto é,
os modos puros ou impuros de concepção carnal refletiam nos modos de concepção
celestial, consequentemente afetando o nascimento das almas, daí a razão para a
criação de tantos símbolos e tantas metáforas para representar a concepção
celestial, e a Câmara Nupcial foi um deles. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Considerações finais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Do breve estudo acima, é possível
perceber que uma solução consensual e definitiva sobre a polêmica deste beijo
de Jesus em Maria Madalena está longe de ser alcançada. O estado danificado do
manuscrito, bem como a redação desconexa, confusa e enigmática do texto do <i>Evangelho de Felipe</i>, somado ao tão pouco
que sabemos sobre a corrente valentiniana do Gnosticismo, tudo isto, de certa
maneira, contribui para adiar a solução da polêmica. Mesmo assim, algum certo
avanço no esclarecimento do assunto já foi alcançado, o que é melhor do que se
nada tivesse sido feito até agora. Com o prosseguimento dos estudos e, quem
sabe, a descoberta de mais manuscritos gnósticos, o enigma venha a ser
resolvido no futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Apesar de toda a controvérsia, uma
ideia é possível ser extraída com certeza do estudo dos textos gnósticos e de outros
evangelhos apócrifos: de que o Cristianismo dos primeiros séculos estava
mergulhado em imenso mar de interpretações divergentes e rivais, quando cada
comunidade compunha seus próprios evangelhos e elaborava suas interpretações de
acordo com sua visão doutrinária e seu programa catequético, daí a razão para a
existência, segundo os historiadores, de mais de cinquenta evangelhos
diferentes, na ocasião do Concílio de Nicéia, convocado pelo imperador
Constantino, em 325 e.c., para tentar unificar o Cristianismo, tão fragmentado
na época. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Obras
consultadas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DECONIGK,
April D. <i>Conceiving Spirits: The Mystery
of Valentinian Sex</i> em <i>Hidden
Intercourse: Eros and Sexuality in the History of Western Esoterism</i>. Wouter
J. Hanegraaff (ed.). New York: Fordham University Press, 2011, p. 23-48. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">EHRMAN,
Bart D. <i>Lost Scriptures: Books that Did
Not Make It into the New Testament</i>. London/New York: Oxford University
Press, 2003, p. 38-44. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GARDNER,
David. <i>Is This the Proof Jesus Wed Mary
Magdalene</i>? London: Daily Mail, September 20, 2012, p. 21.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GOODRICK-CLARKE,
Nicholas. <i>The Western Esoteric Tradition:
A Historical Introduction.</i> London/New York: Oxford University Press, 2008. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GRANT,
Robert M. <i>Gnostic Spirituality</i> em <i>Christian Spirituality: Origins to the
Twelfth Century. </i>Bernard McGinn et al. (eds.).New York: Crossroad, 1985, p.
44-60. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ISENBERG,
Wesley W. (tr.) <i>O Evangelho de Felipe</i>
em <i>A Biblioteca de Nag Hammadi</i>, James
M. Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p. 126-43.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KING,
Karen L. <i>The Gospel of Mary Magdalene</i>
em <i>Searching the Scriptures</i>,
Elisabeth S. Fiorenza (ed.). New York: Crossroad, 1993, p. 601-34.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_____________
<i>What Is Gnosticism?</i> Cambridge: The
Belknap Press of Harvard University Press, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LOGAN,
Alastair H. B. <i>Gnosticism</i> em <i>The Early Christian World, vol. 2</i>.
Philip F. Esler (ed.). London: Routledge, 2000, p. 907-28. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MATTHEWS,
Christopher R. <i>Philip: Apostle and
Evangelist</i>. Boston/Leiden: Brill, 2002, p. 135-40.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SCHABERG,
Jane. <i>The Resurrection of Mary Magdalene:
Legends, Apocrypha and the Christian Testament.</i> New York: Continuum
International Publishing Group, 2004, p. 151s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">STANFORD,
Peter. <i>Was Jesus Married</i>? London:
Daily Mail, September 21, 2012, p. 28.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">TRIPOLITIS,
Antonía. <i>Religions of the
Hellenistic-Roman Age</i>. Grand Rapids: W. B. Eerdmans, 2002, p. 119-42. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WILSON,
R. McL. and George W. MacRae (trs.). <i>O
Evangelho de Maria </i>em <i>A Biblioteca de
Nag Hammadi</i>, James M. Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p.
441-4. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-15828970085366145522013-10-17T05:44:00.002-07:002014-02-18T09:15:10.899-08:00|CRÍTICA| Não é Preciso Ser Religioso para Ser Caridoso<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 18px;">Octavio da Cunha Bote</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 18px;">ho</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6YWA8g1lJcw/Ul_asTG6t2I/AAAAAAAABig/7pHLvM_pYx0/s1600/caridade.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-6YWA8g1lJcw/Ul_asTG6t2I/AAAAAAAABig/7pHLvM_pYx0/s1600/caridade.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Surpreendentemente, os países mais religiosos não<br />
são os mais caridosos, segundo pesquisa.</td></tr>
</tbody></table>
Seria natural pensar que os países
mais religiosos, sobretudo os mais cristãos, seriam aqueles com a população
mais caridosa do mundo. Nada disto, portanto prepare-se para deletar esta ideia
da sua cabeça. Resultado da última pesquisa do Instituto Gallup, em 2012,
encomendada pela <i>Charities Aid Foundation</i>
(CAF), divulgada através do Índice de Caridade Mundial (<i>World Giving Index – WGI</i>), revelou que os países no topo do ranking
de maior caridade são alguns dos com a população majoritariamente ateia, ou com o ateísmo em crescimento nas
últimas décadas. A pesquisa leva em conta três atos da caridade: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">a)
doação em dinheiro a uma organização, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">b)
tempo de serviço voluntário em uma organização e <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">c)
ajuda a um estranho necessitado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O índice (WGI) é apresentado através de uma
pontuação na forma de um <i>score</i>
traduzido em porcentagem da população envolvida na caridade, de modo que, as
populações com as maiores porcentagens são as mais caridosas do mundo. Então, o
ranking ficou assim: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1º
Austrália com o <i>score</i> de 60%, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2º
Irlanda com o <i>score</i> de também 60%, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3º
Canadá com 58%, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4º
Nova Zelândia com 57%, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">5º
EUA com 57% e <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">6º
Holanda com 53%. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Brasil, a segunda maior população cristã e
a maior população católica do mundo, amargurou um vergonhoso 83º lugar com o <i>score</i> de apenas 27%, confirmando que é
um país com uma população com muita fé, mas com pouco espírito caridoso, mais
um exemplo de que ter crença não é sinal de ter religiosidade, ou mesmo, de ter
espírito generoso. Isto é, a maioria da população cristã aqui é religiosa
apenas da boca para fora, enfim, são muitos os que se declaram cristãos, porém,
em contrapartida, muitos poucos os que efetivamente praticam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Se fosse correto o raciocínio de que as
populações mais cristãs seriam as mais caridosas do mundo, então o topo deste
ranking deveria ser ocupado pelos países mais cristãos, porém observe que,
segundo esta pesquisa, a realidade não é assim. Veja abaixo uma relação dos países
mais católicos e suas respectivas posições no ranking do Índice de Caridade
Mundial (WGI):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Honduras (97% católicos) posição no WGI: 31º lugar com o <i>score</i> de 40%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Equador (95% católicos) posição no WGI: 128º lugar com o <i>score</i> de 17%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Venezuela (95% católicos) posição no WGI: 123º lugar com o <i>score</i> de 19%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Argentina (92% católicos) posição no WGI: 94º lugar com o <i>score</i> de 24%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Colômbia (90% católicos) posição no WGI: 42º lugar com o <i>score</i> de 37%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Itália (90% católicos) posição no WGI: 57º lugar com o <i>score</i> de 33%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
México (76% católicos) posição no WGI: 75º lugar com o <i>score</i> de 28%<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Brasil (64% católicos) posição no WGI: 83º lugar com <i>score</i> de 27%.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-2e2YX8fIMEw/Ul_bOZtUFoI/AAAAAAAABio/1CUzxIHoTmM/s1600/Sidney-Australia-Fly-to-Barcelona.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-2e2YX8fIMEw/Ul_bOZtUFoI/AAAAAAAABio/1CUzxIHoTmM/s320/Sidney-Australia-Fly-to-Barcelona.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Austrália, onde o ateísmo é crescente, está no topo dos mais<br />
caridosos</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O resultado desta pesquisa nos leva a
refletir sobre a razão porque países com o alto índice de ateísmo, ou com o
ateísmo em crescimento nas últimas décadas, como a Austrália, a Irlanda, a
Holanda e a Nova Zelândia praticarem a caridade mais que as nações
majoritariamente cristãs. A resposta poderá ser que, nas sociedades de melhor
qualidade de vida, onde o senso de egoísmo foi superado, em virtude da alta
escolaridade, e a religião não tem mais utilidade cultural e social, as
virtudes da religião, que ainda têm utilidades culturais e sociais, tais como a
caridade e a generosidade, foram absorvidas pela cultura secular destes países,
de modo que estas virtudes são percebidas não mais como uma prática religiosa,
mas sim como uma responsabilidade social e uma sensatez humanística. Ou seja, o
papel da religião foi substituído por outros órgãos sociais e instituições
(ONG’s, Cruz Vermelha, grupos assistenciais, etc.). Enfim, o resultado desta
pesquisa demarca claramente a divisão, no mundo atual, entre aquelas sociedades
e pessoas que ainda precisam da religião e aquelas que já conseguiram
substituir a religião por outros órgãos e instituições sociais de efetiva
contribuição social para o bem estar da população, por isso estes países ocupam
o topo do ranking dos índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e de Felicidade
da População (GHI). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em suma, o que o resultado desta pesquisa nos
leva a concluir é que não é preciso estar embebido de crença cristã para ser um
caridoso, basta superar o egoísmo e ter responsabilidade social, um trabalho
educativo que foi feito pelas escolas nos países mais bem ranqueados, e não
pelas igrejas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-80640195294878522262013-09-02T08:27:00.000-07:002014-03-05T11:08:13.831-08:00|ESTUDO| Rajneesh-Osho e sua Trajetória Circular<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> por Octavio da Cunha Botelho</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/01/rajneesh-osho-e-sua-trajetoria-circular/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/01/rajneesh-osho-e-sua-trajetoria-circular/</a>)</span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: right;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-08LbOVabjSM/UiSq7Mb8xUI/AAAAAAAABek/XVe_gNM_SJc/s1600/Osho+in+the+Himalayas.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-08LbOVabjSM/UiSq7Mb8xUI/AAAAAAAABek/XVe_gNM_SJc/s320/Osho+in+the+Himalayas.jpg" height="243" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Rajneesh-Osho</i> em seus habituais trajes luxuosos: por<br />
trás desta serenidade escondia-se uma vida tumultuada,<br />
que o levou até à prisão.</td></tr>
</tbody></table>
Ele se transformou no guru oriental
mais popular do mundo na primeira metade dos anos 1980, superando em
popularidade os então aclamados líderes de outros Novos Movimentos Religiosos,
tais como <i>Swami Prabhupada</i> (líder dos
<i>Hare Krishnas</i>), <i>Maharishi Mahesh Yogi</i> (fundador da Meditação Transcendental), <i>Guru Maharaj</i> (da Missão Luz Divina),
Reverendo <i>Moon</i> (da Igreja da
Unificação) e <i>Sathya Sai Baba</i>. No
auge da fama, era comum encontrar livrarias com prateleiras abarrotadas de
livros de <i>Rajneesh</i>. Caso deseje ter
uma ideia da dimensão da sua produção literária, a edição digital de suas
obras, pela <i>Osho International Foundation</i>,
reúne 225 publicações, sendo muitas delas registros de suas palestras,
quantidade esta que pode ser incompleta, pois alguns autores falam em mais de
500 escritos de sua autoria. O seu sucesso foi tanto que, entre os
espiritualistas <i>new agers</i> daquela
época, era vergonhoso alguém dizer que não tinha lido um livro de <i>Rajneesh</i>, ou seja, ler e admirar este
guru tinha se transformado em uma referencia de espiritualidade, bem como
passou a ser um modismo intelectual nos primeiros anos de 1980. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A repercussão da sua celebridade podia
ser medida pela enorme disponibilidade de livros, de sua autoria, nas
prateleiras das livrarias. Ele foi o autor que mais vendia entre os
espiritualistas <i>new agers</i>. Quando orientalistas e esoteristas se
encontravam, o assunto era sempre <i>Rajneesh</i>.
A febre também alcançou o Brasil. Lembro-me de uma ocasião em 1983, quando
estava em uma livraria de Brasília, aguardando a abertura da Embaixada da Índia
para tirar o meu visto, ao lado das prateleiras de livros sobre esoterismo,
então uma garota puxou assunto e iniciamos em seguida uma entusiasmada e
reciprocamente confiante conversa, até o momento em que lhe disse que não
aprovada as ideias de <i>Rajneesh</i>.
Então, imediatamente, a expressão do seu rosto mudou e ela passou a
transparecer que não acreditava mais no que eu dizia, consequentemente a
conversa esfriou. Isto porque <i>Rajneesh</i>
tinha alcançado tanto prestígio no circulo espiritual <i>new age</i> daquela época, que se tornou uma referência para se medir o
grau de intelectualidade em assuntos espirituais de um buscador, isto é, para
ser um <i>new ager </i>instruído<i>, </i>era preciso ter lido e ser um
admirador de <i>Rajneesh</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Carreira inicial<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <i>Rajneesh-Osho</i>
(1931-90) nasceu em uma família de doze filhos na vila de <i>Kuchawada</i>, estado de <i>Madhya
Pradesh</i>, Índia, seu nome de nascimento era <i>Mohan Chandra Rajneesh Jain</i>, de modo que ele foi criado fora da
dominante tradição hindu. Seus pais morreram enquanto era pequeno, então ele
foi criado pelos avós, um rico casal jainista (religião fundada por <i>Mahavira</i>, contemporâneo de Buda). Desde
cedo, <i>Rajneesh</i> relatou ter tido
várias experiências de êxtases, finalmente alcançando a “plena iluminação” na
idade de vinte e um anos. Ele se formou na Universidade de <i>Saugar</i> e logo em seguida conseguiu um emprego na <i>Raipur Sanskrit College</i>. Suas palestras
criaram muitas controvérsias, por exemplo, ele chegou até a atacar heróis
nacionais, tal como <i>Mahatma Gandhi</i>,
quem ele ridicularizou chamando-o de “chauvinista pervertido e masoquista”
(Urban, 2003: 237). Então, <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-5zALkDAkS48/UiSsnUKsrYI/AAAAAAAABfM/dgPVIT6poJ0/s1600/9480155-large.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-5zALkDAkS48/UiSsnUKsrYI/AAAAAAAABfM/dgPVIT6poJ0/s320/9480155-large.jpg" height="210" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Rajneesh-Osho</i> fazendo a posição de saudação com<br />
as mãos algemadas, dois agentes federais o escoltam</td></tr>
</tbody></table>
<i>Rajneesh</i>
se transferiu para outra faculdade no ano seguinte, para a cidade de <i>Jabalpur</i>, onde ele sofreu um período
traumático de depressão e anorexia, chegou até a tentar suicídio, depois de
algum tempo e recuperado, ele recebeu uma promoção para professor em 1960.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quando a faculdade estava em férias, ele costumava viajar pela Índia
palestrando sobre política, sexualidade e espiritualidade. Com o tempo, suas
cativantes palestras atraíram um número de comerciantes e empresários ricos.
Estes clientes lhe davam doações por consultas sobre desenvolvimento espiritual
e sobre vida diária. O rápido crescimento da sua clientela, contudo, foi algo
fora do comum, mostrando que ele era um talentoso terapeuta espiritual. Em
1964, um grupo de banqueiros ricos formou um consórcio para sustentar </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Rajneesh</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, bem como os retiros de
meditação que ele conduzia. Tal como muitos profissionais, cuja clientela
cresce rapidamente, ele contratou uma gerente de negócios, ela era </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Lakshmi</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, uma mulher da classe alta, bem
relacionada politicamente, a qual se tornou a sua primeira secretária
particular e chefe administrativa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A carreira inicial de <i>Rajneesh</i> refletiu bem seus carismáticos
atributos individuais de inteligência, de apelo emocional e de habilidade em
comunicar-se diretamente com indivíduos, mesmo quando eles eram parte de uma
grande plateia. Ele era altamente enfático, com uma fascinante volatilidade
emocional, que atraía tanto os buscadores da Índia, como um pequeno, mas
crescente número de europeus e de norte americanos. Atendendo a solicitação dos
encarregados da universidade onde lecionava, <i>Rajneesh</i> afastou-se do seu cargo na Universidade de <i>Jabalpur</i> em 1966, e começou a usar o
nome de <i>Acharya Rajneesh</i> (Mestre <i>Rajneesh</i>) anunciando que, a partir de
então, sua ocupação principal seria a de um líder espiritual. Assim, ele passou
a se sustentar de palestras, da realização de acampamentos de meditação e,
individualmente, de aconselhamentos a influentes clientes indianos. <i>Rajneesh</i> criticava a política e as
religiões institucionalizadas e, ao mesmo tempo, defendia uma sexualidade
liberada e mais aberta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Sua popularidade aumentou fora da Índia,
o que trouxe muitos ocidentais aos acampamentos de meditação sob sua direção,
bem como ao seu apartamento em Mumbai (Bombaim), onde também aconteciam aulas
de meditação. Então, ele enviou alguns de seus seguidores ocidentais de volta
para casa, a fim de fundarem uma rede internacional de centros de meditação. Em
1971, seu séquito cresceu e diversificou, daí ele alterou, mais uma vez, seu
nome para <i>Bhagavan Sri Rajneesh</i>, que
significa Reverenciável <i>Rajneesh</i>, o
Senhor Supremo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> À medida que o movimento crescia nos
anos 1970, uma nova estrutura organizacional surgia. Os seguidores passaram a
receber novos nomes, geralmente de reverenciados deuses e deusas hindus,
significando seu renascimento espiritual através do voto de renúncia (<i>samnyasa</i>), abrindo-se, cada vez mais, a <i>Bhagavan Sri Rajneesh</i> e renunciando ao
seu passado. Ele também pediu aos seus seguidores que usassem uma vestimenta de
cor alaranjada, tal como os santos ascetas (<i>samnyasis</i>)
da Índia. No entanto, estes novos nomes e a sagrada vestimenta dos ascetas
hindus, somados à disciplina sexual e à atitude libertina dos devotos,
ofenderam profundamente a população local. Com o tempo, o número de seguidores
ocidentais ultrapassou o de seguidores indianos, aumentando assim o auxílio
financeiro, o que fez com que, em 1974, ele mudasse a sede de Mumbai para <i>Pune</i> (antiga <i>Puna</i>), ao sul de Mumbai (Goldman, 2004: 122-3). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rajneeshpuram<o:p></o:p></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ryB5FQRryw0/UiSrwXXs4PI/AAAAAAAABe0/EVqqgD31P3M/s1600/9480190-essay.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ryB5FQRryw0/UiSrwXXs4PI/AAAAAAAABe0/EVqqgD31P3M/s320/9480190-essay.jpg" height="207" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista aérea da comunidade de <i>Rajneeshpuram</i> <br />
(Cidade de <i>Rajneesh</i>), durou apenas quatro anos.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Esta nova sede altamente lucrativa,
contudo, logo se envolveu em problemas legais e financeiros com o governo da
Índia. Então, em 1981, <i>Bhagavan</i> e
seus devotos foram forçados a fugir do país “rastreados por alguns milhões de
dólares em dívidas, bem como por uma grande quantidade de cobradores de
impostos e pela polícia” (Urban, 2003: 237). Anunciando-se como o “messias que
a América estava aguardando”, <i>Rajneesh</i>
refugiou-se nos EUA. Após uma breve permanência em uma mansão em New Jersey,
ele e seu séquito compraram uma fazenda de 64 mil acres na pequena aldeia de
Antelope, condado de Wasco, no estado de Oregon, a qual ele batizou com o nome
de <i>Rajneeshpuram</i> (cidade de <i>Rajneesh</i>). Rapidamente, a cidade
comunitária se transformou em um complexo financeiro notavelmente lucrativo, de
modo que <i>Rajneeshpuram</i> acumulou US$
120 milhões em renda durante os seus quatro anos de existência (Urban, 2003:
237 e Goldman, 2011: 309). <i>Rajneeshpuram</i>
transformou-se em uma máquina de fazer dinheiro, lá “os preços se estendiam
desde US$ 50 por um dia de introdução à meditação de <i>Rajneesh</i>, até US$ 7.500 por um completo programa de reequilíbrio de
três meses” (Urban, 2003: 239). Enquanto isto, o séquito se espalhava pelos
EUA, pela Europa, pela Índia, alcançando 25 mil membros iniciados em seu pico,
daí transformando-se em um diversificado e internacionalizado complexo de
negócios (Urban, 2003: 237-8). De <i>Rajneeshpuram</i>
para o mundo, o ‘Rajneeshismo’ se transformou em um modismo internacional entre
os espiritualistas na primeira metade dos anos 1980. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Os objetivos dos seguidores, com a
construção da cidade comunitária de <i>Rajneeshpuram,</i>
eram, nas palavras de Marion Goldman, os seguintes: “Eles esperavam fundir
espiritualidade e materialismo enquanto construíam uma comunidade internacional
que pudesse servir também como um retiro e um centro luxuoso de peregrinação
para <i>samnyasis</i> de todas as partes do
mundo, suplantando o <i>ashram</i> anterior
de <i>Pune</i> (<i>Puna</i>), Índia” (Goldman, 2011: 309). Um fato que chamou a atenção em <i>Rajneeshpuram</i> foi a sua capacidade de
atrair pessoas de alta escolaridade e de sucesso profissional, portanto era uma
comunidade de intelectuais e não de fracassados, tal como em muitas outras
comunidades religiosas. Segundo os resultados da minuciosa pesquisa de Marion
Goldman, “a maioria dos <i>samnyasis</i> que
viviam na cidade comunitária em Oregon, nos anos 1980, relataram que eles
tinham diplomas de quatro anos de faculdade. Uma proporção substancial destes <i>samnyasis</i> representavam o melhor e o
mais brilhante da geração <i>babyboom</i>,
que tinha sobressaído na faculdade e em suas carreiras subsequentes” (Goldman,
2011: 309). Em seu auge, cerca de seis mil devotos (<i>samnyasis</i>) viviam em <i>Rajneeshpuram</i>
(Usborne, 1995: 03).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sSLNnMbgfrQ/UiSsKN88bvI/AAAAAAAABe8/tfPmSZg8VQc/s1600/driveby.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-sSLNnMbgfrQ/UiSsKN88bvI/AAAAAAAABe8/tfPmSZg8VQc/s320/driveby.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Rajneesh-Osho</i> durante o passeio diário em um dos seus<br />
96 Rolls Royces em <i>Rajneeshpuram</i></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Logo após o início das atividades da
comunidade, <i>Rajneesh</i> decidiu manter
voto de silêncio por três anos, no entanto ele aparecia diariamente, sempre à
tarde, em um passeio com um dos seus 96 Rolls Royces, por um trajeto já
pré-estabelecido, acenando para os <i>samnyasis</i>,
os quais se alinhavam na lateral da rua, com as mãos juntas em posição de
reverência, diante da passagem do guru. Excetos em seus passeios diários nos
automóveis de luxo, <i>Rajneesh</i> não era
mais visto em público, delegando a liderança administrativa à <i>Ma Amand Sheela</i>, sua secretária
particular. Naturalmente, uma comunidade tão extravagante como esta não poderia
deixar de causar aborrecimentos aos vizinhos pacatos, o que gerou oposição por
toda a redondeza, criando um clima de animosidade. O mais escandaloso evento
aconteceu no Outono de 1984, quando <i>Sheela</i>
e seus auxiliares recolheram cerca de 3 mil moradores de rua, na maioria
homens, trouxeram-nos para a comunidade, transformaram-nos em eleitores, em uma
tentativa de controlar os resultados das eleições do condado de Wasco, porém o monitoramento
estadual de eleitores e o partido de oposição impediram a concretização do
plano (Usborne, 1995: 02 e Goldman, 2011: 309-10).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Logo após o fracasso do plano (1985),
<i>Sheela</i> e seus auxiliares próximos
fugiram para a Europa. Ela só foi presa em 1990, após extradição para os EUA
(Usborne, 1995: 03). Então, assim que a comunidade desintegrou, <i>Rajneesh</i> voltou a falar publicamente
acusando <i>Sheela</i> e sua turma de drogar
<i>samnyasis</i> dissidentes, de grampo
telefônico, de incêndio criminoso, de promover imigração ilegal, de tentativa
de assassinato e de desfalque nas contas da comunidade. Ainda mais, em uma
revelação chocante, <i>Rajneesh</i>
publicamente afirmou que <i>Sheela</i>
ordenou que alguns membros do círculo interno colocassem <i>Salmonella</i> (veneno) em uma dúzia de balcões de salada em
restaurantes localizados no condado de Wasco, envenenando pelo menos 750
indivíduos. Este foi um teste para incapacitar um grande número de eleitores anti-<i>Rajneesh</i> no dia da eleição (Usborne,
1995: 02). Já, a cumplicidade de <i>Rajneesh</i>
nestes crimes ainda não foi provada, logo sua culpa permanece uma dúvida
(Goldman, 2011: 310). Em seguida ao colapso, <i>Rajneesh</i> também abandonou <i>Rajneeshpuram</i>
e enfrentou uma experiência vergonhosa, pois viajou por mais de vinte países
tentado refúgio, mas todos negaram seu visto, inclusive o Brasil, até que,
finalmente, o governo da Índia aceitou recebê-lo. Então, ele se reestabeleceu
no antigo <i>ashram</i> de <i>Pune</i>. Chegando lá, uma das primeiras
iniciativas que fez foi, mais uma vez, alterar seu nome, desta vez para <i>Osho</i>, nome que manteve até sua morte em
1990. Em Janeiro de 1986, <i>Rajneeshpuram</i>
foi colocada à venda, hoje o que funciona lá é o acampamento <i>Young Life</i> <i>Camp,</i> um retiro para jovens de propriedade de uma igreja cristã,
algumas construções da época <i>Rajneeshpuram</i>
foram aproveitadas, mas com alterações (Welch, 2003).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-g0u3JoTVZz0/UiSsZKQoTtI/AAAAAAAABfE/KAH_y7Qm6-4/s1600/9480181-essay.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-g0u3JoTVZz0/UiSsZKQoTtI/AAAAAAAABfE/KAH_y7Qm6-4/s320/9480181-essay.jpg" height="193" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O espirito mercantil era dominante em <i>Rajneeshpuram</i>,<br />
observe a mensagem da faixa ao fundo: "Não fique apenas <br />
em pé aí, compre alguma coisa".</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Uma curiosidade no destino do
movimento foi que, mesmo depois dos eventos criminosos nos EUA, inclusive com a
prisão de <i>Rajneesh-Osho</i> e da sua
secretária, <i>Ma Amand Sheela</i>, a
organização continuou bem estabelecida e próspera em <i>Pune</i>, na Índia, onde, após algumas alterações estruturais, ela foi
transformada em um retiro, magnificamente belo e luxuoso, que mistura centro
espiritual com SPA para ricos, o <i>Osho
International Meditation Resort</i>. O historiador da religião Hugh B. Urban
analisa assim o destino do movimento: “Talvez o mais surpreendente aspecto do
fenômeno <i>Rajneesh</i> não esteja tanto em
sua carreira escandalosa na América, mas em sua notável apoteose e em seu
renascimento após seu retorno à Índia. Um guru tântrico verdadeiramente global,
<i>Rajneesh</i> fez a viagem da Índia à
América e de volta à Índia novamente, para, finalmente, alcançar ainda mais
sucesso na sua terra natal, em grande parte, por causa de seu <i>status</i> de figura que tinha um numeroso
séquito nos EUA e na Europa. Mais incrível ainda foi que, os seus seguidores
não foram capazes apenas de racionalizar o escândalo desastroso nos EUA, mas até
mesmo de fazer de <i>Rajneesh</i> um mártir
heroico, o qual tinha sido injustamente perseguido pelo governo imperialista e
opressivo dos EUA” (Urban, 2003: 242). Enfim, por esta curta análise de H.
Urban é possível se ter uma ideia do alto grau de fanatismo alcançado pelos
seguidores de <i>Rajneesh-Osho</i>, ao ponto
de não se incomodarem com os graves eventos criminosos ocorridos anteriormente.
Mesmo assim, ele conseguiu renascer das cinzas após os escândalos, portanto é
muito curioso notar como <i>Rajneesh-Osho</i>,
ao longo da sua carreira, conseguiu atrair tantos seguidores ricos para seu
séquito, ele parecia ser um imã de dinheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Marion Goldman, que esteve em <i>Rajneeshpuram</i> e se tornou hoje uma das
principais pesquisadoras do Rajneeshismo, explica assim a sobrevivência e o
posterior sucesso do movimento, mesmo após os escândalos nos EUA. “É possível
distinguir o progresso no Movimento <i>Osho</i>
e sua sobrevivência contínua, embora com uma diluída autoridade central e uma amorfa
influência cultural. Primeiro, <i>Rajneesh</i>
desprezou <i>Sheela,</i> atribuindo todos os
crimes e dificuldades a ela e aos seus auxiliares. Segundo, o movimento
desocupou o local da maior controvérsia, dispersou seus membros para outros
centros e reivindicou suas sedes originais longe da cidade comunitária
abandonada em Oregon. Terceiro, <i>Rajneesh</i>
renomeou a si mesmo, o movimento, e as suas sedes. Quarto, ele criou um
conselho para cuidar das obrigações organizacionais. Quinto, ele e o círculo
interno, que governou após sua morte, redefiniu o movimento como um movimento
de meditação e de desenvolvimento pessoal instruído pela filosofia de <i>Osho</i>, Finalmente, após a morte de <i>Osho</i>, o movimento reenfatizou e reforçou
seu foco na difusão organizacional, inclusive espiritualidade” (Goldman, 2004:
134). Da explicação acima é possível perceber que, mais do um sincero instrutor
espiritual, <i>Rajneesh-Osho</i> foi um
esperto ‘empresário espiritual’, cuja esperteza foi passada para seus
sucessores, daí o contínuo sucesso financeiro do movimento até hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os ensinamentos</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Muitos <i>samnyasis</i> (renunciantes), seguidores de <i>Rajneesh-Osho</i>, o caracterizaram como uma mistura de louco,
salvador, charlatão e santo (Goldman, 2004: 122). Estritamente falando, em si
mesmos, os ensinamentos de <i>Rajneesh-Osho</i>
não eram originais, melhor dizendo, eles foram extraídos de uma diversificada
mistura de diferentes fontes, sobretudo, <i>Tantra</i>,
<i>Yoga</i>, Zen, Sufismo, Budismo, Taoismo,
Hassidismo, bem como de pensadores, de instrutores e de autores mais recentes:
Nietzsche, Gurdjieff, Crowley, <i>Krishnamurti</i>
e de ideias dos movimentos Contracultura e <i>New
Age</i>. Hugh B. Urban resumiu assim: “Mais do que promover uma religião no
sentido convencional, <i>Rajneesh</i>
ensinou uma marca de espiritualidade radicalmente iconoclasta, uma filosofia
antinomiana e um anarquismo moral. </span><br />
<div style="text-align: left;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como uma religião ‘sem religião’, ou anti
religião, a religião dele era o caminho além da moralidade convencional, além
do bem e do mal, e fundada na explícita rejeição de todas as tradições, de
todos os valores e de todas as doutrinas. ‘Moralidade é uma moeda falsa, ela
engana as pessoas’ ele advertia. ‘Um homem de real compreensão não é nem bom
nem mal. <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-LMWJsTgCOOE/UiStzSvb4eI/AAAAAAAABfU/2XhLZxLFq-A/s1600/9480185-essay.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-LMWJsTgCOOE/UiStzSvb4eI/AAAAAAAABfU/2XhLZxLFq-A/s320/9480185-essay.jpg" height="200" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A prática da Medição Dinâmica em <i>Rajneeshpuram, </i>os<br />
praticantes foram instruídos a praticá-la com <span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">roupas, </span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">em razão da presença de fotógrafos, porém observe que </span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">alguns poucos estão nus.</span></td></tr>
</tbody></table>
Ele transcende ambos’. Para <i>Rajneesh</i>,
a causa de todos os nossos sofrimentos é a deformante socialização ou o
processo de programação de indivíduos pelas instituições culturais, tais como
família, escola, religião e governo. Todas as metanarrativas e teorias
predominantes sobre o universo são apenas ficções, criações imaginárias usadas
por aqueles no poder para dominar as massas. A liberdade só pode ser alcançada
através da desprogramação de tais narrativas, libertando-se das limitantes
estruturas do passado. As pessoas devem ser desprogramadas e deshipnotizadas.
‘Vocês são programados pela família, pela educação e pelas instituições. Sua
mente é como um quadro negro, no qual as regras estão escritas. <i>Bhagavan</i> escreve novas regras sobre o
quadro negro. Ele diz a vocês uma coisa e em seguida o oposto que também é
verdadeiro. Ele escreve e escreve no quadro negro da sua mente, até que ela se
torne um quadro branco. Então, vocês não terão mais nenhum vestígio de
programação nas suas mentes’” (Urban, 2003: 239). Ele tinha um estilo jocoso de
criticar: “Vocês certamente sofreram uma lavagem cerebral, eu uso uma máquina
de secar. E o que há de errado em sofrer uma lavagem cerebral? Lave seu cérebro
todos os dias, mantenha-o limpo. Ele é apenas uma lavanderia religiosa de
atualização” (Urban, 2003: 329). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em razão de palestrar quase sempre e de escrever
tanto, e tão afoitamente, os seus ensinamentos são flagrantemente
contraditórios. Tanto que, até ele mesmo reconhecia e procurou se justificar: “Por
que eu digo contradições? Eu não estou ensinando filosofia aqui. O filósofo
precisa ser muito consistente, perfeito, lógico e racional. Eu não sou um
filósofo. Eu não estou aqui dando para vocês um dogma consistente ao qual vocês
podem se prender. Meu inteiro esforço é dar a vocês uma ‘não-mente’” (Urban,
2003: 241). Sendo assim, torna-se difícil sistematizar os ensinamentos de <i>Rajneesh-Osho</i>, ou seja, escrever um
compêndio ou um manual sistematizado de suas doutrinas parece ser uma tarefa
complicada. Ou como David G. Bromley e Susan J. Palmer explicam: “<i>Rajneesh</i> desenvolveu um complexo
conjunto de ideias que desafia a elaboração de um simples resumo, porque <i>Rajneesh</i> acreditava na prioridade da
experiência sobre as ideias e que o mundo incorpora inconsistência e um
inter-relacionamento dinâmico de opostos” (Bromley, 2007: 140).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Enfim, ao mesmo tempo em que a sua sortida
mistura de doutrinas religiosas atraiu muitos admiradores e seguidores, outros
intérpretes a consideram uma deformação de todas estas doutrinas. Enquanto que,
para os céticos, o Movimento <i>Rajneesh-Osho</i>
foi mais um surto de religiosidade do século XX, com uma nova formatação e um
novo arranjo, para atrair os crédulos, em uma época e para um público
escolarizado que, cada vez mais, tornava-se secular, portanto na contra mão do
sentido das sociedades com melhor qualidade de vida e dos indivíduos mais
esclarecidos respectivamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O guru do sexo <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Embora não fosse tudo, o elemento sexual era
uma ênfase nas ideias e nas práticas do movimento, daí que <i>Rajneesh-Osho</i> ficou conhecido como o “guru do sexo” (Urban, 2003: 235s).
Para o historiador H. Urban, quanto ao <i>Tantra</i>,
“a versão de <i>Rajneesh-Osho</i> é a
transformação em mercadoria e a comercialização da tradição” (Urban, 2003:
236). A prática da sua ‘meditação dinâmica’ é entendida, por muitos de fora do
movimento, como uma orgia sexual. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-SnGcxw3lc4Y/UiSrg3F3lJI/AAAAAAAABes/IUp6nM1orWM/s1600/group.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-SnGcxw3lc4Y/UiSrg3F3lJI/AAAAAAAABes/IUp6nM1orWM/s320/group.jpg" height="192" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Meditação Dinâmica no <i>ashram</i> em Pune, Índia, <br />
nos anos 1970, a desinibição fazia parte do<br />
treinamento espiritual.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para este pesquisador, <i>Rajneesh-Osho</i> “foi um dos primeiros indianos a viajar para a
América e importar sua própria marca de ‘neo-tantrismo’, vendida para a cultura
consumidora americana no final do século XX”. O que ele fez foi uma “transformação
do sexo em mercadoria”, bem como uma “espécie de transformação do êxtase em
mercadoria”. Para este historiador das religiões, ele foi “o mais notável guru
do sexo do século XX”. E mais, “<i>Rajneesh</i>
oferecia tudo que os ocidentais imaginavam que o <i>Tantra</i> fosse: um culto de amor livre que prometia a iluminação, uma
excitante comunidade radical. <i>Rajneesh</i>
encaminhou-se confortavelmente para o papel de Messias do <i>Tantra</i>. Em grande parte por causa de <i>Rajneesh</i>, o <i>Tantra</i>
ressurgiu como um culto <i>New Age</i> nos
anos 1970 e 1980” (Urban, 2003: 237).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rajneesh</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
definia e interpretada o <i>Tantra</i>
assim: “O <i>Tantra</i> é a suprema ‘não religião’
ou ‘antireligião’, uma prática espiritual que não exige ritual e moralidade
rigorosa, mas, ao invés disto, livra o indivíduo de tais repressões. O <i>Tantra</i> é liberdade – liberdade de todos
os construtos mentais, de todos os jogos mentais, o <i>Tantra</i> é libertação. O <i>Tantra</i>
não é religião. Religião é um jogo da mente. O <i>Tantra</i> descarta todas as disciplinas” (Urban, 2003: 239-40). <i>Rajneesh</i> dizia: “O <i>Tantra</i> é rebelde. Eu não o chamo de revolucionário, porque não
existe nada de político nele. É uma rebelião individual. É uma escapulida individual
das estruturas e da escravidão. O futuro é esperançoso. O <i>Tantra</i> se tornará cada vez mais importante...” (Urban, 2003: 240). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No mais forte contraste com as instituições
sociais estabelecidas, o <i>Tantra</i> não
nega a vida e o corpo, melhor dizendo, ele é a suprema afirmação da paixão,
fisicamente, do prazer. Ele é a suprema religião ‘apenas faça-o’, que celebra a
vida em toda sua transitoriedade e contingência: o <i>Tantra</i> aceita tudo, vive tudo. <i>Rajneesh-Osho</i>
declarava: “Isto é o que o <i>Tantra</i>
diz: o Caminho Majestoso – comporte-se como um rei, não como um soldado. O <i>Tantra</i> celebra a natureza humana em suas
dimensões mais defeituosas, fracas e mesmo aparentemente perversas. Se você é
ganancioso, seja ganancioso, não se importe com a ganância”. E mais; “a aceitação
tântrica é total, ela não separa você. Todas as religiões do mundo, exceto o <i>Tantra</i>, têm criado personalidades
divididas, têm criado esquizofrenia. Elas dizem que o bem tem que ser alcançado
e o mal negado, e que o demônio tem de ser negado e deus aceito. O <i>Tantra</i> diz que uma transformação é
possível. A transformação vem quando você aceita o seu ser total. O ódio é
absorvido, a cobiça é absorvida” (Urban, 2003: 240). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-_QlvJ2zMROg/UiSuKLdlJSI/AAAAAAAABfY/xgsh0DFuL_k/s1600/BhagwanSheela.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-_QlvJ2zMROg/UiSuKLdlJSI/AAAAAAAABfY/xgsh0DFuL_k/s320/BhagwanSheela.jpg" height="204" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fotos policiais de <i>Rajneesh-Osho</i> e de sua secretária <i>Ma<br />Anand Sheela</i></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sobretudo, o <i>Tantra</i> gira em torno do sexo, um poder que é, ao mesmo tempo, a
mais intensa força na natureza humana e também a mais severamente distorcida
pela sociedade ocidental. Porque o Ocidente Cristão Tradicional suprimiu a
sexualidade, <i>Rajneesh-Osho</i> argumentava:
“é a sexualidade que deve ser libertada se os discípulos modernos desejarem
atualizar completamente seu eu interno. A repressão cristã tem criado muitos
bloqueios no homem, onde a energia se tornou encolhida dentro de si mesma, se
tornou estagnada, não é mais atuante. A sociedade é contra o sexo, ela criou um
bloqueio...”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em oposição à atitude ocidental que nega a
vida, o <i>Tantra</i> é o caminho que aceita
tudo, sobretudo, o impulso sexual. Como o poder mais forte na natureza humana,
o sexo torna-se a energia espiritual mais forte quando é plenamente integrada e
absorvida. De modo que, muitas práticas ensinadas por <i>Rajneesh-Osho</i> envolviam sexo grupal. “Terapias intensivas”, tal
como ele as chamava, as quais eram efetuadas para realizar uma catarse seguida
pela transformação da consciência. Assim, o supremo objetivo das práticas
tântricas é precisamente alcançar esta plena autoaceitação, amar a nós mesmos
intensamente e completamente, com todos os nossos pecados, vícios, cobiças e
desejos sexuais, e reconhecer que nós já somos perfeitos. Nas palavras de <i>Rajneesh-Osho</i>: “Esta é a coisa mais
fundamental no <i>Tantra</i>, isto é, você
já é perfeito... A perfeição não tem de ser alcançada. Ela simplesmente precisa
ser percebida, uma vez que ela já está aí, O <i>Tantra</i> oferece a você a iluminação aqui e agora, sem prazo, sem
adiamento...” (Urban, 2003: 240-41).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Antes de terminar este estudo, é preciso
esclarecer que esta interpretação do <i>Tantra</i>
de <i>Rajneesh-Osho</i> é extremamente
controvertida. Nem todos os intérpretes admitem que o <i>Tantra</i> seja tão focado no sexo. Ademais, o Tantrismo é uma tradição
multiplamente dividida em distintas correntes (hindu, budista, jainista, lamaísta,
<i>Shingon</i>, etc.), a qual, mesmo dentro
de cada uma destas correntes, desdobra-se em inúmeras subdivisões, portanto a
versão deste extravagante e manipulador guru tântrico acima é mais uma dentre
tantas muitas outras (Kaviraj, 1966; Waddell, 1972; Chattopadhyaya, 1978; Bhattacharyya, 1987; Urban, 2003 e Einoo, 2009).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Obras
consultadas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BHATTACHARYYA
Benoytosh. <i>An Introduction to Buddhist
Esoterism</i>. Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1989. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BHATTACHARYYA,
N. N. <i>History of the Tantric Religion</i>.
New Delhi: Manohar Publications, 1987. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BROMLEY,
David G. (ed.). <i>Teaching New Religious
Movements</i>. London/New York: Oxford University Press, 2007, 140s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BRUCE,
Steve. <i>Religion in the Modern World: From
Cathedrals to Cults</i>. Oxford: Oxford University Press, 1996, p. 178s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CHATTOPADHYAYA,
Sudhakar. <i>Reflections on the Tantras</i>.
Delhi: Motilal Banarsidass Publishers, 1978.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">EINOO,
Shingo (ed.). <i>Genesis and Development of
Tantrism</i>. Tokyo: University of Tokyo, 2009.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GOLDMAN,
Marion. <i>When Leaders Dissolve:
Considering Controversy and Stagnation in the Osho Rajneesh Movement </i>em <i>Controversial New Religions</i>. James R.
Lewis (ed.). London/New York: Oxford University Press, 2004, p. 119-37.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_________________
<i>Cultural Capital, Social Networks and
Collective Violence at Rajneeshpuram </i>em <i>Violence
and New Religious Movements</i>. James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford
University Press, 2011, p. 307-23. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KAVIRAJ,
Gopinath. <i>Aspects of Indian Thought</i>.
Burdwan: The University of Burdwan, 1966, p. 175-240.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KING,
Richard and Jeremy Carrette. <i>Selling
Spirituality: The Silent Takeover of Religion</i>. London/New York: Routledge,
2004, p. 153-8. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">NAGARAJ,
Anil Kumar. <i>Osho,</i> <i>Insights on Sex</i> em <i>Indian Journal of Psychiatry</i>, vol. 55, issue 06, January 2013, p.
268s.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">OSHO.
<i>Tantra: The Supreme Understanding</i>.
Osho International Foundation, 1st edition 1975; online edition 2010a<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______
<i>Tantric Transformation</i>. Osho
International Foundation, 1st edition 1977; online edition 2010b.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-----------
<i>Christianity:</i> <i>The Deadliest Poison and Zen, The Antidote to all Poisons.</i> Osho
International Foundation. 1st edition 1989; online edition 2010c. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SALIBA,
John A. <i>Psychology and the New Religious
Movements</i> em <i>The Oxford Handbook of
New Religious Movements.</i> James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford
University Press, 2004, p. 323-32. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SANDERSON,
Alexis. <i>The Saiva Age</i> em <i>Genesis and Development of Tantrism</i>,
Shingo Einoo (ed.). Tokyo: Unversity of Tokyo, 2009, p. 41-349. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">URBAN,
Hugh B. <i>Tantra: Sex, Secrecy Politics and
Power in the Study of Religion.</i> Berkeley: University of California Press,
2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">USBORNE,
David. <i>Strange Days When the Guru Came to
Town</i> em <i>The Independent</i>, London:
July 27, 1995, p. 2-3.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WADDELL,
L. Austine. <i>Tibetan</i> <i>Buddhism, With Its Mystic Cults, Symbolism
and Mythology.</i> New York: Dover Publications, 1972.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WELCH,
Bob. <i>Rajneeshees’ Ranch Still a Spiritual
Mecca</i>. Eugene (Oregon): The Register Guard, May 29, 2003, p. D-1. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Websites:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Osho</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> International
Institute: </span><a href="http://www.osho.com/"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">www.osho.com</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Osho</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Online Library: </span><a href="http://www.osho.com/library/the-books.aspx"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.osho.com/library/the-books.aspx</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Osho</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> International
Meditation Resort: </span><a href="http://www.osho.com/Main.cfm?Area=medresort"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.osho.com/Main.cfm?Area=medresort</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Osho</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> talks: </span><a href="http://osho.tv/"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://osho.tv/</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Galeria
de fotos de <i>Rajneeshpuram</i>: </span><a href="https://www.google.com.br/#fp=21c6c89590af1748&q=rajneeshpuram+photos"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">https://www.google.com.br/#fp=21c6c89590af1748&q=rajneeshpuram+photos</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-77701854320873112622013-07-22T05:06:00.000-07:002014-03-05T11:46:11.393-08:00|ESTUDO| Sínodo do Cadáver, o Julgamento Macabro do Papa Defunto<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">por Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/05/sinodo-do-cadaver-o-julgamento-macabro-do-papa-defunto/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/05/sinodo-do-cadaver-o-julgamento-macabro-do-papa-defunto/</a>)</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Ql_cUOUEw5E/Ue0anGpDLqI/AAAAAAAABX8/EGkMSh31lbU/s1600/FT4.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Ql_cUOUEw5E/Ue0anGpDLqI/AAAAAAAABX8/EGkMSh31lbU/s320/FT4.jpg" height="241" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pintura de Jean-Paul Laurens, 1870, reproduzindo o <br />
Sínodo do Cadáver, ocorrido em Janeiro de 897 e.c.</td></tr>
</tbody></table>
Em regra geral, o fato que
impressiona ou que comove costuma levar as pessoas a formar conceitos apressados,
de alguém ou de uma instituição, a partir do impacto do evento testemunhado, bem
como generalizar a concepção. O exemplo mais frequente de generalização na
atualidade, no mundo religioso, é o constante bombardeio de notícias, pela
imprensa sensacionalista, sobre os atos terroristas dos muçulmanos, o qual leva
os leitores e os espectadores a conceberem o Islamismo como uma religião terrorista
em sua totalidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Diante disto, é preciso esclarecer
que o estudo abaixo tratará de um evento chocante, outros o entendem como
cômico, na história papal, porém não deve ser entendido como que toda a
história do papado fosse marcada por líderes do passado com tão alto grau de insanidade.
Embora sejam muitos os casos de imoralidade e de loucura de alguns pontífices,
em certos momentos da história, alternando conforme a época, a ocorrência não é
constante, mas sim intermitente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Exibição do triunfo e
dissimulação do erro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma ocorrência comum na história da cultura é
a tentativa de cada seguimento cultural de esconder os fracassos e, por outro
lado, divulgar os triunfos. As ciências, as filosofias, as artes, a política,
as religiões, etc., todas procedem assim, de modo que a história de cada
seguimento cultural é o relato dos seus triunfos e, ao mesmo tempo, o
encobrimento dos seus fracassos e dos seus erros. As culturas ideológicas
(política, religião, etc.) são as que melhor sabem fazer isto, e a religião
desenvolveu este artifício com muita maestria, pois ela só relata aos seus
seguidores o lado triunfante e glorioso da sua história. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Sendo assim, muitos católicos são
levados a pensar, a partir do que lhes informa a Igreja Católica, que a
história papal é um “mar de rosas”, pois apenas são divulgados os feitos santos
e gloriosos dos papas do passado. Enquanto papas recentes como João XXIII
(1881-1963) e João Paulo II (1920-2005) estão sendo canonizados, para se
tornarem santos, por outro lado, existiram outros pontífices, no passado, tão
diabólicos e insanos que, ao invés de santificados, deveriam ser canonicamente
“diabolizados” ou “insanizados”; isto é, do mesmo modo que existe o processo de
canonização de santos, se o Catolicismo atentasse para o seu lado imoral,
deveria existir também o processo de “diabolização” de papas, de maneira que,
então, existiriam os papas santos e os papas diabólicos concomitantemente, daí
a história papal estaria mais bem contada pela Igreja. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Panelinha” italiana <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando conhecemos a história papal, uma persistência
chama a atenção: o monopólio italiano. Dos 266 papas até hoje, 212 foram
italianos, restando apenas 54 papas para as outras nacionalidades (17 franceses),
portanto uma autêntica “panelinha” italiana (Kelly, 1988). Historicamente, sabemos que esta “panelinha”
nem sempre cozinhou uma macarronada de papas santos, pois alguns papas foram
cozidos com o forte tempero da imoralidade e da insanidade nesta panela, o que
resultou numa indigestão moral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem, de todos os eventos paranoicos na
história papal, nenhum é mais inacreditável do que o julgamento do papa defunto
(Formoso), conhecido como Sínodo do Cadáver, realizado pelo papa Estevão VI (ou
VII) em Janeiro de 897 e.c. O episódio é tão bizarro que chega a ser cômico,
sendo assim apropriado para um roteiro de comédia. Walter Ullmann o denominou
“comédia do cadáver” (Ullmann, 2003: 112). O conhecimento deste evento leva
muitos a pensar que se trata de uma conspiração de seguimentos rivais do
Catolicismo, de tão absurdo. Alguns historiadores o apontam como o mais curioso
evento na história da Igreja Católica, porém eu acrescentaria, com base na
minha experiência em estudos comparativos entre as religiões, que este episódio
é o mais paranoico na história geral das religiões civilizadas, só é possível
encontrar eventos com este grau de bizarrice nas religiões indígenas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A historicidade e as suas fontes
principais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Qualquer um que ler, pela primeira
vez, sobre este horrendo e inacreditável episódio, com muita possibilidade,
será levado a pensar que se trata de um boato criado por seguidores das
correntes rivais do Catolicismo ou de uma zombaria inventada por ateus
debochados, a fim de depreciar ou de zombar da dignidade papal respectivamente.
Entretanto, o mais surpreendente é que a historicidade deste episódio é
confirmada tanto por historiadores de dentro ou de fora da tradição católica. Em
um ou outro relato, é possível, encontrar acréscimos de autores sensacionalistas
que, a fim de aumentar a carga depreciativa, inserem em seus escritos fatos
indevidamente documentados sobre o episódio para comover o leitor, em regra
geral sem mencionar a fonte latina. Assim, o estudo abaixo procurará evitar
utilizar-se destes escritos suspeitos.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-IgKd-89aVhc/Ue0cLcP8_uI/AAAAAAAABYI/k86MM47_hmM/s1600/Luitprand_Antapodosis.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-IgKd-89aVhc/Ue0cLcP8_uI/AAAAAAAABYI/k86MM47_hmM/s320/Luitprand_Antapodosis.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma página manuscrita do <i>Antapodosis</i>,<br />
de Liutprand de Cromona, século X e.c.,<br />
uma importante fonte histórica.</td></tr>
</tbody></table>
Mesmo entre os registros considerados
históricos, existem consideráveis divergências nos relatos, uma vez que foram
escritos por partidários rivais, o que representa uma dificuldade para os
historiadores. Então, sendo assim, este estudo tentará se orientar pelos
relatos que sejam mais coincidentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As principais fontes latinas, que relatam o
Sínodo do Cadáver, utilizadas pelos historiadores são:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
A <i>Antapodosis</i>, editada no <i>Corpus Christianorum</i> pelo historiador do
século X, Liutprand de Cronoma. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Os <i>Annales</i>, descritos por Hincmar,
editados no <i>Monumenta Germaniae Historica
Scriptores</i>, vol. I, p. 507.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
A <i>Ata do Concílio de Ravena</i> de 898
e.c., a qual revoga as decisões do Sínodo do Cadáver, traduzida ao francês e
publicada por Joseph Duhr, 1932. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O <i>Auxilius und Vulgarius</i>, texto
latino com uma introdução em alemão por Ernst Dummler e publicado em Leipzig,
1866.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
A <i>Invectiva</i> (panfleto anônimo) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O <i>Liber Pontificalis</i> (<i>The Book of the Popes</i>), uma coleção de
biografias papais, desde o apóstolo Pedro até o papa Pio II (1464), compilada
no século VI, depois completada por outros autores, vol. II, p. 229. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A ata do Sínodo do Cadáver não
sobreviveu, no entanto, das fontes acima, o <i>Auxlilius
und Vulgarius</i> é uma compilação de obras contemporâneas, uma vez que <i>Auxilius</i> de Nápoles foi ordenado padre
em Roma pelo papa Formoso, transformando-se em seu fiel defensor. Outra fonte
contemporânea e também importante é a Ata do Concílio de Ravena de 898 e.c., reunião
ocorrida logo após o Sínodo do Cadáver de 897 e.c., traduzida e publicada por
Joseph Duhr em <i>Le Concile de Ravenna, La
Réhabilitation du Pape Formose</i>, 1932, onde as ocorrências do sínodo são
relatadas (Mann, 1910: 76-85 e Kelly, 1988: 116).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O contexto<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O Sínodo do Cadáver aconteceu
durante um período de instabilidade política na Europa, o qual refletiu na estabilidade
da liderança da Igreja, em uma época quando o Sacro Império Romano do Ocidente
estava começando a desmoronar, isto é, fim do século IX e.c., dando lugar à
gradual formação dos feudos, conhecido como “período da anarquia feudal”,
portanto marcado por muita rivalidade política e os papas permaneciam no meio
do fogo cruzado das disputas de poder, bem como, em quase todos os casos, na
obrigação de se posicionarem de uma lado ou de outro. De modo que este foi um
século quando o papado foi ocupado por muitos papas, alguns por um curto
período de tempo, portanto uma fase de pontificados curtos. Assim, “não é sem
justificativa chamado de ‘o século negro’ do papado” (Ullmann, 2003: 112). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Formoso, o réu defunto<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-AczdwljrnnU/Ue0drM_LFcI/AAAAAAAABYY/q9CAsmYn61M/s1600/cavallieri-pope-formosus.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-AczdwljrnnU/Ue0drM_LFcI/AAAAAAAABYY/q9CAsmYn61M/s1600/cavallieri-pope-formosus.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Papa Formoso (815-96 e.c.), o réu <br />
defunto no Sínodo do Cadáver</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Ele exerceu seu papado de 891 a 896,
nasceu em 815, provavelmente em Roma, dotado e bem educado, foi nomeado bispo
na cidade do Porto em 894, provou ser um brilhante missionário. Porém, ele
enfrentou difíceis problemas políticos na Itália, quando já eleito papa, pois
seu predecessor tinha coroado o duque Guido III de Spoleto como imperador. Em
Abril de 892, foi forçado a recoroar Guido em Ravena e, ao mesmo tempo, coroar
seu filho Lamberto como coimperador. No entanto, o domínio da dinastia de
Spoleto incomodava a Santa Sé, então, por volta do Outono de 893, ele apelou
para Arnulfo, o rei dos Francos Orientais, para que ele salvasse Roma da
tirania dos Spoletos. Após repetidos apelos, Arnulfo decidiu invadir a Itália e
em Fevereiro de 896, Roma foi tomada. Guido estando então morto, Formoso coroou
Arnulfo, o líder dos germânicos, em Fevereiro de 896. Mas, logo em seguida,
Arnulfo foi comedido de paralisia e teve de deixar Roma, para se dirigir à
Alemanha, logo após sua partida, Formoso estava morto. Em meio a toda esta
rivalidade política, Formoso atraiu amargos e implacáveis inimigos, que
incluíam Lamberto, filho de Guido III, uma vez mais governante de Roma e seu
sucessor Estevão VI (Kelly, 1988: 114). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Este último não teve o menor
escrúpulo em sujeitar Formoso diante da mais macabra humilhação. Nove meses
(Janeiro de 897) após sua morte, o cadáver de Formoso foi exumado e colocado em
um trono com as completas vestimentas papais, foi então solenemente processado
em um tribunal simulado, presidido pelo próprio Estevão VI, e um diácono
permaneceu ao lado do “réu-cadáver” respondendo às acusações (Kelly, 1988:
114). Um episódio tão inacreditável que mais parece uma cena de filme de
comédia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Sínodo do Cadáver<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tal como brevemente descrito acima,
este é o nome dado ao simulado julgamento macabro ordenado e presidido pelo
papa Estevão VI (ou VII) em Janeiro de 897 e.c. Os relatos dos autores variam conforme
as fontes utilizadas, extraídos quer das fontes primárias (latinas) ou das
exposições de segunda mão de autores mais recentes. Dentre as obras
consultadas, o relato de Horace K. Mann, o mais extenso em língua inglesa, embora
antigo (1910), reproduz uma bem elaborada síntese do evento a partir dos
documentos latinos com abundante citação das fontes. Ele relata o episódio assim:
“O horrível sínodo que agora vamos descrever, felizmente único na história do
Cristianismo, aconteceu provavelmente no mês de Janeiro de 897. (...) Tão logo
Arnulfo deixou a Itália, sua autoridade aí chegou a um fim, Beregorio e
Lamberto imediatamente dominaram regiões da Itália e mataram os oficiais que se
opunham a eles. Ageltrudes e Lamberto fizeram-se senhores de Roma e fundaram
alí um instrumento de seu espírito de vingança contra o homem que tinha
favorecido seu rival Arnulfo.” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> “O corpo do infeliz Formoso, ainda
mais ou menos inteiro, mas lógico, meio decomposto, foi desenterrado e trazido
ante uma assembleia. Vestido com as completas vestimentas papais, o cadáver foi
colocado numa cadeira e um diácono foi designado para defender o pontífice
acusado. Uma acusação formal foi feita contra ele: ‘Quando uma vez deposto, ele
não deveria ter exercido as funções de seu cargo, e se as exerceu, ele não
deveria ter se transferido de uma sé para outra’. Com estes enquadramentos,
Formoso foi condenado”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-zIF63EZfrQ0/Ue0enH3bHJI/AAAAAAAABYo/EJyztTREFhY/s1600/esteban.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-zIF63EZfrQ0/Ue0enH3bHJI/AAAAAAAABYo/EJyztTREFhY/s1600/esteban.png" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O papa Estevão VI (ou VII), quem convocou <br />
e presidiu o Sínodo do Cadáver em 897 e.c.</td></tr>
</tbody></table>
“Contudo, com este Sínodo do papa
Estevão, Formoso foi excomungado e suas ordenações declaradas nulas e sem
efeito. Então, seu cadáver foi sujeito a mais bárbara violência, ele foi
despido de suas vestimentas sagradas, até à sua roupa de penitência, com a qual
o pontífice tinha mortificado seu corpo em vida. Vestido então com roupas de
leigo, o cadáver, após dois dedos da mão direita terem sido arrancados (os
dedos utilizados para abençoar), foi enterrado (Fevereiro 897), pela ordem de
Estevão em um lugar reservado para o enterro de peregrinos. Falou-se até mesmo
que, quando o cadáver estava sendo arrastado para o enterro, sangue fluía de
sua boca sobre o chão. (...) Mas, a carreira de violência de Estevão foi
destinada a ter vida curta. Ele foi preso, vestido como monge, amarrado com
correntes e lançado numa cela e, por volta do fim de Julho ou começo de Agosto,
estrangulado” (Mann, 1910: 79-83).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Outro relato bem documentado, embora
mais breve, é o de J. N. D. Kelly no <i>The</i>
<i>Oxford Dictionary of Popes</i> (1988),
ele descreve o sínodo assim: “O único evento importante de seu pontificado
(Estevão VI), que foi registrado, é o macabro ‘Sínodo do Cadáver’, o qual ele
presidiu em Janeiro de 897, e que foi instigado, em parte, por Lamberto e sua
mãe Ageltrudes, resentidos de Formoso, por ter coroado Arnulfo, mas também pelo
amargo ódio pessoal que ele e uma poderosa facção dos romanos alimentavam
contra o falecido pontífice (Formoso). Neste tribunal simulado, o cadáver de
Formoso foi desenterrado, vestido com as completas vestimentas papais e
colocado em um trono, foi solenemente acusado com as acusações de perjúrio, de
violar os cânones que proíbem a transferência de bispos e de cobiçar o papado.
Um diácono permaneceu ao seu lado e respondeu por ele. Formoso foi culpado, e
todos os seus atos foram declarados nulos e sem efeito, incluído as ordenações,
seu corpo foi finalmente lançado no rio Tibre”. (...)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> “Nos meses seguintes, Estevão exigiu
que os clérigos ordenados por Formoso emitissem cartas reconhecendo suas ordenações
como inválidas. Sua pavorosa conduta, contudo, não permaneceu por muito tempo
impune. Poucos meses depois, houve uma reação popular e os ultrajados aliados
de Formoso, encorajados pelos relatos de milagres efetuados pelo cadáver
humilhado, talvez também pela interpretação do súbito desmoronamento da
Basílica de Latrão, como um julgamento divino, se levantaram em rebelião,
depuseram Estevão, despiram-no de sua insígnia papal e o lançaram numa cela,
onde ele, logo em seguida, foi estrangulado” (Kelly, 1988, 115-6; para outros
relatos resumidos, ver: Platina, 1479: 237; Herbermann, 1913: 289-90; McCabe,
1939: 211; Farrow, 1942: 85; Ullmann, 2003: 112 e para um relato poético:
Browing, 1872: vol. IV, 2s).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Entretanto, após a publicação da Ata
do Concílio de Ravena (Duhr, 1932: 541), convocado pelo papa João IX, sucessor
de Estevão VI, para revogar as decisões do Sínodo do Cadáver, alguns
historiadores começaram a contestar a hipótese de que foi Lamberto de Spoleto quem
instigou a realização do Sínodo do Cadáver, uma vez que neste documento é
mencionada a presença deste governante de Roma no concílio. De acordo com a Ata
do Concílio, Lamberto explicitamente aprovou a anulação, então se fosse
Lamberto o arquiteto da humilhação de Formoso, certamente não poderia estar
presente e, menos ainda, consentir com a decisão do Concílio de Ravena. No
entanto, esta contestação não é unanime entre os historiadores e as opiniões
continuam divididas sobre quem foram os verdadeiros instigadores da realização
do Sínodo do Cadáver. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As consequências<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em Dezembro de 897, o papa Teodoro
II convocou um sínodo que anulou o Sínodo do Cadáver, reabilitou Formoso e
ordenou que seu corpo, que tinha sido recuperado do rio Tibre, fosse enterrado na
Basílica de São Pedro com as vestimentas papais. Em 898, o papa João IX também
anulou o Sínodo do Cadáver ao convocar dois sínodos, um em Roma e outro em
Ravena (mencionado acima), os quais confirmaram as decisões de Teodoro II, ele
também ordenou que a ata do Sínodo do Cadáver fosse destruída e proibiu
qualquer sínodo de pessoa morta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Entretanto, o papa Sergio III
(904-11) que, como bispo também participou do Sínodo do Cadáver como juiz auxiliar,
derrubou as decisões de Teodoro II e de João IX, com isso aprovando a condenação
de Formoso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Bem, daí é possível perceber o grau
de tumulto que vivia o papado naquela época. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><b><br /></b></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><b>Obras consultadas</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BROWING,
Robert. <i>The Ring and the Book</i>.
London: Smith, Elder and Co., 1872, vol. IV, p. 2s.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DUHR,
Joseph. <i>Le Concile de Ravenne in 898: La Réhabilitation
du pape Formose </i>em <i>Recherches de
Science Religieuse,</i> nr. 22, 1932, p. 541. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DUMMLER,
Ernst (tr.). <i>Auxilius und Vulgarius</i>.
Leipzig: Verlag Von S. Hirzel, 1866. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">FARROW,
John. <i>Pageant of the Popes</i>. New York:
Sheed & Ward, 1942.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">HERBERMANN,
Charles G. (ed.). <i>The Catholic
Encyclopedia, vol. XIV</i>. New York: The Encyclopedia Press, Inc, 1913, p.
289-90. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KELLY,
J. N. D. <i>The Oxford Dictionary of Popes</i>.
Oxford: Oxford University Pess, 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LOGAN,
F. Donald. <i>A History of the Church in the
Middle Ages</i>. London: Routledge, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MANN,
Horace K. <i>The Lives of the Popes in the
Early Middle Ages, vol. IV.</i> London: Kegan Paul, Trench, Trubner & Co.,
1910. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">McCABE,
Joseph. <i>Crises in the History of the
Papacy</i>. New York: G. P. Putnam’s Son, 1916.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_______________
<i>A History of the Popes</i>. London: Watts
& Co., 1939.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PLATINA,
Bartolomeo. <i>The Lives of the Popes </i>(english
edition by W. Benhan). London: Griffith Farran & Co., 1st latin edition
1479.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ULLMANN,
Walter. <i>A</i> <i>Short History of the Papacy in the Middle Ages</i>. London: Routledge,
2003.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-31494660854011498402013-06-26T05:08:00.000-07:002014-03-05T11:33:13.518-08:00|ESTUDO| A Cientologia e a Pseudocientificidade da Dianética<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por Octavio da Cunha Botelho e André Luzardo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: left;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/07/a-cientologia-e-a-pseudocientificidade-da-dianetica/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/07/a-cientologia-e-a-pseudocientificidade-da-dianetica/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-2bT9oN0h1Xg/UcrPb89qZrI/AAAAAAAABUU/YbEN6asJ3VM/s1600/CruiseScieno.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-2bT9oN0h1Xg/UcrPb89qZrI/AAAAAAAABUU/YbEN6asJ3VM/s320/CruiseScieno.jpg" height="320" width="225" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O ator Tom Cruise discursando em um auditório da <br />
Igreja da Cientologia; um dos adeptos mais ilustres.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dentre as tantas maneiras de classificar as
religiões, os historiadores as dividem naquelas que surgiram no período da
“plena escuridão da história”, e aquelas que nasceram na “plena luz da
história”. As primeiras, obviamente, são aquelas que foram formadas nos tempos mais
antigos, ocasião quando a prática de registros era precária, ou até mesmo
inexistente, bem como a escrita e a documentação um privilégio de poucos
alfabetizados. Assim, o que conhecemos delas
limita-se, quase na totalidade, aos relatos da tradição, cuja confusão com
mitos e lenda, dificulta a identificação dos fatos históricos. Por outro lado,
nas religiões surgidas na “plena luz da história” o registro é farto e bem
documentado, de maneira a nos transmitir uma clara ideia de como uma religião
surge e se desenvolve em seus primeiros anos, com base em fontes de fora do
relato tradicional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir do momento quando as religiões
começaram a surgir com uma mensagem dirigida para toda a humanidade, diferente
do passado, quando a mensagem era dirigida para um povo exclusivamente, estas
modalidades de religiões passaram a ser denominadas pelos historiadores de
Novos Movimentos Religiosos (alguns autores preferem o termo ‘cultos’, enquanto
outros desaprovam, em vista do sentido pejorativo que a palavra culto adquiriu
com o tempo). As datas divergem, porém o mais coincidente é apontar o
surgimento da Sociedade Teosófica, na segunda metade do século XIX, cujo
ensinamento era dirigido para toda a humanidade, portanto a primeira religião
de escopo universal, como o ponto de partida. Do mesmo modo, a Igreja da
Cientologia é um destes Novos Movimentos Religiosos, curiosamente fundada por
um escritor de livros de ficção científica, L. Ron Hubbard (1911-86), depois do
fracasso da tentativa de promover a sua grande descoberta, a Dianética, como
uma ciência, daí foi obrigado, para sobreviver, a inserir a Dianética em um
contexto religioso, então fundou a Igreja da Cientologia, episódio que será
relatado adiante. Cercada de polêmicas,
ela é conhecida internacionalmente pela sua capacidade de atrair grandes
celebridades, pois reúne em seu séquito estrelas de grande reputação como Tom Cruise,
John Travolta, Kirstie Alley, Kelly Preston e outros figurões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O estudo abaixo é mais um trabalho em
parceria, desta vez com André Luzardo da Sociedade Racionalista-USP. Ele
contribuiu com a segunda parte do artigo, a qual explica ao leitor o que é a
Dianética, doutrina central na Cientologia, com suas teorias, isto é, a Mente
Reativa e os Engramas; bem como a sua terapia, a Auditoria e o E-meter, e
conclui com uma avaliação crítica da sua cientificidade. Gostaria de lhe
agradecer pela gentileza em colaborar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Considerações iniciais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-dMff1ReJCEM/UcrQPDK2kMI/AAAAAAAABUg/wtmY8etyFSg/s1600/lrh_educ.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-dMff1ReJCEM/UcrQPDK2kMI/AAAAAAAABUg/wtmY8etyFSg/s320/lrh_educ.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">L. Ron Hubbard (1911-86), criador da Dianética e fundador da<br />
Igreja da Cientologia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um relato do que é a Cientologia é
incompreensível sem o conhecimento da personalidade e do caráter da sua figura
central, o seu fundador, o carismático e controvertido L. Ron Hubbard. Nas
palavras do historiador da religião, Dorthe R. Christensen: “Ele não é uma
figura sem significado, ele é a única fonte suprema e o recurso legitimador das
alegações terapêuticas e religiosas da Igreja. L. Ron Hubbard e Cientologia
sempre foram e sempre serão, muito provavelmente, inseparáveis” (Christensen,
2004: 227). Entretanto, suas biografias são enormemente divergentes, pois de um
lado ele é retratado, por seus seguidores e admiradores, como um explorador
dedicado, que realizou distantes viagens, inclusive para o Oriente, como um
engenheiro brilhante, bem como um humanista, um educador, um administrador, um
artista e um filósofo. Também, como um herói militar e um estudante com uma bem
sucedida carreira acadêmica, e que a sua grande descoberta, a Dianética,
“solucionou o enigma da mente humana” (Urban, 2012: 335 e 338). Por outro lado
L. Ron Hubbard é descrito por seus críticos, por jornalistas, por ex membros e
por algumas decisões judiciais como um mentiroso, um charlatão e um insano, com
a acusação de que quase tudo que ele escreveu sobre si mesmo era falso
(Gardner, 1991: 246 e Urban, 2011: 26 e 2012: 335). Ademais, tal como o seu
próprio filho, L. Ron Hubbard Jr., revelou: “mais de 90 por cento do que meu
pai escreveu sobre si mesmo é mentira” (Urban, 2011, 26). Os relatos de suas
viagens e de suas proezas foram tão exagerados que um membro dissidente da
Cientologia observou: “ele contou tantas histórias de suas façanhas, na América
do Sul, nas Índias Ocidentais e em lugares, que ele teria de ter pelo menos 483
anos para ter tempo para fazer todas aquelas coisas” (Urban, 2011: 33). Os sinais
de fraudes eram tão claros que o também cientologista dissidente, Gerald
Armstrong, designado para ajudar a escrever a biografia de Hubbard, descobriu
durante a sua pesquisa que “virtualmente tudo que Hubbard tinha dito sobre sua
vida era falso” (Urban, 2011: 26-7). Enfim, o relato oficial da Igreja da
Cientologia sobre a vida de Hubbard é considerado pelo pesquisador D. R.
Christensen, não como um conjunto de fatos históricos, mas sim como uma
“mitologia hagiográfica”, isto é, uma narrativa idealizada e composta, bem auto
conscientemente, a partir de temas míticos (Christensen, 2004: 227-58 e Urban,
2011: 27-8). Enfim, L. Ron Hubbard inventou sua própria mitologia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Alguns autores desmentem as suas
façanhas da seguinte maneira. “Ele nunca foi um aventureiro fanfarrão ou um
destacado oficial naval. Embora ele alegasse ser um físico, seu conhecimento de
ciência era desprezível (...) sua miopia o manteve fora de Annapolis (uma
importante academia naval nos EUA). Sua única educação superior foi na escola
de engenharia da George Washington University, onde ele se afastou após dois
anos de notas horríveis. Seus quatro anos na Marinha, durante a Guerra, são
resumidos em um relatório dizendo que ele ‘carecia de qualidades essenciais de
liderança (...) não considerado qualificado para o comando e promoção’. O mais
próximo que ele chegou de um combate foi no comando de um caça submarino. Em
seu cruzeiro experimental, Hubbard confundiu um depósito magnético com um
submarino e sua batalha contra um inimigo inexistente lhe custou a perda do
comando”. E também, “Hubbard foi um covarde fingido que tinha feito tudo para
evitar estar em ação (de combate)” (Gardner, 1991: 246 e mais detalhes em
Melton 2009: 20). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Sua personalidade é também avaliada
de modo divergente. Alguns o descrevem como uma figura carismática, envolvente
e sedutora. Para aqueles que o conheceram pessoalmente, ele tinha uma
personalidade envolvente, ele dominava a cena com sua perspicácia e seu
inesgotável estoque de anedotas, era um charmoso inescrupuloso e persuasivo,
não só em um grupo social, mas também com as mulheres. Com seu imponente cabelo
vermelho, sua boca grande e um rosto gorducho, Hubbard é descrito por aqueles
que o conheceram como uma personalidade que, quer encantava ou repudiava
imediatamente, dominando as conversas e encantando com as anedotas e sua
inteligência vívida. Quando ele falava, ninguém conseguia lhe roubar o espaço. “Até
mesmo os mais ferozes críticos de Hubbard, tal como o ex cientologista Jon
Atack reconheceu que ele (Hubbard) tinha um impressionante e quase inexplicável
poder carismático; era quase impossível, Atack relata, escrever um convincente
quadro do carisma de Hubbard ou explicar a notável devoção que seus seguidores
sentiam por ele” (Urban, 2011: 54). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-5ZstcoIm1x4/UcrSggtN2QI/AAAAAAAABU4/Lb_-sUi5nJA/s1600/church-of-scientology.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-5ZstcoIm1x4/UcrSggtN2QI/AAAAAAAABU4/Lb_-sUi5nJA/s320/church-of-scientology.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Prédio da Igreja da Cientologia em Los Angeles, EUA.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por outro lado, já os que o detestavam, estes
afirmavam que Hubbard era “um vigarista e obviamente um impostor. Mas ele não
era um idiota. Ele conseguia encantar qualquer pessoa. Ele transpirava maldade,
malícia e estupidez, mas perfeitamente amistoso para se conversar” (Urban,
2011: 30). Alguns autores da época descreveram Hubbard como não apenas um
vigarista, mas na verdade como o maior vigarista do século. O seu ex biógrafo
Gerald Armstrong afirmou que “ele foi uma mistura de Adolf Hitler, Charlie
Chaplin e Barão Munchhausen” (Urban, 2011: 54). O escritor científico Martin
Gardner diagnosticou Hubbard como “um homem profundamente perturbado, um
mentiroso patológico que se deteriorou de um trapaceiro charmoso para um
egomaníaco paranoico, incapaz de distinguir entre fato e sua própria ficção
fantástica” (Gardner, 1991: 246). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Por outro lado, de acordo com o seu
próprio relato, Hubbard alegava ter explorado as incontáveis minúcias das
tradições espirituais do mundo, do curandeiro de Sioux aos místicos orientais,
da psicanálise à hipnose, da cura pela fé e magia à experimentação com drogas.
Tentativas foram feitas para descobrir quais escolas e sistemas eram viáveis.
Então, suas ideias misturavam Freud, acupuntura, cristais de cura mágica,
santuário de milagre, cura pela fé, vodu e narcosíntese. O resultado desta
eclética pesquisa foi a Dianética (<i>Dianetics</i>),
a sua “revolucionária nova ciência da mente humana” (Urban, 2011: 29). De modo
que Hubbard reuniu uma grande quantidade de diversos elementos científicos,
ocultos, psicológicos, filosóficos e de ficção científica, remendando-os
grosseiramente juntos numa única, nova e surpreendente bem sucedida síntese
(idem, 29). De modo que, para milhares de cientologistas pelo mundo afora, que
ainda seguem seus ensinamentos hoje, entretanto, Hubbard foi nada menos que um
explorador heroico, que revelou os mistérios mais antigos, não só de todos os
cantos da Terra, mas também da mente humana (Urban, 2011: 54). Toda esta miscelânea
lhe rendeu formidáveis resultados financeiros, pois quando faleceu em Janeiro
de 1986, ele somava um patrimônio de US$ 600 milhões (Dehsen, 1999: 90). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em razão de tudo isto, o historiador da
religião Hugh B. Urban definiu Hubbard mais como um empresário americano e um <i>bricoleur</i> espiritual, este último termo francês
no sentido de um criativo reciclador de produtos culturais com a habilidade de
encaixá-los em um conjunto coerente, do que propriamente um líder religioso,
levando-nos a projetar paralelamente uma dedução de que a Cientologia está também
mais para uma “empresa religiosa” do que uma religião no sentido convencional
(Urban, 2011: 26 e 29).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Da ficção científica à
religião <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Na história das religiões conhecemos
casos de tradições religiosas que foram fundadas pelos mais estranhos
personagens, porém, uma religião fundada por um autor de livros de ficção
científica é um fato muito excepcional. Pois, antes de sua carreira como
fundador de uma das mais controvertidas entre as novas religiões do mundo, L.
Ron Hubbard era mais conhecido como um autor de <i>pulp fiction</i> altamente prolífero. Começando seu trabalho no início
dos anos 1930, ele escreveu um número verdadeiramente estonteante de obras de
ficção científica, de fantasia, de mistério e de contos de aventura, se
tornando uma das figuras chaves na era dourada da <i>pulp fiction</i> (Urban, 2011: 33). Os anos 1930 e 1940 foram os anos
dourados da ficção científica e Hubbard soube aproveitar o momento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Ademais, havia, naquela época, uma
clara afinidade entre ocultismo e ficção científica, desde a era dourada até os
anos 1970, de maneira que os fãs de ficção científica também tendiam a se
interessarem pelos reinos sobrenaturais da magia, dos fenômenos psíquicos e das
habilidades paranormais. Todos estes temas apareceram na ficção de Hubbard e no
início da Cientologia. Ele escrevia de 70 mil a 100 mil palavras por mês,
despontando-se entre os mais prolíferos escritores da era <i>pulp fiction</i>. Ele era capaz de escrever sobre aparentemente
qualquer assunto e sobre qualquer gênero, dos exploradores de floresta aos
mergulhadores das profundezas do mar, do G-men e gangsters, cowboys e azes
voadores até alpinistas, detetives e espiões, usando muitos pseudônimos. Pelo
menos duas de suas primeiras obras são ainda consideradas clássicas do gênero:
o conto de horror <i>pulp</i>, <i>Fear</i>, e sua novela pós-apocalíptica, <i>Final Blackout</i> (Melton, 2009: 19 e Urban,
2011: 33-4). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Entretanto, Hubbard não saltou
diretamente da ficção científica para a religião, antes disto, ele anunciou sua
nova “descoberta científica”, a Dianética (<i>Dianetics</i>),
o resultado de sua exploração e síntese de uma grande quantidade de diferentes
tradições espirituais, psicológicas e filosóficas, para chegar a tanto, ele
alegou ter examinado todas as perspectivas conhecidas da mente humana. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1dqN8CTHdTs/UcrTDmG-mgI/AAAAAAAABVA/50bayYkFtNw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-1dqN8CTHdTs/UcrTDmG-mgI/AAAAAAAABVA/50bayYkFtNw/s320/images.jpg" height="320" width="238" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Capa da revista <i>Astounding Science Fiction </i><br />
onde foi publicado o primeiro artigo sobre a <br />
Dianética de L. Ron Hubbard, em 1950.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem, quem ouve os elogios de Hubbard e os dos
cientologistas dirigidos à cientificidade da Dianética, pensa logo que a
divulgação desta “nova ciência” foi feita em alguma das mais prestigiadas revistas
científicas da época: na <i>Nature</i>, na <i>Science</i>, na <i>Scientific American</i> ou em outra revista de uma importante
universidade. Nada disto, muito pelo contrário, esta “nova ciência” de Hubbard
inicialmente foi publicada, como um artigo, numa revista popular chamada <i>Astounding Science Fiction</i> (Ficção
Científica Espantosa), da qual Hubbard tinha sito um colaborador constante, em
Maio de 1950. A capa desta edição exibia uma criatura alienígena, com a
aparência de um gorila cabeludo e com olhos amarelos de gato, em outras
palavras, um monstro. A capa anunciava o artigo de Hubbard com o título de “<i>Dianetics, A New Science of the Mind</i>”
(Dianética, Uma Nova Ciência da Mente), o qual não foi apresentado como “ficção
científica espantosa”, mas sim como uma nova ciência revolucionária da mente
humana, ou seja, uma obra com pretensão de ciência publicada numa revista popular
de ficção... uma incompatibilidade. Uma versão expandida desta obra foi então
impressa na forma de livro no mesmo ano com o título de “<i>Dianetics: The Modern Science of Mental Health</i>” (Dianética: A
Ciência Moderna da Saúde Mental), a qual se transformou, nos anos seguintes, em
um <i>best seller</i> (Robinson, 2001: 380 e
Manca, 2012: 80). Esta “nova ciência” foi anunciada como nada menos que uma
radical revolução para a humanidade, foi comparada à descoberta do fogo e
superior à invenção da roda e do arco (Urban, 2011: 43). Isto é, através de uma
propaganda acompanhada de sensacionalismo, aparentando mais com o lançamento de
um produto atrativo de consumo, portanto muito diferente da discrição habitual
da divulgação científica. O escritor científico, Martin Gardner, definiu a
Dianética como uma “hilária paródia da Psicanálise” (Gardner, 1991: 247). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">”Não foi por acaso que a nova “ciência” da
mente de Hubbard foi publicada pela primeira vez numa revista de ficção
científica, uma vez que seus clamores e retórica apelavam para o mesmo público
que tinha devorado seus contos de ficção por uma década. <i>Astounding Science Fiction</i> não classificou o texto de Hubbard como
ficção, mas sua linguagem foi claramente confeccionada para o fã de ficção
científica (...) Dianética prometia transformar o cérebro normal do leitor em
um cérebro ótimo e assim ajudar o homem em seu processo de evolução rumo a um
organismo superior” (Urban, 2011: 43). O próprio Hubbard alegou também que o
objetivo da Dianética não era outro que criar uma espécie de novo homem ou <i>Homo Novis</i> com habilidades sobrehumanas.
“A pessoa deixa de responder como <i>Homo
Sapiens</i> e adquire uma fantástica capacidade de aprender e agir” (Urban,
2011: 43-5 e Rothstein, 2004: 110-1). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hubbard definiu a Cientologia como “o estudo
e o manejo do espírito no relacionamento consigo mesmo, com os universos e com a
outra vida”. Para ele “Dianética é uma precursora e um subestudo da
Cientologia. Dianética vem das palavras gregas <i>dia</i> (através) e <i>nous</i>
(mente ou alma). Dianética é o que a alma está fazendo com o seu corpo”
(Hubbard, 2007: 05). Também, ele definiu que os objetivos da Cientologia são
formar “uma civilização sem insanidade, sem criminosos e sem guerra, onde o
apto possa prosperar e os seres honestos possam ter direitos, e onde o homem é
livre para se erguer até às maiores alturas” (Robinson, 2001: 379). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O nascimento da Cientologia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em seguida, por nunca ter sido reconhecida
como ciência, no meio científico, esta nova pseudociência de Hubbard, a
Dianética, teve de redirecionar seu objetivo, apesar de nunca ter deixado de
ser anunciada como ciência pelos cientologistas. Então, ele tratou de
transformá-la em religião, daí iniciou os trabalhos da fundação da Igreja da
Cientologia (<i>Church of Scientology</i>).
Em razão disto e também pelo descontrole que tinha se transformado a prática da
Dianética, quando se transformou numa moda nacional nos EUA, logo após a sua
divulgação, Hubbard decidiu organizar a Cientologia, para poder ter controle
sobre a sua disseminação. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-l5izxJGW71s/UcrUYTFma6I/AAAAAAAABVQ/YraUjYjuSQg/s1600/tomato.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-l5izxJGW71s/UcrUYTFma6I/AAAAAAAABVQ/YraUjYjuSQg/s320/tomato.jpg" height="320" width="223" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hubbard experimentado o E-meter nos tomates,<br />
mais um de seus experimentos pseudocientíficos.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Então, sua pesquisa o conduziu ao reino
espiritual e, em 1952, a “filosofia religiosa aplicada” da Cientologia nasceu.
Ela foi descrita como um assunto separado da Dianética, uma vez que não tratava
apenas da mente, mas também da própria natureza espiritual da pessoa. O
objetivo da Cientologia era reabilitar totalmente a natureza espiritual de um
indivíduo, incluindo a reabilitação de todas as habilidades e a realização do
pleno potencial da pessoa. Daí então, em 1954, a primeira Igreja da Cientologia
foi fundada em Los Angeles, California (Robinson, 2001: 380). A religião
continuou a crescer durante os anos 1950 e 1960, e muito mais igrejas foram
fundadas no mundo. Em 1966, Hubbard afastou-se da sua posição de diretor
executivo da Igreja a fim de dedicar-se às pesquisas no nível mais alto de
espiritualidade. Em Agosto de 1967, ele formou a “<i>Sea Organization</i>”, um grupo de membros dedicados da Igreja e
continuou suas viagens e pesquisa a bordo de vários navios adquiridos pela
Igreja (Gardner, 1991: 248). Deste esta época até sua morte em 1986, Hubbard
escreveu e publicou materiais sobre os assuntos da Dianética e da Cientologia,
como também um número de obras de ficção científica (Robinson, 2001: 380). A
Igreja da Cientologia possui atualmente mais de 700 centros em 65 países
(Urban, 2012: 335). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cientologia, um resumo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A prática principal da Cientologia é a Dianética,
uma forma de psicoterapia extraída em grande parte da Psicanálise, com a
mistura de ingredientes religiosos e da ficção científica. A Igreja da
Cientologia acredita que o homem é basicamente bom, que está buscando
sobreviver e que sua sobrevivência depende de si mesmo e de seus companheiros,
e da conquista da fraternidade com o universo. Isto é alcançado na Cientologia
por dois métodos conhecidos como “auditoria” e “treinamento”. A “auditoria”
(aconselhamento de um indivíduo pelo outro) da Dianética e da Cientologia
consiste de um “auditor” que orienta alguém através de vários processos
mentais, a fim de livrar o indivíduo dos efeitos da “mente reativa” e então
alcançar plenamente a natureza espiritual da pessoa. A “mente reativa” é aquela
parte da mente que opera com base no estímulo-resposta, e é composta de
memórias residuais de dor e incidentes desagradáveis (denominados “engramas”),
os quais exercem controle involuntário e inconsciente sobre o indivíduo.
Durante esta prática é utilizado um aparelho para detectar e medir a
manifestação dos “engramas”, conhecido como E-meter (detector de “engramas”),
do sujeito que está sendo submetido à “auditoria”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Quando o indivíduo está livre destes
efeitos indesejáveis, diz-se ter alcançado o estado de “limpo” (<i>clear</i>), que é a meta do aconselhamento
da Dianética. Um indivíduo então passa para níveis superiores de
aconselhamento, lidando com sua natureza com um ser espiritual imortal
(conhecido na Cientologia como um “<i>thetan</i>”).
Os cientologistas acreditam que um “<i>thetan</i>”
já viveu muitas vidas anteriores e viverá muitas outras vidas após a morte do
seu corpo atual (a doutrina da reencarnação). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O treinamento da Cientologia
consiste de muitos níveis de cursos (1) melhoria da vida diária dos indivíduos
fornecendo-lhes várias ferramentas e (2) aprendizado das técnicas de
“auditoria”, de maneira que uma pessoa possa aconselhar outras. Os
cientologistas falam da presença de um ser supremo como representando o
infinito, mas não adoram divindade alguma, ao invés disto, gastam seu tempo na
aplicação dos princípios da Cientologia nas atividades diárias. Reuniões
regulares na igreja acontecem, contudo, ocupam-se em discutir os princípios da
Cientologia e sua aplicação (Robinson, 2001: 380-1). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Controvérsias <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A Igreja da cientologia tem se
envolvido em um considerável número de episódios controvertidos desde 1958,
tais como as batalhas relativas às questões de impostos, uma batalha de dez
anos com a <i>Food and Drug Administration </i>(FDA),
quanto ao <i>e-meter</i> usado para assistir
a “auditoria” e um conflito com o governo australiano. Também, as controvérsias
sobre cultos dos anos 1970 levaram a um número de processos judiciais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A mais notável série de eventos na
igreja começou em Julho de 1977, quando o FBI realizou uma busca nas igrejas de
Los Angeles e de Washington e prendeu muitos arquivos de documentos. A busca
foi declarada ilegal, mas os documentos permaneceram na posse do governo e
foram abertos à investigação pública. De acordo com os documentos, a igreja estava
mantendo arquivos sobre pessoas que ela considerava inimigas, e tinha havido
várias tentativas de infiltrar nas organizações anticultos. Como resultado da
busca do FBI, alguns membros foram acusados e condenados por roubo de
documentos do governo. Os membros condenados foram liberados de seus cargos na
igreja, a qual iniciou uma reorganização e o fechamento do Guardian Office.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-xQxuQ36fa6Q/UcrVNTiWOxI/AAAAAAAABVc/MljxM1KUr4M/s1600/article-1354449-0157AD70000004B0-358_634x437.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-xQxuQ36fa6Q/UcrVNTiWOxI/AAAAAAAABVc/MljxM1KUr4M/s320/article-1354449-0157AD70000004B0-358_634x437.jpg" height="220" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As estrelas hollywoodianas Kirstie Alley (esq.),<br />
John Travolta <span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">e Kelly Preston em uma festa no </span><br />
<i style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">Celebrity Centre</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;"> de </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 115%;">Los Angeles, EUA.</span></td></tr>
</tbody></table>
Problemas com o IRS (<i>Internal Revenue Service</i>), a Receita
Federal dos americanos, continuou através dos anos 1980 e 1990, e o IRS moveu
ações judiciais contra a igreja questionando o seu status de isenta de
impostos. Estes problemas acabaram após uma decisão final em 1993, quando o IRS
cessou com todos os litígios e reconheceu a Cientologia como uma legítima
organização religiosa. A igreja tem também sido atacada na Europa. Uma das
batalhas mais significativas aconteceu na Itália, onde um número de
funcionários foi acusado de sonegação de impostos e de vários outros atos
criminosos, mas foram quitados e a Cientologia finalmente recebeu
reconhecimento judicial como uma religião (para detalhes: Urban, 2011; 155-77).
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em 1991, a revista <i>Time</i> publicou um ataque à Cientologia
numa matéria de primeira página, a qual respondeu com uma grande campanha de
relações públicas e com uma extensa série de anúncios no <i>US Today</i>. No início de 1992, a igreja entrou com um processo contra
a revista <i>Time</i>, após descobrir que o
criador do <i>Prosac</i>, um remédio
psiquiátrico que a Cientologia combatia ativamente, tinha sido o principal
incentivador da agressão da revista <i>Time</i>
à Igreja. Apesar destas controvérsias e de muitas outras, a Igreja da
Cientologia destaca-se como uma das religiões que mais cresceu no número de
seguidores nestes últimos anos (Robinson, 2001: 381-2 e para aprofundamento:
Lewis, 2009: 209-322). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O <i>Project Celebrity</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A Cientologia é mundialmente
conhecida pelas celebridades que fazem parte do seu séquito. Dentre as mais
conhecidas estão Tom Cruise, John Travolta, Priscilla Presley, Kirstie Alley,
Issac Hayes e Nancy Cartwright. No entanto, a Igreja da Cientologia não
conseguiu arrebanhar estas celebridades por acaso, ao contrário, foi um trabalho
planejado. Nas palavras do historiador da religião Hugh B. Urban: “é facilmente
possível ver porque a filosofia básica da Cientologia atraiu os atores em
particular. Pois, a Cientologia promete nada menos que desencadear o poder
ilimitado do individuo, para libertar o potencial infinito do <i>Thetan</i>, na verdade, despertar a
habilidade de criar o seu próprio universo. Se a ideia de criar a sua própria
realidade foi atrativa aos leitores de ficção científica dos anos 1950, foi
ainda mais atrativa para os atores, para os músicos e para os artistas na
esperança de despertarem seu próprio potencial criativo. Em segundo lugar,
existe dinheiro envolvido, nem todos podem gastar US$ 400 mil para chegar até
os níveis OT (<i>Operating Thetan</i>), mas
para um Tom Cruise e um John Travolta, esta importância de dinheiro é
provavelmente trivial” (Urban, 2011: 140). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-WpIs-tbCWNo/UcrV-pxWX1I/AAAAAAAABVo/OMSrPJ9XVS0/s1600/60610r1_celebrity_c_b_gr_02.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-WpIs-tbCWNo/UcrV-pxWX1I/AAAAAAAABVo/OMSrPJ9XVS0/s320/60610r1_celebrity_c_b_gr_02.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sede luxuosa do <i>Celebrity Centre</i> em Los Angeles, EUA.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para se ter uma ideia da fortuna envolvida,
de acordo com o <i>New York Post</i>, os
maiores doadores à Cientologia são: Nancy Cartwright (atriz de voz), a qual
doou US$ 10 milhões, seguida de Tom Cruise e Kirstie Alley (atriz) com US$ 5
milhões cada, John Travolta e Kelly Preston (atriz) com US$ 1 milhão cada e
Priscilla Presley (ex-esposa de Elvis Presley) com US$ 50 mil (Urban, 2011:
141). O plano de Hubbard de cortejar as celebridades data desde aos anos 1950.
“Hubbard explicitamente alvejava as celebridades como potenciais convertidos e
instruiu os cientologistas para cortejá-las” (Urban, 2011: 140). Este esforço
foi anunciado em 1955 na revista <i>Ability</i>
com o título de “<i>Project Celebrity</i>”.
O artigo relacionava uma lista de celebridade incluindo Ed Sullivan, Orson
Welles, Ernest Hemingway, Greta Garbo e até mesmo Billy Graham. Estas
celebridades foram apontadas como “alvos” a serem “caçadas” como um “jogo” por
cientologistas ambiciosos. Hubbard prometeu aos seus seguidores que “se vocês
os trouxerem para casa, vocês conseguirão uma pequena placa de comemoração como
recompensa” (Urban, 2011: 140). No entanto, nenhuma destas celebridades foi
atraída para a Cientologia, mas a igreja conseguiu atrair um número de outras
celebridades a partir do final dos anos 1960 em diante. O primeiro <i>Scientology Celebrity Centre</i> foi fundado
em Los Angeles, no ano de 1960, e foi seguido pela fundação de centros
similares em Nova York, São Francisco, Boston, Toronto e outras grandes cidades
(Urban, 2011: 140). De lá para cá, a Igreja da Cientologia só acumula aumento
no número de celebridades em seu séquito (para aprofundamento: Cusak, 2009:
389-409).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Dianética<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em 1950, o escritor de ficção científica
Lafayette Ronald Hubbard publicou o livro </span><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Dianética:</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">a Moderna Ciência da Saúde Mental </span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(exceto
quando indicado, todas as citações a seguir são deste livro). Sem qualquer
qualificação em pesquisa científica, Hubbard acreditava ter feito uma série de
descobertas (“mais importantes que a roda e o fogo”, tal como exalta a
contracapa) sobre o funcionamento da mente humana. De acordo com a sinopse, a
Dianética é “muito mais simples do que a física ou a química, se compara com
elas na exatidão dos seus axiomas e está em um escalão consideravelmente maior
de utilidade.” Afirmações bombásticas e contraditórias aos fatos (a física e
química não contém axiomas) abundam: “a fonte escondida de todas as mazelas
psicossomáticas e aberrações humanas foi descoberta e técnicas foram
desenvolvidas para uma infalível cura”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apesar das repetidas alegações de que testes
e experimentos foram realizados provando definitivamente as conclusões da
Dianética, o livro não contém demonstrações matemáticas, descrições de
experimentos científicos ou resultados obtidos por outros pesquisadores. A
única fonte é a mente do autor. Este afirma que descobriu os axiomas básicos da
Dianética em 1938, e que passou os 12 anos até a publicação dedicando-se a pesquisa.
Porém, “muitos dos seus amigos insistem, contudo, que esses 12 anos de pesquisa
são inteiramente míticos e que não foi antes de 1948 que a Dianética eclodiu”
(Gardner, 1957)<a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7350252534349872631" name="GoBack"></a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Dianética e os Engramas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-8QrbMCODyRo/UcrW_BlHfEI/AAAAAAAABV4/FJnHotJgQRY/s1600/blue-e-meter.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-8QrbMCODyRo/UcrW_BlHfEI/AAAAAAAABV4/FJnHotJgQRY/s320/blue-e-meter.jpg" height="320" width="252" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O E-meter (Detector de Engramas) utilizado nas<br />
sessões de Auditoria (<i>Auditing</i>)</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em que consiste então a Dianética? Ela
fundamenta-se basicamente no conceito de E</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">ngrama</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">, “a
única fonte de doenças mentais inorgânicas e doenças psicossomáticas
orgânicas”. Os Engramas são gravações, distintas da memória, que recordam de
maneira exata todos os estímulos vinculados às situações estressoras. Eles são
os resultados da ação da </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">mente
reativa,</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
definida como sendo a parte inconsciente, mas sempre alerta da mente humana. Ao
contrário da mente consciente (batizada de </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">mente
analítica</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> por Hubbard e dita análoga a um computador), a mente
reativa é uma imbecil, não pensa e nem age racionalmente, ela se limita a
gravar e usar as gravações para produzir ações. Mesmo depois de criados, os
Engramas só geram problemas se forem </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">digitados</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">; o
que faz um Engrama ser digitado varia, mas geralmente uma situação estressora
semelhante a original é suficiente. Uma vez gravado e digitado, um Engrama pode
ser reativado por qualquer estímulo externo semelhante aos que ele contém e,
também, causar todo tipo de inconveniência: “ele desliga a mente consciente em
maior ou menor grau, assume os controles motores do corpo e causa
comportamentos e ações que a mente consciente, o próprio indivíduo, jamais consentiria”.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hubbard fornece o seguinte exemplo de
gravação engrâmica: “Uma mulher é derrubada por um golpe. Ela fica
‘inconsciente.’ Ela é agredida e chamada de falsa, que ela não presta, que está
sempre mudando de ideia. Uma cadeira cai no processo. Uma torneira está aberta
na cozinha. Um carro passa na rua lá fora. O Engrama contém uma gravação de
todas essas percepções: visões, sons, tatos, gostos, odores, sensações
orgânicas, sensações cinéticas, posição das juntas, sede, etc. O Engrama
consistiria de todas as afirmações feitas a ela quando estava ‘inconsciente’:
os tons de voz e emoções na voz, o som e sensação do golpe original e
seguintes, a sensação táctil do chão, talvez o gosto de sangue na sua boca ou
qualquer outro gosto presente, o odor da pessoa que a ataca e os odores do
ambiente, o som do motor e pneus do carro passando lá fora, etc.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esta é, em resumo, toda teoria Dianética. Há
capítulos intitulados “o objetivo do homem”, “as quatro dinâmicas”, “a mente
analítica e os bancos de memória padrão”, “os ‘demônios’”, “contágio das
aberrações”, “digitando o Engrama” entre outros, mas praticamente tudo depende
dos Engramas e da influência destes no organismo. A partir destes elementos,
Hubbard tenta explicar a origem de todas as doenças mentais, assim como de
muitas outras não normalmente associadas à mente como resfriados, artrite,
alergias, problemas nos olhos e tuberculose. Hubbard nos informa que há razões
para crer que o câncer e a diabete também são causados por Engramas, mas tem o
cuidado de advertir que isso é apenas teoria e que os devidos experimentos
ainda não foram realizados. Essa não seria, contudo, uma tarefa difícil, pois
como veremos a seguir, usando a metodologia Hubbardiana, é possível demonstrar
que todas as doenças têm origem em ou são agravadas por Engramas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os Engramas aparentemente exercem grande
influência sobre a fisiologia humana. O efeito é ainda mais abrangente, ou
assim diz a teoria, se informações verbais estiverem gravadas, pois estas serão
interpretadas pela (estúpida) mente reativa. Mas isso não é tudo, Hubbard
revela outra descoberta revolucionária: os Engramas podem ser gravados antes
mesmo do nascimento. “Onde houver células humanas,” afirma, “há Engramas em
potencial.” Questões claramente urgentes como ‘qual seria o correlato
fisiológico do Engrama?’ ou ‘como poderia uma célula zigótica desprovida de
receptores gravar qualquer estímulo externo?’ são convenientemente ignoradas. A
vida no útero revela-se muito perigosa: “Mamãe espirra, bebê fica
‘inconsciente’. Mamãe corre leve e alegremente contra a mesa e bebê amassa sua
cabeça. [...] Mamãe fica histérica, bebê forma um Engrama. Papai bate na mamãe,
bebê forma um Engrama.” O maior de todos os perigos intrauterinos são as
tentativas de aborto: “uma grande proporção de crianças supostamente débeis
mentais são realmente casos de tentativas de aborto cujos Engramas colocam-nas
no medo-paralisia ou paralisia regressiva e as comandam a não crescer, mas a
estar onde estão para sempre”.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-3K9nRuHat8o/UcrXjfR-RWI/AAAAAAAABWA/07eJfSGMV8A/s1600/TravoltaOT3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-3K9nRuHat8o/UcrXjfR-RWI/AAAAAAAABWA/07eJfSGMV8A/s320/TravoltaOT3.jpg" height="320" width="271" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O ator John Travolta durante uma sessão<br />
de Auditoria, com o uso do E-meter</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O seguinte exemplo ilustra como um Engrama pré-natal
pode causar problemas mais tarde: “Engrama 105, digamos, foi um momento de
‘inconsciência’ quando o feto foi nocauteado via mãe, pelo pai. O pai, ciente
ou não da criança, exclama ‘sua puta suja desgraçada; você não presta!’ Esse
Engrama [...] pode jazer lá por setenta anos e nunca ser digitado. Contém uma
dor de cabeça e uma queda, e o ranger dos dentes e ruídos intestinais da mãe.
[...] Um dia, contudo, o pai fica angustiado com a criança. A criança está
cansada e febril, o que quer dizer que sua mente analítica pode não estar
desempenhando bem. [...] E o pai esbofeteia a criança e diz ‘seu desgraçado;
você não presta!’ A criança chora. Aquela noite ela tem uma dor de cabeça e
está muito pior fisicamente. E ela sente um intenso ódio e medo do seu pai. O
Engrama foi digitado.” <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A eficiência da Dianética <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A “infalível cura” encontra-se na
</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">terapia
Dianética. O objetivo desta é “produzir um </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Liberto</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> [</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Release</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">] ou um Limpo</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">[</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Clear</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">].” O Liberto é o
indivíduo que se encontra no meio do processo de cura e não tem mais estresses
e ansiedades. Já o Limpo foi completamente curado e tornou-se quase um
super-homem. Sua memória agora é fotográfica, seu raciocínio é rápido, ele é
física e moralmente superior. Indivíduos incríveis assim destacam-se
facilmente. Se a terapia Dianética consegue atingir tal prodígio, onde estariam
os Limpos? Um deles foi apresentado por Hubbard em frente a uma grande
audiência em Los Angeles em 1950. Era uma moça chamada Sonya Bianca, uma Limpa
que supostamente atingira uma memória perfeita. Gardner (Gardner, 1957) relata
o evento: “na demonstração que se seguiu, contudo, ela falhou em lembrar sequer
uma fórmula de física (a graduação que ela estava cursando), ou a cor da
gravata de Hubbard quando este virou as costas. Nesse momento uma grande parte
da audiência levantou e deixou o evento. Hubbard mais tarde produziu uma
explicação Dianética elegante para o fiasco. Ele tinha chamado-a para o palco
dizendo ‘Pode vir aqui </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">agora</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">,
Sonya?’ O ‘agora’ deixou-a presa no momento presente.” Até hoje não há
registros da existência de Limpos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Auditoria (<i>Auditing</i>) <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O processo terapêutico é chamado de </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Auditoria</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> e o
papel de quem o pratica, o </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Auditor,</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> é
remover os Engramas. Isso só é possível travando uma espécie de guerra com o
Engrama. Primeiro é necessário fazer o paciente regredir na sua </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">linha do tempo</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> até
encontrar uma situação que o auditor identifique como um possível Engrama. O
auditor pode pedir que o paciente repita várias vezes essa situação. Atacado, o
Engrama revida de maneira emocional; o paciente tende a praguejar, chorar e
barganhar. Finalmente atinge-se o momento primário de dor ou inconsciência na
vida do paciente, chamado de </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">básico-básico</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.
Nesse momento, o Engrama desaparece e o paciente experimenta grande alívio e
felicidade.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QmvXHZOzSj4/UcrYt9N_mOI/AAAAAAAABWQ/KQDoPGncUqE/s1600/sessiya_oditinga.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-QmvXHZOzSj4/UcrYt9N_mOI/AAAAAAAABWQ/KQDoPGncUqE/s320/sessiya_oditinga.jpg" height="239" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Uma sessão de Auditoria com o emprego do E-meter <br />
(Detector de Engramas)</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Um dos ramos da Dianética é a Dianética
Preventiva. Mulheres grávidas são as que devem ter o maior cuidado: “Se ela
cair, deve ser ajudada – mas </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">silenciosamente</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.
Ela não deve carregar peso. E não deve ser forçada ao coito. </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">Pois cada</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
experiência de coito causa um E</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">ngrama
na criança durante a gravidez</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.” O parto deve ser feito sob pouca luz
e em absoluto silêncio. “E silêncio não quer dizer uma barragem de ‘Sh’s’ pois
estes causam gagueira.” Durante a vida pós-natal, silêncio completo também deve
ser observado durante as cirurgias ou em qualquer outra situação em que o
indivíduo se machuque ou esteja inconsciente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Reflexão final<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No capítulo final, intitulado “Dianética no
século 21”, os seguidores de Hubbard apresentam a história oficial do
movimento. Repleta de exaltações ao líder e seus feitos incríveis, um deles é
particularmente digno de nota: “dentro de dois anos da autoria deste livro que
você segura em suas mãos, L. Ron Hubbard tornou-se o primeiro a isolar
cientificamente e identificar o espírito humano.” Chave para esta descoberta
está o instrumento conhecido como </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">e-meter</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.
Apesar de originalmente ter sido inventado pelo quiropraxista Volney Mathison
nos anos 1940, o nome na patente é o de Hubbard. Segundo Ronald, filho de
Hubbard: “meu pai obteve os direitos do e-meter em 1952 de Volney Mathison da
mesma maneira que obtém todas as coisas – através de fraude e coerção”
(Carroll, n.d.). Trata-se de uma versão extremamente simplificada de um medidor
da resistência elétrica da pele. Hubbard e seus seguidores, porém, acreditam
que o e-meter mede os efeitos de uma energia humana desconhecida associada ao
espírito. Com essa descoberta Hubbard eleva-se ao status de líder espiritual e
funda a religião conhecida como Cientologia, da qual a Dianética é agora apenas
uma doutrina. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É impossível ler as elucubrações de Hubbard
sem deixar de notar a influência de outro clássico exemplo de pseudociência: a
Psicanálise. Há várias semelhanças, vejamos: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Psicanálise<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Experiências
infantis emocionalmente traumáticas seriam reprimidas e armazenadas no
inconsciente. Ao longo da vida esses traumas poderiam ressurgir de maneira
distorcida causando os transtornos mentais. Freud acreditava que poderia
identificar estes eventos traumáticos infantis dialogando com o paciente e
interpretando seus relatos e sonhos (análise). Uma vez identificados e
re-elaborados, estes traumas desapareceriam e o paciente melhoraria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dianética<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Experiências
pré e pós-natais, física e emocionalmente traumáticas são gravadas em Engramas
na mente reativa. Ao longo da vida esses Engramas poderiam ser ativados e seu
conteúdo distorcido pela mente reativa, então causaria transtornos
psicossomáticos. Hubbard acreditava que poderia identificar estes Engramas
dialogando com o paciente e interpretando seus relatos (Auditoria). Uma vez
identificados e repetidos, os Engramas desapareceriam e o paciente melhoraria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As famosas interpretações freudianas eram, na
linguagem de Karl Popper, infalsificáveis, pois não havia experimento possível
que pudesse testá-las. O mesmo ocorre com as hubbardianas; basta encontrar uma
interpretação adequada e todos os problemas podem ser atribuídos a Engramas.
Além disso, assim como Freud, Hubbard criou uma teoria completamente
desconectada do conhecimento científico da época, outra característica típica
de uma pseudociência. A Dianética, com seu repertório próprio de conceitos e
nomes, é fechada em si mesma e ignora (várias vezes até contradiz) quase tudo
que já se conhecia em psicologia e neurociência em 1950. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Movimentos como esses tendem a seguir um de
dois caminhos possíveis: 1) após a exaltação inicial, seus seguidores se
desiludem, vão aos poucos desaparecendo e o movimento finalmente morre; ou 2)
frente às críticas, o movimento se fecha ainda mais até chegar no limite máximo
da infalsificabilidade, tornando-se uma religião. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BRUCE,
Steve. <i>Religion in the Modern World: From
Cathedrals to Cults</i>. Oxford: Oxford University Press, 1996, p. 174s.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CHRISTENSEN,
Dorthe R. <i>Inventing L. Ron Hubbard: On
the Construction and Maintenance of the Hagiographic Mythology of Scientology’s
Founder </i>em <i>Controversial New
Religions</i>. James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford University Press,
2004, p. 227-58.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CUSAK,
Carole M. <i>Celebrity, the Popular Media
and Scientology: Making Familiar the Unfamiliar </i>em <i>Scientology</i>. James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford University
Press, 2009, p. 389-409. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DEHSEN,
Christian D. Von (ed.). <i>Philosophers and Religious
Leaders</i>. Phoenix: Oryx Press, 1999, p. 90. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GARDNER,
Martin. <i>Fads and Fallacies in the Name of
Science</i>. New York: Dover Publications, 1957.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">________________
<i>The New Age: Notes of a Fringe Watcher</i>.
Buffalo: Prometheus Books, 1991, p. 246-51. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">HUBBARD,
L. Ron. <i>Dianetics: The Modern Science of
Mental Health.</i> Los Angeles: Bridge Publications, (1956), 2007 . <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">________________ Scientology:
The Fundamentals of Thought</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">. Los Angeles: Bridge Publications, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LALICH,
Janja A. <i>Bounded Choice: True Believers
and Charismatic Cults</i>. Berkeley: University of California Press, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LEWIS,
James R. (ed.) <i>Scientology</i>.
London/New York: Oxford University Press, 2009.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MANCA,
Terra. <i>L. Ron Hubbard’s Alternative to
Bomb Shelter: Scientology’s Emergence as a Pseudo-Science during the 1950s</i>.
Journal of Religion and Popular Culture, vol. 24, nr. 01, Spring 2012, p. 80. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MELTON,
J. Gordon. <i>Birth of a Religion</i> em <i>Scientology</i>. James R. Lewis (ed.).
London/New York: Oxford University Press, 2009, p. 17-34. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MOORE,
R. Laurence. <i>Selling God: American
Religion in the Marketplace of Culture.</i> London/New York: Oxford University
Press, 1995, p. 259s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RICHARDSON,
James T. <i>Scientology in Court: A Look at
Some Major Cases from Various Nations </i>em <i>Scientology</i>. James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford
University Press, 2009. P. 283-94. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROBINSON,
Jennifer. <i>Scientology (The Church of
Scientology)</i> em <i>Odd Gods: New
Religions and Cults Controversy.</i> James R. Lewis (ed.). Amherst: Prometheus
Books, 2001, p. 379-82. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROTHSTEIN,
Mikael. <i>Science and Religion in the New
Religions</i> em <i>The Oxford Handbook of
New Religious Movements.</i> James R. Lewis (ed.). London/New York: Oxford
University Press, 2004, p. 99-118 e 427-31. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SINGER,
Margaret Thaler. <i>Cults in Our Midst: The
Continuing Fight Against Their Hidden Menace.</i> San Francisco: Jossey-Bass,
2003, p. 199s e 352s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">STEIN,
Stephen J. <i>Alternative American Religions</i>.
London/New York: Oxford University Press, 2000, p. 134s. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">URBAN,
Hugh B. <i>The Church of Scientology: A
History of a New Religion. </i>Princeton: Princeton University Press, 2011. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_______________
<i>The Occult Roots of Scientology? Aliester
Crowley and the Origins of a Controversial New Religion</i> em <i>Aliester Crowley and Western Esotericism.</i>
Henrik Bogdan and Martin P. Starr (eds.). London/New York: Oxford University
Press, 2012, p. 335-67.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Websites:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Opeation Clambake: </span><a href="http://www.xenu.net/"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.xenu.net/</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
The Secrets of Scientology: </span><a href="http://www.cs.cmu.edu/~dst/Secrets/"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.cs.cmu.edu/~dst/Secrets/</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 36.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: -36.0pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Carroll,
R. T. (n.d.). Dianetics - Scientology - The Skeptic's Dictionary Skepdic.com. </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "ヒラギノ角ゴ Pro W3";">skepdic.com</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.
Retrieved June 25, 2013, from </span><a href="http://www.skepdic.com/dianetic.html"><span style="color: #000099; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.skepdic.com/dianetic.html</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-70019535286125741502013-04-18T09:39:00.002-07:002014-03-05T11:26:09.221-08:00|ESTUDO| A Bibliolatria dos Sikhs por seu "Livro-guru"<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">por Octavio da Cunha Botelho</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span><br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</span><br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/a-bibliolatria-dos-sikhs-por-seu-livro-guru/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/a-bibliolatria-dos-sikhs-por-seu-livro-guru/</a>)</div>
</div>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-vRDKRASjdT8/UXAVJ33WWqI/AAAAAAAABIk/Lr9qLvVdQt8/s1600/golden-temple-500.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-vRDKRASjdT8/UXAVJ33WWqI/AAAAAAAABIk/Lr9qLvVdQt8/s320/golden-temple-500.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O <i>Harimandir Sahib</i>, mais conhecido como <i>Golden Temple</i>, o <br />
principal <i>gurdwara</i> (templo) <i>sikh</i>, com o <i>Akal Takht</i> ao fundo,<br />
situados em <i>Amritsar</i>, no <i>Punjab</i>, Índia</td></tr>
</tbody></table>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Se alguns acham que a admiração dos
cristãos pela Bíblia é exagerada, certamente reconhecerão que esta não é tanta
após conhecer a fanática adoração dos <i>sikhs</i>
pelo seu livro sagrado, o <i>Guru Granth Sahib</i>.
O Sikhismo é uma religião pouco conhecida no Brasil, mas já é considerada como
uma das maiores religiões tradicionais da atualidade. Mesmo sendo desconhecida
por aqui, será interessante conhecer este fenômeno de bibliolatria que, até o
ponto que podemos comparar, é o exemplo mais extremista conhecido na história
das religiões. A veneração e o zelo pelo seu livro sagrado são tão grandes, que
algumas circunstâncias chegam a ser cômicas, sobretudo para as pessoas desacostumadas
com os escrúpulos exóticos que cercam a sua adoração. A pompa e o protocolo de
adoração pelo livro são práticas incomparáveis. Enfim, o tratamento é idêntico
ao da veneração de um ídolo ou ao da reverência por um rei. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que é bibliolatria <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> As definições variam de um
dicionário para outro, de modo que aqui a palavra será utilizada no sentido etimológico
da combinação dos termos gregos <i>biblion</i>
(livro) e <i>latreia</i> (adoração),
portanto: adoração a um livro, para diferenciar de bibliofilia (amor ao livro),
este último no sentido de amor aos livros em geral; enquanto bibliolatria é a
veneração pelo conjunto das mensagens de um livro em particular. Trata-se de um
conceito próximo ao de idolatria (adoração a um ídolo), diferenciando-se quanto
ao objeto de adoração. Sendo assim, um colecionador de livros pode ser um
bibliófilo, mas não é um bibliolatra, do mesmo modo que um religioso que venera
fanaticamente um livro sagrado é um bibliolatra, mas não é um bibliófilo. O
fenômeno é mais comum no meio religioso, porém não é generalizado. Existiram
muitas religiões antigas que não possuíram literatura escrita, preservando os
ensinamentos apenas oralmente. Ademais, os místicos em geral (iogues, sufís,
hesicastas, praticantes de Zen, etc.) atribuem menor importância às escrituras,
pois, para eles o mais importante é a experiência obtida das práticas
meditativas.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-oCxBfFuP4FM/UXAbe8S9v1I/AAAAAAAABJA/Kd8D9JqHm3E/s1600/reading_the_torah.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-oCxBfFuP4FM/UXAbe8S9v1I/AAAAAAAABJA/Kd8D9JqHm3E/s320/reading_the_torah.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Leitura da Torá com o uso do <i>yad</i>, a superfície das páginas não<br />
pode ser tocada pelos dedos do leitor.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Portanto, o grau de bibliolatria
varia de uma tradição religiosa para outra, conforme a importância atribuída às
escrituras sagradas. Existem os casos
curiosos de religiões que floresceram, por alguns séculos, em sociedades
culturalmente desenvolvidas, tais como as religiões grega e romana, mas não
possuíram escrituras sagradas. Por outro lado, o Judaísmo e o Cristianismo iniciaram
o registro de seus ensinamentos bem cedo, por isso ficaram conhecidos como
“religiões do livro”. Os judeus e os cristãos são mencionados como “Povos do
Livro” no Alcorão 4:153 e 159, 57:29, 59:01 e 11 (Haleem, 2005: 64-5, 361 e
365-6).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Da mesma maneira que a veneração
pelas escrituras sagradas, as críticas às mesmas também são recebidas de forma
variada nas religiões. Enquanto o Cristianismo já puniu os hereges que ofendiam
a Bíblia, durante o período da Inquisição, e os atuais mulçumanos radicais
perseguem os ofensores do Alcorão, os hindus, por exemplo, sempre foram muito
tolerantes diante das críticas de suas escrituras. Para eles, muito mais grave
do que criticar as escrituras é desrespeitar um costume hindu ou um símbolo
sagrado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O ritual de leitura da Torá <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Quando avaliamos as coisas e as
pessoas em geral, levamos em conta a comparação, ou seja, tomamos um item como
referência para, então, compará-lo com outros e daí avaliarmos. Em outras
palavras, sempre utilizamos um item de referência para avaliar os outros. Sendo
assim, o ritual judeu da leitura da Torá (<i>Kriat
há-Torah</i>), quando comparado com a extravagante veneração dos <i>sikhs</i> pelo seu livro sagrado, o <i>Guru Granth Sahib</i>, não chega a ser um
ato de bibliolatria. Enquanto que, para aqueles que não conhecem as práticas <i>sikhs</i>, e mais ainda para um cético, este
ritual judeu parecerá um exagerado ato de fanatismo por um livro. Enfim, conforme
o item de comparação utilizado, o resultado da avaliação é alterado. Entretanto,
mesmo assim, justifica mencioná-lo aqui, pois, excetuando os <i>sikhs</i>, trata-se da mais zelosa prática
de adoração a uma escritura sagrada que temos conhecimento nas seis grandes
religiões tradicionais (Cristianismo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo, Judaísmo e
Sikhismo) da atualidade. Trata-se de um ritual relativamente cerimonioso para a
leitura da Torá (<i>Kriat ha-Torah</i>) na
sinagoga, o qual acontece nas manhãs e nas tardes do culto de Sábado, nas
manhãs de Segunda Feira e de Quinta Feira, nos festivais, nos dias de jejum e
no mês de <i>Rosh Chodesh</i>. Refere-se à
cerimônia de retirar o rolo do pergaminho da Torá (<i>Sifrei Torah</i>) da sua Arca, da leitura de seus trechos, com uma
entoação especial, e a colocação de volta na Arca. A Torá é guardada numa
escrivaninha ornamentada denominada <i>Aron
Kodesh</i> (Arca), reservada exclusivamente para este fim. Em geral, orações
são entoadas durante este procedimento. Em alguns seguimentos do Judaísmo, o
rolo de pergaminho da Torá (<i>Sifrei Torah</i>)
é erguido diante dos presentes antes da leitura, e em outros seguimentos é
erguido após a leitura.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-V2He0uCZQME/UXAYx175HCI/AAAAAAAABIw/LsxP72tCppc/s1600/images+(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-V2He0uCZQME/UXAYx175HCI/AAAAAAAABIw/LsxP72tCppc/s1600/images+(1).jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O <i>Kriat ha-Torah</i>, o ritual de leitura da Torá</td></tr>
</tbody></table>
Não é qualquer exemplar e critério
de ostentação da Torá que pode ser utilizado no ritual de leitura. O exemplar
da Torá empregado no <i>Kriat há-Torah</i>
geralmente tem dois rolos de pergaminho manuscrito, não pode ser um livro
impresso em gráfica, com dois polos de madeira no interior, para servir de
eixo, e também com dois cabos na parte inferior dos polos, a fim de facilitar o
ato de desenrolar o pergaminho, pois o manuscrito não pode ser tocado pelas
mãos impuras do devoto. Este é guardado em uma capa, geralmente de veludo,
ricamente decorada. Depois de aberto, ele é colocado sobre um suporte, de modo
que fique numa posição semi-vertical e, com isso, seja possível a leitura sem
que os leitores toquem-no. Por não poder ser tocado, o ato de leitura é feito
com a ajuda do <i>yad</i> (uma espécie de
indicador, geralmente de prata), o qual evita que o leitor toque, com o dedo
impuro, a superfície das páginas do pergaminho da Torá tão pura e sagrada para
os judeus (Glinert, 1992: 122). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Sikhismo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A religião não é muito conhecida no
Brasil, mas para a surpresa de muitos, já se tornou a quinta religião com o
séquito mais numeroso no mundo, atrás apenas do Cristianismo, do Islamismo, do
Hinduísmo e do Budismo, portanto na frente até do Judaísmo, bem como
internacionalizada, sobretudo em virtude da diáspora para os países de língua
inglesa (EUA, Reino Unido e Canadá). Os números podem variar conforme a fonte, no
entanto, levantamentos mais recentes revelam um total de 24 milhões de <i>sikhs</i> no mundo, sendo 16 milhões no <i>Punjab</i> indiano, mais 8 milhões no resto
da Índia e no exterior (Singh, 2009: 08). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mesmo não sendo uma religião proselitista,
pois o Sikhismo é uma tradição étnica, o seu séquito tem crescido nos últimos
anos, ao ponto de já ser considerada, pelos estudiosos, como uma das grandes
religiões da atualidade (Shackle, 2002: 70-85 e Nesbitt, 2007: 118-67). Apesar
de ser uma religião étnica, os <i>sikhs</i>
eventualmente aceitam convertidos. Não é muito intelectualizada, portanto não
possui uma teologia complexa como o Cristianismo, o Islamismo ou o Judaísmo,
tampouco uma extensa literatura exegética como o Hinduísmo e o Budismo. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-zU7Vu6dypFE/UXAck7_p8CI/AAAAAAAABJI/3FEKc3DxqqI/s1600/6a00d8341c630a53ef00e54f1da4198834-800wi.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-zU7Vu6dypFE/UXAck7_p8CI/AAAAAAAABJI/3FEKc3DxqqI/s320/6a00d8341c630a53ef00e54f1da4198834-800wi.jpg" height="320" width="270" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem do <i>Guru Nanak Dev</i> (1469-1539), fundador <br />
do Sikhismo</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Sikhismo é uma religião monoteísta fundada no
século XVI e.c. O fundador foi </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Guru Nanak
Dev</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, nascido em uma família da alta casta hindu do </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Punjab</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, Índia, em 1469. Ele foi instruído na tradição hindu por um
mestre da sua aldeia, bem como também frequentou uma escola mulçumana, onde
adquiriu uma quantidade de conhecimento dos ensinamentos islâmicos e alguma
informação sobre as línguas árabe e persa. Por volta da idade de dezesseis
anos, </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Nanak</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> tornou-se um contador na
residência de um importante oficial muçulmano na aldeia de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Sultanapur</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">. Ele reuniu em torno de si um grupo de seguidores que
costumavam banharem-se juntos em um rio antes do amanhecer todos os dias, e se
encontravam em sua casa à noite para cantar canções religiosas que ele tinha
composto. Um dia ele não retornou para casa após o banho matinal. Seus amigos
encontraram suas roupas nas margens do rio e dragaram a água na tentativa de
encontrar seu corpo. Três dias depois, </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Nanak</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
reapareceu. Ele disse: “não há nem hindu nem mulçumano, assim qual caminho devo
escolher? Eu devo seguir o caminho de deus. Deus não é hindu nem muçulmano, e o
caminho que eu sigo é deus”. Mais tarde ele explicou que, durante o tempo em
que estava desaparecido, ele tinha sido levado até a presença de deus, onde ele
tinha recebido uma taça de néctar e uma mensagem de deus para sair pelo mundo
para ensinar a repetição do nome de deus e as práticas da caridade, da
meditação e da adoração.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nanak</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
viajou muito para divulgar sua mensagem religiosa. Ele realizou quatro viagens,
visitando <i>Assam</i> no leste, <i>Sri Lanka</i> no sul, <i>Ladakh</i> e Tibete no norte, e Meca, Medina e Bagdá no oeste. Os
seguidores de <i>Nanak</i> começaram a se
autodenominarem de <i>sikhs</i>
(discípulos). <i>Nanak</i> enfatizava que
havia somente um deus. Embora ele observada a sua revelação como transcendendo
o Hinduísmo e o Islamismo, seus ensinamentos incluíam ideias hindus tais como a
lei do <i>karma</i>, a reencarnação e a
suprema realidade do mundo. Ele reforçava que o único papel de guru era a
necessidade de conduzir as pessoas até deus. Ele estimulava seus seguidores a
meditar, a adorar deus e a cantar hinos de louvor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De acordo com o Sikhismo, o propósito supremo
da religião á a união com deus através de sua presença na alma humana.
Recebendo a graça divina deste modo, os seres humanos ficam livres do ciclo de
nascimentos e renascimentos, e então passa para além da morte para alcançar um
reino infinito e eterno de bem aventurança. O ensinamento de <i>Nanak</i> oferece um claro e simples caminho
para a salvação. Meditando no divino nome, os seres humanos são purificados de
suas impurezas e se tornam aptos a ascender, cada vez mais, até que eles
alcancem a união com o ser eterno. Os <i>sikhs</i>
sustentam que o sofrimento no mundo surge como resultado da separação entre a
humanidade e deus (Lewis, 2001: 239-40). Em suma, o Sikhismo é uma mistura
simplificada de Hinduísmo e Islamismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Mm0DrauG7HM/UXAdOsgJJsI/AAAAAAAABJU/j4NycSxvwP4/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Mm0DrauG7HM/UXAdOsgJJsI/AAAAAAAABJU/j4NycSxvwP4/s320/images.jpg" height="241" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Guru Gobind Singh</i> (1666-1708), o décimo guru, encerrou a<br />
linhagem dos gurus humanos e nomeou o <br />
<i>Guru Granth Sahib</i> como o 11º guru.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Perto do fim da sua vida, </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Nanak</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> assegurou que os seus ensinamentos
não morreriam, mas sobreviveriam e se tornariam uma religião. Ele então indicou
um sucessor, deixando de lado os seus dois filhos, os quais ele considerou
inapropriados para a sucessão. O indicado foi </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Lehna</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, depois batizado de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Guru
Angad Dev</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, quem se tornou o segundo guru da linhagem dos dez gurus </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">sikhs</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, todos eles altamente
reverenciados no Sikhismo, veja a relação abaixo:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1º-
<i>Guru Nanak Dev</i> (1469-1539)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2º-
<i>Guru Angad Dev</i> (1504-1552 e.c.) –
guru 1539-52 e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3º-
<i>Guru Amar Das</i> (1479-1574 e.c.) – guru
1552-74 e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4º-
<i>Guru Ram Das</i> (1534-1581 e.c.) – guru 1574-81
e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">5º-
<i>Guru Arjan Dev</i> (1563-1606 e.c.) –
guru 1581-1606 e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">6º-
<i>Guru Hargobind</i> (1595-1644 e.c.) – guru
1606-44 e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">7º-
<i>Guru Har Rai</i> (1630-1661 e.c.) – guru 1644-61
e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">8º-
<i>Guru Krishan</i> (1656-1664 e.c.) – guru 1661-64
e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">9º-
<i>Guru Tegh Bahadur</i> (1621-1675 e.c.) – guru
1664-75 e.c.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">10º
<i>Guru Gobind Singh</i> (1666-1708 e.c.) –
guru 1675-1708 e.c. (Field, 1914: 09-35; Scott, 1930: 17-33; Lewis, 2001:
240-1; Cole, 2005: 19-43 e Singh, 2009: 34)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esta é a linhagem dos dez gurus humanos da
tradição <i>sikh</i>, pois o 11º guru,
nomeado pelo 10º guru, <i>Gobind Singh</i>,
logo antes da sua morte em 1708 e.c., não é humano, mais sim um livro, o texto
sagrado dos <i>sikhs</i>, o <i>Guru Granth Sahib</i>, o qual passou a ser o
guru eterno (Mann, 2001: 03). Por isso a palavra guru foi acrescida ao título
do livro. Um fato muito excepcional e curioso na história das religiões: um
livro dando prosseguimento a uma linhagem de gurus humanos. Em virtude disto, a
admiração e a adoração dos <i>sikhs</i> pelo
seu “livro-guru” é excepcional e sobrepuja à de qualquer outra religião. O zelo
é tanto que, como será visto mais adiante, poderia ser chamado de bibliolatria.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gurdwara,
</span></i></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">o templo <i>sikh<o:p></o:p></i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-Pli24759NXI/UXAZYXK1svI/AAAAAAAABI8/PkN7ywOkTGk/s1600/720-Takht-Sri-Hazur-Sahib.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-Pli24759NXI/UXAZYXK1svI/AAAAAAAABI8/PkN7ywOkTGk/s320/720-Takht-Sri-Hazur-Sahib.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O interior de um <i>gurdwara</i> (templo <i>sikh</i>)</td></tr>
</tbody></table>
Assim como os judeus têm a sinagoga,
os mulçumanos a mesquita e os cristãos a igreja, os <i>sikhs</i> têm o <i>gurdwara</i>. Este
é o nome dado ao templo <i>sikh</i>. Trata-se
da combinação das palavras na língua <i>punjabi</i>
“<i>gur”</i> (mestre) e “<i>dwara”</i> (portão), portanto “portão para o
mestre” (Singh, 2009: 98). O local onde os <i>sikhs</i>
realizam suas congregações, sobretudo a leitura (em voz alta) do <i>Guru Granth Sahib</i>, bem como as
cerimônias de casamento, de batismo, etc. O que caracteriza o <i>gurdwara</i>, acima de tudo, é a presença do
<i>Guru Granth Sahib</i> no seu interior ou,
mais especificadamente, na posição central do <i>dabar sahib</i> (hall de oração), sobre um <i>takhat</i> (trono) ricamente ornamentado. Nas palavras de W. Owen Cole:
“Um traço determina se um lugar é um <i>gurdwara</i>
ou não, que é a presença do <i>Guru Granth
Sahib</i>, a escritura <i>sikh</i>” (Cole,
2004: 13). Tal como será visto mais adiante, o eterno livro-guru não pode ser
colocado em qualquer lugar e de qualquer jeito, pois existe uma série de
requisitos de ornamentação e de pompa para acolhê-lo. Em suma, o <i>Guru Granth Sahib</i> é o pivô da adoração <i>sikh</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O principal <i>gurdwara</i> é o <i>Harimandir Sahib</i>,
mais conhecido como <i>Golden Temple</i>, na
cidade de <i>Amrtisar</i>, no estado do <i>Punjab</i>, Índia. Sua beleza o transformou
em um dos cartões postais deste país asiático e local de atração de milhares de
turistas. Sem dúvida, uma das mais belas obras da arquitetura sacra do mundo. Enfim,
o Sikhismo está entre as religiões mais fastuosas do mundo (Singh, 2009:
98-108). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O <i>Guru Granth Sahib</i>, o livro-guru<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Ele é a mais alta autoridade
espiritual no Sikhismo e é tratado como se fosse um guru vivo, o qual possui,
invariavelmente, 1430 páginas de extensão e está escrito em versos. É um
extenso livro de poesia rítmica. A rigor, trata-se de uma compilação de hinos e
poesias devocionais dos cinco primeiros gurus, do nono guru, dos poetas <i>sikhs</i> e os <i>Bhagat Bani</i>, das composições dos poetas <i>Kabir</i>, <i>Baba Farid</i> e <i>Ravidas</i>. O texto atravessou um longo
processo de acréscimos, à medida que um guru acrescia as suas composições às
dos gurus anteriores já então canonizadas. A compilação final foi feita pelo
décimo guru <i>Gobind Singh</i>, em 1708
e.c. (Cole, 2004: 78). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Antes do estabelecimento deste livro
como o 11º guru, o texto se chamava <i>Adi
Granth</i> (Livro Original). <i>Gobind Singh</i>,
após fazer mais uns acréscimos e decretá-lo o 11º guru, colocando então um fim
à linhagem humana dos gurus <i>sikhs</i>,
denominou o livro de <i>Guru Granth Sahib</i>
(Livro do Deus Mestre), assim, com esta decisão inusitada, elevou o status do <i>Adi Granth</i> de mero livro sagrado para o
de livro-guru. Parece que o nome anterior de <i>Adi Granth</i> foi dado pelo 5º guru <i>Arjan Dev</i>, o qual foi o primeiro grande compilador, nos anos de
1603-4, quando compilou os hinos dos gurus anteriores. O que o levou a se
apressar na compilação de uma versão canonizada foi o fato seu pai, o guru <i>Ram Das</i>, o quarto guru, ter excluído
seus dois filhos mais velhos e escolhido seu filho mais novo, <i>Arjan</i>, como sucessor. Porém, aconteceu
que, o irmão mais velho de <i>Arjan</i> e
seu filho estavam compondo hinos em nome de <i>Guru
Nanak</i>. Então, <i>Arjan</i> temeu que as
composições de seus predecessores fossem confundidas e, daí se apressou em
compilar uma versão autorizada do <i>Adi
Granth</i>, o qual mais tarde se chamaria <i>Guru
Granth Sahib</i> (Singh, 2009: 39). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-wWpLsm_2MfE/UXAXaNCVC8I/AAAAAAAABIs/tiXM858onmM/s1600/IMG_5142-790826.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-wWpLsm_2MfE/UXAXaNCVC8I/AAAAAAAABIs/tiXM858onmM/s320/IMG_5142-790826.JPG" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O <i>Guru Granth Sahib</i>, o livro-guru dos <i>sikhs</i>, tem que ter<br />
rigorosamente 1.430 páginas e é publicado por uma única<br />
gráfica no mundo</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Este livro-guru reúne mais de 5.200
hinos e mais de 400 dísticos (versos com duas linhas) de autoria dos gurus </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">sikhs</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, dos santos-poetas e dos sufís
islâmicos. As contribuições estão distribuídas da seguinte maneira: </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nanak
</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">974 hinos; </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru Angad</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> 62 hinos; </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru Amar Das</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> 907 hinos; </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru Ram Das</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> 638 hinos; </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru Arjan</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> 2.218 hinos; </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru Tegh Bahadur</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> 59 hinos e mais 56 dísticos
(versos em duas linhas) acrescentados por </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru
Gobind Singh</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">. Os santos-poetas contribuíram com 409 hinos e 373 dísticos, os
sufís islâmicos com um número bem menor. O principal colaborador entre os
santos-poetas foi o poeta </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Kabir</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> com
292 hinos e 243 dísticos (Singh, 2009: 39). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A língua na qual está registrado o <i>Guru Granth Sahib</i> é uma mistura de
dialetos falados no norte da Índia no período medieval, cujo nome é <i>Sant Bhasha</i> (Língua Sagrada). Gurinder
Singh Mann explica que “é uma espécie de língua franca usada pelos
santos-poetas medievais do norte da Índia”. E continua: “Mas, o amplo horizonte
de colaboradores ao texto produziu uma complexa mistura de dialetos regionais.
Os gurus <i>sikhs</i> usaram a língua <i>punjabi</i> em muitos de seus hinos, mas,
tal como os outros colaboradores, eles também usaram elementos do <i>Apabhramsha</i> (um dialeto tardio do
sânscrito), a <i>Braj Bhasha</i> (a língua
da região <i>Braj</i> em trono de <i>Mathura</i>), a <i>Hindi</i> (a língua falada em <i>Delhi</i>)
e uma <i>punjabi</i> fortemente influenciada
pela língua persa. Tudo isto faz do <i>Adi
Granth</i> (depois denominado <i>Guru Granth
Sahib</i>) um rico repertório de dialetos que eram prevalecentes no norte da
Índia medieval” (Mann, 2001: 05). Quanto ao alfabeto, no qual esta língua foi
registrada no <i>Guru Granth Sahib</i>, G.
Singh Mann esclarece: “Desde o início, os manuscritos <i>sikhs</i> foram registrados em uma escrita distinta, a <i>Gurumukhi</i> (literalmente, ‘da boca do
guru’), a qual contêm trinta e cinco letras. A escrita já existia numa forma
elementar antes que os <i>sikhs</i>
apropriassem dela para registrar seus escritos e, durante o processo,
modificaram as formas de diversos de seus caracteres e desenvolveram um
complexo sistema para o seu uso. Os <i>sikhs</i>
atribuem a ela um alto grau de santidade. Para <i>Guru Nanak</i>, o status da <i>Gurumukhi</i>
para os <i>sikhs</i> corresponde a aquele da
árabe e da <i>Devanagari</i>, as escritas
sagradas dos mulçumanos e dos hindus respectivamente” (Mann, 2001: 05). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A leitura do livro-guru dos <i>sikhs</i> é tão estimada, que existe um
cargo especial para tal tarefa, o <i>Granthi</i>
(leitor, o qual às vezes exerce também a função de zelador da <i>Gurdwara</i>). Diferente de outras religiões
tradicionais, qualquer pessoa pode lê-lo e ser um <i>granthi</i> (leitor) do <i>Guru
Granth Sahib</i>, inclusive mulheres (Cole, 2004: 13). A leitura é feita em voz
alta, em ritmo melodioso e acompanhada de instrumentos musicais, portanto,
estritamente falando, o livro não é apenas lido em voz alta, mais sim cantado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O zelo na publicação do <i>Guru Granth Sahib</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O cuidado dos <i>sikhs</i> pela preservação da fidelidade da redação do seu livro-guru
sagrado é tão minucioso, que a tarefa de publicá-lo é uma exclusividade da
comunidade <i>sikh</i>. Ninguém pode traduzi-lo
ou editá-lo sem a expressa autorização do Parlamento dos <i>Sikhs</i> (<i>Shiromani Gurdwara
Parbandhak Committee-SGPC</i>), um órgão responsável pela administração dos <i>gurdwaras</i> (templos <i>sikhs</i>) e por outros assuntos da comunidade <i>sikh</i>. Não é como a Bíblia, cuja publicação é feita por centenas de
editoras cristãs espalhadas pelo mundo. Ao contrário, só existe uma editora oficial
do <i>Guru Granth Sahib</i>, a qual funciona
no interior do <i>Gurdwara Ramsar Sahib</i>,
<i>Amrtisar</i>, Índia, embora a ocorrência
de publicações clandestinas seja flagrante, inclusive na Internet. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Z3DgNKPiP_0/UXAfkPMGEMI/AAAAAAAABJY/pNyHpoFCGqA/s1600/428264_317121751679658_1707107803_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Z3DgNKPiP_0/UXAfkPMGEMI/AAAAAAAABJY/pNyHpoFCGqA/s320/428264_317121751679658_1707107803_n.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O <i>Guru Granth Sahib</i> sendo carregado sobre a cabeça, durante<br />
o ritual de cremação do livro (<i>Agan Bhet Seva)</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Toda edição tem que ter exatamente 1.430
páginas, qualquer publicação diferente deste número é considerada ilegítima. No
caso de defeito de páginas durante o processo de impressão, parece
inacreditável, mas a admiração pelo livro é tamanha que, os responsáveis pela
publicação realizam uma cerimônia de cremação, conhecida como <i>Agan Bhet Seva</i>, para as páginas
danificadas, ou seja, aquelas rejeitadas que não serão aproveitadas, uma vez
que as páginas danificadas não podem ser descartadas desrespeitosa e
informalmente, em virtude da sacralidade do livro, daí a necessidade de uma
cerimônia de cremação para as páginas descartadas. Esta cerimônia também é
efetuada no caso de exemplares envelhecidos que precisam ser desfeitos. Isto é
o que se pode chamar de admiração extremada por um livro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O cuidado com a preservação da redação é
também rigoroso, nada pode ser alterado ou omitido no texto, quer seja nas
frases, nas palavras, na pontuação, na gramática, no significado, tampouco a
troca por sinônimos sem a autorização do SGPC (Mann, 2001: 125-9). A reprodução
precisa ser rigorosamente idêntica. Alterações, só com a autorização do SGPC. Todo
este cuidado para manter a originalidade do texto. Entretanto, apesar de todo
este rigor, algumas poucas traduções já foram autorizadas pelo SGPC (Cole,
2004: 83-5). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A bibliolatria pelo
livro-guru<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A admiração e o zelo dos <i>sikhs</i> pela sua escritura sagrada são
incomparáveis, não existe paralelo na história das religiões. Todo devoto deve
aproximar-se ao <i>Guru Granth Sahib</i> com
a cabeça coberta e os pés descalços, bem como curvar-se, em algumas ocasiões tocando
a testa no chão, em sinal de reverência. Quer num <i>gurdwara</i> publico ou doméstico, o livro tem de ser colocado numa
posição central, na qual permaneça como o principal objeto de veneração no
templo. Não pode ser colocado num local onde exista um piso superior, pois ninguém
poder caminhar acima do livro sagrado, portanto <i>gurdwaras</i> (público e doméstico) não podem funcionar em prédios e em
sobrados. Durante os cultos, todos os devotos, exceto o <i>granthi</i> (leitor), devem permanecer sentados no cão, uma vez que ninguém
pode permanecer com a cabeça numa altura superior a do livro sagrado. Assim também,
quando está sendo transportado, o mesmo tem que ser levado sobre a cabeça em cima
de um pano de seda (<i>rumala</i>) ou de uma
almofada, pois, do mesmo modo, o livro não pode permanecer abaixo das cabeças
dos devotos. </span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-XZ5FziXfWnE/UXAhCe41lXI/AAAAAAAABJg/DUO4YA9bpsM/s1600/The+Takht+where+the+Guru+Granth+Sahib+is+kept.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-XZ5FziXfWnE/UXAhCe41lXI/AAAAAAAABJg/DUO4YA9bpsM/s320/The+Takht+where+the+Guru+Granth+Sahib+is+kept.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Luxuoso <i>Takht</i> (trono) que abriga o <i>Guru Granth Sahib</i> no <br />
interior de um <i>gurdwara </i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Ademais, no interior do </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gurdwara</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, o livro-guru não pode ser
colocado em qualquer lugar e de qualquer jeito, pois existe uma série de exigências,
zelos e protocolos para a sua instalação e o seu uso. O livro sagrado é
colocado no centro da </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gurdwara</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, com todos
os atributos de realeza, sobre uma luxuosa plataforma (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">manji sahib</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), também denominada de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">takht</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (trono), coberta por um ornamentado dossel (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">palki sahib</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), este último cercado por ricas
cortinas dos quatro lados e, então o livro-guru é colocado sob um luxuoso pano
de seda (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">rumala</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), para protegê-lo do
calor, da poeira e da poluição, quando não está sendo lido. Durante o ato de leitura do </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Guru Granth Sahib</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> em cerimônias
públicas, um devoto abana o livro com um abanador (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">chaur</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) para limpar o ar e protegê-lo de insetos e da poeira. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em geral o culto <i>sikh</i> termina com a abertura ao acaso do
livro-guru em uma página e a leitura do hino encontrado no topo da página
esquerda que foi aberta, esta prática é denominada <i>hukam</i>, e tem um significado oracular. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Zelo e protocolos que devem
ser observados diante do livro-guru<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l1 level1 lfo2; text-indent: -18.0pt;">
<br />
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">a)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
o oficiante do culto ao <i>Guru Granth Sahib</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
A cabeça deve permanecer coberta o tempo todo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Os sapatos devem permanecer no lado de fora do salão de culto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Observar padrões básicos de higiene<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Se o oficiante tiver que ir ao <i>toilet,</i>
terá de banhar-se e trocar de roupa antes de retornar para a continuação do
culto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Quando estiver lendo o livro sagrado, o <i>granthi</i>
(leitor|) deve cobrir a boca, com um fino pano, para não lançar saliva sobre o
mesmo<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Não pode beber e comer durante o culto<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Não se pode fazer conversas paralelas durante o culto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">b)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando
estiver na proximidade do livro-guru<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
A cabeça deve estar coberta<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Os sapatos removidos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Quando o livro sagrado passar, deve-se demonstrar respeito e reverência<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">c)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
ambiente</span></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">- -O
livro-guru deve ser colocado sempre em um cômodo separado, bem ventilado e
independente</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O chão, as paredes e o teto devem estar limpos e lavados, bem como decorados<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O livro sagrado deve ser colocado em uma <i>manji
sahib</i> (plataforma luxuosa) ou num <i>takht</i>
(trono)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Um dossel <i>(palki sahib</i>) deve sempre ser
colocado sobre o livro-guru<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Um pano apropriado deve ser colocado no trono (<i>takht</i>) do livro, no verão, um pano fino, no inverno, um pano mais
quente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">d)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
transporte<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O livro-guru só pode ser transportado sobre a cabeça<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Quando transportado, cinco servidores (<i>singhs</i>)
acompanham o livro-guru.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Estes servidores (<i>singhs</i>) devem
permanecer descalços<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Um dos servidores deve abanar (<i>chaur
sahib seva</i>) o livro-guru<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Outro servidor deve ir à frente espargindo água ou pétalas de flores molhadas
sobre o livro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O servidor (<i>singh</i>) principal, o qual
carrega o livro, deve colocar um pano de seda (<i>rumala</i>) sobre o turbante antes de cuidadosamente colocar o livro-guru
sobre sua cabeça. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
A todo o momento o livro-guru deve estar coberto com uma <i>rumala</i> (pano de seda)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Os outros dois servidores cantam ao lado do servidor principal, um do lado esquerdo
e o outro do lado direito<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Durante o trajeto, gongos e outros instrumentos musicais devem ser tocados, ou
a entoação de cantos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Quando transportado de carro, carregar o livro-guru sobre a cabeça ou no colo,
em cada caso, um limpo <i>rumala</i> deve
ser colocado abaixo do livro<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 18.0pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoListParagraph" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">e)<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outras
regras<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O livro-guru nunca deve ser guardado em armários e em guarda-louças<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Ninguém deve se sentar acima da altura de onde o livro-guru está instalado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
À noite, o livro-guru deve ser colocado numa cama separada ou num pequeno dossel
independentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Obras
consultadas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">COLE,
W. Owen. <i>Understanding Sikhism</i>.
Edinburgh: Dunedin Academic Press, 2004. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CUNNINGHAN,
Joseph Davey. <i>A History of the Sikhs:
From the Origin of the Nation to Battles of the Sutlej.</i> Humphrey: Oxford
University Press, 1918. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">FIELD,
Dorothy. <i>The Religion of the Sikhs</i>.
London: John Murray, 1914. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GLINERT,
Lewis. <i>The Joy of Hebrew</i>. London/New
York: Oxford University Press, 1992, p. 122.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">HALEEM,
M. A. S. Abdel. <i>The Qur´an</i>. London/New
York: Oxford University Press, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LEWIS,
James R. <i>Odd Gods; New Religions and the
Cult Controversy</i>. Amherst: Prometheus Books, 2001, p. 239-56. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MACAULIFFE,
Max Arthur. <i>The Sikh Religion: Its Gurus,
Sacred Writtings and Authors </i>(6 volumes). Oxford: Clarendon Press, 1909. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MANN,
Gurinder Singh. <i>The Making of Sikh Scripture</i>.
London/New York: Oxford University Press, 2001. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MCLEOD,
W. H. <i>Discord in the Sikh Panth</i> em <i>The Journal of the American Oriental
Society,</i> vol. 119, issue 03, July-September 1999, p. 381. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">NESBITT,
Eleanor. <i>Sikhism</i> em <i>Ethical Issues in Six Religious Traditions</i>.
Peggy Morgam and Clive Lawton (eds.). Edinburgh: Edinburgh University Press,
2007, p. 118-67.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SCOTT,
George Batley. <i>Religion and Short History
of the Sikhs: 1469 to 1930.</i> London: The Mitre Press, 1930. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SHACKLE,
Christopher. <i>Sikhism</i> em <i>Religion in the Modern World: Traditions and
Transformations</i>. Linda Woodhead et. al. (eds). London: Routledge, 2002, p.
70-85.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SINGH,
Nikky-Guninder Kaur. <i>Sikhism</i>. New
York: Chelsea House Publishers, 2009.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Website:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
<i>Guru Granth Sahib</i> em inglês: </span><a href="http://www.sacred-texts.com/skh/granth/index.htm">http://www.sacred-texts.com/skh/granth/index.htm</a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-72450086410467500552013-03-28T14:48:00.001-07:002014-03-05T11:43:44.624-08:00|ESTUDO| Jesus na Índia, uma Breve Análise das Fontes<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">por Octavio da Cunha Botelho</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<div style="text-indent: 0px;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/jesus-na-india-uma-breve-analise-das-fontes/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/jesus-na-india-uma-breve-analise-das-fontes/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-qDtbnoCe35A/UVSsz41odRI/AAAAAAAABDs/VQdstKgvJpc/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-qDtbnoCe35A/UVSsz41odRI/AAAAAAAABDs/VQdstKgvJpc/s1600/download.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O santuário <i>Roza Bal</i> em <i>Srinagar</i>, na Caxemira,<br />
onde está sepultado <i>Yuz Asaf</i>, quem a tradição<br />
local e alguns autores identificam com Jesus</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A vida de Jesus sem a crucificação e,
consequentemente, sem a ressurreição, é algo inconcebível para a tradição cristã,
ou melhor, mais do que isto, uma remoção da base da doutrina do Cristianismo, a
qual foi construída a partir do crucial milagre da ressurreição, que está bem no
coração da fé cristã. No entanto, não era assim nos primeiros anos do
Cristianismo, quando diferentes correntes exegéticas disputavam a hegemonia
ideológica da nova crença. Os gnósticos, com base no que é possível perceber a
partir dos textos remanescentes e dos descobertos, por exemplo, não davam tanta
importância para os fenômenos da crucificação e da ressurreição, tal como
faziam os seguidores da corrente que se tornaria ortodoxa mais tarde, pois para
eles, Jesus era mais um sábio do que um salvador, portanto a sua sabedoria era
mais importante que os milagres e o fenômeno da ressurreição. Os textos gnósticos
compostos no momento das aparições de Jesus após a morte não são para provar
que ele alcançou o fantástico milagre de renascer entre os mortos, tal como o
Cristianismo ortodoxo entende, mas sim para transmitir ensinamentos numa
sublimidade que nenhum outro era capaz. Enfim, para os gnósticos as instruções
são mais importantes que os milagres da ressurreição e das aparições póstumas.
Um exemplo é o <i>Pistis Sophia</i>, um extenso
texto gnóstico no qual Jesus transmite ensinamentos aos discípulos durante uma
aparição após a morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Assim, o estudo abaixo trata de uma versão da
vida de Jesus que desmorona todo o edifício da tradicional fé cristã, erguido,
após muita luta e sangue, sobre os alicerces da crucificação e da ressurreição
de Jesus, ou seja, a hipótese de que ele não tenha morrido na cruz, daí a magnitude
da polêmica entre os religiosos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O ímpeto fantasioso<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O ímpeto pela fantasia é tão incontido nos
religiosos que o processo de composição de novas lendas e mitos não tem fim,
bem como o resgate de antigas lendas perdidas continua a atrair a curiosidade
de muitos. Mesmo numa época predominantemente secular, tal como o século XX, novos
relatos fantasiosos sobre as antigas religiões e seus líderes foram criados com a
receptividade dos curiosos, sobretudo daqueles que procuram versões
alternativas que, supostamente, preencham lacunas deixadas pelas grandes
religiões tradicionais. No Ocidente, este interesse é alimentado, sobretudo, pelos
esoteristas, pelos teósofos, pelos rosa-cruzes, pelos <i>new agers</i> e por outros, os quais estão sempre abertos e ávidos por
novas revelações, por novos achados e por novas interpretações que satisfaçam os
seus apetites por esclarecimentos suplementares ausentes nas religiões
tradicionais, não importando, na maioria das vezes, o quão fantasiosa a nova revelação
possa ser. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com respeito ao Cristianismo, a continuidade
do aparecimento de novos relatos, sobre a vida e os ensinamentos de Jesus,
recebeu os nomes de “apócrifos modernos” ou de “boatos bíblicos” (Goodspeed,
1956). Se estas denominações são procedentes ou não, trata-se de um assunto
discutível. A literatura sobre estas novas revelações e descobertas é extensa,
de modo que o breve estudo abaixo se limitará aos recentes textos sobre a
viagem e a estadia de Jesus na Índia.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-ilhlF7X34wU/UVSu_KsXPuI/AAAAAAAABD0/C9uVN0lGbtg/s1600/jesuindl.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ilhlF7X34wU/UVSu_KsXPuI/AAAAAAAABD0/C9uVN0lGbtg/s320/jesuindl.jpg" height="244" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gravura reproduzindo Jesus no interior de um templo hindu</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O assunto nunca foi seriamente encarado pelos
acadêmicos. Com isso, não temos literatura acadêmica, apenas breves avaliações
e comentários desaprovadores por estudiosos, os quais não se deram ao
trabalho de aprofundar na questão. Porém, mesmo assim, será interessante tratar
deste assunto aqui, pois embora não seja de interesse acadêmico, provoca muito
reboliço na mídia e na população. Veja os exemplos do alvoroço provocado por
filmes como a <i>Última Tentação de Cristo </i>(1988)<i> </i>e <i>O
Códico Da Vinci</i> (2006), ambos a partir de livros, duas obras que tratam da
sobrevivência de Jesus à crucificação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A lacuna nos evangelhos
canônicos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Os quatro textos oficiais omitem o
relato da vida de Jesus dos 12 aos 30 anos de idade. No máximo, o Evangelho de Lucas apenas menciona
que ele foi levado ao templo na idade de 12 anos (Lucas 2:41), mais adiante é
afirmado que ele inicia seu ministério na idade de cerca de 30 anos (Lucas
3:23), portanto um salto de 18 anos. Existem alguns evangelhos apócrifos da
infância, porém nada foi registrado da sua adolescência e do início da sua vida
adulta. Esta lacuna deixa a curiosidade
em saber da vida do nazareno durante este período. Os relatos sobre as suas
viagens durante este período, sobretudo à Índia, são contestadas pelos
oponentes com base em um episódio, nem tão esclarecedor, narrado nos evangelhos
de Marcos e de Mateus, quando Jesus está iniciando seu trabalho de pregação e é
visto por conterrâneos que se surpreendem com o seu discurso, então proferem a
indagação: “Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria...”? (Marcos 6:03 e
Mateus 13:53). Existe uma diferença na redação destas duas passagens, na de Marcos,
Jesus é mencionado como o ‘carpinteiro’ (gr: <i>tekton</i>; lat: <i>faber</i>),
enquanto na de Mateus, é mencionado como o ‘filho do carpinteiro’ (gr: <i>tektonos</i> <i>uios</i>; lat: <i>fabri filius</i>).
A alegação dos contestadores das viagens é que Jesus permaneceu em sua cidade,
trabalhando como carpinteiro, durante este período, por isso a familiaridade de
seus conterrâneos e a surpresa pela sua pregação. No entanto, a indagação dos
conterrâneos não é suficiente para assegurar a sua invariável permanência, pois
a frase “filho do carpinteiro” (<i>tektonos
uios</i>) deixa uma margem para o fato de Jesus ser conhecido apenas como o filho
de José, o carpinteiro, e não ter sido um carpinteiro de profissão, bem como a
possibilidade de ter estado fora da região por algum período, portanto não
trabalhou o tempo todo como carpinteiro em sua cidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os anos perdidos e a
sobrevivência à crucificação<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O período da vida de Jesus omitido
nos relatos bíblicos é conhecido como “os anos perdidos” ou “os anos
desconhecidos” (Notovitch, 1916; Dowling, 1947; Prophet, 1987; Kerster, 2001 e
Ahmad, 2003), isto é, a fase dos 12 aos 30 anos, quando alguns autores alegam
que o nazareno esteve com os essênios, ou visitou a Bretanha, ou viajou pelo
Oriente (Índia, Tibete, Egito, Pérsia, Grécia, Japão, etc.), aprendendo com os
sábios ou ensinando ao povo. Outra alegação é a de que ele não morreu na cruz
(Alcorão 4:157 e Ahmad, 2003: 57-62), sendo então substituído por outra pessoa
no momento da crucificação, a qual foi crucificada em seu lugar, ou também, sobreviveu
à crucificação, não chegando a morrer, mas apenas sofreu um desmaio (Ahmad,
2003: 17), este último caso é conhecido como “hipótese do desmaio”. Então, em seguida,
partiu em viagem para o Oriente, onde faleceu nestas terras distantes em idade
avançada (Ahmad, 2003: <i>passim</i>), ou até
mesmo que Jesus visitou as regiões orientais tanto na sua juventude como depois
da sobrevivência à crucificação (Kersten, 2001). Os mórmons acreditam que Jesus
realizou aparições na América depois da sua morte. Dentre todas estas
especulações, o estudo aqui se limitará à hipótese de sua viagem à Índia, do
contrário este estudo se tornaria muito extenso, em vista do grande número de relatos
delirantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O despertar do interesse<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-J-TxqnIcl5A/UVSvZRTZmsI/AAAAAAAABD8/VTbG5vuejpo/s1600/16462180-historic-hemis-monastery-in-ladakh-india.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-J-TxqnIcl5A/UVSvZRTZmsI/AAAAAAAABD8/VTbG5vuejpo/s320/16462180-historic-hemis-monastery-in-ladakh-india.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O mosteiro de <i>Hemis</i>, <i>Ladak</i>, Caxemira, onde Notovitch <br />
alegou ter anotado a tradução do manuscrito de <i>A Vida</i><br />
<i>Desconhecida <span style="line-height: 115%;">de Jesus.</span></i></td></tr>
</tbody></table>
O assunto acima estava adormecido
até 1887, quando o jornalista russo Nicolas Notovitch, durante uma viagem à
Índia, visitou a região do <i>Ladak</i>, no
estado da Caxemira, Índia, onde predomina a cultura do Budismo Tibetano, por
isso o <i>Ladak</i> é apelidado de “Pequeno
Tibete”. Após uma fratura na perna, ele teve de ser assistido por monges do
mosteiro budista de <i>Hemis</i>, nesta
região, fato que lhe obrigou a estender sua permanência. Na ocasião, ele foi
informado da existência de um manuscrito desconhecido com o nome de “A Vida do
Santo <i>Issa</i>, o Melhor dos Filhos do
Homem” guardado na biblioteca deste mosteiro. <i>Issa</i> é o nome atribuído a Jesus no Alcorão (3:45 e 5:75). Então,
com a ajuda de um intérprete, anotou as traduções para, assim, publicá-las depois
em Paris com o título de “<i>La Vie Inconneu
de Jésus Christ</i>” (A Vida Desconhecida de Jesus Cristo), em 1894. A edição
inglesa apareceu logo em seguida, com o nome de “<i>The Unknown Life of Jesus Christ</i>”, em 1895 (Notovitch, 1916: 08-9).
O livro, certamente, provocou um alvoroço no meio intelectual. As opiniões se
dividiram entre os que acreditaram na publicação de Notovitch e os que
perceberam nela uma fraude. O primeiro a contestar foi o então prestigiado
orientalista F. Max Müller, no jornal inglês <i>The Nineteenth Century</i>, em Outubro de 1894, onde ele denunciou a
descoberta de Notovitch como uma fraude, bem como suspeitou até mesmo da visita
deste jornalista russo ao mosteiro de <i>Hemis</i>
no <i>Ladak</i> (Kerster, 2001: 10). Outro
ataque, desta vez de um professor do <i>Government
College</i> de <i>Agra</i>, Índia, J.
Archibald Douglas, cuja visita ao <i>Ladak</i>
em 1895, o levou a investigar a autenticidade da descoberta de Notovitch. Seu
relato foi publicado em Abril de 1896 no <i>Orientalischen
Bibliografie</i> com o título de “Documentos provam a fraude de Notovitch”.
Outra publicação do <i>The Nineteenth
Century</i>, em 1896, contém a afirmação de J. A. Douglas, durante sua visita
ao mosteiro <i>Hemis</i>, de que o abade, ao
conhecer a publicação de Notovitch, respondeu que “tudo era mentira” (Kerster,
2001: 11). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em 1956, Edgar J Goodspeed usou o
primeiro capítulo de seu livro <i>Famous
Biblical Hoaxes or Modern Apocrypha </i>(Famosos Boatos Bíblicos ou Apócrifos
Modernos) para demonstrar a fraude de Nicolas Notovitch. Mais recentemente, o
conhecido e dedicado pesquisador bíblico Bart D. Ehrman escreveu: “Hoje não há
um único pesquisador reconhecido no planeta que tenha dúvida sobre a matéria. A
história inteira foi inventada por Notovitch, que ganhou muito dinheiro e uma
substancial soma de notoriedade por seu boato” (Ehrman, 2011: 282-3). Para James R. Lewis, tudo é uma forja (Lewis, 2003: 79s). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Por outro lado, Nicolas Notovitch
também teve defensores, naturalmente da parte de um esoterista, de um místico,
e de uma que se autoproclamava vidente (Kersten, 2001: 01-18; Abhedananda, 1987
e Prophet, 1987: 92-120 respectivamente). Enfim, somente estas modalidades de
pessoas acreditaram em Notovitch. O fato é que, o manuscrito, do qual Notovich
retirou suas anotações traduzidas, nunca foi mostrado publicamente, nem sequer
uma cópia, sendo assim, nunca foi entregue para o escrutínio de pesquisadores
acadêmicos com conhecimento em Crítica Textual e em Filologia, para a avaliação
da sua autenticidade, do seu significado e da sua credibilidade como documento
histórico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“A Vida Desconhecida de
Jesus Cristo” de Nicolas Notovitch<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Agora, deixando de lado a questão se
a publicação de Notovitch é autêntica ou uma fraude, ou seja, se o tal manuscrito
realmente existe, se ele esteve no mosteiro de <i>Hemis</i>, se o tal manuscrito lhe foi mostrado, se ele de fato anotou
as traduções ditadas pelo tradutor, etc., uma vez que a dúvida não foi
esclarecida até hoje, a análise do próprio conteúdo da publicação poderá ser
mais útil para o julgamento da autenticidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-PlvBgqkhMPg/UVSwfHqHLVI/AAAAAAAABEE/nRcA0VISzfo/s1600/jesus3.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-PlvBgqkhMPg/UVSwfHqHLVI/AAAAAAAABEE/nRcA0VISzfo/s320/jesus3.jpg" height="320" width="215" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Nicolas Notovitch despertou o interesse<br />
pela hipótese da viagem de Jesus à Índia</td></tr>
</tbody></table>
Notovitch afirmou que a sua
publicação de “A Vida Desconhecida de Jesus Cristo” não é uma tradução integral
do manuscrito que lhe foi mostrado no mosteiro de <i>Hemis</i>, mas sim uma coletânea de notas que ele efetuou conforme o
tradutor lhe foi ditando. Estas anotações em algumas passagens coincidem e em
outras divergem dos relatos do Antigo e Novo Testamentos. Com respeito a Jesus,
chamado de <i>Issa</i> neste texto, ele já
era um admirado pregador na idade de treze anos, quando sua casa era
frequentada por ricos e nobres, os quais disputavam o jovem <i>Issa</i> (Jesus) como genro (Notovitch,
1916: 106-7). Mas <i>Issa</i> não se
interessou por este destino e, clandestinamente, deixou a casa dos pais para,
na companhia de mercadores, viajar em direção a <i>Sindh</i> (Índia), para “se aperfeiçoar na divina palavra e estudar as
leis dos grandes Budas” (idem, p. 107). Chegando lá, ele primeiro esteve com os
adoradores do deus <i>Jaina</i> (os
jainistas não adoram nenhum deus), mas logo em seguida os abandonou e se
dirigiu para a província de <i>Orissa</i>
(nordeste da Índia). Lá encontrou os brâmanes, os quais lhe ensinaram a ler e a
compreender os Vedas (os brâmanes nunca ensinavam os Vedas aos estrangeiros no
passado), a realizar curas pela oração e a expulsar demônios. Ele permaneceu
seis anos em algumas cidades, inclusive Benares, na companhia dos <i>vaishyas</i> e dos <i>sudras</i>, as castas mais baixas do Hinduísmo (idem, p. 108). Então, <i>Issa</i> passou a ensinar o que tinha prendido
dos Vedas aos membros das castas mais baixas, o que provocou a imediata ira dos
brâmanes de dos <i>kshatriyas</i> (as castas
mais altas), uma vez que a lei hindu (<i>Dharma
Shastra</i>) restringe o ensino védico aos <i>vaishyas</i>
e proíbe totalmente aos <i>sudras</i>. Em
seguida, <i>Issa</i> (Jesus) negou a divina
origem dos Vedas e dos <i>Puranas</i> (os
pesquisadores ainda não têm certeza se os <i>Puranas</i>
já tinham sido compostos naquela época, sobretudo na forma em que se apresentam
hoje), bem como desestimulou a adoração aos deuses hindus e começou a fazer uma
pregação com base na doutrina bíblica, falou até do Juízo Final aos <i>vaishyas</i> e aos <i>sudras</i> (para quem conhece o Hinduísmo, esta seria, se fosse
verdade, uma cena cômica). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Ao saberem deste discurso de <i>Issa</i>, os brâmanes ordenaram que ele
fosse assassinado (essa reação não é comum na história do Hinduísmo). Porém,
antes disto, <i>Issa</i> ficou sabendo e
fugiu para o Nepal, onde aprendeu a língua Páli e estudou os <i>Sutras</i> (sermões) de Buda (idem p. 113) –
ainda é dúvida se a língua Páli era conhecida naquela época no local. Depois
deixou esta região em direção ao Ocidente, onde continuou pregando em seu
caminho até chegar de volta à Israel com 29 anos de idade (idem, p. 123). Na
passagem pela sua terra natal (idem p. 123-46), alguns episódios coincidem e
outros divergem do Novo Testamento. Seria muito extenso mencioná-los todos
aqui, porém os mais curiosos são os fatos que <i>Issa</i> também é crucificado e a tumba é encontrada vazia depois de
três dias, mas não por Maria Madalena, e sim pela multidão (idem, p. 146),
então o texto termina aqui. De maneira que não menciona a ressurreição e nem as
aparições póstumas de <i>Issa</i> aos
discípulos. Bem, se o relato acima não é crível, é, pelo menos, cômico em
alguns trechos.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-f4E1H0TmXlQ/UVWi5eJ9saI/AAAAAAAABE4/_20knylSUvM/s1600/280px-Temple-Jagannath.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-f4E1H0TmXlQ/UVWi5eJ9saI/AAAAAAAABE4/_20knylSUvM/s1600/280px-Temple-Jagannath.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O templo de <i>Jagannatha</i> em Puri, no estado de<br />
Orissa, Índia; a alegação de que Jesus esteve<br />
aqui é anacrônica</td></tr>
</tbody></table>
Outro livro sobre a viagem de Jesus
à Índia, nesta mesma fase da sua vida, é a fantasiosa obra de Levi Dowling “<i>The Aquarian Gospel of Jesus the Christ”</i>
(O Evangelho Aquariano de Jesus, o Cristo), primeira edição em 1908, com a
diferença que este não foi escrito a partir de algum manuscrito antigo, mas sim
de experiências de clarividência. Em linhas gerais, o trecho sobre a viagem a
Índia (p. 47-65) ora coincide ora diverge da narrativa do livro de Notovitch,
com alguns acréscimos ainda mais cômicos e a especificação de mais detalhes.
Afirma-se aí que Jesus esteve e estudou em <i>Jagannath</i>,
na cidade de <i>Puri</i>, no estado de <i>Orissa</i>, Índia, um templo Vishnuista do
Hinduísmo, famoso por seu festival anual da carruagem (<i>Ratha Yatra</i>). Este relato é tão absurdo que, segundo a história e
as pesquisas arqueológicas, este templo só foi construído durante a dinastia <i>Ganga</i> Oriental (séculos XI-XV e.c.),
mais precisamente, iniciado pelo rei <i>Ananga
Bhima Deva</i> em 1174 e.c. e finalizado em 1198 e.c., portanto o templo ainda
não existia na época de Jesus. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jesus na Índia após a
crucificação<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ng4o_ku5Gxs/UVSzkzEIlbI/AAAAAAAABEU/l91AouJk_E8/s1600/Hadhrat_Mirza_Ghulam_Ahmad.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ng4o_ku5Gxs/UVSzkzEIlbI/AAAAAAAABEU/l91AouJk_E8/s320/Hadhrat_Mirza_Ghulam_Ahmad.jpg" height="320" width="231" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">H. Mirza Ghulam Ahmad (1835-1908) <br />
foi o principal divulgador da identificação<br />
de <i>Yuz Asaf</i> e Jesus</td></tr>
</tbody></table>
Outro momento que é alegado que
Jesus esteve na Índia, mas não na fase dos 12 aos 30 anos de idade, como
tratado acima, e sim no período após a crucificação, com o argumento que ele
sobreviveu à crucificação. A tradição de que ele não morreu na cruz é antiga,
uma das fontes mais antigas é a seguinte passagem do Alcorão 4:157 “e disseram:
Nós matamos o Messias, Jesus, o filho de Maria, o Mensageiro de deus. (Quando
na verdade) eles não o mataram, nem o crucificaram, embora pareceu assim para
eles. Aqueles que discordaram sobre ele (se morreu ou não) estão em dúvida, sem
nenhum conhecimento, somente suposição, eles certamente não o mataram” (Haleem,
2005: 65). Ainda na tradição islâmica, H. M. Ghulam Ahmad menciona alguns <i>Hadiths</i> (ditos de Maomé), da coleção
conhecida como <i>Kanz-ul-Ummal</i>, de que
Jesus viveu até a idade avançada de 125 anos, viajou por muitas partes do mundo
e ficou conhecido como o “profeta viajante” (Ahrmad, 2003: 62-3). Este autor,
que é o fundador do movimento islâmico reformista <i>Ahrmadiyya Muslim Jamat</i>, é um dos primeiros e mais ardentes
defensores da tese de que Jesus sobreviveu à crucificação, viajou para a Índia
para encontrar as tribos de Israel e, o que é também surpreendente, do
argumento de que o profeta <i>Yuz Asaf</i>,
enterrado no santuário de <i>Roza Bal</i>,
na cidade de <i>Srinagar</i>, Caxemira, é o
próprio Jesus. Ele foi o principal divulgador desta tradição de <i>Roza Bal</i>, através do seu livro,
publicado em 1908 na língua urdu “<i>Misih
Hindustan Mein</i>”, depois publicado em inglês pela primeira vez em 1944, com
o título de “Jesus in India”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">H. Mirza Ghulam Ahmad influenciou outros
autores, inclusive esoteristas ocidentais, os quais acreditaram na sua
argumentação. Em suma, para ele Jesus sobreviveu à crucificação, viveu na Índia
por muitos anos, que ele é <i>Yuz Asaf</i> e
está sepultado no santuário de <i>Roza Bal</i>
em <i>Srinagar</i>, Caxemira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jesus no <i>Bhavishya Purana</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Os <i>Puranas</i> são textos em sânscrito que fazem parte de uma coleção de
contos dos tempos antigos da Índia. Estão entre as mais importantes e
influentes escrituras do Hinduísmo. Existem 18 <i>Puranas</i> principais, conhecidos como <i>Maha Puranas</i> (Grande Puranas), e o <i>Bhavishya Purana</i> está entre eles. Diferente dos demais, o <i>Bhavishya Purana</i> trata, além dos
habituais tópicos comuns nos outros <i>puranas</i>,
de profecias sobre o futuro (<i>bhavishya</i>),
portanto, em alguns trechos, é um <i>purana</i>
profético.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O que existe de excepcional neste <i>purana</i> é a referência a Jesus,
mencionado como <i>Isha Putra</i> (filho de
deus), a partir dos termos <i>Isa</i> e <i>Issa</i> dos textos islâmicos, no episódio
do diálogo com o rei <i>Salivahana</i> (também
conhecido como <i>Gautamiputra Shatakarni)</i>,
pertencente à dinastia <i>Shatavahana</i>, que
reinou de 78 a 102 e.c. (portanto contemporâneo com o período da sobrevivência
de Jesus à crucificação), cuja capital do reino era <i>Ujjain</i>, no atual estado de <i>Madhya
Pradesh</i>, na Índia Central. Este
diálogo aparece no <i>Pratisarga</i> <i>Parva</i> do <i>Chaturyuga Kanda</i> do <i>Dwitiya
Adhyayah</i>, no capítulo 19, versos 17-32. Abaixo um resumo deste trecho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O texto inicia informando que uma
vez um poderoso rei, chamado <i>Salivahana</i>,
alcançou muitas conquistas, o qual subjulgou os <i>Shakas</i>, os <i>Cinas</i>, o povo
de Roma, os descendentes de <i>Khuru</i> e o
povo de <i>Bahikaus. </i>Em seguida
estabeleceu as fronteiras do país dos arianos e a dos <i>Mlecchas</i> (estrangeiros impuros). O país dos arianos era conhecido
como <i>Sindusthan</i>, o qual se transformou em um grande país (versos 17-21).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-PwiBJLzCEZY/UVS0lzoOZcI/AAAAAAAABEc/2OigZRUy4bA/s1600/Rudrasena.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-PwiBJLzCEZY/UVS0lzoOZcI/AAAAAAAABEc/2OigZRUy4bA/s1600/Rudrasena.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Moeda cunhada com o perfil do rei <i>Salivahana </i><br />
<i>(r.78-102 e.c.), </i><span style="line-height: 115%;">com quem Jesus </span><span style="line-height: 115%;">teve um diálogo, </span><br />
<span style="line-height: 115%;">tal como narrado no </span><i style="line-height: 115%;">Bhavishya Purana</i></td></tr>
</tbody></table>
Uma vez o rei <i>Salivahana</i> dirigiu-se para o oeste, na direção de <i>Hunadesha</i> (região perto da montanha <i>Kailasa</i> no Tibete Ocidental). Aí, o rei
avistou um auspicioso homem que vivia numa montanha. A pele deste homem era
dourada e suas roupas brancas (verso 22). Então, o rei lhe perguntou: “Quem és tu, senhor”?
O Homem respondeu: “Você deveria saber que eu sou <i>Isha Putra</i>, o filho de deus”, e completou: “eu sou filho de uma
virgem” (verso 23). “Eu sou o expositor da religião dos <i>Mlecchas</i> e eu me prendo estritamente à verdade absoluta”. Ao ouvir
isto o rei indagou: “Quais são os princípios de acordo com sua opinião” (verso 24)? Após
ouvir esta pergunta de <i>Salivahana</i>, <i>Isha Putra</i> (Jesus) disse: “Ó rei, quando
a destruição da verdade ocorreu, eu, <i>Masiha</i>,
o profeta, vim para este país de um povo degradado, onde não há regras e leis.
Então, ao encontrar esta temerosa condição irreligiosa dos bárbaros, a qual se
espalha desde o país dos <i>Mlecchas</i>, eu
decidi assumir o papel de profeta deste povo” (versos 25-6). Então, em seguida, <i>Isha Putra</i> (Jesus) expôs os princípios
da sua religião ao rei, através de tópicos da religião hindu (versos 27-9). No fim do discurso (verso 30), <i>Isha Putra</i> afirma que se tornou o <i>Isha Masiha</i> (Jesus, o Messias). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Após ouvir estas comoventes palavras
e prestar reverência a aquele homem, o qual é adorado pelos bárbaros, o rei
humildemente pediu a ele para permanecer na terra horrível dos <i>Mlecchas</i> (estrangeiros impuros). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Primeiro é preciso esclarecer que o <i>Bhavisha Purana</i> é um texto cercado de
desconfianças, uma vez que, das quatro edições disponíveis atualmente, nenhuma
coincide uma com a outra em muitos pontos. Por isso, Maurice Winternitz observa
que “o texto preservado até nós em forma manuscrita certamente não é a antiga
obra, a qual é citada no <i>Apastambiya
Dharmasutra</i>” e que Th. Aufrecht o “tem exposto como uma fraude literária”
(Winternitz, 1990, 541). As fraudes não
são difíceis de serem percebidas, pois se mostram através de clamorosas falhas
históricas e anacrônicas. Logo no início é afirmado que o rei <i>Salivahara</i> (r. 78-102 e.c.) derrotou os <i>Shakas</i>, os <i>Cinas</i> (chineses), o povo de Roma, os descendentes de <i>Khuru</i> (os persas) e o povo de <i>Bahikaus</i> (bactrinianos-gregos).
Historicamente falando, dos povos relacionados, o rei <i>Salivahana</i> (<i>Gautamiputra
Shatakarni</i>), na verdade, derrotou apenas os <i>Shakas</i> (Keay, 2000, 131). Os outros povos derrotados pelo rei <i>Salivahana,</i> conhecidos na história, são
os <i>Yavanas</i> e os <i>Pahlavas</i>, porém não são mencionados no texto em questão. Não existe
nenhum registro na história indiana no qual os chineses travaram uma batalha
com os indianos no passado. Também, os indianos nunca guerrearam com os romanos,
apenas com os gregos, na época de Alexandre, o Grande. Ademais, não existe
prova de que os gregos chegaram até a região de <i>Ujjain</i>, a capital <i>Shatavahana</i>
na Índia Central, a ocupação grega na Índia se limitou à região noroeste.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hT5Ud2t-oaI/UVS5gpfPWHI/AAAAAAAABEk/d5TJ5d_iidU/s1600/blue_holy_man_cc1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-hT5Ud2t-oaI/UVS5gpfPWHI/AAAAAAAABEk/d5TJ5d_iidU/s320/blue_holy_man_cc1.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jesus na posição de meditação, bem no <br />
estilo <i>yoga</i></td></tr>
</tbody></table>
Ainda mais, existe uma forte
suspeita de que este trecho do <i>Bhavishya Purana</i> seja uma interpolação acrescida
por missionários cristãos, durante o período da ocupação britânica na Índia,
com o objetivo de converter os hindus das classes mais instruídas, uma vez que
sabemos que alguns sacerdotes aprenderam a língua sânscrita, e esta foi uma
estratégia para tentar aproximar o Cristianismo do Hinduísmo e,
consequentemente, com isso, facilitar as conversões. A pista para esta suspeita
é o fato de que todas as edições existentes deste texto são do período a partir
da colonização britânica. Outra indicação é o fato de que, os tópicos dos puranas são geralmente repetidos em vários <i>puranas</i>, às vezes alterando apenas os personagens ou pequenas mudanças na redação, enquanto que, este episódio sobre <i>Isha</i> (Jesus) não aparece nos demais <i>puranas</i>, somente no <i>Bhavisya Purana</i>, então a suspeita de que seja uma interpolação por missionários cristãos na Índia. O pedido do rei <i>Salivahana</i> para permanecer na região dos <i>Mlecchas,</i> no final do relato, após se comover com a exposição de <i>Isha Putra</i> (Jesus), sinaliza bem para isto.</span><br />
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">Outra curiosidade é a diferença
entre as quatro edições conhecidas, uma tem 5 capítulos, outra tem 4, uma outra
tem 3 e ainda uma outra tem apenas 1 capítulo. Também, o conteúdo em cada uma
das 4 versões diverge em muitos graus, algumas têm mais versos, enquanto outras
têm menos, embora todas elas mencionam Jesus (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">Isha Putra</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;">), porém, com redações diferentes. Aqui foi utilizada, para
este estudo, a edição da Venkateswara Press, Mumbai, 1917.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A exposição dos princípios da religião
dos </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mlecchas</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> por Jesus (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Isha Putra</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) ao rei </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Salivahana</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (versos 27-9) parece uma pregação proferida pela boca de
um guru hindu, com tópicos tais como: prescrição da prática de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">japa</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (repetição de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">mantras</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), menção do </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Surya Mandala</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
(diagrama do deus Sol para adoração dos hindus) e da </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">dhyana</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (meditação).</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Enfim, para encerrar, se para um cristão
tradicional a ideia de uma vida de Jesus sobrevivendo à crucificação, portanto
sem ressurreição, já é percebida como um desmoronamento da fé cristã, imagine
então o choque que será ao saber de um Jesus pregando doutrinas e prática hindus.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;"><b>Obras consultadas</b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ABHEDANANDA,
Swami. <i>Journey into Kashmir and Tibet:
with the Life of Jesus by Nicolas Notovitch. </i>Calcutta: Ramakrishna Vedanta
Math, 1987. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">AHMAD,
H. M. Ghulam. <i>Jesus in India: Jesus’s
Deliverance from the Cross & Journey to India.</i> Tilford: Islam International
Publication, 2003, (1st edition, 1908).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BHAVISHYA
MAHAPURANA (Sanskrit Edition). Mumbai: Venkateswara Press, 1917. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DOWLING,
Levi H. <i>The Aquarian Gospel of Jesus the
Christ</i>. London: L. N. Fowler & Co. Ltd, 1947 (first published, 1908).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">EHRMAN,
Bart D. <i>Forged: Writing in the Name of
God. Why the Bible’s Author’s Are Not Who We Think They Are. </i>New York:
Harper/Collins, 2011. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GOODSPEED,
Edgar J. <i>Famous Biblical Hoaxes or Modern
Apocrypha</i>. Grand Rapids: Baker Book House, 1956. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GREEN,
Joel B. <i>Crucifixion</i> em <i>The Cambridge Companion to Jesus</i>. Markus
Bockmeuhl (ed.). Cambridge: Cambridge
University Press, 2001, p. 87-101.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">HALEEM,
M. A. S. Abdel (tr.). <i>The Qur’an</i>.
Oxford/New York: Oxford University Press, 2005. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KEAY,
John. <i>India: a History</i>. London:
HarperCollins Publishers, 2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KERSTEN,
Holger. <i>Jesus Lived in India: His Unknown
Life Before and After the Crucifixion.</i> New Delhi: Penguin Books, 2001. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LEWIS, James R.<i> Legitimating New Religions</i>. New Brunswick: Rutgers University Press, 2003. p. 73-88. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">NOTOVITCH,
Nicolas. <i>The Unknown Live of Jesus Christ</i>.
Chicago: Indo-American Book Company, 1916, (primeira edição francesa, 1894). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PROPHET,
Elizabeth Clare. <i>The Lost Years of Jesus:
Documentary Evidence of Jesus’ 17-years Journey to the East</i>. Gardiner:
Summit Publications, 1987. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WINTERNITZ,
Maurice. <i>A History of Indian Literature</i>,
vol. I. Delhi: Motilal Banarsidass, 1990.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<o:p></o:p><br />Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-18860201585728057862013-03-14T05:10:00.001-07:002014-03-05T11:35:19.492-08:00|ESTUDO| A Nova Imagem de Maria Madalena e a Rivalidade com o Apóstolo Pedro<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="line-height: 18px;">Octavio da Cunha Botelho</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br />
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</span><br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/a-nova-imagem-de-maria-madalena-e-a-rivalidade-com-o-apostolo-pedro/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/a-nova-imagem-de-maria-madalena-e-a-rivalidade-com-o-apostolo-pedro/</a>)</div>
</div>
<br />
<br />
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-6Ynl1pxzm1I/UUG1GqulgeI/AAAAAAAABAc/Q0UrPEshlCc/s1600/2696024826_83cfd9871d.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-6Ynl1pxzm1I/UUG1GqulgeI/AAAAAAAABAc/Q0UrPEshlCc/s320/2696024826_83cfd9871d.jpg" height="239" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gravura reproduzindo o episódio da pecadora arrependida</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ela foi identificada com a pecadora
arrependida na passagem de Lucas 07:36-50, depois conjeturalmente interpretada
como prostituta, ainda nos primeiros séculos do Cristianismo. A oficialização
aconteceu através da Homilia XXIII do papa Gregório, o Grande, em Setembro de
591 e.c. (Schlumpf, 2000: 12). Entretanto, em nenhuma passagem dos evangelhos
canônicos ela é explicitamente mencionada como uma prostituta. Mesmo assim, esta
imagem equivocada perdurou por mais de 15 séculos, deixando, durante este
período, uma definitiva influência na literatura, nas artes e até no cinema do
século XX.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Filmes recentes como A </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Última Tentação de Cristo</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> de Martin
Scorsese e </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A Paixão de Cristo</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> de Mel
Gibson, o musical </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Jesus Superstar </i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">de
Andrew Lloyd Webber e o livro </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O Evangelho
Segundo Jesus Cristo </i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">de José Saramago ainda a representam como uma
prostituta. Entretanto, como será visto mais adiante, esta identificação nunca
foi uma unanimidade no Cristianismo. Em certas correntes, por exemplo, ela é
elogiada como a “apóstola dos apóstolos” (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">apostola
apostorum</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), em virtude da sua privilegiada tarefa de levar a mensagem da
ressurreição de Jesus aos outros apóstolos (D’Angelo, 1999, 106).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Karen L. King esclarece: “A
redescoberta do Evangelho de Maria agora fornece direta evidência dos
argumentos do Cristianismo inicial em favor da liderança de mulheres, e nos
permite ver que as opiniões que excluíam mulheres eram nada menos que um lado
de uma questão ardentemente debatida” (King, 1993: 601). De modo que, o breve
estudo abaixo mostrará como a imagem de Maria Madalena vem sendo apagada e,
simultaneamente, restaurada com outras formas e com outro colorido pelos
historiadores, sobretudo após a descoberta da coleção de textos gnósticos em <i>Nag Hammadi</i>, em 1945, a qual lançou uma
nova luz sobre a história inicial do Cristianismo, e a partir do mais cuidadoso
exame dos próprios evangelhos canônicos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O poder da descoberta<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dentre as incontáveis derrotas que a Religião
sofreu, ao longo da história, em seu confronto com as inovadoras concepções
científicas, a descoberta tem sido um dos fatos que golpeou mais fortemente as
tradicionais doutrinas religiosas. Um achado, em virtude da concretude da
prova, é capaz de calar, quando contradiz, dezenas de profecias, de
inspirações, de teorias e de especulações. Assim, dentro do mundo da cultura
cristã, a descoberta da coleção de códices de textos gnósticos, nos arredores
da aldeia de <i>Nag Hammadi</i>, Egito, em
1945, convocou os historiadores a repensarem a história inicial do
Cristianismo. Trata-se de uma coleção de escritos do século IV e.c., tão
extensa que alguns autores a denominam de Biblioteca de <i>Nag Hammadi</i> (Robinson, 2007), de 13 códices (volumes encadernados),
cuidadosamente encapados em couro, e mais 52 textos avulsos, muitos encontrados
em bom estado de conservação, após cerca de 1.500 anos soterrados. Excluindo os
tratados em duplicidade, são 45 trabalhos em língua copta, alguns até então
desconhecidos, porém outros já conhecidos anteriormente, na íntegra ou em
fragmentos, embora não inclua alguns importantes textos gnósticos, tais como o <i>Pistis Sophia</i> e o Evangelho de Judas.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-XxD3e13kkrY/UUG2czZrU9I/AAAAAAAABAo/sKso7guoa64/s1600/images+%25285%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-XxD3e13kkrY/UUG2czZrU9I/AAAAAAAABAo/sKso7guoa64/s1600/images+%25285%2529.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os códices de <i>Nag Hammadi</i>, Egito, uma das mais<br />
fantásticas descobertas arqueológicas do século XX</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Os efeitos culturais e históricos desta
descoberta, apesar de ainda estarem em curso, já provocaram muitas alterações
nas mentes dos historiadores. O primeiro efeito foi o reconhecimento do novo
panorama de que, a partir da descoberta desta extensa coleção de textos, não é
mais prudente estudar o Cristianismo sem levar em conta a imensa quantidade de
textos apócrifos disponíveis na atualidade, uma vez que o número destes últimos
é muito maior que o dos textos do Novo Testamento; confirmando, assim, a
suposição dos historiadores de que, na época do Concílio de Nicéia, em 325
e.c., existiam mais de 50 evangelhos diferentes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A versão conforme o
interesse da comunidade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outro efeito foi a confirmação de que, tal
como alguns já supunham, os evangelhos, tanto canônicos como apócrifos, foram
escritos, algumas décadas após a morte de Jesus por autores desconhecidos, com
o determinado objetivo de atender às agendas e aos programas de doutrinação e
de propaganda das diferentes comunidades cristãs, muitas delas ideologicamente
rivais entre si, enfim, para atender as necessidades, os interesses e as
preocupações da época e de certas localidades. Nas palavras de Mary R.
D’Angelo: “a imagem de Jesus em si varia muito entre os evangelhos. Os
escritores dos evangelhos procuraram reapresentar Jesus para fazê-lo novamente
presente e ativo nas comunidades para quem eles escreviam. (...) Assim, o Jesus
dos evangelhos atua e fala para as comunidades do fim do primeiro século e do início
do segundo século. Os ditos de Jesus foram revisados para se ajustarem as suas
necessidades, e as perguntas e as objeções, que são colocadas a ele,
frequentemente articulam as questões que as comunidades estavam confrontando”
(D’Angelo, 1999: 106). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O estudo seguinte mostrará uma ocorrência que
é comum na composição dos textos religiosos, isto é, a de que os compositores e
os compiladores destes escritos não são historiadores, mas sim adeptos e
admiradores, portanto não se preocupam em narrar os fatos fielmente tal como
eles acontecem na realidade. Com efeito, a prioridade da composição ou da
compilação religiosas é transmitir o que a agenda ou o programa de doutrinação
e de propagada de uma religião emergente deseja que o ouvinte ou o leitor
acredite. Por isso, as composições estão sempre carregadas de pretensões
persuasivas, exortativas e catequéticas, bem como as narrativas recheadas de mitos
e de ficções. Enfim, o mais importante é a persuasão, isto é, para os religiosos
em geral, a verdade é o convencimento e a crença, e não a realidade em si
mesma. Em outras palavras: se convenceu, então basta, é verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A confusão de Marias nos
Evangelhos Canônicos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O nome Maria parece ter sido muito
popular na época de Jesus. As Marias mencionadas nos evangelhos canônicos são:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria de Nazaré, a mãe de Jesus<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria da Betânia, a irmã de Marta e Lázaro (Lucas 10:38-42 e João 12:03-11)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria Madalena (Lucas 8:02; Marcos 15:40 e 47, e 16:01)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria, a esposa de Cléofas (João 19:25)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria, mãe de José (Marcos 15:47)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria, mãe de Tiago (Marcos 16:01)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Maria, mãe de Tiago e de José (Marcos 15:40), às vezes duvidosamente
identificada com a Mãe de Jesus (Marcos 6:03)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
a outra Maria, mencionada em Mateus 28:01<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Salomé, depois conhecida como Maria Salomé nas lendas medievais (Marcos 15:40 e
16:01) e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
a pecadora arrependida, identificada depois no Cristianismo Ocidental com Maria
Madalena (Lucas 7:36-50).<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-opPk5SQ7Qzs/UUG4L74dNNI/AAAAAAAABAs/iMfpjPyDEnw/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-opPk5SQ7Qzs/UUG4L74dNNI/AAAAAAAABAs/iMfpjPyDEnw/s1600/download.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maria da Betânia ungindo os pés de Jesus, ela <br />
também foi confundida com Maria Madalena</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Excluindo Maria, mãe de Jesus, a
identificação e a distinção de uma Maria com outra, nas passagens dos
Evangelhos Canônicos, dependem, em muitos casos, de interpretações, muitas
vezes conjeturais, em vista da imprecisão e da vagueza das citações. Ademais, as
interpretações variam conforme as diferentes correntes do Cristianismo. Por
exemplo, o Catolicismo Ocidental identificou Maria Madalena com a pecadora
arrependida, a qual chorou aos pés de Jesus e enxugou-lhes com os seus cabelos,
bem como os beijou e os ungiu com bálsamo, numa passagem que aparece apenas em
Lucas 7:36. Esta identificação pode ter sido motivada pelo fato de que no
capítulo seguinte, Maria Madalena, de quem Jesus expulsou sete demônios, é
incluída, logo em seguida, como uma de suas companheiras (Lucas 8:02). Ela foi
também vista como uma prostituta arrependida pelo Catolicismo Europeu.
Identificou-se Maria Madalena também com Maria da Betânia, irmã de Marta e de
Lázaro, que pode ser acontecido em razão da semelhança do episódio da pecadora
arrependida (Lucas 7:36-50) com a passagem na qual Maria da Betânia, irmã de
Marta e de Lázaro, durante um jantar em sua casa, tomou um vaso de bálsamo e
“ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos” (João 11:02 e 12:03).
Em uma lenda denominada “O Nascimento da Abençoada Virgem Maria”, que circulou
pela Idade Média, Maria Salomé é identificada com Maria, a mãe de Tiago e de
José (De Voragine, 2012: 536). Outras intérpretes pensam que Maria Madalena foi
uma espécie de ‘bode expiatório’, isto é, “ela é a essência composta de muitas
outras mulheres que possuem o nome de Maria, e os atos e crimes de mais de uma
Maria foram atribuídos a ela” (Rushing, 1994: 45).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O Cristianismo Ortodoxo do Oriente
nunca aceitou a identificação de Maria Madalena com a pecadora arrependida ou a
prostituta penitente. Nesta vertente, ela sempre foi vista como uma virtuosa
companheira de Jesus, a qual, juntamente com outras, lhe assistia em suas
despesas e lhe acompanhava nas viagens (Lucas 8:01-04). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Maria Madalena nos
evangelhos canônicos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Pouco mencionada nos trechos
iniciais dos quatro evangelhos, apenas em Lucas 8:02, ela torna-se personagem
proeminente nos episódios da crucificação, do sepultamento e da ressurreição de
Jesus, bem como foi encarregada do anúncio da ressurreição aos apóstolos.
Enquanto os apóstolos tinham se escondido, temendo serem aprisionados pelos
soldados romanos, (Pedro negou Jesus três vezes de tanto medo), ela, por sua
vez, estava corajosamente no pé da cruz de Jesus, acompanhada de outras
mulheres, durante a crucificação (Mateus 27:56; Marcos 15:40 e João 19:25).
Também, acompanhou o ato de sepultamento (Mateus 27:61 e Marcos 15:47). E, foi
a primeira a testemunhar a tumba vazia e o evento da ressurreição (Mateus
28:01; Marcos 16:01 e João 20:01). Mais ainda, foi a primeira a ver Jesus
ressuscitado (Mateus 28:09; Marcos 16:09 e João 20:11-17) e encarregada por ele
de anunciar a sua ressurreição aos apóstolos (Mateus 28:08-10 e João 20:14-18).
Depois destes episódios, os quatro evangelhos silenciam-se sobre Maria
Madalena. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-rjANA7c_K7g/UUG5NCaI9aI/AAAAAAAABA4/wD6JI1Fp7mw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-rjANA7c_K7g/UUG5NCaI9aI/AAAAAAAABA4/wD6JI1Fp7mw/s1600/images.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maria Madalena reproduzida como<br />
a prostituta arrependida </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Aqui começa o tratamento das
questões polêmicas deste estudo. O motivo para o silêncio é apontado pelos
críticos, sobretudo as feministas, como uma tentativa de encobrir a
proeminência de Maria Madalena entre os companheiros e companheiras de Jesus,
por parte dos autores dos relatos e dos compiladores da corrente patriarcal, no
momento da composição dos evangelhos que, no futuro, se tornariam canônicos.
Segundo alguns intérpretes, as mulheres podem ter tido posição de destaque no
ministério e sido apóstolas de Jesus (D’Angelo, 1999: 106). Em virtude do
encobrimento e da manipulação textual, as pistas para tal condição são difíceis
de serem percebidas nos evangelhos canônicos e um exemplo de manipulação,
dentre tantos outros, é apontado pelas feministas nos doze versos finais do
Evangelho de Marcos. Este é considerado pela maioria dos pesquisadores como o
primeiro a ser composto, talvez logo após a queda do Segundo Templo, em 70 e.c.,
portanto cerca de 40 anos após a morte de Jesus (D’Angelo, 1999: 106), e serviu
de base para a composição dos evangelhos de Mateus e de Lucas (Ehrman, 2006:
145-6). A pesquisa da Crítica Textual tem revelado que o Evangelho de Marcos, o
mais antigo, originalmente terminava em 16:08, portanto os doze últimos versos (16:09-20)
são acréscimos posteriores por copistas e por revisores dos manuscritos na
Antiguidade. Segundo Bart D. Ehrman, estes “versículos estão ausentes em dois
de nossos mais antigos e melhores manuscritos do Evangelho de Marcos, além de
ausentes em outros importantes testemunhos; o estilo de escrita é diferente do
estilo que encontramos em todo o restante de Marcos; a transição entre essa
passagem e a anterior é de difícil entendimento (por exemplo, Maria Madalena é
apresentada no versículo 9 como se ainda não tivesse sido mencionada, mesmo
tendo sido discutida nos versículos anteriores; há mais um problema com o grego
que faz a transição ainda mais
complicada); e há um grande número de palavras e frases na passagem que não são
encontradas em nenhum outro lugar em Marcos. Em suma, as evidências são
suficientes para convencer quase todos os pesquisadores textuais de que esses
versículos são um acréscimo a Marcos” (Ehrman, 2006: 77).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Ehrman aponta o motivo para o acréscimo
deste apêndice sumário no Evangelho de Marcos (16:09-20) ao fato do seu final parecer
abrupto demais e que o deixava sem conclusão, permanecendo as dúvidas se os
discípulos nunca souberam da ressurreição, se Jesus nunca apareceu para eles,
etc. Para resolver o problema os copistas acrescentaram um fim (Ehrman 2006:
77). Por outro lado, as intérpretes feministas atribuem o motivo da inclusão
deste apêndice sumário ao fato de que, sem ele, ficaria para a posteridade a
ideia de que o Jesus ressuscitado apareceu somente para as mulheres, deixando
os apóstolos numa posição desprivilegiada, bem como favorecendo as comunidades
rivais que apoiavam o apostolado feminino. Sandra M. Rushing vai mais longe ao
afirmar que “a história de Maria Madalena foi distorcida, criando a maior
falsificação histórica do Ocidente, em favor do patriarcalismo, a qual teve a
maior influência no lugar da mulher na Igreja” (Rushing, 1994: 46).</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-SzSAeAXprkg/UUG6ThE6LoI/AAAAAAAABA8/KuSOJ1-YJ20/s1600/MaryMagdaleneTomb.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-SzSAeAXprkg/UUG6ThE6LoI/AAAAAAAABA8/KuSOJ1-YJ20/s320/MaryMagdaleneTomb.jpg" height="320" width="236" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ela foi a primeira a encontrar a tumba vazia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Feministas procuram encontrar
passagens nos evangelhos canônicos que podem desvelar o fato de que mulheres
exerceram papéis de apóstolas e até de líderes no círculo de Jesus (D’Angelo,
1999: 105-28). Porém, as pistas são muito imprecisas e problemáticas, sobretudo
se, de fato, os autores dos evangelhos canônicos eram partidários da cultura
patriarcal, daí procuram encobrir, o máximo possível, as posições proeminentes
das mulheres, para então não favorecer as alegações rivais que proclamavam o ministério
feminino no apostolado. Dentre as muitas pistas apontadas por Mary R. D’Angelo,
está o significado da palavra grega </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">diakoneo</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
geralmente traduzida como “tendo servido”, no sentido de assistir, ajudar ou
servir, em Marcos 15;41; mas que feministas interpretam como uma tarefa de
ministério (grego: </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">diakonia</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, latim: </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ministerium</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), tal como em Lucas 10:40,
alegando assim que mulheres foram apóstolas de Jesus, e não apenas o serviam e
o suportavam em suas despesas Lucas 8:01-3). Esta autora vai mais longe ao
afirmar que “é possível que João 20:19-31 foi acrescentado precisamente para
eliminar a impressão de que a definitiva interpretação da partida de Jesus foi
dada apenas através de uma mulher. Ainda mais notadamente, o apêndice ao
evangelho, o qual foi provavelmente suprido por um membro tardio da comunidade,
especificadamente para definir os relativos papéis de Pedro e o discípulo
amado, não menciona Maria Madalena” (D’Angelo, 1999: 112).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Maria Madalena nos textos
gnósticos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Se nos evangelhos canônicos as
referências ao apostolado feminino e a proeminência de Maria Madalena são
omitidas, ou talvez muito vagas, nos evangelhos gnósticos estas menções são
abundantes e explícitas. No Evangelho de Felipe, por exemplo, é mencionado que
“a companheira de [Jesus é] Maria Madalena. [Ele] amava ela mais que a todos os
discípulos...”. Logo em seguida os discípulos perguntam a Jesus: “Por que tu a
amas mais do que a todos nós? O Salvador respondeu a eles: Por que eu não vos
amo como ela? Quando um cego e aquele que vê estão juntos na escuridão, eles
não são diferentes um do outro. Quando vem a luz, então aquele que vê verá a
luz, e aquele que é cego permanecerá na escuridão” (Ehrman, 2003: 42 e Isenberg,
2007: 134).</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-DDY7yXz0Shk/UUG7V62rCtI/AAAAAAAABBE/iVXq2BPf5Zs/s1600/MMPreaching.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-DDY7yXz0Shk/UUG7V62rCtI/AAAAAAAABBE/iVXq2BPf5Zs/s320/MMPreaching.jpg" height="320" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gravura reproduzindo Maria Madalena <br />
pregando</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> No Pistis Sophia, outro texto
gnóstico em forma de diálogo entre Jesus e seus discípulos, das 64 perguntas,
39 foram feitas por mulheres, incluindo uma Maria e uma Marta (talvez a irmã de
Maria da Betânia), que a maioria dos intérpretes identifica com Maria Madalena,
demonstrando que as mulheres não eram apenas ajudantes e sustentadoras das
despesas de Jesus, tal como nos evangelhos canônicos, mas também participavam
ativamente no ensinamento e no apostolado. Dentre outras menções e elogios, Maria
é assim elogiada por Jesus neste texto: “Maria, tu a abençoada, quem eu
aperfeiçoei em todos os mistérios das alturas (...), tu, cujo coração ascendeu
ao reino do céu mais que todos os teus irmãos” (Capítulo 17 – Mead, 1921: 20) e
mais adiante: “Bem dito Maria, pois tu és abençoada ante todas as mulheres na
Terra, porque tu deves ser a plenitude de todas as plenitudes e a perfeição de
todas as perfeições” (Capítulo 19 – Mead, 1921: 22).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A proeminência de Maria
Madalena e a rivalidade com Pedro<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Alguns textos gnósticos são
transparentes quanto à proeminência de Maria Madalena e à resultante rivalidade
com os apóstolos, sobretudo com Pedro. Daí que é possível conhecer as tensões ocorrentes
nas comunidades emergentes. Um exemplo pode ser visto no parágrafo 114 do Evangelho
de Tomé (encontrado em <i>Nag Hammadi</i>),
onde Simão Pedro diz a Jesus: “Permite que Maria nos deixe, pois as mulheres
não são dignas da vida”. Em seguida a estranha resposta de Jesus: “Eu mesmo
devo guiá-la para fazer dela um homem, para que ela também possa se tornar um
espírito vivo semelhante a vós homens. Pois, cada mulher que fizer dela mesma
um homem, entrará no reino do céu” (Ehrman, 2003: 28 e Lambdin, 2007: 125).
Neste mesmo evangelho, o qual é em forma de diálogo com os discípulos, Maria
participa com uma pergunta no parágrafo 21 (Ehrman, 2003: 22 e Lambdin, 2007:
118). Sandra M. Rushing resume: “Dos relatos no Evangelho de Tomé, no Evangelho
de Felipe e no Evangelho de Maria, torna-se evidente que Pedro, de todos os
discípulos, foi o mais ofendido com o especial relacionamento de Maria Madalena
com Jesus” (Rushing, 1994: 52). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Evangelho de Maria<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Estritamente falando, o Evangelho de
Maria já era conhecido antes da descoberta do manuscrito copta em <i>Nag Hammadi</i>, no ano de 1945, através de
dois fragmentos de manuscritos em grego do terceiro século e.c., com apenas uma
página cada um (Ehrman, 2003: 35). Karen L. King fala de outro fragmento copta
que foi comprado no Cairo por Carl Schmidt e trazido para Berlim em 1896,
depois publicado por Walter Till em 1955. Ela observa também que existem
consideráveis diferenças entre as versões grega e copta deste evangelho (King,
1993: 602 e 2007: 442). O manuscrito encontrado na coleção de <i>Nag Hammadi</i> também está fragmentado, das
18 páginas, apenas 8 estão preservadas, estão faltando as páginas 01-06 e
11-14. Pesquisadores afirmam que a versão copta é uma tradução de um texto
originalmente composto em grego no século II e.c. (Ehrman, 2003: 35 e King,
2007: 442).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apesar da falta, o restante do texto é
intrigante, uma vez que mostra Maria, que a maioria dos pesquisadores aponta
ser Maria Madalena (em nenhum trecho o nome Madalena é mencionado), numa
posição de destaque e até mesmo de liderança entre os apóstolos, a quem Jesus
revelou ensinamentos secretos que foram ocultados dos outros discípulos. Por
isso, na página 10, Pedro solicita à Maria “Irmã, nós sabemos que o Salvador
amava a ti mais que a todas as mulheres. Diga-nos as palavras do Salvador que
mais te recordas – as quais tu sabes, mas nós não sabemos, nem ouvimos falar
delas”. Em seguida Maria responde: “O que a vós está oculto, eu vos
proclamarei”. Então, ela passa a descrever uma visão que teve de Jesus. (King,
1993: 611-2; MacRae, 2007: 443, Erhman, 2003: 36). A prática de transmitir
ensinamentos secretos é habitual no Gnosticismo, por exemplo, no Evangelho de
Judas, outro texto gnóstico, mas que não foi encontrado em <i>Nag Hammadi</i>, Judas é um discípulo de confiança de Jesus que recebe
instruções secretas, por isso é encarregado de entregá-lo às autoridades. Este
evangelho termina neste episódio, portanto os episódios da prisão, do
julgamento, da crucificação, do sepultamento e da ressurreição são omitidos
(Meyer, 2006).<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Jv73TOBUvjc/UUG8tw6Nc0I/AAAAAAAABBM/lGOA6V2AkEc/s1600/passionofthechrist.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Jv73TOBUvjc/UUG8tw6Nc0I/AAAAAAAABBM/lGOA6V2AkEc/s320/passionofthechrist.jpg" height="320" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A atriz Monica Bellucci no papel de Maria<br />
Madalena em cena de <i>A Paixão de Cristo</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Como mencionado na página 9, o Evangelho de
Maria é um dialogo pós-ressurreição de Jesus com seus discípulos, ou seja, mais
uma aparição aos apóstolos. Mais do que em qualquer outro texto cristão, neste
a proeminência e o privilégio de Maria Madalena são explícitos. No entanto,
estas prerrogativas não eram aceitas e recebidas com simpatia por todos os
apóstolos, de modo que este evangelho reproduz as tensões e os conflitos da
época. O clima se agrava a partir da página 17 quando, logo após o relato de
Maria da sua visão e dos ensinamentos recebidos de Jesus, André a contesta da
seguinte maneira: “Dizei o que desejeis dizer sobre o que ela disse. Eu pelo
menos não acredito que o Salvador disse isto. Pois, certamente, esses
ensinamentos são ideias estranhas”. Em seguida, Pedro entra na discussão e
questiona: “Ele realmente falou com uma mulher sem o nosso conhecimento e não
abertamente conosco? Vamos todos mudar de posição e ouvi-la? Ele preferiu a ela
a nós?” Então Maria lamentou e disse a Pedro “Meu irmão Pedro, o que pensas? Tu
crês que eu mesma inventei essas coisas no meu coração, ou que esteja mentindo
sobre o Salvador?” Daí Levi interfere para acalmar o clima: “Pedro, tu sempre
foste o exaltado. Agora eu te vejo opondo a uma mulher como adversários. Mas se
o Salvador a fez digna, quem és tu de fato para rejeitá-la? Certamente o
Salvador a conhece muito bem. Por isso ele a amava mais do a nós” (King, 1993:
613-7; Ehrman, 2003: 37 e MacRae, 2007: 444).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bem, o bate boca acima reflete algumas das
tensões do Cristianismo do século II, no qual Pedro e André representam as
posições ortodoxas que negam a validade da revelação esotérica e rejeitam a
autoridade da mulher no ensinamento. O Evangelho de Maria ataca ambas as
posições de frente por meio da figura de Maria Madalena. Ela é a amada do
Salvador, possuidora do conhecimento secreto e do ensinamento superior àqueles da
tradição apostólica pública.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Reflexão final<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Enquanto os cristãos, os teólogos e
as feministas discutem qual posição dever ser a verdadeira, ou seja, se Maria
Madalena realmente teve uma posição de liderança no apostolado ou não, para o
pesquisador é difícil tomar uma decisão quanto a qual lado se inclinar. O que é
possível dizer com absoluta certeza é apenas que os textos cristãos, tanto
canônicos como apócrifos, foram compostos cercados de um clima de rivalidade e
de conflito ideológico, que influenciou determinantemente nas escolhas dos
relatos e dos ensinamentos de Jesus, para atender à agenda doutrinária da
comunidade a qual pertencia o compositor ou o compilador do texto. Enfim, não é
prudente confiar totalmente em nenhum dos lados, tal como os cristãos têm feito
por cerca de dois mil anos, os quais suportam o lado tradicional; tampouco
aprovar o entusiasmo dos esoteristas contemporâneos, os quais enxergam nos
textos gnósticos a redescoberta do verdadeiro Cristianismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Portanto, a tarefa de identificar o que é
histórico e o que é manipulação é difícil e está ainda em andamento, com alguns
sucessos já alcançados. Assim como existe o projeto “Em Busca do Jesus
Histórico”, alguns pesquisadores já iniciaram o projeto “Em Busca da Madalena
Histórica” e os resultados iniciais já são esclarecedores. Em suma, quanto mais
confirmação histórica e crítica, e menos crença e especulação, nos resultados
das pesquisas, melhor serão para o público interessado no assunto. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">D’ANGELO,
Mary Rose. <i>Reconstructing “Real” Women
from Gospel Literature: The Case of Mary Magdalene </i>em <i>Women and Christian Origins</i>. Ross S. Kraemer (ed.). London/New
York: Oxford University Press, 1999, p. 105-28. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DE
VORAGINE, Jacobus. <i>The Golden Legend:
Readings on the Saints</i>. Princeton: Princeton University Press, 2012, p.
375-82. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DILLENBERG,
Jane. <i>The Magdalen: Reflections on the
Image of the Saint and Sinner in Christian Art</i> em <i>Women, Religion and Social Chance</i>, Yonne T. Haddad and Ellison B.
Findly (eds.). Albany: State University of New York Press, 1985, p. 115-46.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">EHRMAN,
Bart D. <i>Lost Scriptures: Books That Did
Not Make It Into The New Testament.</i> London/New York: Oxford University
Press, 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________
<i>The Truth Behind the Da Vinci Code: A
Historian Explores What We Really Know About Jesus, Mary Magdalene and
Constantine.</i> London/New York: Oxford University Press, 2004, p. 141-84.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________
<i>O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse?
Quem Mudou a Bíblia e Por Quê.</i> Rio de Janeiro: Prestígio Editorial, 2006. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________ and Zlatko Plese.<i>The Apocryphal Gospels: Texts and Translations</i>. London/New York: Oxford University Press, 2011, p. 587-605. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ISENBERG,
Wesley W. (tr.). <i>O Evangelho de Felipe</i>
em <i>A Biblioteca de Nag Hammadi.</i> James
M. Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p. 126-43.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KING,
Karen L. <i>The Gospel of Mary Magdalene </i>em<i> Searching the Scriptures</i>. Elisabeth S.
Fiorenza (ed.). New York: Crossroad, 1993, p. 601-34. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_____________
<i>What is Gnosticism?</i> Cambridge: The
Belknap Press of Harvard University Press, 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_____________
<i>Introdução ao Evangelho de Maria</i> em <i>A Biblioteca de Nag Hammadi.</i> James M.
Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p. 441-2. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LAMBDIN,
Thomas O. (tr.). <i>O Evangelho de Tomé</i>
em A <i>Biblioteca da Nag Hammadi</i>. James
M. Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p. 114-25). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MACRAE,
George W. e R. McL. Wilson (trs.). <i>O
Evangelho de Maria</i> em <i>A Biblioteca de
Nag Hammadi</i>. James M. Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p.
441-4. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MEAD,
G. R. S. <i>Pistis Sophia</i>. London: John
M. Watkins, 1921.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MEYER,
Marvin et. al. (eds). <i>O Evangelho de
Judas</i>. São Paulo: Prestígio/National Geographic, 2006. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">REINHARTZ,
Adele. <i>Jesus of Hollywood</i>. London/New
York: Oxford University Press, 2007 (Chapter 07: Mary Magdalene, p. 125-50). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROBINSON,
James M. (ed.). <i>The Nag Hammadi Library
in English</i>. Boston/Leiden: E. J. Brill, 1988. Edição brasileira: <i>A Biblioteca de Nag Hammadi</i>. São Paulo:
Madras Editora, 2007. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RUSHING,
Sandra M. <i>The Magdalene Legacy: Exploring
the Wounded Icon of Sexuality. </i>Westport: Bergin & Garvey, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SCHABERG,
Jane. <i>The Resurrection of Mary Magdalene:
Legends, Apocrypha and the Christian Testament</i> em <i>Cross Currents</i>, Volume 52, issue 01, Spring 2002, p. 81.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SCHLUMPF,
Heidi. <i>Who Framed Mary Magdalene?</i> em <i>U. S. Catholic</i>, Volume 65, issue 04,
April 2000, p. 12. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">UBIEAT,
Carmen B. <i>Mary Magdalene and the Seven
Demons in Social-Scientific Perspective </i>em <i>Transformative Encounters: Jesus and Women Re-Viewed.</i> Ingrid Rosa
Kitzberger (ed.). Boston/Leiden: Brill, 2000, p. 203-23. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-42933883142723583112013-01-28T03:19:00.000-08:002014-03-05T11:28:01.217-08:00|ESTUDO| O Festival Purna Kumbha Mela e o Banho Ritual no Rio Ganges Poluído<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">por Octavio C. Botelho e Gabriel S. Bassi<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</span><br />
<span style="text-align: left;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/o-festival-purna-kumbha-mela-e-o-banho-ritual-no-rio-ganges-poluido/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/o-festival-purna-kumbha-mela-e-o-banho-ritual-no-rio-ganges-poluido/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-egm0eDcVTw4/UQZQX5l5JRI/AAAAAAAAAsk/LLia2eioWRo/s1600/%C2%A9LEIGHWEBBER_kumbh_mela_1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-egm0eDcVTw4/UQZQX5l5JRI/AAAAAAAAAsk/LLia2eioWRo/s400/%C2%A9LEIGHWEBBER_kumbh_mela_1.jpg" height="225" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vista aérea do <i>Purna Kumbha Mela</i> de 2001, o maior festival religioso do <br />
mundo, que acontece uma vez a cada 12 anos em <i>Allahabad</i>, Índia.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">O estudo abaixo é outro resultado da parceria
com Gabriel S. Bassi, </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">dirigente
da Sociedade Racionalista da USP. Tal como o estudo sobre </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">a Hajj</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (Peregrinação Islâmica), postado neste blog em 31/10/2012,
eu escrevi a primeira parte sobre o festival e ele a segunda parte sobre o grau
de poluição do rio Ganges, o rio sagrado mais adorado do mundo, visto que o momento
culminante deste evento religioso é o banho e o ato ritual de beber a água
deste rio sagrado que, paradoxalmente, se transformou, com o tempo, em um rio
muito poluído. Enfim, a sujeira da água do Ganges se tornou proporcional a sua
sacralidade. Mais uma vez, agradeço ao Gabriel Bassi pela sua contribuição.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As datas oficiais do festival <i>Purna Kumbha Mela </i>deste ano são anunciadas
com divergência, algumas fontes anunciam que iniciou em 14 de Janeiro, em uma
data conhecida na Índia como <i>Makar
Sankranti</i> (Festival da Colheita) e terminará em 10 de Março na <i>Maha Shivaratri</i> (a Grande Noite de <i>Shiva</i>). Outras informam que iniciou em
27 de Janeiro, na lua cheia deste mês (<i>Pushya
Purnima</i>), e terminará em 25 de Fevereiro, na próxima lua cheia. Quase tudo na Índia tem divergência, em
virtude da multiplicidade de seitas. Os organizadores do evento aguardam a
participação de 85 a 100 milhões de devotos desta vez. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que é o <i>Purna Kumbha Mela</i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Este é o maior festival religioso do
mundo. O número de participantes é tão grande que aparece no Livro dos Recordes
como a maior aglomeração de pessoas do planeta. O último <i>Purna Kumbha Mela</i> aconteceu em 2001, na cidade de <i>Allahabad,</i> Índia, na junção dos rios
Ganges e <i>Yamuna</i>, com a participação
estimada de cerca de 70 milhões de peregrinos, o que corresponde
aproximadamente à população da Alemanha (Scott, 2001: 08). Estritamente
falando, o festival acontece na junção destes dois rios e do rio mitológico <i>Saraswati</i>, o qual é mencionado nos
livros sagrados do Hinduísmo como localizado naquela região, porém,
geograficamente, não está lá, portanto trata-se de um rio fictício. A junção
destes três rios é conhecida como <i>Triveni
Sangam</i> na cultura hindu. A palavra <i>Kumbha</i>
(sânscrito), que significa pote, às vezes aparece escrita como <i>Kumbh</i>, conforme a grafia da língua
híndi. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-yoMotrp0YjA/UQZS8AVeheI/AAAAAAAAAtU/pRLnH5U33IE/s1600/250px-Kumbh_Mela2001.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-yoMotrp0YjA/UQZS8AVeheI/AAAAAAAAAtU/pRLnH5U33IE/s320/250px-Kumbh_Mela2001.JPG" height="220" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O desfile das <i>Adharas</i> (Comunidades), um dos momentos <br />
atrativos do festival</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em geral, o festival, que tem a duração de um
mês, acontece revezando-se em quatro cidades: <i>Nashik</i>, nas margens do rio <i>Godavari</i>;
<i>Ujjain,</i> nas margens do rio <i>Shipra</i>; <i>Haridwar</i> nas margens do rio Ganges e <i>Allahabad</i> (também conhecida como <i>Prayag</i>) na confluência dos rios Ganges e <i>Yamuna</i>. Os <i>Kumbha</i> <i>Melas</i> mais importantes (o <i>Purna</i> e o <i>Maha</i>) acontecem sempre em <i>Allahabad</i>.
A escolha destas cidades não foi por acaso, pois, segundo uma tradição mitológica
dos hindus, foram nestes locais onde caíram as gotas de néctar (<i>amrita</i>) do pote (<i>kumbha</i>) durante a luta entre os <i>devas</i>
(deuses) e os <i>asuras</i> (demônios) pela
sua posse, tal como será descrita abaixo. O momento culminante do festival é o
banho (<i>snana</i>) no rio, uma vez que os
devotos acreditam que esta prática apressa a conquista da Libertação (<i>Moksha</i>) do ciclo de nascimentos e
mortes. O principal dia de banho (<i>snana</i>)
será em 10 de Fevereiro (Domingo), o <i>Mauni
Amasvasya Snana</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sectariamente, o <i>Kumbha Mela</i> é um festival da tradição <i>vaishnava</i> (vishnuista) do Hinduísmo, no entanto, seguidores de
outros cultos hindus (<i>Shaiva, Shakta</i>,
<i>Ganapatya</i>, etc.) também participam do
evento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A periodicidade do festival<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Originalmente, o festival denomina-se <i>Kumbha</i> (pote) <i>Mela</i> (festival), ou seja, Festival do Pote (Mehta, 2010: 42). Entretanto,
conforme a regularidade, outros nomes são acrescidos para determinar a
periodicidade, sendo que, quanto maior o intervalo, mais importante o festival:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
o <i>Magha Kumbha Mela</i>: acontece todo ano,
geralmente em Janeiro (<i>Magha</i>)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
o <i>Kumbha Mela</i>: acontece uma vez a
cada quatro anos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
o <i>Ardha </i>(meio)<i> Kumbha Mela</i>: uma vez a cada seis anos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
o <i>Purna </i>(completo)<i> Kumbha Mela</i>: uma vez a cada doze anos e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
o <i>Maha </i>(grande)<i> Kumbha Mela</i>: uma vez a cada 144 anos, ou seja, após doze <i>Purna Kumbha Melas. <o:p></o:p></i></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MPAbZUR14GY/UQZTy-4WkiI/AAAAAAAAAtg/J_Y-J3J521w/s1600/_1106050_naga_sadhus_300.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-MPAbZUR14GY/UQZTy-4WkiI/AAAAAAAAAtg/J_Y-J3J521w/s1600/_1106050_naga_sadhus_300.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os <i>Naga Sadhus </i>(ascetas nus) comparecem em grande<br />
número no festival</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os últimos <i>Purna Kumbha</i> e <i>Maha Kumbha
Melas</i> aconteceram em 2001, ocasião na qual os dois coincidiram, portanto
uma data importantíssima para a religiosidade hindu. Tão importante que reuniu
cerca de 70 milhões de peregrinos (Scott, 2001: 08). O <i>Purna Kumbha Mela</i> anterior a este foi em 1989 e o <i>Maha Kumbha Mela</i> antecedente caiu em
1857, mas permanece dúvida se o festival realmente aconteceu, uma vez que não
existe registro. A suspeita é de que não
tenha ocorrido, uma vez que na ocasião acontecia uma revolta na Índia, quando
soldados indianos se rebelaram contra as indignidades religiosas e sociais. Daí
que civis descontentes deflagraram a Grande Rebelião, a qual só foi suprimida pelo
exército britânico em 1859 (Keay, 2000: 436-47). Em razão deste tumulto, é
provável que o festival não tenha acontecido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A escolha do momento e do local<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O revezamento do festival em cada
uma destas cidades (<i>Allahabad, Haridwar,
Ujjain e Nashik</i>), bem como a escolha do momento, dependem das posições
astrológicas do sol, da lua e do planeta Júpiter, previamente calculadas por
astrólogos hindus. Então, quando Júpiter está no signo de Aquários (<i>Kumbha Rashi</i>) e o sol e a lua estão em
Capricórnio (<i>Makara Rashi</i>), o
festival acontece em <i>Allahabad</i> (<i>Prayag</i>) no mês de <i>Magha</i> (Janeiro/Fevereiro). Quando o sol está em Aires (<i>Mesha Rashi</i>), a lua em Sagitário (<i>Dhanus Rashi</i>) e Júpiter em Aquários (<i>Kumbha Rashi</i>), o festival acontece em <i>Haridwar</i> nos meses de <i>Phalguna</i> e <i>Chaitra</i> (Fevereiro/Março/Abril). Quando Júpiter está em Leão (<i>Simha Rashi</i>), o sol e a lua em Aires (<i>Mesha Rashi</i>), acontece em <i>Ujjain</i> no mês de <i>Vaishakha</i> (Maio). E quando o sol e a lua estão em Câncer (<i>Kataka Rashi</i>) e Júpiter em Escorpião (<i>Vrischika Rashi</i>), acontece em <i>Nashik</i> no mês de <i>Shravana</i> (Julho). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A origem mitológica do
festival<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tal como quase todos os outros festivais religiosos
pelo mundo afora, o <i>Kumbha Mela</i>
também tem sua origem em um mito. Trata-se do mito da <i>Samudra Manthan</i> (Batedura do Oceano de Leite) narrado nos épicos <i>Ramayana</i> (Book I, Canto XLV) e <i>Mahabharata</i> (<i>Adiparva</i>, <i>Astikaparva</i>,
Seções XVII-IXX), no <i>Vishnu Purana</i>
(Book I, cap. IX), no <i>Shiva Purana</i> (<i>Shatarudrasamhita</i> cap. XXII) e, mais
extensamente, no <i>Bhagavata Purana</i> (<i>Skanda</i> VIII, caps. 7-12). As narrativas
nestes diferentes textos variam em detalhes, mas o que envolve o <i>Kumbha Mela</i> pode ser resumido da
seguinte maneira. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-mXwGcw8Nlgk/UQZVpRhJ1rI/AAAAAAAAAuk/YCk6U5HWxqQ/s1600/allahabad-sangam.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mXwGcw8Nlgk/UQZVpRhJ1rI/AAAAAAAAAuk/YCk6U5HWxqQ/s1600/allahabad-sangam.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A <i>Triveni Sangam</i>, a junção dos rios sagrados <br />
Ganges (<i>Gangá</i>), <i>Yamuna</i> e o mítico <i>Saraswati</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Num passado remoto, deuses (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">devas</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) e demônios (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">asuras</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) selaram um acordo de ambos trabalharem na tentativa de
produzirem néctar (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">amrita</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) através da
Batedura do Oceano de Leite (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Samudra
Manthan</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Após alguns obstáculos e desentendimentos, iniciou-se o trabalho.
Quando o Pote de Néctar (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Amrita Kumbha</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">)
surgiu do Oceano de Leite, deflagrou-se uma disputa por sua posse entre os
deuses o os demônios, a qual se transformou, em seguida, numa sangrenta guerra.
Até aqui a narrativa deste mito aparece nos textos escritos (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Ramayana, Mahabharata, Vishnu Purana e
Bhagavata Purana</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">), porém a narrativa seguinte foi conservada apenas através
da tradição oral. Esta afirma que a guerra durou doze dias e doze noites
celestiais, correspondentes à dose anos no mundo terrestre. Ademais, durante a
guerra entre os </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">devas</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e os </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">asuras</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, quatro gotas do Néctar (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Amrita</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) caíram do pote (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Kumbha</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) nas localidades de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Ujjain, Nashik, Haridwar</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Allahabad</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Prayag</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">), daí que o festival </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Kumbha
Mela</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> é realizado nestas cidades (Mehta, 2010: 42).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A origem histórica </span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A documentação para se conhecer a história
dos <i>Kumbha Melas</i> é muito escassa e os
autores que se aventuram a esboçá-la se contradizem frequentemente, quando não
confundem mito com história. O primeiro registro da ocorrência de festivais,
com a participação numerosa de devotos, aparece nos relatos escritos pelo
visitante chinês <i>Hwang Tsang</i> (602-64
e.c.), o qual visitou a Índia nos anos 629-45 e.c., durante o reinado do rei <i>Harshavardhana</i>. No entanto, não é
mencionado o nome <i>Kumbha Mela</i>. De
modo que, Kama Maclean, no livro <i>Pilgrimage
and Power: The Kumbh Mela in Allahabad, 1760-1954</i>, afirma que os festivais
anteriores a 1760 eram importantes peregrinações, mas ainda não eram um <i>Kumbha Mela</i>, no sentido atual. Segundo a
autora, o primeiro <i>Kumbha Mela</i> em <i>Allahabad</i> aconteceu em 1870 (Maclean,
2008: 99). O <i>Kumbha Mela</i> de 1894, em <i>Allahabad</i>, foi mencionado por <i>Paramahansa Yogananda</i>, em seu livro <i>Autobiography of a Yogi</i> (capítulo 36). Já
o Imperial Gazetteer of India (vol. 13, p. 52) menciona e fornece os números de
participantes dos <i>Kumbha Melas</i>, em <i>Haridwar</i>, de 1796 (2,5 milhões) e de
1808 (2 milhões). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-18WuHW820Hs/UQZW0WACQ5I/AAAAAAAAAvM/YYIRoA-5tAk/s1600/Kumbh-Mela-Hindu-Spiritual-Travel-to-India.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-18WuHW820Hs/UQZW0WACQ5I/AAAAAAAAAvM/YYIRoA-5tAk/s320/Kumbh-Mela-Hindu-Spiritual-Travel-to-India.jpg" height="181" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O banho ritual no rio Ganges, o momento culminante do festival</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">O </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Purna
Kumbha Mela</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> de 2001 teve uma ampla cobertura da imprensa (TV´s, rádios,
internet, jornais e revistas), daí que muitos líderes políticos da Índia se
interessaram em participar, a fim de se mostrarem (Scott, 2001: 08), inclusive,
a então presidente do Congresso, Sonia Gandhi, realizou um “mergulho simbólico”
no rio Ganges (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Maha Kumbh Mela</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
concludes, The Hindu, online edition, February 22, 2001).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tragédias<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O
<i>Imperial Gazetteer of India</i> registrou
que no <i>Kumbha</i> <i>Mela</i> de 1819, em <i>Haridwar</i>,
430 pessoas, incluindo soldados e guardas, perderam a vida em um acidente (vol.
13, p. 52). Também que, uma epidemia de colega ocorreu durante o <i>Kumbha Mela</i> de 1892, nesta mesma cidade,
o que levou a formação da <i>Haridwar
Improvement Society</i> (vol. 13, p. 52-3).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> No <i>Kumbha Mela</i> de 1954, em <i>Allahabad</i>,
ocorreu o acidente mais trágico dos festivais, que provocou um estouro de
pânico, no dia principal do banho (<i>Mauni
Amavasya</i>). Os números da tragédia variam conforme as fontes. O <i>The Guardian</i> informou que mais de 800
pessoas morreram e 100 ficaram feridas (<i>The
Guardian</i>, online edition, August 28, 2003), a revista <i>Time</i> anunciou que não menos de 350 pessoas foram pisoteadas e
afogadas até a morte, 200 foram consideradas desaparecidas e mais de 2000
ficaram feridas (<i>Religion: The Urn
Festival</i>, Time Magazine, February 08, 1960). Já o livro <i>Law and Order in India</i>, mais de 500
pessoas foram mortas (Saksena, 1987: 81 e 164). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Outra tragédia aconteceu no <i>Kumbha Mela</i> de 2003, na cidade de <i>Nashik</i>, nas margens do rio <i>Godavari,</i> quando o lançamento de uma
moeda, por um asceta, desencadeou um estouro de pânico que resultou na morte de
39 pessoas e feriu 150. (<i>The Guardian</i>,
online edition, August 28, 2003). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sacralidade e poluição<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O momento culminante do <i>Purna Kumbha Mela</i> é o banho (<i>snana</i>) no rio Ganges (chamado também de
rio Gangá pelos hindus, em virtude da deusa Gangá), bem como o ato ritual de
beber a sua água, no entanto, sabemos que este rio sagrado e seus afluentes,
com o tempo, se transformaram em rios muito poluídos. Enquanto que, para a
maioria das pessoas sensatas poluição é incompatível com sacralidade, milhares
de hindus ainda veneram estas águas imundas, na esperança de apressar a
conquista da Liberação (<i>Moksha</i>). Agora,
é interessante refletir sobre a insensatez de continuar atribuindo sacralidade
a um rio tão poluído, tal como insistem os hindus devotados, depois de tomar
conhecimento das informações do estudo abaixo, sobretudo pelo fato de que esta
imundice é frequentemente noticiada pela imprensa e alertada pelos órgãos de
defesa do meio ambiente na Índia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A poluição do rio Ganges<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-LvrwhPQvLc0/UQZYsKsjbBI/AAAAAAAAAv8/9q7_XyIkS7s/s1600/image_preview.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-LvrwhPQvLc0/UQZYsKsjbBI/AAAAAAAAAv8/9q7_XyIkS7s/s320/image_preview.jpg" height="241" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Crianças no meio de uma imundice no rio Ganges</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">A sacralidade do rio Ganges contrasta assustadoramente
com a sujeira da sua água. Para os hindus, banhar-se e beber a água do rio
Ganges (Gangá) significa purificar o corpo dos pecados passados e curar as doenças
do corpo e da alma. Inclusive muitos de seus veios são desviados para casas
como fonte de água “potável” e para a irrigação na agricultura. Porém, muito
dessa água não corrobora com seus poderes sobrenaturais de cura e de purificação.
Ao contrário, o rio Ganges, como um todo, é considerado uma fonte impressiva de
xenobióticos potencialmente letais, além de compostos cancerígenos e
teratogênicos. Mas, esse problema não ocorre somente na Índia, tal problema se
origina muito além das fronteiras indianas, acumulando-se até chegarmos ao
calamitoso delta do Ganges onde deságua no Golfo de Bengala.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como os países vizinhos
contribuem para o aumento da poluição<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apesar de grande parte das nascentes localizar
ao longo do Himalaia, um dos afluentes do rio Ganges se localiza em <i>Bangladesh</i>. Este país está localizado ao
leste da Índia, sendo considerado um dos países mais pobres do mundo, o que
acarreta em seu despejo em afluentes do Ganges e na sua presença nos cereais
irrigados por esses afluentes (e em concentrações excepcionalmente altas,
principalmente no arroz polido (</span><a href="http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/0960312021000000998"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alam
et al., 2002)</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-1e1732DfCFs/UQZZ9DcHKKI/AAAAAAAAAwk/nvLftadxjfg/s1600/IN06_VSS_GANGESDEAD_J_6957g.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-1e1732DfCFs/UQZZ9DcHKKI/AAAAAAAAAwk/nvLftadxjfg/s320/IN06_VSS_GANGESDEAD_J_6957g.jpg" height="204" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Devoto observa a passagem de um cadáver boiando no rio Ganges</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Sabe-se que entre 40 a 60% do arsênico
ingerido pela água é retido no organismo (Farmer e Johnson, 1990), levando-se
de 8 a 14 anos de sua ingestão contínua para se alcançar um real impacto na
saúde (</span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0165121895900799" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rehana
et al., 1995</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Estudos mostram que o arsênico pode inibir
a síntese de DNA, levando a aberrações cromossômicas (</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1469636/" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nataranja
et al., 1996</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Na pele, inicialmente há um efeito
eritematoso, levando à melanose, hipercertose e descamação, podendo chegar, ao
longo do tempo, ao desenvolvimento de carcinomas (</span><a href="http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/food.19830270321/abstract" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Masholz,
1983</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">).
Um dos seus possíveis mecanismos carcinogênicos é a ativação de vírus
oncogênicos, tais como o HPV (papiloma virus) (</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1781734" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Stohrer, 1991</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Além
disso, a exposição crônica ao arsênico pode levar à anemia por destruição das
hemácias (</span><a href="http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM196507012730104" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Kyle
e Pearse, 1965</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">), podendo também interferir no metabolismo
do folato e do DNA, sendo potencialmente teratogênico (</span><a href="http://bloodjournal.hematologylibrary.org/content/45/2/241.abstract" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Westhoff
et al., 1975</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Despejo
de pesticidas e metais pesados</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span><br />
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Existem inúmeras indústrias que despejam
esgoto industrial diretamente no rio Ganges, contribuindo com até 25% do total
de esgotos despejados (</span><a href="http://docs.watsan.net/Scanned_PDF_Files/Class_Code_8_Countries/822-INUT89-7309.pdf"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">AIC,
1994</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">).
Saxena et al (1966) já havia concluído, ainda na década de 1960, que 5 curtumes,
10 indústrias têxteis e muitas outras indústrias ao longo do Ganges despejam
37,15 milhões de galões por dia de contaminantes, como metais pesados e lixo
industrial. Em especial, curtumes localizados em <i>Kampur</i> despejam inúmeros compostos químicos, principalmente o
cromo, excedendo em até 70% os níveis máximos recomendados para os seres
humanos (nível que se mantém desde 1995) (</span><a href="http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5h_73xOTuToBSIQEuL9Hd3lklQkJw"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">AFP,
2010</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">).
</span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10661-008-0547-4"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gupta
et al. (2009</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">) mostraram que duas espécies de peixes
comuns no rio Ganges estão contaminadas por metais pesados, tais como zinco,
chumbo, cádmio, cobre e cromo, excedendo números até 100 vezes o permitido. Em
amostras de água em <i>Saligarh</i> e <i>Sahampur</i>, os níveis de cádmio, ferro,
cobre e cromo estavam tão altos e fora dos padrões máximos de segurança, que a
sua administração a bactérias causou mutações e aberrações cromossômicas (</span><a href="http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/jat.1635/abstract"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tabrez
e Ahmad, 2011</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">; </span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0278691509003317"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2009</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">).<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-RrV1ImHrCCQ/UQZah0Spb4I/AAAAAAAAAws/TnfQ8I_7log/s1600/Ganges-River-Sewage-Pollution.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-RrV1ImHrCCQ/UQZah0Spb4I/AAAAAAAAAws/TnfQ8I_7log/s320/Ganges-River-Sewage-Pollution.jpg" height="211" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Despejo de esgoto não tratado no rio Ganges</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">O uso de pesticidas é comumente usado em todo
o vale do Ganges, especialmente na agricultura do arroz. É, sem dúvidas, um dos
poluentes mais difíceis de se controlar, visto ser despejado em vários
afluentes do Ganges, incluindo grande parte provindo de <i>Bangladesh</i> (</span><a href="http://www.pnas.org/content/106/40/16930.abstract" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Datta
et al., 2009</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). O problema dos pesticidas (principalmente
dos organoclorados, como o DDT e o aldrin) é a sua alta resistência à
degradação ambiental (</span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0045653501003423" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hung
e Thieman, 2002</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Esses compostos podem ser bioacumulados ao
longo do tempo, podendo levar à ações tóxicas sobre o sistema reprodutor
(teratogenia) e nervoso (</span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs000180050251" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Danzo,
1998</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">;
</span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0269749188901856" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hellawell,
1988</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">),
distúrbios do sistema endócrino (</span><a href="http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/cen-v072n005.p019" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hileman,
1994</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">),
cânceres de mama, fígado, testículos e esterilidade (</span><a href="http://www.nature.com/scientificamerican/journal/v273/n4/pdf/scientificamerican1095-166.pdf" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Davies
e Bradlow, 1995</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">; </span><a href="http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/00039899709602202" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Coco
et al., 1997</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) e atividade carcinogênica (</span><a href="http://www.chem.unep.ch/pts/gr/Global_Report.pdf" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">UNEP, 2003</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Estudos mostram que o lençol freático de <i>Bangladesh</i> está contaminado com arsênico
em doses 60 a 1000 vezes o permitido, devido ao uso em pesticidas e pelas
características geológicas da região (</span><a href="http://www.pnas.org/content/106/40/16930.long"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Datta et al., 2009</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">; </span><a href="http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/0960312021000000998"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alam
et al., 2002</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">). No rio <i>Gomti</i>,
afluente do Ganges, estudos mostraram níveis altíssimos de contaminação por
pesticidas de vários tipos, tais como DDT, heptacloros, lindane e eldrin
provindos do uso principalmente na agricultura (</span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10661-008-0172-2"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Malik
et al., 2009</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">). </span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0165121895900799"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rehana
et al. (1995)</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> coletaram 36 amostras de água ao longo do
estreito superior do rio Ganges (em <i>Kachla,
Fatehgarh </i>e<i> Kanauj</i>), detectando
níveis de pesticidas, tais como DDT e organosfosforados, até 5000 vezes mais
alto que o permitido (</span><a href="http://water.epa.gov/scitech/swguidance/standards/criteria/current/upload/2001_10_12_criteria_ambientwqc_ddt80.pdf"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agencia
de Proteção Ambiental dos EUA, 1980</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">). E esse tipo de
contaminação aparenta ser endêmica, pois há níveis também altíssimos de
pesticidas nos rios de cidades como <i>Naroda</i>
(</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8628324"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rehana
et al., 1996</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), <i>Okhla</i>
(</span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0147651304001599"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Asleem
e Malik, 2005</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), Mathura (</span><a href="http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/tox.10101/abstract"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Asleem
e Malik, 2003</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), <i>Lucknow</i>
(</span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00128-009-9747-z"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tripathi
et al., 2009</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), <i>Farrukhabad</i>
(</span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF00545617?LI=true"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agnihotri
et al., 1994</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">), <i>Ramnagar</i>
e <i>Rjaghat</i> (<i>Varanasi</i>) (</span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007%2FBF00196271?LI=true"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nayak
et al., 1995</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">). Talvez um dado ainda mais alarmante é que
o próprio lençol freático em volta do Ganges também está contaminado por
pesticidas (</span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0160412004001394"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sankararamakrishnan
et al., 2005</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wZTYwgz6gMA/UQZa2fCX58I/AAAAAAAAAw0/vMrRRVMyRhQ/s1600/dsc01281.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-wZTYwgz6gMA/UQZa2fCX58I/AAAAAAAAAw0/vMrRRVMyRhQ/s320/dsc01281.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Devotos bebendo a água do rio Ganges</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Com níveis de pesticidas tão altos nas águas
dos rios, não é surpresa encontrar esses contaminantes em animais aquáticos
pelo rio Ganges. Vários estudos mostraram que há também alto nível de
contaminação de peixes e outros animais aquáticos (que são consumidos e
vendidos pela população local, inclusive aos turistas) por esses mesmos
pesticidas tanto no Ganges como em seus afluentes (</span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0269749102001537" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Das
et al., 2002</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">; </span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11827115" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Jabber et al., 2001</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">; </span><a href="http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0160412004001898" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Guzella
et al., 2005</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). O grau de contaminação da água do rio
Ganges é tão alto que uma pesquisa de 2002 revelou que até os golfinhos de água
doce localizados em <i>Patna</i> estavam
contaminados com altos níveis de DDT, aldrin e endosulfan (</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12597572" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Kumar et al., 2002</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Obviamente
que a contaminação da água e dos animais aquáticos pode levar à contaminação
humana. </span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Polychlorinated%20dibenzo-p-dioxins%2C%20dibenzofurans%2C%20and%20polychlorinated%20biphenyls%20in%20human%20tissues%2C%20meat%2C%20fish%2C%20and%20wildlife%20samples%20from%20India"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Kumar
e colaboradores (2001</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">) mostraram que os indianos em torno do
Ganges também estão contaminados por pesticidas em níveis acumulados muito
acima do seguro. Em 2001, </span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11330456"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Shukla e colaboradores</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
analisaram o conteúdo de carcinomas de vesículas biliares de 30 pacientes das
regiões de <i>Bihar</i> e <i>Uttar Pradesh</i>, encontrando altos níveis
dos pesticidas BHC, DDT, aldrin e endosulfano. Pessoas que vivem ao longo das
margens do Ganges nas cidades de <i>Uttar
Pradesh</i>, <i>Bihar</i> e Bengala têm
maior propensão de desenvolver câncer que o resto do país, tendo-se a
incidência de câncer de bexiga como o segundo mais alto do mundo e a incidência
de câncer prostático como o maior de toda a Índia (</span><a href="http://articles.timesofindia.indiatimes.com/2012-10-17/india/34524382_1_cancer-patients-prostate-cancer-national-cancer-institute"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Gosh,
2012</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">).
Curiosamente, as maiores incidências de cânceres de língua, boca, nasofaringe,
estômago, vesícula biliar e útero na Índia ocorrem justamente em torno do delta
do Ganges (</span><a href="http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ijc.21109/abstract"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nadakumar
et al., 2005)</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esgotos<o:p></o:p></span></b><br />
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Talvez o primeiro artigo mostrando a
qualidade da água veio de </span><a href="http://link.springer.com/article/10.1007/BF00189858"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lakshminarayana</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> em
1965, mostrando que a qualidade da água do rio Ganges em <i>Varanasi</i> (Benares) diminui nos períodos de chuva (monções, que
ocorrem de Junho a Agosto), sem variar durante o inverno e o verão. Porém, o
maior contribuinte para a contaminação do rio Ganges talvez seja o despejo de
esgoto sem tratamento. Em Benares, ao menos 32 esgotos provindos da cidade
deságuam no rio Ganges, entre eles plástico, animais e corpos humanos podem ser
vistos flutuando no rio, e em <i>Kampur</i>
são as unidades industriais, especialmente os curtumes, que descarregam
produtos químicos e metais pesados na água (</span><a href="http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/MG02Df01.html"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ramachandran,
2011</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">).<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-V0E1MghStcw/UQZcI7ltKWI/AAAAAAAAAxI/-9RG90zp4W0/s1600/city_of_india_on_the_banks_of_ganges-2_page_31.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-V0E1MghStcw/UQZcI7ltKWI/AAAAAAAAAxI/-9RG90zp4W0/s320/city_of_india_on_the_banks_of_ganges-2_page_31.jpg" height="246" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cães comendo um cadáver na margem do rio Ganges</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Um estudo de 1976 mostrou que o despejo de
esgoto diretamente no Ganges, na cidade de Benares, é o responsável pela
presença de organismos patogênicos na água (</span><a href="http://shodhganga.inflibnet.ac.in/bitstream/10603/194/9/18_references.pdf" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agarwal
et al., 1976</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Dados estatais afirmam que todos os dias
são despejados 2,9 milhões de litros de esgoto não tratado somente no Ganges,
sendo que o sistema de tratamento comporta somente 1,1 milhão de litros/dia. Em
Benares, o tratamento de esgoto depende de estações de bombeamento, porém a
cidade ainda sofre com blecautes que podem durar até 12 horas. Em tempos de
monções, essas estações são desligadas por um período de 3 a 5 meses por ano (</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=ganges%20coliform" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hamner
et al., 2006</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Além disso, o rio Ganges fornece até 40%
da água consumida em 11 estados indianos (</span><a href="http://www.hindustantimes.com/India-news/NewDelhi/Ganga-receives-2-900-million-ltrs-of-sewage-daily/Article1-842037.aspx" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hindustan
Times, 2012</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). Os níveis de coliformes são tão altos que
o uso de sua água até para a agricultura não é indicado (</span><a href="http://www.thehindu.com/life-and-style/kids/article2292290.ece" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Daftuar,
2011)</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Bg9qLhlKdxU/UQZb0DiIpnI/AAAAAAAAAxA/tPMtjdAgpk8/s1600/ganges_water.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Bg9qLhlKdxU/UQZb0DiIpnI/AAAAAAAAAxA/tPMtjdAgpk8/s320/ganges_water.jpg" height="320" width="140" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Água do rio Ganges engarrafada<br />
para comercialização</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">A Índia é um local endêmico para contaminação
por cólera, principalmente em sua parte oriental (</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17704555" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sur et al., 2007</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">; </span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=ganges%20coliform" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hamner
et al., 2006</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). </span><a href="http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09603129873606" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bilgrami
e Kumar (1998</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) encontraram índices alarmantes de
coliformes até 800% acima do permitido, além de níveis altíssimos de <i>E. coli</i> e <i>C. perfringens</i> no Ganges. </span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8157311" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De at al. (1993</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">)
não recomendam o uso da água do rio Ganges para beber ou tomar banho devido ao
alto nível de contaminação do rio Ganges por bactérias potencialmente nocivas,
tais como aeromonas, coléricas, salmonelas e shiguela. A contagem de coliformes
da água em Benares alcança 60 mil organismos por 10 ml de água (</span><a href="http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/MG02Df01.html" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ramachandran,
2011</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">)
(os níveis seguros para locais de recreação é de </span><a href="http://healthvermont.gov/enviro/water/coliform.aspx" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">235
organismos por 10mL de água</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> - algo em torno de 25 mil vezes acima
do recomendado), rio abaixo a Benares, essa contagem chega a 1 milhão por 10 ml
de água (</span><a href="http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/MG02Df01.html" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ramachandran,
2011</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">A área em torno do rio Ganges é considerada
local epidêmico de distúrbios gastrointestinais causados pelo <i>V. cholera</i> (</span><a href="http://www.who.int/water_sanitation_health/dwq/admicrob6.pdf" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Organização
Mundial da Saúde</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">; </span><a href="http://studfier.com/docs/books/Biology/Microbio/Guerrant%20TIDs/Guerrant%20TIDs%20021.pdf" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Levine
et al., 2006</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). </span><a href="http://jmm.sgmjournals.org/content/10/3/317.long" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Annapurna e Sanyal
(1977)</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> mostraram que os indivíduos em torno do rio Ganges estão
em constante exposição à bactéria <i>Aeromonas
hydrophila, </i>causadora de diarreia, que se acumula nas fontes de água não
tratada (provindas principalmente do rio Ganges ou do lençol freático). </span><a href="http://www.indmedica.com/journals.php?journalid=7&issueid=63&articleid=782&action=article" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Padey
e colaboradores (2005</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) mostraram que um dos principais causadores
de doenças entéricas em Benares é a contaminação da água do Ganges, além da
estratificação socioeconômica. E aparentemente casos de epidemias de cólera
associadas ao uso de água não tratada não são raras nessa região (</span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2928086/" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Das
et al., 2009</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">; </span><a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3225103/" style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mukherjee
et al., 2011</span></a><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GANGULI,
Kisari Mohan (tr.). <i>The Mahabharata</i>.
Digital reprint of 1883-96 editions, Book I, p. 58-60. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GRIFFITH,
Ralph T. H. (tr.). <i>The Ramayana of
Valmiki</i>. London: Trübner & Co., 1870-4, p. 56-8. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KEAY,
John. <i>India: a History</i>. London:
HarperCollins Publishers, 2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MACLEAN,
Kama. <i>Pilgrimage and Power: The Kumbh
Mela in Allahabad, 1765-1954</i>. Oxford: Oxford University Press, 2008. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MEHTA,
Nitin. <i>Come to Kumbh Mela to See the
Miracle That is Modern India</i> em <i>The
Independent</i>, London, April 15, 2010, p. 42.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">TAGARE,
Ganesh V. (tr.). <i>The Bhagavata Purana</i>.
Delhi: Motilal Banarsidass, 1987, vol. III, p. 1030-53. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RAMAN,
B. V. <i>A Manual of Hindu Astrology</i>.
Bangalore: IBH Prakashana, 1983. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SAKSENA,
N. S. <i>Law and Order in India</i>, New
Delhi: Abhinav Publications, 1987, p. 81 e 164. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SCOTT,
Baldauf. <i>Politic Flow at the Meeting of
Three Rivers</i> em <i>The Christian Science
Monitor</i>, February 09, 2001, p. 08. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SHASTRI,
J. L. (ed.). <i>The Siva Purana</i>. Delhi:
Motilal Banarsidass, 1992, vol. III, p. 1159s.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WILSON,
H. H. (tr.). <i>The Vishnu Purana</i>.
London: John Murray, 1840, Book I, p. 75-7.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para conhecer uma galeria de
fotos do <i>Kumbha Mela</i>, visite:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&gs_rn=1&gs_ri=hp&tok=YQ3Ps2hdW4l3XEpMYv0hwQ&cp=14&gs_id=2u&xhr=t&q=Purna+Kumbha+Mela+2001&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_cp.r_qf.&bvm=bv.41248874,d.eWU&biw=1241&bih=606&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=zD79UIy9CIXU9ATSwYHAAg"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&gs_rn=1&gs_ri=hp&tok=YQ3Ps2hdW4l3XEpMYv0hwQ&cp=14&gs_id=2u&xhr=t&q=Purna+Kumbha+Mela+2001&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_cp.r_qf.&bvm=bv.41248874,d.eWU&biw=1241&bih=606&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi&ei=zD79UIy9CIXU9ATSwYHAAg</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vídeos:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://vimeo.com/18211108"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://vimeo.com/18211108</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=XMVBaUpvpwA"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.youtube.com/watch?v=XMVBaUpvpwA</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para a poluição do rio
Ganges, visite:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://www.all-about-india.com/Ganges-River-Pollution.html"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.all-about-india.com/Ganges-River-Pollution.html</span></a><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-79464292482899606132012-11-22T05:21:00.001-08:002014-03-05T11:39:23.049-08:00|ESTUDO| A Linhagem dos Dalai Lamas: um Breve Estudo Crítico-histórico<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span><br />
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/a-linhagem-dos-dalai-lamas-2/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/a-linhagem-dos-dalai-lamas-2/</a>)</div>
</div>
<br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-S8CQpiLouxc/UK4bFn4ddlI/AAAAAAAAAhw/EZhrAsjz7Ys/s1600/potala-palace-500.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-S8CQpiLouxc/UK4bFn4ddlI/AAAAAAAAAhw/EZhrAsjz7Ys/s320/potala-palace-500.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Palácio <i>Potala </i>em<i> Lhasa,</i> construído pelo 5º Dalai Lama<br />
no século XVII, foi o centro do governo e a residência<br />
do Dalai Lama até 1959, atualmente aberto ao turismo</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nunca na história do Tibete um Dalai Lama
teve tanta popularidade internacional como o atual, <i>Tenzin Gyatso</i>, o décimo quarto, cujo carisma o leva a ser bajulado
em todos os cantos por onde viaja. A ocupação chinesa do Tibete, o massacre de
seu povo e o exílio do seu líder comoveram o mundo e o transformaram numa
celebridade mundial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entretanto, por trás da sua habitual mensagem
de paz e de não violência está uma história de violência, que poucos conhecem,
a qual esclarece como os dalai lamas chegaram a terem tanto poder sobre o povo
tibetano. O breve estudo abaixo procura resumir estes esclarecimentos. <b> <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O isolamento do Tibete<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Sobre a impenetrabilidade do Tibete,
Emil Schlagintweit, um dos primeiros a escrever, em forma de livro, sobre esta
região tão desconhecida dos ocidentais na época, observou em 1863: “pois
penetrar no Tibete sempre foi uma matéria de grande dificuldade, ambas, em
virtude dos obstáculos apresentados pelas grandes elevações do território, como
também pelos sentimentos ciumentos e hostis dos nativos para com os
estrangeiros” (Schlagintweit, 1863: 145). L. Austine Waddell, quem teve a rara
oportunidade de estar com os lamas tibetanos por várias vezes no século XIX
e.c., bem como permanecendo por longos períodos de tempo, aprendeu a língua
tibetana, tinha mais facilidades de penetrar nesta região quase impenetrável, em
virtude de ter sido um militar britânico (mesmo assim, nalgumas vezes teve de
entrar disfarçado), disse em 1895: “Tibete, a terra mística do Grande Lama
(Dalai Lama) ... é ainda o mais impenetrável país no mundo. Por trás de suas
barreiras de gelo, erguidas pela própria natureza, e quase intransponíveis,
seus sacerdotes guardam seus desfiladeiros cuidadosamente contra estrangeiros.
Poucos europeus entraram no Tibete, e nenhum, desde meio século atrás, alcançou
a cidade sagrada (Lhasa). Dos viajantes dos últimos tempos, que têm se atrevido
a entrar nesta terra obscura, após escalarem suas fronteiras e penetrarem em
seus desfiladeiros, enfiando-se nos desertos de neve, mesmo os mais intrépidos
fracassaram em ir além dos arredores da sua província central” (Waddell, 1972:
01-2; 1ª edição: 1895). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ULdnTr_8fdQ/UK4dBBzL9PI/AAAAAAAAAh4/d-Nx0sGTn8A/s1600/Tashilhumpo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-ULdnTr_8fdQ/UK4dBBzL9PI/AAAAAAAAAh4/d-Nx0sGTn8A/s320/Tashilhumpo.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Tashilhumpo</i>, fundado pelo 1º Dalai Lama no século XV,<br />
um dos quatro mais importantes mosteiros da seita <i>Gelugpa</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De modo que, o Tibete foi uma região tão
fechada para o Ocidente, que os visitantes europeus, que a visitaram até o
final do século XIX, podem ser contados nos dedos. Veja em seguida os relatos
dos escritores que escreveram, na segunda metade do século XIX e no início do
século XX, sobre os pouquíssimos visitantes europeus que alcançaram Lhasa
(capital do Tibete). Curiosamente, os pioneiros foram missionários cristãos,
porém nenhuma missão alcançou êxito, pois os religiosos eram logo expulsos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O primeiro europeu a alcançar Lhasa, capital
do Tibete, foi o frade Odorico de Pordenne, por volta de 1328 (Landon, 1905:
05-6) ou 1330 (Waddell, 1972: 02). Em 1661, os jesuítas Albert Dorville e
Johann Gruher visitaram Lhasa em seus caminhos da China para a Índia. Depois, em
1706, os padres capuchinhos Josepho de Asculi e Francisco Maria de Toun
entraram em Lhasa desde Bengala. Em 1716, o jesuíta Ippolito Desideri a
alcançou vindo da Caxemira, permanecendo lá por cinco anos (1716-21). Ele foi o
primeiro ocidental a aprender a língua tibetana. Em 1741, uma missão capuchinha
conduzida por Horacio de La Penna, com cinco companheiros, chegou até Lhasa, no
entanto seus esforços em propagar a fé cristã teve pouco sucesso, embora tenha
sido recebida amavelmente pelas autoridades tibetanas. Entre os anos de 1774 e
1812 vieram os primeiros exploradores, George Bogle, um jovem escritor da <i>East India Company</i>, tenente Samuel
Turner e Thomas Manning, um excêntrico matemático e pesquisador oriental, todos
eles alcançaram, com relativo sucesso, o interior deste país de mistério. Os
subsequentes foram os missionários Evariste Huc e Joseph Gabet, os quais
alcançaram Lhasa em 1845, mas foram expulsos sete semanas depois da chegada
(Schlagintweit, 1863: 145-6; Waddell, 1972: 02 e para aprofundamento, ver:
Landon, 1905: 05-17). Bem, estes são os relatos dos que conseguiram, por outro
lado não sabemos quantos foram os que tentaram, mas morreram ou desapareceram
no caminho (Landon, 1905: 16). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A dificuldade para entrar no Tibete continuou
pelos anos seguintes. Nos anos 1850, todos os estrangeiros foram expulsos e as
fronteiras fechadas a todos de fora. Durante os anos 1923-49, o Tibete
desfrutou de uma independência <i>de facto</i>,
quando a China estava ocupada com guerras internas, com o movimento comunista e
com a Segunda Guerra Mundial, mesmo assim o Tibete continuou a manter limitados
contatos com o resto do mundo e Lhasa foi fechada aos estrangeiros. Porém,
apesar desta situação, alguns exploradores conseguiram penetrar naquelas
misteriosas terras naquele período. Desde então, foram possíveis descrições
mais acertadas sobre a cultura e a religião dos tibetanos, com os trabalhos
esclarecedores de W. W. Rockhill (1854-1914), Laurence Austine Waddell
(1854-1938 e Sir Charles Bell (1870-1945). Atualmente, a situação é muito
diferente, a região está aberta ao turismo, desde algumas décadas, o palácio <i>Potala</i> em Lhasa, antiga residência do
Dalai Lama, transformou-se em ponto turístico, até os antigos aposentos íntimos
do líder lamaísta podem ser visitados. No entanto, a prática do Budismo é atentamente
controlada pelas autoridades chinesas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O resultado da introversão
tibetana<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-1JKyBtuYkWo/UK4fHUe5KNI/AAAAAAAAAiA/ZlZP5KH0HvA/s1600/Drepung-Monastery.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-1JKyBtuYkWo/UK4fHUe5KNI/AAAAAAAAAiA/ZlZP5KH0HvA/s320/Drepung-Monastery.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Drepung</i>, outro dos quatro mais importantes mosteiros <br />
da seita <i>Gelugpa, </i>a corrente dominante no Tibete a partir<br />
do século XVII</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O isolamento do Tibete o manteve como
o grande baluarte da cultura supersticiosa no mundo, onde se podia encontrar o
maior cultivo das práticas mágicas. A cultura e a vida tibetanas testemunhadas
pelos que as conheceram no século XIX, E. Schlagintweit, W. W. Rockhill, L. A.
Waddell e Charles Bell lembram a retrógada mentalidade supersticiosa da Antiguidade
e da Idade Média, com seu devotado envolvimento com as práticas da feitiçaria,
do exorcismo, da bruxaria, da demonolatria, da adivinhação, da necromancia,
etc. (Waddell, 1972: 403-19, 450-500 e </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">passim</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">),
enfim, em outras palavras, o Tibete por muito tempo foi o “covil dos magos”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Enquanto, no século XIX, a Europa e
outros países do mundo experimentavam as transformações da Revolução
Industrial, o Tibete se introvertia ainda mais, fechando suas fronteiras aos
estrangeiros, mergulhando mais fundo na sua obsoleta cultura supersticiosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Parece que grande engano dos
tibetanos, talvez estejam colhendo o que semearam, foi sempre pensar que a
característica étnica era o suficiente para caracterizar o conceito de Estado.
Em virtude do seu isolamento, eles não acompanharam as transformações no
conceito de Estado que aconteciam na Europa, com as novas ideias de
Montesquieu, de Rousseau e da Revolução Francesa, eles pensavam que apenas a
propriedade étnica era suficiente para caracterizar a formação de um Estado. O
resultado foi que nunca conseguiram o reconhecimento internacional como um
estado independente. Enfim, os tibetanos não conheceram o conceito moderno de
Estado:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">1-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Território</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">: o
Tibete nunca teve um território com fronteiras permanentes e claramente
definidas, pois ora estava fragmentado por feudos rivais ou invadido por
estrangeiros (mongóis, chineses e manchus).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">2-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;">
</span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Povo</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">: a
população sempre foi profundamente religiosa, na qual em cada província
predominava uma ou outra seita do Lamaísmo, conforme a época e a dominação
estrangeira. As seitas estavam sempre brigando entre si. Algumas seitas, ou
mesmo mosteiros, tinham até seus exércitos particulares (Richardson, 1962: 39).
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18.0pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: Arial;">3-<span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><!--[endif]--><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Governo</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">:
desde o século XVII, o Dalai Lama acumulou os poderes religiosos e políticos do
Tibete, porém ele é apenas o líder na hierarquia de uma das seitas do Budismo
Tibetano, a seita dominante, <i>Gelugpa</i>,
e não uma unanimidade. As outras seitas também possuem suas hierarquias com
seus líderes (<i>Minmapa, Kargyupa, Sakyapa,
Kadampa, Karmapa</i>, etc.). Portanto, para o conceito moderno de Estado, o
Tibete é uma região com um povo profundamente religioso governado por um líder
de uma seita budista dominante. Enfim, o Tibete é mais uma “grande igreja” com
poderes políticos e administrativos, do que um Estado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Introdução e desenvolvimento
do Budismo no Tibete<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Dos tantos países por onde o Budismo
se espalhou, o Tibete foi um dos últimos a recebê-lo e, mesmo assim, sua
penetração foi lenta, até alcançar uma implantação definitiva. Em virtude da
chagada tardia, a modalidade de Budismo recebida foi uma já heterogeneamente
desenvolvida na Índia, o Budismo <i>Vajrayana</i>
(o Veículo do Diamante). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-RVSmgdsvqrQ/UK4f10_q7wI/AAAAAAAAAiI/PV0W-dkK_zI/s1600/padmasambhava.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-RVSmgdsvqrQ/UK4f10_q7wI/AAAAAAAAAiI/PV0W-dkK_zI/s320/padmasambhava.jpg" height="320" width="252" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Padmasambhava </i>(sec. VIII e.c.)<i>,</i> a seita <i>Ninmapa</i> <br />
o considera o verdadeiro introdutor do Budismo no Tibete</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Apesar de ser habitualmente
conhecido como um dos países mais fechados do mundo, o Tibete, assim como
outros países, também experimentou, no passado, sua época dourada, ou seja, durante
o seu período de abertura e de expansão territorial, o Império Tibetano da
dinastia </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Yar-Lung</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> dos séculos VII e
VII e.c., quando expandiu suas fronteiras até algumas regiões da China, do
norte de Índia, do leste da Ásia Central, bem como incorporou o Nepal e o
Butão. Este foi o império do rei </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Song-Tsen
Gampo</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (604-650 e.c.), o maior personagem da história tibetana. No entanto,
este foi o único momento de glória imperial do Tibete, pois, em seguida
sucedeu-se uma fragmentação do seu território e um longo período de
subordinação e de domínio por forças estrangeiras (mongóis, chineses e manchus
revezaram o domínio por séculos.), intercalado por curtos períodos de
independência, de unificações parciais e de pequenas expansões, até a última
ocupação estrangeira, a dos chineses em 1949.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Com o aumento do seu poder militar, <i>Song Tsen Gampo</i> atormentou as fronteiras
da China, de maneira que o então imperador chinês, <i>Tai Tsung</i>, da dinastia <i>T’sang</i>,
ficou contente em chegar a um acordo com o jovem imperador tibetano e, para
consolidar a aliança, deu-lhe a mão de sua filha, a princesa <i>Wencheng</i>, em casamento no ano de 641
e.c. Dois anos antes, ele já tinha se casado com a filha do rei do Nepal, a
princesa <i>Bhrikuti</i>. Ambas as princesa
eram budistas devotas. O jovem imperador tibetano se interessou pelo Budismo e,
assim, enviou seu vassalo <i>Thonmi Sambhoda
</i>para estudar Sânscrito na Índia. Após seu retorno, um alfabeto tibetano foi
criado e a gramática foi codificada. Alguns textos budistas em Sânscrito foram
traduzidos para o tibetano neste período. O sistema de escrita auxiliou a criar
um sentido de comunidade cultural. Antes desta época (século VII e.c.), o
Tibete era uma região selvagem, a chegada do Budismo, então, civilizou o
Tibete. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Entretanto, este primeiro impulso
não foi suficiente para fazer o Budismo decolar, a nova religião importada
ainda sofria muita oposição da nativa religião xamânica <i>Bon</i>. No século seguinte, novo impulso foi dado pelo imperador <i>Thri Song de Tsen </i>(742-98 e.c.) quando
este convidou monges budistas da Índia para ensinarem no seu país. Então, foi
neste período que chegou ao Tibete, em 747 e.c., o monge tântrico <i>Padmasambhava</i>, o qual seria posteriormente
envolvido em muitos relatos lendários (Waddell, 1972: 24-8; 380-2 e Evans-Wentz,
2000b: 101-92), um professor da escola budista de <i>Nalanda</i>, norte da Índia. A seita <i>Minmapa</i> o considera como o verdadeiro introdutor do Budismo no
Tibete. Também, importante foi a vinda do erudito monge budista <i>Santarakshita</i>, nesta mesma época. Este
último ordenou os primeiros monges tibetanos após a construção do primeiro
mosteiro budista em <i>Samye</i>, no ano de
775 e.c. Neste período foram feitas ainda mais traduções de textos budistas
para o tibetano. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Jpufdh8heIU/UK4hB8XIXXI/AAAAAAAAAiQ/YC5zEer829o/s1600/tsongkhapa5visions2007C.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Jpufdh8heIU/UK4hB8XIXXI/AAAAAAAAAiQ/YC5zEer829o/s320/tsongkhapa5visions2007C.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Tsong Khapa</i>, o fundador da seita <br />
<i>Gelugpa</i> no século XIV e.c.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Entretanto,
no século seguinte, quase tudo foi por água abaixo com a perseguição aos
budistas empreendida pelo imperador apóstata <i>Lang-Darma</i>, quem governou a partir de 836 e.c., bem como com o seu
assassinato em 842 e.c. Uma guerra civil eclodiu e o império desintegrou-se,
perdendo, com isso, seu poder militar e político. <i>Lang-Darma</i> foi o último imperador. Em seguida, segui-se um período
de hibernação do Budismo Tibetano até o final do século X e início do século
XI.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com a queda do Império, perdeu-se também uma
liderança central no Budismo Tibetano e, consequentemente, o sistema monástico
enfraqueceu-se, abrindo as portas para o aumento das práticas tântricas por
praticantes que não eram monges, geralmente adeptos casados. Sucedeu-se, então,
um choque de opiniões entre os defensores da vida monástica, com base nos <i>sutras</i> do <i>Mahayana</i>, os quais acusavam os tântricos de deformarem o
ensinamento do <i>Dharma</i>; e os
tântricos, por sua vez, insistiam que não era necessária a vida monástica,
considerando esta como inferior às práticas tântricas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para solucionar este conflito, o então rei do
Tibete Ocidental, <i>Ye-Shay-o</i>, defensor
do reestabelecimento do monasticismo, convidou o monge indiano <i>Atisha</i> (982-1054 e.c.) para residir no
Tibete, o qual chegou em 1038 e.c. Ele foi o primeiro grande reformador do
Budismo Tibetano. <i>Atisha</i> entusiasmou
os tibetanos com seus ensinamentos e forneceu a base para a solução do conflito
entre as práticas monásticas e tântricas, ele incluiu ambas em sua síntese. Seu
discípulo, <i>Drom-Don-ba</i> (1005-64
e.c.), enfatizou o monasticismo e a prática do aspecto exotérico do Budismo.
Esta ênfase o levou a fundar, em 1050 e.c., a seita <i>Kadampa</i>, a precursora da grande seita <i>Gelugpa</i>, esta última foi fundada pelo grande reformador tibetano <i>Tsong Khapa </i>(1357-1417 e.c.), em 1407
e.c., a corrente dominante do Budismo Tibetano até os dias de hoje. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir, então, do século XI, inicia-se uma
efervescência no Budismo Tibetano, com o surgimento de muitos reformadores e a
multiplicação de novas seitas, o que torna muito extenso expor todo o assunto
aqui. Para conhecer um esquema geral das sitas do Budismo Tibetano, consultar a
obra <i>Tibetan</i> <i>Buddhism</i> de L. A. Waddell, p. 55, onde as correntes são divididas
em: reformadas (<i>Gelugpa</i> e <i>Kadampa</i>), semi reformadas (<i>Kargyupa, Karmapa, Sakyapa </i>e outras) e
as não reformadas (sobretudo <i>Minmapa). </i>Para
aprofundamento na história do Budismo no Tibete, ver: Waddell, 1972: 18-53;
Conze: 1996: 104-6 e 127-38; Obermiller, 1996: 181s; Dreyfus, 2003: 17-31 e
Wayman: 2006: 250-6. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A heterogeneidade do Budismo
Tibetano<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Quatro camadas se integram e se
sobrepõem no Lamaísmo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1ª camada</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">:
relativa à corrente do <i>Hinayana</i>
(Pequeno Veículo, recebe este nome porque sua embarcação (<i>yana</i>) abriga poucos pretendentes, os quais precisam ser monges e
passar por austeras disciplinas para alcançarem o <i>Nirvana</i>) os ensinamentos básicos de Buda, o monasticismo. Esta é a
visão budista que gira principalmente em torno das três categorias: <i>Samsara</i>, <i>Karma</i> e <i>Nirvana</i>. Na
tradição tibetana, estas ideias e práticas budistas raramente são autossuficientes,
ao invés, elas são combinadas com a segunda camada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2ª camada</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">: as
ideias e as práticas nos <i>sutras</i>
(sermões) do Budismo <i>Mahayana</i> (Grande
Veículo, recebe este nome porque sua embarcação (<i>yana</i>) abriga muitos pretendestes, não precisa ser monge para
alcançar o <i>Nirvana</i> e está aberto a
todos) que propõe o ideal do <i>Bodhisattwa</i>,
a renúncia ao <i>Nirvana</i> para auxiliar
os outros a alcançarem o budado. Isto exige a prática da conduta à Libertação,
que consiste na prática de: moralidade, concentração, insight, compaixão e o
caminho conhecido como “Veículo da Perfeição” (<i>Paramitayana</i>). Esta é a parte exotérica do Budismo Tibetano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3ª camada</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">:
consiste nos textos esotéricos, as ideias e as práticas encontradas no <i>Tantras</i>, os quais ensinam o cominho
secreto, o Mantra Secreto, ou <i>Vajrayana</i>
(Veiculo do Diamante, recebe este nome porque sua embarcação (<i>yana</i>) abriga os ensinamentos do <i>Hinayana</i>, do <i>Mahayana</i> e dos <i>Tantras</i>).
O objetivo da prática tântrica é ativar o potencial interno do discípulo para
apressar a conquista do <i>Nirvana</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4ª camada</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">: o
Budismo Tibetano não está limitado a estas três correntes canônicas. Existe uma
grande quantidade de práticas populares tratando de: possessão, exorcismo,
adivinhação, cura, adoração de demônios, invocação de elementos da natureza e
de espíritos, busca de riqueza e de poder, etc. Este é o substrato xamânico da
nativa religião <i>Bon</i>, o qual nunca se
desgarrou da tradição budista do Tibete (Dreyfus, 2003: 18-20). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A linhagem dos Dalai Lamas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Poderá ser novidade para muitos, mas
Dalai Lama não é o nome de uma pessoa, senão o nome de um cargo de líder
religioso, assim como é o nome Papa no Catolicismo, o nome Patriarca na Igreja
Ortodoxa e o nome Califa no Islamismo. O nome do atual Dalai Lama é <i>Tenzin Gyatso</i> (1935- , nome religioso),
ele é o décimo quarto Dalai Lama, seu nome de família é. O nome <i>Gyatso</i> (oceano em tibetano) acompanha os
nomes de todos os Dalais, exceto o primeiro, <i>Gendun Drup</i> (1391-1474 e.c.), tal como será visto em seguida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A história dos Dalai Lamas começa em 1578
e.c., quando <i>Sonam Gyatso</i> (então
abade do mosteiro <i>Gelugpa</i> de <i>Drepung</i>, quem depois se tornaria o
terceiro Dalai Lama) visitou a Mongólia, por ser um brilhante erudito e um
hábil missionário, converteu ao Budismo o líder mongol, <i>Altan Khan</i>, juntamente com um grande número de seus seguidores. Este
último, por sua vez, concedeu a <i>Sonam
Gyatso</i> o título de “<i>Dalai</i>”
(oceano em mongol), uma tradução da palavra “<i>Gyatso</i>” (oceano em tibetano, no sentido de “oceano de conhecimento”).
Depois, o título de Dalai Lama foi retrospectivamente concedido aos abades dos
mosteiros de <i>Drepung</i> que antecederam <i>Sonam Gyatso</i>, estes foram, <i>Gedun Truppa</i> (1391-1474), sobrinho de <i>Tsong Khapa</i>, e <i>Gedun Gyatso</i> (1475-1542), de modo que, os dois primeiros Dalai
Lamas receberam o título postumamente. <i>Sonam
Gyatso</i> afirmou que ele era a reencarnação dos dois abades anteriores de <i>Drepung</i> (<i>Gedun Truppa</i> e <i>Gedun Gyatso</i>),
aproveitando-se do então emergente sistema de lamas reencarnados (<i>tulku</i>, o qual acontece com a
transferência da consciência de um mestre falecido para um recém-nascido), já
utilizado por outras seitas lamaístas (<i>Sakyapa</i>,
<i>Karmapa</i>, etc.) para assegurar a
continuidade da linhagem e evitar que os bens dos mosteiros caíssem nas mãos de
aproveitadores, a fim de, então, introduzir na seita <i>Gelugpa</i>, a linhagem de mestres reencarnados (<i>tulku</i>). Daí, a partir de então, todo Dalai Lama é a reencarnação de
todos os Dalai Lamas anteriores, os quais, por sua vez, são conjuntamente a
reencarnação de <i>Avalokiteshwara</i>, o <i>Bodhisatwa</i> da compaixão. O importante
mosteiro <i>Gelugpa</i> de <i>Tashilhumpo</i> foi fundado por <i>Gedun Truppa</i> (o primeiro Dalai Lama) em
1445 e.c. Após o terceiro Dalai Lama (<i>Sonam
Gyatso</i>), o mosteiro de <i>Tashilhumpo</i>
passou a ter a sua própria linhagem de líderes, conhecidos como <i>Panchen Lamas</i>, paralelamente à linhagem
dos Dalai Lamas. A linhagem dos <i>Panchen
Lamas</i> (ou <i>Tashi Lamas</i>) são a
segunda em autoridade na hierarquia da seita <i>Gelugpa</i>, após a linhagem dos Dalai Lamas, e também utilizam o
sistema de mestres reencarnados (ver a lista da linhagem em: Waddell, 1972: 236
e para os relatos dos primeiros Dalai Lamas, ver: Richardson, 1962: 40-1 e
Wayman, 2006: 253-4). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-HTMbHl5ZMdc/UK4h5eHCg_I/AAAAAAAAAiY/EqyzigeZOXg/s1600/Fifth+Dalai.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-HTMbHl5ZMdc/UK4h5eHCg_I/AAAAAAAAAiY/EqyzigeZOXg/s320/Fifth+Dalai.jpg" height="320" width="273" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O 5º Dalai Lama, <i>Logsang Gyatso</i> (1617--82), <br />
aclamado pelos tibetanos como "O Grande Quinto"</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Após a morte do terceiro Dalai Lama, </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Sonam Gyatso</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, o seu sucessor, </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Yonten Gyatso</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (1589-1617 e.c.) foi
suspeitamente encontrado, não por acaso, num dos bisnetos de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Altan Khan</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, uma eficiente estratégia
política para consolidar a aliança entre a seita </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpa</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e os mongóis, o que nos leva a suspeitar da honestidade do
sistema de reencarnação de mestres (transferência de consciência de um mestre
falecido para uma criança recém-nascida), já dotado pela seita </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpa</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (Wayman 2006; 254). Este fato
consolidou a supremacia da seita </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpa</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">,
primado que, desde o século XVI, vigora até os dias de hoje. Porém, esta
aproximação entre a seita </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpa</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e
os mongóis provocou a revolta das seitas rivais, sobretudo da seita </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Karmapa</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, destronada pelos </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpas</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, então, apoiada pelo rei de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Tsang</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (Tibete Central), desfechou um
ataque contra os mosteiros </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpas</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Drepung</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Sera</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e o jovem Dalai Lama foi forçado a fugir. Os </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Gelugpas</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> buscaram ajuda dos seus aliados
mongóis, mas estes últimos não interviram imediatamente, e o Dalai Lama acabou
morrendo com a idade de 25 anos de idade (Wayman, 2006: 254).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O quinto Dalai Lama, <i>Ngawang Lobsang Gyatso</i> (1617-1682 e.c.), foi o mais admirado de
todos, por isso os tibetanos atribuíram-lhe o título de “O Grande Quinto”. Ele
aliou-se com o líder mongol <i>Gushri Khan</i>
(o grande patrono da ordem <i>Gelugpa</i>) que
derrotou o rei <i>Tsang</i>, depois de uma
guerra sangrenta de demorada, assim destituindo o poder militar dos <i>Karmapas</i> e, em seguida devolveu a
liderança ao Dalai Lama, o qual expandiu o seu poder por todo o Tibete. O 5º
Dalai Lama foi colocado no trono, como o líder religioso e temporal do Tibete,
em 1642 e.c., e <i>Gushri Khan</i>
ofereceu-lhe suas conquistas do Tibete Central e Oriental como presente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Diante desta nova situação, o antigo palácio
de <i>Ganden</i>, no mosteiro de <i>Drepung</i>, não servia mais aos propósitos
do novo estado, uma vez que o palácio não podia ser considerado a capital
política do Tibete. Então, iniciou-se a construção do palácio de <i>Potala </i>em 1645
e.c., cuja conclusão em 1649 e.c., transferiu a sede do governo para
Lhasa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entretanto, mais uma vez, a escolha sucessória
de um Dalai Lama está cercada de suspeita. Sabemos que, um dos sinais
utilizados pelos lamas tibetanos para reconhecer que uma criança é a
reencarnação de um lama falecido é pelo reconhecimento dos objetos pessoais
utilizados por este último. O próprio “Grande Quinto” denunciou depois a
fraude, sobre o seu teste de identificação de objetos, em um de seus escritos:
“O oficial <i>Tsawa Kachu</i> do palácio <i>Ganden</i> (no mosteiro Drepung) mostrou-me
estátuas e rosários (que pertenceram ao quarto <i>Dalai Lama</i> e outros lamas), mas eu fui incapaz de distingui-los.
Quando ele deixou o quarto, eu o ouvi dizer aos outros do lado de fora que eu
tinha passado no teste. Mais tarde, quando ele tornou-se meu tutor, ele sempre
me censurava e dizia: você precisa se esforçar, visto que você foi incapaz de
reconhecer os objetos” (Karmay, 2005: 12). Esta denúncia é perturbadora, porém o
autor do artigo, Samten G. Karmay, não cita a fonte do registro de onde ele retirou
a citação. Todos os outros livros consultados, quando tratam deste Dalai Lama,
não mencionam esta denúncia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O Sexto Dalai Lama, <i>Tsangyang Gyatso</i> (1683-1706), foi o mais exótico de todos. Em razão
da sua vida libertina e de poeta (foi o único compositor de versos líricos do
Tibete), foi deposto, preso e assassinado em 1706, com apenas 23 anos de idade (Waddell,
1972: 234 e Wayman, 2006: 262). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os próximos dalai lamas, do sétimo ao décimo
segundo, nenhum chegou até a maturidade. O sétimo Dalai Lama, <i>Kelzang Gyatso</i> (1708-1757) morreu aos 49
anos de idade, porém exerceu o cargo por pouco tempo, uma vez que foi exilado
por muitos anos e só conseguiu assumir no final da sua vida; o oitavo, <i>Jamphel Gyatso</i> (1758-1804), morreu aos
46 anos. Pior ainda foram os quatro próximos, o nono, <i>Lungtok Gyatso</i> (1805-1815) morreu aos 10 anos de idade; o décimo, <i>Tsultrin Gyatso</i> (1816-1837) aos 21 anos;
o décimo primeiro, <i>Khendrup Gyatso</i>
(1838-1856) aos 18 anos e o décimo segundo, <i>Trimley
Gyatso</i> (1857-1875) aos 22 anos de idade, todos sob fortes suspeitas de
terem sido assassinados (Richardson, 1962: 59 e Waddell, 1972: 234-5).</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-1-BSkZO0tYw/UK4irHxELYI/AAAAAAAAAig/nXcu24uxfnI/s1600/13dalailama.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-1-BSkZO0tYw/UK4irHxELYI/AAAAAAAAAig/nXcu24uxfnI/s320/13dalailama.jpg" height="230" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O 13º Dalai Lama, <i>Thubten Gyatso</i> (1876-1933), <br />
introduziu importantes inovações no Tibete</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">O décimo terceiro Dalai Lama, </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Thubten Gyatso</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (1876-1933) interrompeu
esta sequência de mortes prematuras e viveu até os 57 anos de idade, foi capaz
de exercer o cargo por 38 anos, porém intercalados com períodos de permanência
no exílio, para fugir das invasões britânica (1904-1909) e chinesa (1910-1913).
Ele foi o primeiro Dalai Lama a perceber a importância das relações
estrangeiras. Após seu retorno do exílio em 1913, introduziu algumas inovações
no Tibete: o primeiro selo postal, a célula de dinheiro em papel, a polícia,
etc. Neste mesmo ano, declarou independência da China e padronizou a bandeira
tibetana, a qual é utilizada até os dias de hoje pelos militantes do movimento
de independência do Tibete. Seu principal empenho foi evitar a dominação
estrangeira no Tibete, embora com pouco sucesso, uma vez que os chineses, os
britânicos e os russos cobiçavam a região.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O próximo, o décimo quarto, é o atual Dalai
Lama, <i>Tenzin Gyatso</i> (1935-). De todos
os líderes tibetanos, é o único que não necessita de apresentação, pois foi o
primeiro Dalai Lama a se transformar em celebridade mundial. Notícias sobre ele
estão sempre nos noticiários de todos os países do mundo. Para onde vai, ele é recebido
por um séquito de admiradores e de bajuladores. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz
em 1989. Ele residiu no Tibete até 1959, após o fracassado levante tibetano
contra a ocupação chinesa, desde então ele vive em <i>Dharamsala</i>, Índia, onde formou um Governo Tibetano no Exílio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Agora, o intrigante é que ele é um insistente
pregador da paz e da não violência, à maneira gandhiana, no entanto, quando
observamos, no breve estudo acima e, mais detalhadamente, através de um estudo
da história do Tibete, a maneira violenta e sangrenta com a qual a sua seita
lamaísta, a ordem <i>Gelugpa</i>, construiu
e manteve a supremacia sobre as outras seitas rivais, nos tornamos perplexos. O
primado da ordem <i>Gelugpa</i> sobre as
outras rivais, no período do quinto Dalai Lama, foi obtido com muita violência
e com muito sangue e graças à aliança com um sanguinário líder mongol, <i>Gushri Khan. <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma reflexão descontraída<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O surpreendente, e até certo ponto intrigante,
é a atribuição do titulo de <i>Gyatso</i>
(oceano, em tibetano, no sentido de oceano de conhecimento) e <i>Dalai</i> (oceano, em mongol) para quase
todos os líderes da seita <i>Gelugpa</i>,
exceto o primeiro Dalai Lama. O curioso é que ambas as regiões (Tibete e
Mongólia) não são banhadas pelo oceano. Pelo que se percebe do temperamento
fechado dos tibetanos e a aversão pelos estrangeiros, é certo que quase a
totalidade da população tibetana, por todos os séculos, nunca viu o mar, pois os
tibetanos não costumavam viajar para longe. As praias mais próximas do Tibete
estão nas regiões de Bangladesh e da província de Bengala na Índia, a muitas dezenas
de kilometros de distância. Na época da atribuição do título (século XVI), não
existiam a fotografia, o cinema e o vídeo, para que a imagem do oceano pudesse
ser conhecida, pelo menos, através de reprodução. Talvez o primeiro Dalai Lama
a ver o oceano seja o atual, uma vez que vive no exílio e viaja muito. Então,
seria curioso saber a razão que levou um povo, que vive tão distante do mar, a
atribuir o título importante de Oceano (Gyatso) para o seu maior líder.<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-9wPQZhMfByM/UK4jNslpdeI/AAAAAAAAAio/-SbDKRd0yUI/s1600/dalai_lama.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-9wPQZhMfByM/UK4jNslpdeI/AAAAAAAAAio/-SbDKRd0yUI/s320/dalai_lama.jpg" height="320" width="273" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O 14º e atual Dalai Lama, <i>Tenzin Gyatso (1935-)</i>,<br />
transformou-se numa celebridade mundial</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Então, um leitor espirituoso deste
estudo, poderá estar imaginando como poderá ser este oceano no qual viveram os
Dalai Lamas. Pelas lutas violentas e o derramamento de sangue, nas disputas por
poder e pela supremacia, tal como descritas acima, ele será imaginativamente
levado a pensar que se trata de um oceano habitado por tubarões predadores, no
qual cada um, com a ajuda de seu cardume, procura manter a soberania em suas
águas e conquistar o poder sobre as dos outros, a fim de alcançar domínio sobre
todo o oceano. Esta foi a briga entre as
seitas tibetanas durante séculos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Quanto à localização deste oceano,
este mesmo leitor imaginará que, com tanto derramamento de sangue em busca de
poder, certamente esta região não será o Oceano Pacífico, então, a região
oceânica mais provável deverá ser o Mar Vermelho. Os períodos de exílio de
alguns Dalai Lamas e os seus sofrimentos devem ter acontecido no Cabo das
Tormentas e as misteriosas mortes prematuras dos Dalai Lamas IX ao XII, bem
como o desaparecimento misterioso do quinto Dalai Lama (sua morte foi ocultada
por alguns anos pelo regente tibetano na época) devem ter acontecido na região
do Triângulo das Bermudas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Enfim, aqueles que ouvem as
pregações de paz e de não violência do atual Dalai Lama, <i>Tenzin Gyatso</i>, e não conhecem a história tibetana, sobretudos os
admiradores e os bajuladores, não são capazes de imaginar que, por trás desta
mensagem pacífica, se esconde uma história de sangrentas lutas de sua seita, a <i>Gelugpa</i>, a fim de alcançar a supremacia
sobre as outras correntes, até se tornar a ordem dominante do Budismo Tibetano.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia</span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BHATTAVHARYYA,
N. N. <i>History of the Tantric Religion</i>.
New Delhi: Manohar Publications, 1987, p. 215-48. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BISHOP,
Peter. <i>The Myth of Shangri-La: Tibet,
Travel Writing and the Western Creation of Sacred Landscape.</i> Berkeley:
University of California Press, 1989. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CONZE,
Edward. <i>A Short History of Buddhism</i>.
Oxford: Oneworld Publications, 1996.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________
<i>El Budismo: Su Esencia y su Desarrollo</i>.
México: Fondo de Cultura Económica, 1997. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DREYFUS,
Georges B. J. <i>The Sound of Two Hands
Clapping: The Education of a Tibetan Buddhist Monk. </i>Berkeley: University of
California Press, 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ELIOT,
Charles. <i>Hinduism and Buddhism: An
Historical Sketch</i>. Delhi: Sri Satguru Publications, 1988, vol. III, p.
345-401.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">EVANS-WENTZ,
W. Y and Chen-chi Chang (eds.). <i>Tibetan
Yoga and Secret Doctrines.</i> Oxford: Oxford University Press, 2000a.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">__________________
<i>The Tibetan Book of the Great Liberation;
Or the Method of Realizing Nirvana Through Knowing the Mind. </i>Oxford: Oxford
University Press, 2000b. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">HOPKINS,
Jeffrey (tr.). <i>The Buddhism of Tibet by
His Holiness the Dalai Lama</i>. Ithaca: Snow Lion Publications, 1987. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KARMAY,
Samten G. <i>The Great Fifth</i>. IIAS
Newsletter nr. 39, International Institute for Asian Studies, December 2005, p.
12-3. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LAMA,
14th Dalai, <i>My Land and My People</i>.
London/New York: McGraw-Hill Book Company, 1962. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_______________
<i>The Path to Enlightenment</i>. Ithaca:
Snow Lion Publications, 1995. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LANDON,
Perceval. <i>The Opening of Tibet</i>.
London: Doubleday Page & Co., 1905.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LEROUX,
Georges. <i>The Dalai Lama’s Call to the
World</i>. Queen’s Quartely vol. 119, issue 02, Summer 2012, p. 179. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LHALUNGPA,
Lobsang P. <i>Buddhism in Tibet</i> em <i>The Path of the Buddha: Buddhism Interpreted
by Buddhists. </i>Kenneth W. Morgan (ed.).<i>
</i>New York: Ronald Press, 1956, p. 237-306.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MARCELLO,
Patricia G. <i>The Dalai Lama: A Biography</i>.
London/Westport: Greenwood Press, 2003. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MUSÉS,
C. A. <i>Esoteric Teachings of the Tibetan
Tantra</i>. Indiana Hills: The Falcon’s Wing Press, 1961. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">OBERMILLER,
E. (tr.). <i>The History of Buddhism in
India and Tibet by Bu-Ston</i>. Delhi: Sri Satguru Publications, 1996. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PAL,
Amitabh. <i>The Dalai Lama</i>. The
Progressive, vol. 70, issue 01, January 2006, p. 35. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RICHARDSON,
H. E. <i>A Short History of Tibet</i>. New
York: E. P. Dutton & Co., Inc., 1962. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SCHLAGINTWEIT,
Emil. <i>Buddhism in Tibet</i>. London:
Trubner & Co., 1863<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WADDELL,
L. Austine. <i>Tibetan Buddhism: With its
Mystic Cults, Symbolism and Mythology. </i>New York: Dover Publications, 1972
(1st edition: 1895). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WAYMAN,
Alex. <i>The Diamond Vehicle</i> em <i>Buddhist Spirituality</i>, <i>vol. I</i>. Takeushi Yoshinori (org.). New
York: Crossroad, 1993, p. 219-41. Edição brasileira: <i>A Espiritualidade Budista</i>, Perspectiva, 2006, p.
243-68. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-56042670810965218512012-10-31T04:38:00.000-07:002013-12-09T02:37:23.891-08:00|ESTUDO| A Peregrinação Islâmica e os Problemas à Saúde Consequentes da Aglomeração<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por Octavio da Cunha Botelho e Gabriel Shimizu Bassi<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br />
<br />
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: Para auxílio dos estudantes e dos pesquisadores, este estudo está disponível também, mas no formato .docx, em um layout mais próximo do manográfico e com paginação, a fim de facilitar o trabalho de consulta, de download, de impressão e de manuseio em pesquisa, em: </span></div>
</div>
<a href="http://www.academia.edu/4479058/A_Peregrinacao_Islamica_e_os_Problemas_a_Saude_Consequentes_da_Aglomeracao">http://www.academia.edu/4479058/A_Peregrinacao_Islamica_e_os_Problemas_a_Saude_Consequentes_da_Aglomeracao</a>)<br />
<br />
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_sCFkywyGig/UJEHU8TCKAI/AAAAAAAAAeY/bh2HbG8EKs4/s1600/470_hajj_kaaba_470x300.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="203" src="http://4.bp.blogspot.com/-_sCFkywyGig/UJEHU8TCKAI/AAAAAAAAAeY/bh2HbG8EKs4/s320/470_hajj_kaaba_470x300.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Multidão de peregrinos ao redor da <i>Caaba</i> durante a <i>Hajj</i></td></tr>
</tbody></table>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Este estudo é sobre a <i>Hajj</i>,
a Grande Peregrinação Muçulmana à Meca que, este ano, no nosso calendário,
aconteceu dos dias 24 a 29 de Outubro. O evento tem dimensões astronômicas, pois
é a maior concentração anual de religiosos do planeta, o deste ano reuniu cerca de 3,1 milhões de fiéis, segundo as autoridades sauditas, perdendo apenas para um festival hindu que acontece de
12 em 12 anos em <i>Allahabad</i>, Índia, o <i>Purna Kumbha Mela</i>, o qual habitualmente
reúne cerca de 20 milhões de devotos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O estudo, num primeiro momento,
informa o que é a <i>Hajj</i>, a execução
dos seus ritos, a sua origem pré-islâmica e as lendas por trás dos seus ritos,
esta parte inicial escrita por Octavio da Cunha Botelho. Para então, num
segundo momento, relatar e analisar os principais problemas de saúde
decorrentes da excessiva aglomeração de peregrinos neste evento, esta segunda
parte escrita por Gabriel Shimizu Bassi. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que é a <i>Hajj</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O quinto pilar (princípio) do
Islamismo é a <i>Hajj</i> (sendo os outros:
a Profissão de Fé, a Oração, a Caridade e o Jejum), isto é, a grande
peregrinação à Meca, para diferenciar da pequena peregrinação (<i>Umra</i>), que todo muçulmano saudável e com
condição financeira é obrigado a fazer pelo menos uma vez na vida. Geralmente
traduzida como peregrinação, a <i>Hajj</i>,
mais precisamente, é uma série de ritos executados em determinados pontos e
momentos do trajeto da peregrinação no interior da Grande Mesquita (<i>al-masjid al-haram</i>) e nos locais
sagrados (<i>Mina</i>, <i>Muzdalifa</i> e Monte <i>Arafat</i>)
ao redor da cidade de Meca. Acontece anualmente entre os dias oitavo e décimo
terceiro do mês <i>Dhul Hijja</i>, o décimo
segundo e último do calendário muçulmano. Em vista da diferença do calendário
lunar dos muçulmanos com o calendário solar, este ano o evento acontecerá entre
os dias 24 e 29 de Outubro. Além da <i>Hajj,</i>
existe outra peregrinação muçulmana, a <i>Umra</i>
(visitação) a qual pode ser feita em qualquer época do ano e não é obrigatória,
conhecida também como peregrinação menor (Robinson, 2003, 127-36). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A execução da <i>Hajj</i><o:p></o:p></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-xJXdPerN2TI/UJEKAR4WlCI/AAAAAAAAAfQ/acncBT0EiIA/s1600/10.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-xJXdPerN2TI/UJEKAR4WlCI/AAAAAAAAAfQ/acncBT0EiIA/s320/10.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mapa mostrando o itinerário da <i>Hajj</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><i><br /></i></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A série de ritos</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">da peregrinação (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">)
começa no 8º dia do mês de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dhul-Hijja</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
o 12º do calendário muçulmano e termina no 13º dia. Entretanto, antes deste
período, no sétimo dia, os peregrinos se submetem à Purificação Ritual (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ihram</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), a qual deve ser feita antes de
entrar na </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Al-Masjid Al-Haram</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (a
Grande Mesquita de Meca). Esta consiste em aparar as unhas e o bigode, remover
os fios de cabelo desnecessários, tomar banho e vestir os trajes brancos sem
costura (o </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">izar</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> e o </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">rida</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">). Também, eles devem recitar a
oração ritual (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Talbiyah</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">). As mulheres
são dispensadas de alguns destes requisitos. Durante a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, o peregrino deve abster-se de usar roupas costuradas, de
cobrir a cabeça (as mulheres não cobrem o rosto), de se banhar e de cuidar do
corpo, de praticar atividade sexual, de usar perfumes, de envolver-se em
conflito e em derramamento de sangue, de caçar e de destruir plantas (Long,
1979: 16). No passado, quando os peregrinos chegavam por terra, foram
instalados locais de purificação em cidades ao redor de Meca, para que os fiéis
pudessem efetuar os ritos de purificação </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(Ihram</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">)
e, assim, alcançarem o estado de consagração, antes de entrarem na Grande
Mesquita. Atualmente, como muitos chegam de avião, estes ritos preparatórios
são feitos em Meca mesmo. Isto tem que ser feito até o 7º dia, pois no 8º dia
iniciam-se os ritos da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
propriamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Veja abaixo a programação da <i>Hajj</i> dia por dia no mês de <i>Dhul–Hijja</i> do calendário muçulmano
(Long, 1979: 11-23; Robinson, 2003: 132-6 e Bianchi, 2004: 09):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
8º dia: vestidos nos trajes brancos e previamente consagrados (<i>Ihram</i>), os peregrinos entram na <i>Al-Masjid Al-Haram</i> (a Grande Mesquita)
pelo Portão da Paz (<i>Bab as-Salam</i>) e
executam inicialmente o <i>Tawaf</i> da
Chegada (circulação por 7 vezes ao redor da <i>Caaba</i>
no sentido anti-horário) repetindo orações. Durante cada giro em torno da <i>Caaba</i>, é prescrito um toque na Pedra
Preta, porém durante a <i>Hajj</i> não é
obrigatório, em vista da multidão, que pode ser substituído por um gesto
simulando o toque. Em seguida, executam a <i>Sai</i>
(a caminhada e/ou a corrida entre as colinas de <i>Safa</i> e de <i>Marwa</i> por 7
vezes). Depois, os peregrinos retornam ao pátio da <i>Caaba</i> para beberem a água da fonte <i>Zamzam</i> para, então, em seguida, se dirigirem à <i>Mina</i> (3 milhas de Meca), onde realizam orações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
9º dia: os peregrinos deixam <i>Mina</i> e
se dirigem ao monte <i>Arafat</i>, o local
onde Maomé fez seu último sermão, aí permanecem em vigília contemplativa, rezam
e recitam o Alcorão. Este momento é considerado o auge da <i>Hajj</i>. Em seguida, se dirigem para <i>Muzdalifa</i>, onde passam a noite dormindo no chão e no céu aberto. No
dia seguinte os peregrinos retornam para <i>Mina</i>,
para a cerimônia do apedrejamento do demônio (<i>ramy al-jamarat</i>).</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
10º dia: Em <i>Mina</i>, os peregrinos
recolhem um tanto de pedras de cascalho, para serem lançadas contra 3 muros
(antes eram 3 pilares, após 2004 os pilares foram substituídos por 3 muros
altos, uma vez que as pedras lançadas estavam atingindo peregrinos do outro
lado), rito que significa o desafio ao demônio. Depois, se possível, os
peregrinos sacrificam um animal de sua propriedade e, em seguida, os homens
raspam o cabelo e as mulheres cortam uma polegada do cabelo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
11º dia: os peregrinos retornam à Meca e executam a segunda <i>Tawaf</i> (a circulação ao redor da <i>Caaba</i>)
e a segunda <i>Sai</i> (a corrida entre as
colinas de <i>Safa</i> e de <i>Marwa</i>). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
12º dia: os peregrinos retornam à <i>Mina</i>
e repetem o ritual do apedrejamento do demônio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
13º dia: retorno à Meca, onde executam o <i>Tawaf</i>
do Adeus (a última circulação ao redor da <i>Caaba</i>)
e, por fim, as cerimônias terminam e, então, os peregrinos deixam Meca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A origem pré-islâmica
da <i>Hajj</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Diante da grandiosidade deste
evento, bem como da tamanha devoção dos fiéis durante as cerimônias e da beleza
da Grande Mesquita de Meca, é interessante conhecer a crença que motiva a
magnitude desta concentração religiosa. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-FrN7BBv_VMk/UJEINXe61EI/AAAAAAAAAeo/2f9NEkelPEE/s1600/hajj.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="238" src="http://2.bp.blogspot.com/-FrN7BBv_VMk/UJEINXe61EI/AAAAAAAAAeo/2f9NEkelPEE/s320/hajj.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Visão noturna da Grande Mesquita de Meca durante a <i>Hajj</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em suma, os ritos da <i>Hajj</i> são re-encenações de lendas que
relatam episódios aflitos e gloriosos das vidas de Abraão (Ibrahim para os
muçulmanos), de sua escrava, <i>Hajar</i>,
com quem teve um filho, Ismael. Lendas, nem sempre coincidentes, preservadas
pela tradição (<i>Hadith</i>), das quais Maomé
adaptou para um contexto islâmico, a fim de atribuir uma origem gloriosa e
monoteísta para o conjunto de revelações que estava transmitindo na época. Os cultos à <i>Caaba</i> (lit. cubo), à Pedra Preta e aos locais ao redor (<i>Safa</i>, <i>Marwa</i>, etc.) já existiam antes de Maomé, porém eram cultos
politeístas praticados pelas tribos nativas da região árabe. Maomé, após suas
conquistas militares, reformou estes cultos dando-lhes um caráter monoteísta. O
Alcorão III. 96-7 ufaneia: “A primeira Casa (de adoração) destinada aos homens
foi aquela de <i>Bakka</i> (Meca). Plena de
benção e guia para todos os seres. Nela estão sinais manifestos: o lugar de
estadia de Abraão. Qualquer um que penetre nela alcança segurança. A
peregrinação à ela é um dever que os homens devem a deus...” (Ali, 1934: 148 e
Challita, 2002: 32).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A associação de Abraão com o Islã foi
uma manipulação astuta de Maomé que funcionou. Nas palavras de David E. Long:
“Ao vincular o Islã a Abraão, Maomé parece ter sido influenciado pela grande
população judia em Medina. Não só ele conheceu a tradição judia com os judeus,
como também procurava alcançar reconhecimento de si mesmo como profeta, para
tanto, Maomé utilizou a tradição comumente aceita de que Abraão era o pai
natural de ambos: dos árabes e dos judeus. Quando os muçulmanos romperam com os
judeus de Medina, o uso de Abraão como uma figura de pai foi apropriado, visto
que ele (Abraão) pré-datava tanto o Cristianismo como a Torá Judaica. Ligar
Abraão com o Islã foi, mais que tudo, uma inovação e não uma adaptação da
tradição pré-islâmica de Meca” (Long, 1979: 05).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A etimologia da palavra <i>Hajj</i> é interpretada assim: “A palavra <i>Hajj</i> está relacionada com o hebraico <i>Hag</i>, a qual refere-se aos festivais
cíclicos envolvendo a peregrinação e talvez a circulação. Significa “dirigir-se
para”, relacionada com o ato de peregrinação” (Long, 1979: 04).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As lendas por trás dos
ritos da <i>Hajj </i>islâmica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-A47D2urI2kY/UJEJDAuw2GI/AAAAAAAAAe4/mXTEMZqlbUA/s1600/300px-Amellie_-_Stoning_of_the_devil_2006_Hajj.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-A47D2urI2kY/UJEJDAuw2GI/AAAAAAAAAe4/mXTEMZqlbUA/s1600/300px-Amellie_-_Stoning_of_the_devil_2006_Hajj.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Peregrinos executando o Rito do Apedrejamento</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A construção da <i>Caaba</i> por Abraão e seu filho Ismael é mencionada no Alcorão (II.
125-7), mas os relatos mais extensos foram preservados nas tradições (<i>Hadith</i>). Então, um corpo de lendas se
desenvolveu a partir da referência à construção da <i>Caaba</i> por Abrão e seu filho no livro sagrado do Islã. No entanto,
“de acordo com alguns relatos, a <i>Caaba</i>
de Abraão foi, na verdade, a segunda a ser construída no local, a primeira
sendo construída por Adão, que tinha ido à Meca após ser expulso do Paraíso.
Esta primeira construção, tal como a lenda relata, foi destruída durante o
Dilúvio” (Long, 1979: 06). Portanto, segundo esta versão da lenda, o que Abraão
fez foi, na verdade, reconstruir a <i>Caaba</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os relatos nas lendas são divergentes,
de modo que David E. Long tenta organizá-los assim: “Abraão e seu filho Ismael
tiveram ajuda sobrenatural enquanto eles construíam (ou reconstruíam) a <i>Caaba</i>. De acordo com uma versão, deus
guiou Abraão até o local da primeira <i>Caaba</i>
por uma nuvem, que parou acima do local e ordenou a Abraão que construísse um
edifício sobre a sombra que ela projetava. Abraão começou a construir usando
pedras trazidas por Ismael. Numa outra versão, as pedras eram extraídas de três
montanhas: uma de Meca, uma de Jerusalém (o Monte das Oliveiras) e uma do
Líbano (o Monte <i>Hermon</i>)” (Long, 1979: 06).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“No canto leste da <i>Caaba</i> (cada canto está dirigido para um ponto cardial) está a
famosa Pedra Negra. De acordo com a
lenda, ela foi trazida até Abraão pelo anjo Gabriel de <i>Jabal Abn Qubays</i> (uma montanha perto de Meca), onde ela tinha
permanecido desde o dilúvio, tendo sido parte da <i>Caaba</i> original. A pedra era originalmente branca, mas ficou preta
pelo contato com os pecados do homem. No Dia do Julgamento a pedra falará em
testemunho contra a humanidade” (Long, 1979: 06). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Um outro conjunto de lendas ligando
Abraão ao Islã e a <i>Hajj</i> trata da
sagrada fonte de água <i>Zamzam</i>,
localizada no interior da Grande Mesquita e da <i>Sai</i>, ou as sete travessias entre as colinas de <i>Safa</i> e <i>Marwa</i>. Não há
menção da <i>Zamzam</i> no Alcorão, mas as
colinas <i>Safa</i> e <i>Marwa</i> são elogiadas (II. 158): “<i>Al-Safa</i>
e <i>Al-Marwa</i> figuram entre os lugares
de Deus. Quem fizer a peregrinação à Casa (<i>Caaba</i>)
ou a visitar (<i>Umra</i>) não cometerá
transgressão se circundar estes dois montes...” (Ali, 1934: 62 e Challita,
2002: 14).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“As lendas relativas à <i>Zamzam</i> e à <i>Sai</i> variam, mas a história geral envolve <i>Hajar</i> e seu filho Ismael, abandonados no deserto por Abraão. De
acordo com uma versão, Abraão e sua esposa <i>Sarah</i>,
tendo deixado a Caldeia, viajaram para o Egito. Quando estavam lá, o faraó <i>Salatis</i> tentou por três vezes seduzir
Sarah, mas foi milagrosamente impedido, de maneira que não pode fazê-lo.
Liberando-a para seu marido, ele deu a ela uma lembrança, uma bela escrava, <i>Hajar</i>. No principio as coisas iam bem,
Abraão teve um filho, Ismael, com <i>Hajar</i>
(pois <i>Sarah</i> era estéril). Mas <i>Sarah</i> começou a ficar ciumenta e exigiu
que Abraão abandonasse os dois no deserto. Relutante ele fez assim, deixando-os
no Vale da Sede, o local da atual Meca. Abraão previu, contudo, que aquele era
o local da primeira <i>Caaba</i> e que
nenhum mal ocorreria a <i>Hajar</i> e a
Ismael. Depois que ele partiu, <i>Hajar</i>
correu em direção a uma miragem de água até que ela alcançou o topo da colina <i>Al-Safa</i> e regressou, então ela perseguiu
a miragem até que ela alcançou o topo da colina <i>Al-Marwa</i>. Após correr de ida e de volta por sete vezes, ela
retornou até seu filho, somente para descobrir a água surgindo de onde ele
estava. Esta era a água de <i>Zamzam</i>. Em
alguns relatos Ismael acidentalmente descobriu a água, e em outros, o anjo
Gabriel golpeou a terra e fez ela surgir, enquanto que outros, foi a
redescoberta da água originalmente usada por Adão e Eva quando eles foram
expulsos do Éden. De qualquer maneira, a <i>Sai</i>
existe para comemorar a corrida de ida e de volta de <i>Hajar</i> em busca de água” (Long, 1979: 07). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-CJ8WWLlm0I8/UJEJtR4GhXI/AAAAAAAAAfI/yUh-Mj6ZSs0/s1600/14304_494296230594299_463221154_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="188" src="http://4.bp.blogspot.com/-CJ8WWLlm0I8/UJEJtR4GhXI/AAAAAAAAAfI/yUh-Mj6ZSs0/s320/14304_494296230594299_463221154_n.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Peregrinos se espremendo ao redor da <i>Caaba</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">“De acordo com uma versão, Abraão foi
ordenado por deus num sonho a sacrificar seu filho Ismael. No dia seguinte, ele
disse ao seu filho que eles iriam sair para encontrar lenha, mas quando estavam
caminhando, Abraão não se conteve e confessou a Ismael o que Deus lhe tinha
instruído fazer. Ismael aceitou seu destino e seguiu seu pai até o local do
sacrifício que Abraão tinha visto no sonho, um penhasco próximo ao terceiro </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Jamrah</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (antes pilar, agora muro para
arremesso de pedras) em </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Mina</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">. No
caminho, Satã apareceu para Ismael três vezes, uma vez em cada </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Jamrah</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> e o alertou sobre o que seu pai
pretendia fazer. Em cada ocasião Ismael lançou pedras contra Satã. Quando Ismael
foi amarrado e colocado no local do sacrifício, Abraão colocou uma faca no seu
pescoço, mas a faca recusou entrar na sua carne. Após uma terceira tentativa, o
anjo Gabriel apareceu com um carneiro. Ele disse a Abraão que Deus tinha
recebido seu sacrifício e não exigia a alma de Ismael, e que deveria, ao invés
disto, oferecer um carneiro em seu lugar” (Long, 1979: 08). Esta é a origem do
rito do apedrejamento em </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Mina</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A <i>Hajj</i>
é um exemplo atual de como a crença em antigas lendas ainda é capaz de levar
multidões a se exporem e a se submeterem às condições de desconforto e de
risco, em troca de uma simples demonstração de submissão. Certamente,
aglomerações com estas proporções não poderiam passar sem incidentes, com exposição
ao risco de milhares de fiéis que, com frequência, resulta em acidentes e em
casos de contaminação, apesar das providências dos organizadores sauditas, ano
após ano, para evitar o aumento de ocorrências. Os problemas de saúde
decorrentes da grande aglomeração na <i>Hajj</i>,
ocorridos nas últimas décadas, serão relatados e analisados em seguida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Epidemiologia da Hajj<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A <i>Hajj</i>
é conhecida mundialmente pelos epidemiologistas e infectologistas como um dos eventos
de maior ocorrência de doenças potenciais à saúde física coletiva (Shaffi et
al., 2006; Memish, 2002).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A aglomeração é um dos maiores problemas
mundiais de saúde pública (Memish, 2002). A grande quantidade de pessoas que
faz o itinerário da <i>Hajj</i> (o trânsito
de mais de 2 milhões de pessoas num percurso relativamente curto) pode
propiciar o rápido aparecimento de epidemias. O calor extremo, o conglomerado e
o congestionamento humano entre animais e carros, bem como a preparação e o
armazenamento inadequados de alimentos e água podem facilitar o contágio dos
indivíduos por patógenos diversos, principalmente por agentes aéreos. Tais fatores
foram o estopim que propiciaram o surgimento da epidemia de meningite por <i>Neisseria meningiditis</i> na <i>Hajj</i> dos anos de 2000-2001 (Ahmed et
al., 2006). Além disso, a taxa de infecção por tuberculose resistente a
antibióticos é três vezes mais alta em Meca e em Medina que a média nacional
para a Arábia Saudita (Al-Kassimi et al., 1993; Khan et al., 2001). O próprio
governo saudita tentou por vezes impedir a entrada de peregrinos que vinham de
países em risco de epidemia. Por exemplo, na <i>Hajj</i> deste ano (2013), o governo saudita proibirá a entrada de
peregrinos provindos de Uganda e da República Democrática do Congo por medo de
estarem infectados com ebola (MacKenzie, 2013)<o:p></o:p></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-rvigFx6lXmk/UJEO_s01idI/AAAAAAAAAfw/aRHJLZKTCpg/s1600/261650-StoningHajjAFP-1317135554-252-640x480.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="238" src="http://1.bp.blogspot.com/-rvigFx6lXmk/UJEO_s01idI/AAAAAAAAAfw/aRHJLZKTCpg/s320/261650-StoningHajjAFP-1317135554-252-640x480.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Peregrinos se encaminhando para o Rito do Apedrejamento</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">O suíço John Lewis Burkhardt foi o
primeiro europeu a relatar os perigos de contaminações potencialmente fatais
durante a peregrinação (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) no ano
de 1813 (Burkhardt, 1829). Burkhardt, posteriormente estudando os trabalhos de
historiadores árabes, mostrou que na </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
do ano de 1271 houve o aparecimento de uma “pestilencia” não específica,
matando 50 pessoas por dia. Outra “pestilencia” surgiu no ano de 1424, matando
2000 pessoas (Burkhardt, 1829). Entre os sintomas mais aparentes estava a “febre
intermitente” (cujo pico de febre ocorre em períodos, como as vistas num
indivíduo parasitado por malária), “febre pútrida” (provavelmente devido à
infecção por difteria ou tifo) e, por último, mas não menos importante, as disenterias
diversas. Nos anos de 2000 e 2001, a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
recebeu especial atenção pela ocorrência de uma epidemia meningocócica
(infecções que acometem as meninges, membranas que envolvem o encéfalo, e uma
das causadoras das meningites) que acometeu mais de 2400 pessoas (Aguilera et
al., 2002; Ahmed et al., 2006). Bernieh e colaboradores (1995) mostraram que dentre
94 pacientes atendidos durante a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
no setor de hemodiálise do hospital de Madinah Al Munawarah (cidade de Medina),
54 pacientes (60%) foram positivos para o vírus da hepatite C (embora nenhum
membro da equipe de saúde tenha sido positivo para o vírus). </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Porém os problemas sanitários envolvendo
o festival da <i>Hajj</i> começam muito
antes de se alcançar o local de adoração, localizado em Meca. Os peregrinos
inicialmente trocam suas vestimentas diárias por pedaços de tecidos amarrotados
e desalinhados, simbolizando a morte em vigilância constante do mundo mundano (Winston,
2005; Hanlon, 2000). Os peregrinos então se abstêm do uso de artigos de higiene
pessoal (tais como sabonetes e papel higiênico devido ao perfume), relações
sexuais e cortes de cabelos e unhas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoCaption" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Qualidade da Água<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sabe-se que o suprimento de água
fornecido em Meca durante a <i>Hajj</i> é
fornecido por usinas de desalinização ao sul de Jeddah e de poços artesianos. E
essa água é transportada por meio de caminhões-pipa para locais e áreas
residenciais onde não se consegue chegar com a água por meios convencionais
(tubulações). Mashat e colaboradores (2010) avaliaram a qualidade da água
contida em 508 caminhões-pipa que transportavam água, durante o festival da <i>Hajj</i>, a partir da usina de
dessalinização (160) e de poços artesianos (348) entre os anos de 2006-2008. Os
níveis de coliformes e de E. coli excediam os níveis máximos permitidos pela
Agência de Medidas e Especificações Saudita (SASM). Contaminantes químicos
(sólidos totais dissolvidos, NH4, NO3, NO2, SO4, Cl, Cu, Ca, Mg, F) também
excediam os níveis máximos especificados pela SASM. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Qualidade dos Alimentos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A diarreia é um sintoma comum para
qualquer peregrino que participa da <i>Hajj</i>,
porém há poucos estudos envolvendo sua epidemiologia. Baseando-se em
estatísticas internacionais (Organização Mundial da Saúde e pesquisadores
independentes), durante o período da <i>Hajj</i>
entre 1992-2004, relatos de epidemias de infecção alimentar variaram de 44 a
132 casos (Organização Mundial da Saúde, 2002; Green & Roberts, 2002). Isso
se deve à chegada de pessoas de diversos países com diferentes culturas,
posições sociais e estilos de vida que são expostas a sanitários lotados e
pouco higienizados e a patógenos alimentares raros em seus países de origem
(Organização Mundial da Saúde, 2002; Green & Roberts, 2002). <o:p></o:p></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-WJ84uKhGFhk/UJEPka61NJI/AAAAAAAAAf4/0oAw_IZR75s/s1600/kaba.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-WJ84uKhGFhk/UJEPka61NJI/AAAAAAAAAf4/0oAw_IZR75s/s1600/kaba.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Peregrinos reverenciando a <i>Caaba</i> </td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">De acordo com o Ministério da Saúde da
Arabia Saudita (MSAS), esse número pode ser muito maior, pois grande parte das
epidemias de intoxicação alimentar não é relatada ao MSAS (Mazrou, 2004). Baseando-se
nos relatos que chegaram aos escritórios do MSAS, houve um grande aumento no
número de epidemias de intoxicação alimentar entre a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> de 1989 e 2002 (Ministério da Saúde da Arábia Saudita, 2002)
(figura 1). Porém, como os casos dependem da notificação por parte dos sistemas
de avaliação estatais, fica difícil ter certeza se o evento observado é
resultados de um aumento real do envenenamento dos alimentos ou simplesmente
uma melhora no sistema de avaliação (Mazrou, 2004). Mas o período de ocorrência
dessas epidemias vai de Junho a Agosto (período de férias escolares)
(Ministério da Saúde da Arabia Saudita, 2002) e durante a temporada da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (Organização Mundial da Saúde,
2002; Green & Roberts, 2002).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; page-break-after: avoid; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shape id="Imagem_x0020_23" o:spid="_x0000_i1030" style="height: 251.25pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 424.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata cropbottom="8659f" o:title="Imagem1" src="file:///C:\Users\Octavio\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image002.jpg">
</v:imagedata></v:shape></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As grandes causadoras destas epidemias
durante a <i>Hajj</i> são o <i>Staphylococcus aureus</i>, acometendo por
volta de 41% dos casos (Kurdi et al., 1998), e a <i>Salmonella spp., </i>acometendo por volta de 33% dos casos (Al-Turki et
al., 1998). Na <i>Hajj</i> de 1986, a causa
mais comum de internação foi a gastroenterite (76,6% das internações), com uma
taxa de incidência de 4,4 por 10 mil pessoas, sendo que 41% dos internados por
essa sintomatologia tinham mais de 60 anos (Ghaznawi & Khalil, 1986). Em
2002, essa doença acometeu 6,3% das internações, ficando atrás somente das
doenças respiratórias (57%) e das doenças cardiovasculares (19,4%) (Al-Ghamdi
et al., 2003). O <i>Vibrio cholera</i>
(causador do cólera) foi responsável por várias epidemias nas <i>Hajjs</i> de 1984-1986 (Onishchenko et al.,
1995ab), porém a melhora no sistema de distribuição de água e canalização do esgoto
praticamente aboliram a contaminação por cólera desde então.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Porém, o sistema de saneamento nos
locais de peregrinação ainda se mantém precário, o que pode acarretar o
surgimento de diversas doenças que se utilizam de outros vetores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; page-break-after: avoid; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shape id="Imagem_x0020_4" o:spid="_x0000_i1029" style="height: 197.25pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 425.25pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="Imagem1" src="file:///C:\Users\Octavio\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image003.jpg">
</v:imagedata></v:shape></span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoCaption" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Tabela
1. Fatores que predispõem a doenças durante a peregrinação (<i>Hajj</i>). Adaptado de Memish et al., 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Infecções
dermatológicas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rituais prolongados de permanecer em pé,
andar, carregar ornamentos, o calor e o suor excessivo promovem infecções de
pele que são bem comuns aos peregrinos da <i>Hajj</i>.
Além disso, em algums áreas sagradas, os peregrinos precisam andar descalços em
locais onde o chão é extremamente quente devido ao sol do meio-dia, podendo
levar a sérios casos de queimaduras (Al-Qattan, 2000; Fried et al., 1996). Dos
1441 pacientes dermatológicos da cidade de Meca durante a <i>Hajj</i>, impetigos, carbúnculos, furúnculos, foliculites e eczemas
agravados por pioedemas foram os problemas mais comuns (Fatani et al., 2000, 2002).
Outro problema é o convívio com animais para posterior sacrifício, causando
contaminações por fezes e sangue em contato com cortes de mãos durante o
abatimento de animais, além do contágio por parasitas (Hawary et al., 1997)
(ver tópico risco de traumas).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Doenças causadas pelo
sangue – hepatites<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Já se é conhecido de longa data o
potencial para a epidemia de hepatite associada à contaminação do sangue, de
alimentos e da água durante a peregrinação da <i>Hajj</i> (Zuckerman & Steffen, 2000; Khuroo, 2003). De um modo
geral, todas as hepatites dividem um mesmo modo de contaminação: contato com
sangue contaminado, dejetos humanos, contato com mucosas, alimentos e água
contaminados, etc (talvez possamos excluir as relações sexuais devido às
características culturais da <i>Hajj</i>,
descrita brevemente acima). Curiosamente, grande parte dos peregrinos que
executam a <i>Hajj</i> é de países endêmicos
aos diversos tipos de hepatite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoCaption" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; page-break-after: avoid;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shape alt="Full-size image (61 K)" id="Imagem_x0020_5" o:spid="_x0000_i1028" style="height: 202.5pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 424.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="Full-size image (61 K)" src="file:///C:\Users\Octavio\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image004.jpg">
</v:imagedata></v:shape></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Frutas, particularmente as descascadas,
podem ser vetores de contaminação. Apesar de a Arábia Saudita ter banido a
entrada de alimentos provindo de peregrinos e visitantes (exceto enlatados para
serem consumidos em até 24 horas), 37% desses ainda trazem alimentos de seus
respectivos países (Alrabeh et al., 1998). Além disso, 34% dos peregrinos
compram alimentos de ambulantes e de lojas provisórias, muitos com padrões duvidosos
de higiene (Alrabeh et al., 1998). Outro fator preocupante é a não utilização
de sabonetes e detergentes (devido ao perfume) ou de álcool para mãos durante o
acampamento que ocorre em <i>Mina</i>. Outro
fator potencial é o contato pessoal durante os diferentes rituais, tais como a
caminhada de <i>Safa-Marwah</i> e a estadia
em <i>Arafat</i>. <o:p></o:p></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-9PHu1ZCHvho/UJEQBl1kXtI/AAAAAAAAAgA/ORME-d9m1zg/s1600/go-makkah-hajj-oumra-d76rg2-hajj-manassikjpg.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="233" src="http://3.bp.blogspot.com/-9PHu1ZCHvho/UJEQBl1kXtI/AAAAAAAAAgA/ORME-d9m1zg/s320/go-makkah-hajj-oumra-d76rg2-hajj-manassikjpg.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os 3 pilares do Rito do Apedrejamento, depois<br />
substituídos<span style="text-indent: 35.4pt;"> por 3 muros, as pedras lançadas </span><br />
<span style="text-indent: 35.4pt;">costumavam</span><span style="text-indent: 35.4pt;"> atingir os peregrinos do outro lado</span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">A prática de raspar a cabeça pode
aumentar o risco de contaminação por hepatite e outras doenças de maior ou
menor morbi-mortalidade (Al-Salama & El-Bushra, 1998; Gatrad & Sheikh, 2001;
Rashid % Shafi, 2006). Ao final do festival, por volta de 90% dos homens tem
sua cabeça raspada por barbeiros locais ou outros peregrinos (Turkistani et
al., 2000). Em dois estudos separados, 61% dos peregrinos cujas cabeças foram
raspadas tinham cortes no escalpo (máximo de 18 cortes), e 25% dos barbeiros reaproveitavam
as lâminas (Alrabeh et al., 1998; Turkistani et al., 2000). Entre os barbeiros,
ao menos 4% tinham antígenos para o vírus da hepatite B, 0,6% tinham antígenos
para a hepatite C e 10% estavam contaminados pela hepatite C (Turkistani et
al., 2000). Num outro estudo de 1998, 23% dos barbeiros possuíam cortes abertos
nas mãos, 21% utilizavam a mesma lâmina para mais de um corte e 82% jogavam ao
menos uma lâmina usada no chão (aumentando a chance de alguém se cortar durante
a peregrinação) (Al-Salama & El-Bushra, 1998).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como a utilização de drogas intravenosas
e a prática de sexo desprotegido não são efetuados devido às proibições
religiosas, a hepatite C pode ter seu vetor em transfusões de sangue e por
infecções nosocomiais durante a <i>Hajj</i>.
Num estudo com 689 peregrinos de 49 países (muitos dos quais endêmicos à
hepatite C) que foram admitidos ao menos em 1 dos 6 hospitais de campanha em
Meca para o tratamento de condições médicas diversas durante a <i>Hajj</i> de 2005, 5% (32 pessoas) foram
atendidas por sinais e sintomas de doenças hepáticas crônicas, e outras 5% (34
pessoas) por sangramento intestinas (Khan et al., 2005).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Febre Hemorrágica de <i>Alkhumra</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esta é uma doença transmitida por um carrapato
(<i>Ornithodoros savignyi</i>) que leva a
uma encefalite viral por flavivírus, altamente associada à <i>Hajj</i> devido à movimentação de animais entre os peregrinos para
alimentação (Charrel et al., 2001, 2007; Zaki, 1997). Os sintomas clínicos da
febre de <i>Alkhumra</i> são típicos de
encefalites virais, tais sintomas semelhantes a resfriados, gripes e hepatite
(100%), manifestações hemorrágicas (55%) e encefalites (20%), sendo que a taxa
de mortalidade é superior a 30% (Zaki, 1997). Trinta e sete casos de infecções
pelo vírus <i>Alkhumra</i> foram relatados
somente em Meca entre os anos de 2001 e 2002 (Charrel, 2001, 2007; Zaki, 1997).
Um estudo mostrou que entre 1994 e 1995, a contaminação pelo vírus se deu por
meio de feridas na pele, picada de carrapatos ou consumo de leite de camelo não
pasteurizado (Charrel et al., 2005).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Febre do Vale do <i>Rift</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A febre do Vale do Rift é uma infecção
endêmica causada por flebovírus, sendo transmitida por mosquitos. Os sinais e
sintomas incluem hepatite e síndrome hepatorrenal e, quando hemorrágica, a taxa
de mortalidade é alta. No período de agosto a novembro de 2000, ocorreu na Arábia
Saudita uma epidemia da febre do Vale do <i>Rift,</i>
provavelmente causada pela importação de gado provindo da África para a <i>Hajj</i> (Madani et al., 2003). Apesar das
imposições do governo saudita sobre a importação de gado e a vacinação
compulsória, gado infectado foi identificado em 2004 (Davies, 2006). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Além dos animais serem assintomáticos ao
vírus, ele pode se disseminar facilmente durante o momento de abate do animal
quando o sangue sofre aspersão ou gotejamento por meio do corte da carne,
podendo atingir facilmente mucosas e locais de feridas (Davies et al., 2006).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Infecções Respiratórias<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As infecções respiratórias são as causas
mais comuns de atendimentos nos hospitais durante a <i>Hajj</i> (57% do total de atendimentos), tendo-se a pneumonia como
principal doença para internação em 39% de todos os pacientes atendidos (Al-Ghamdi
et al., 2003). Os patógenos mais comuns são <i>Haemophilus
influenza, Klebsiella pneumoniae </i>e<i> </i>o<i> Streptococcus pneumoniae</i>, tendo-se as infecções
bacterianas responsáveis por 30% de todos os casos de internação (El-Sheikh et
al., 1998). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Durante a <i>Hajj</i> de 1994, 46 pacientes (72% dos internados) foram diagnosticados
com patógenos bacterianos e, desses, 13 (20%) continham <i>Mycobacterium tuberculosis</i> no escarro (Alzeer et al., 1998). Um
estudo envolvendo a resposta imune à tuberculose em 357 peregrinos originários
de Cingapura antes e 3 meses após a <i>Hajj</i>,
149 eram negativos antes de irem à <i>Hajj</i>.
Porém 15 deles (10%) continham anticorpos anti-tuberculose após 3 meses (Wilder-Smith,
2005). Num outro estudo com 761 pacientes com infecções do trato respiratório superior,
152 (20%) estavam contaminados por influenza A e adenovírus (El-Sheikh et al.,
1998). Extrapolando esse número e de outros estudos para o total de peregrinos que
visitaram Meca em 2003, os pesquisadores chegaram a uma conclusão na qual 400
mil peregrinos tiveram sintomas respiratórios com 24 mil casos potenciais de
influenza durante a <i>Hajj</i> (Ahmed et
al., 2006; Blakhy et al., 2004)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Doenças Cardiovasculares<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As doenças cardiovasculares são a maior
causa de morte (43%) durante a <i>Hajj</i> (Ministério
da Saúde Saudita, 2005). Muitos pacientes têm ataques cardíacos durante a
peregrinação, sendo difícil a chegada do corpo de saúde para tentar a
ressuscitação devido à multidão e ao congestionamento de pessoas, de carros e de
animais. O calor, o esforço físico, a má alimentação e outros fatores
predispõem o organismo a um estresse físico que pode facilmente levar à
isquemia cardíaca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Risco de Traumas<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O trauma é a maior causa de
morbi-mortalidade nos dias de celebração da <i>Hajj</i>.
Num estudo com 713 pacientes que sofreram algum tipo de trauma
musculoesquelético durante a <i>Hajj</i>,
248 (35%) tiveram de ser atendidos nas unidades cirúrgicas e de tratamento
intensivo (Al-Harthi & Al-Harbi, 2001). Além disso, uma das grandes causas
de traumas musculoesqueléticos é o abate de centenas de milhares de animais, o
qual é feito em grande parte por leigos. Na <i>Hajj</i>
de 2001, 603.393 ovelhas e 6.136 vacas e camelos foram mortos (Memish et al.,
2003). Muitas vezes a morte do animal é feita por leigos sem qualquer
experiencia prévia e, como resultado, lesões acidentais nas mãos <a href="http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=7350252534349872631" name="_GoBack"></a>são comuns. Em um estudo de 4 anos com 298 pacientes com lesões
nas mãos relacionados ao abate de animais em Meca, 80% dos acidentes foram
causadas por facas (Rahman et al., 1999).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Conclusões<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A <i>Hajj</i>
aglomera, por um curto período, um grande número de pessoas de diversas
culturas e diversos países. A participação na peregrinação de Meca possui
muitos perigos que podem ser evitados ou não, por isso medidas
sanitárias e a educação dos peregrinos são necessárias para evitar a ocorrência
de acidentes que, em grande parte, podem ser evitados. As autoridades sauditas
têm feito esforços neste sentido, mas nunca são suficientes para atenderem o
aumento anual de peregrinos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; page-break-after: avoid; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><v:shape id="Imagem_x0020_6" o:spid="_x0000_i1025" style="height: 327.75pt; mso-wrap-style: square; visibility: visible; width: 295.5pt;" type="#_x0000_t75">
<v:imagedata o:title="Imagem1" src="file:///C:\Users\Octavio\AppData\Local\Temp\msohtmlclip1\01\clip_image007.jpg">
</v:imagedata></v:shape></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoCaption" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 127.5pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Tabela </span><!--[if supportFields]><span
style='font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"'><span
style='mso-element:field-begin'></span><span
style='mso-spacerun:yes'> </span>SEQ Tabela \* ARABIC <span style='mso-element:
field-separator'></span></span><![endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">2</span><!--[if supportFields]><span
style='font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif"'><span
style='mso-element:field-end'></span></span><![endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">. Perigos comunicáveis e não comunicáveis
que ocorrem durante a <i>Hajj</i>. Adaptado
de Memish et al., 2003.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Agora, diante deste quadro funesto, a
sensatez nos leva a refletir sobre o proveito em participar nesta apinhada
peregrinação anual, em tão grandes circunstâncias de risco, com o dispêndio de
tanto esforço, tempo e dinheiro, apenas em troca de uma demonstração de
submissão ao Islã e a Deus. Portanto, seria curioso investigar a força por trás
da crença na mente das multidões, que leva tantos fiéis a se submeterem a tal
sacrifício e a tamanha exposição ao risco, porém a limitação de espaço aqui nos
obriga a deixar este assunto para outra ocasião.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia</span></b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">AGUILERA, JF, Perrocheau A, Meffre C, Hahne S, the
W135 Working Group. Outbreak of serogroup W135 meningococcal disease after the
Hajj pilgrimage, Europe. <i>Emerg Infect Dis</i>.
8: 761-767, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">AHMED Q. A, Arabi YM, Memish ZA. Health risks at Hajj.
<i>Lancet</i>, 367: 1008-1015, 2006<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">AL-GHAMDI S. M, Akbar H.O,
Qari Y. A, Fathaldin O. A, Al-Rashed R. S. Pattern of admission to hospitals
during muslim pilgrimage (Hajj). <i>Saudi
Med J</i>, 24: 1073–1076, 2003<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">AL-HARTHI A. S, Al-Harbi M.
Accidental injuries during muslim pilgrimage. <i>Saudi Med J</i>, 22: 523–52, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ALI,
Abdullah Yusuf (tr.). <i>The Holy Quran</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1934. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ALI,
Maulana M. (tr.). <i>A Manual of Hadith</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1944, p. 232-51. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Al-QATTAN M. M. The ‘Friday mass’ burns
of the feet in Saudi Arabia. <i>Burns. </i>26: 102–05, 2000</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ALRABEH A. M, El-Bushra H. E, Al-Sayed M. O,
et al. Behavioral risk factors for disease during <i>Hajj</i>: the second survey. <i>Saudi
Epidemiol Bull.</i> 5: 19-20, 1998<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">AL-SALAMA A, El-Bushra H. Head shaving
practices of barbers and pilgrims to Makkah,1998. <i>Saudi Epidemiol Bull.</i> 5: 17-18, 1998.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">ALTER M. J. Epidemiology of hepatitis C virus
infection. <i>World J Gastroenterol</i>.
13(17): 2436-2441, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">AL-TURKI K. A, El-Taher A. H, Bushait S. A.
Bacterial Food Poisoning. <i>Saudi Med J.</i>
19: 581-584, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ALZEER A, Mashlah A, Fakim
N, <i>et al. </i>Tuberculosis is the commonest cause of pneumonia requiring
hospitalization during hajj (pilgrimage to Makkah). <i>J Infect</i>, 36: 303–306, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ARBERRY,
Arthur J. (tr.). <i>The Koran Interpreted</i>.
New York: Macmillan Publishing Co., 1955.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">AUSTRALIA E. M. Safe and
healthy mass gathering. In: <i>Emergency
Management Australia</i> (Dd.), Australia Emergency Manuals series,
Commonwealth of Australia. 1–103, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">BALKHY H. H, Memish Z. A,
Bafaqeer S, Almuneef M. A. Influenza a common viral infection among Hajj
pilgrims: time for routine surveillance and vaccination. <i>J Travel Med</i>. 11: 82–86, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">BERNIEH B, Allam M, Halepota A, Mohamed
AO, Parkar J, Tabbakh A. Prevalence of hepatitis C virus antibodies in
hemodialysis patients in Madinah Al Munawarah. <i>Saudi J Kidney Dis Transpl</i>. 6(2): 132-135, 1995.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BIANCHI,
Robert R. <i>Guests of God: Pilgrimage and
Politics in the Islamic World. </i>New York/Oxford: Oxford University Press,
2004. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">BURCKHARDT J. L. Travels in Arabia. London: Frank and
Cass; 1829.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CHALLITA,
Mansour (tr.). <i>O Alcorão</i>. Rio de
Janeiro: ACIGI, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">CHARREL R. N, Fagbo S, Moureau G,
Alqahtani M. H, Temmam S, de Lamballerie X. Alkhurma hemorrhagic fever virus in
<i>ornithodoros savigny</i>i ticks. <i>Emerg Infect Dis.</i> 13: 153-155, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">CHARRELl R. N, Zaki AM, Attoui H, et al.
Complete coding sequence of the alkhurma virus, a tick-borne </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">fl</span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">avivirus causing severe hemorrhagic fever
in humans in Saudi Arabia. <i>Biochem
Biophys Res Commun.</i> 287: 455-461, 2001.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">CHARREL R. N, Zaki AM, Fakeeh M, et al.
Low diversity of alkhurma hemorrhagic fever virus, Saudi Arabia, 1994-1999. <i>Emerg Infect Dis.</i> 11: 683-638, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">CHITTICK,
William C. and Sachiko Murata. <i>The Vision
of Islam</i>. St. Paul: Paragon</span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">DAVIES F. G. Risk of a rift valley fever
epidemic at the haj in Mecca, Saudi Arabia<i>.
Rev Sci Tech.</i> 25: 137-147, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">EL BELTAGY K. E, Al Balawi I. A, Almuneef
M, Memish Z. A. Prevalence of hepatitis B virus markers among blood donors in a
tertiary hospital in Tabuk, northwestern Saudi Arabia. <i>Int J Infect Dis.</i> 12: 495-509, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">EL-SHEIKH S. M, El-Assouli
S. M, Mohammed K. A, Albar M. Bacteria and viruses that causes respiratory
tract infections during the pilgrimage (Haj) season in Makkah, Saudi Arabia. <i>Trop Med Int Health</i>. 3: 205–209, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">FATANI M. I, Al-A</span><span style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">fi</span><span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">f K. A, Hussain H. Pattern of skin
diseases among pilgrims during Hajj season in Makkah, Saudi Arabia. <i>Int J
Dermatol. </i>39: 493–6, 2000.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">FATANI M. I, Bukhari S. Z, Al-A</span><span style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">fi</span><span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">f K. A, Karima T. M, Abdulghani M. R,
Al-Kaltham M. I. Pyoderma among Hajj Pilgrims in Makkah. <i>Saudi Med J. </i>23:
782–85, 2002.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">FRIED M, Kahanovitz S, Dagan R. Full
thickness feet burn of a pilgrim to Mecca. <i>Burns. </i>22: 644–645, 1996<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">GATRAD A. R, Sheikh A. Hajj and risk of
blood borne infections. <i>Arch Dis Child.</i>
84: 375, 2001.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">GATRAD A.R, Sheikh A. Hajj: journey of a lifetime. <i>BMJ.</i> 330:133-137, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">GHAZNAWI H. I, Khalil M. H.
Health hazards and risk factors in the 1406 (1986) Hajj season. <i>Saudi Med J</i>, 9: 274–282, 1989.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">GREEN A. D, Roberts K. I. Recent trends in
infectious diseases for travelers. <i>Occup
Med (Lond).</i> 50: 560-565, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">HANLON V. Days of the Hajj. <i>CMAJ. </i>163: 1598-1599, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="color: #231f20; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">HAWARY M. B, Hassanain J. M, Al-Rasheed
S. K, Al-Qattan M. M The yearly outbreak of Orf infection of the hand in Saudi
Arabia. <i>J Hand Surgery. </i>4: 550–551, 1997.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">HELBING D, Farkas I, Vicesk
T. Simulating dynamical features of escape panic. <i>Nature</i>. 470: 487–490, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">JACOBSEN K. H, Wiersma S. T. Hepatitis A virus
seroprevalence by age and world regions, 1990 and 2005. <i>Vaccine.</i> 28(14): 6653-6657, 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">KHAN N. A, Ishag A. M, Ahmad M. S,
El-Sayed F. M, Bachal Z. A, Abbas T. G. Pattern of medical diseases and
determinants of prognosis of hospitalization during 2005 Muslim pilgrimage Hajj
in a tertiary care hospital. <i>Saudi Med J.</i>
27: 1373-13780, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">KHUROO M. S. Viral hepatitis in international
travellers: risks and prevention. <i>Int J
Antimicrob Agents.</i> 21: 143-152, 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">KRAWCZYNSKI K, Kamili S, Aggarwal R.
Global epidemiology and medical aspects of hepatitis E. <i>Forum (Genova).</i> 11: 166-179, 2001<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">KURDI T. S, Kamball A. M, Muhammad M. H. A,
al-Zahrani M. A. Manuals for worker for food poisoning accidents. Riyadh (KSA):
Ministry of Health; 1-27, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">LONG, David
Edwin. <i>The Hajj Today: A Survey of the
Contemporary Makkah Pilgrimage. Albany:</i> State University of New York Press,
1979. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span class="sb-authors"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">MADANI T. A, Al-Mazrou Y. Y,
Al-Jeffri M. H, et al.</span></span><span class="sb-contribution"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"> </span></span><strong><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt; font-weight: normal; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-weight: bold;">Rift valley fever epidemic in Saudi Arabia: epidemiological, clinical,
and laboratory characteristics.</span></strong><strong><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"> </span></strong><em><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Clin Infect Dis</span></em><span class="sb-issue"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">. </span></span><span class="sb-volume-nr"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">37</span></span><span class="sb-issue"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">: </span></span><span class="sb-pages"><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">1084–1092,
2003.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">MASHAT B. H, Khalafalla J. M, Amin AES.
The bacteriological, physical and chemical water quality of tanker trucks
during Hajj season (2006-2008). <i>J Agric
Vet Sci</i>. 3(1): 59-77, 2010.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">MAZROU Y. Y. Food poisoning in Saudi
Arabia. Potential for prevention? <i>Saudi
Med J</i>. 25(1): 11-14, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">MACKENZIE D. Threatwatch: Find the germs, don`t sack
the messenger. <i>New Scientist Magazine</i>.
URL:
http://www.newscientist.com/article/dn22417-threatwatch-find-the-germs-dont-sack-the-messenger.html<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">MEMISH Z. A. Infection control in Saudi Arabia:
meeting the challenge. </span><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Am J Infect
Control </span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">30:
57-65, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Ministério
da Saúde da Arabia Saudita. </span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Food
Poisoning Accidents during the years 1421-1422. Annual Report. Riyadh (KSA):
Food Poisoning Department, Ministry of Health; 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ONISHCHENKO G. G, Lomov Iu G, Moskvitina EA. [Cholera in the Republic of
Dagestan]. <i>Zh Mikrobiol Epidemiol
Immunobiol</i> (suppl 2). 3–8, 1995a.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ONISHCHENKO G. G, Lomov Iu M, Moskvitina EA et al<i>.</i>[The
epidemiological characteristics of cholera in the Republic of Dagestan. An
assessment of the epidemic-control measures]. <i>Zh Mikrobiol Epidemiol Immunobiol</i> (suppl 2). 9–22, 1995b.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">Organização Mundial da Saúde. Emerging
foodborne diseases, fact sheet 124. Revised January 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PALMER,
E. H. (tr.). <i>The Qur’an – Sacred Books of
the East, vols. 6 and 9</i>. Delhi: Motilal Banarsidass, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PETERS,
Francis E. <i>A Reader on Classical Islam</i>.
Princeton: Princeton University Press, 1994, 279-89. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">RAHMAN M. M, Al-Zahrani S, Al Qattan M. M.
Outbreak of hand injuries during hajj festivities in Saudi Arabia. <i>Ann Surg.</i> 43: 154, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">RASHID H, Sha</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">fi</span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;"> S. Blood borne hepatitis at Hajj. <i>Hep Mon.</i> 6: 87-88, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RIPPIN,
Andrew. <i>Muslims: Their Beliefs and
Pratices</i>, <i>vol. 2</i>. London:
Routledge, 1997, 136-41.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROBINSON,
Neal. <i>Islam: A Concise Introduction</i>.
London/New York: RoutledgeCurzon, 2003, 127-48.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">SHAFI S, Memish Z. A, Gatrad A. R, Sheikh A. Hajj
2006: communicable disease and other health risks and current official guidance
for pilgrims. <i>Euro Surveill.</i> 10(12),
2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">TRUKISTANI A, Al-Rumikhan A, Mustafa T.
Blood-borne diseases among barbers during Hajj, 1419 H (1999). <i>Saudi Epidemiol Bull.</i> 7: 1-2, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">WARRAQ, Ibn. <i>Why I am not a Muslim</i>. Amherst:
Prometheus Books, 1995, p. 35-</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">41.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">WILDER-SMITH A, Foo W,
Earnest A, Paton N. I. High risk of Mycobacterium tuberculosis infection during
the Hajj pilgrimage. <i>Trop Med Int Health</i>,
10: 336–339, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WILLIAMS,
John A. <i>Islam</i>. New York: George
Braziller, 1961. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">Winston R. The story of God. London: Bantam Press;
2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">ZAKI A. M. Isolation of a </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">fl</span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt;">avivirus related to the tick-borne
encephalitis complex from human cases in Saudi Arabia. <i>Trans R Soc Trop Med Hyg.</i> 91: 179-181, 1997.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">ZUCKERMAN J. N, Steffen R. Risks of hepatitis B in
travelers as compared to immunization status. <i>J Travel Med.</i> 7: 170-174, 2000.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Gabriel
Shimizu Bassi<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Coordenador
da Sociedade Racionalista da USP<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="http://www.racionalistasusp.wordpress.com/"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">www.racionalistasusp.wordpress.com</span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Octavio
da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Pesquisador
da UFU<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="http://octaviobotelho.blogspot.com/"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">http://octaviobotelho.blogspot.com</span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-27932666959770996982012-10-29T04:22:00.000-07:002014-03-05T11:41:55.954-08:00|ESTUDO| A Peregrinação Islâmica e as Tragédias Decorrentes da Aglomeração<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-align: justify;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-_W-TsZq44Ug/UI5e2bpHYcI/AAAAAAAAAcw/AQFFYOC7UL4/s1600/hajj+(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-_W-TsZq44Ug/UI5e2bpHYcI/AAAAAAAAAcw/AQFFYOC7UL4/s320/hajj+(1).jpg" height="211" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Visão panorâmica da Grande Mesquita de Meca durante a <br />
<i>Hajj</i>, a Grande Peregrinação Islâmica</td></tr>
</tbody></table>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Este estudo foi programado para ser
postado na época da <i>Hajj</i>, a grande
peregrinação muçulmana à Meca que, este ano, no nosso calendário, acontece dos
dias 24 a 29 de Outubro. O evento tem uma dimensão astronômica, pois é a maior
concentração anual de religiosos do planeta, o de 2011 reuniu cerca de 2,5
milhões de fiéis, perdendo apenas para um festival hindu que acontece de 12 em
12 anos em <i>Allahabad</i>, Índia, o <i>Purna Kumbha Mela</i>, o qual habitualmente reúne
cerca de 20 milhões de devotos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em meio a uma aglomeração tão
abarrotada, os incidentes são inevitáveis, sobretudo num lugar despreparado
para receber tamanha concentração de peregrinos, os quais vão desde as
contaminações de doenças graves, até as tragédias com muitas vítimas fatais por
conta de incêndios e de pisoteamentos decorrentes das correrias de pânico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que é a <i>Hajj</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O quinto pilar (princípio) do Islamismo
é a <i>Hajj</i> (sendo os outros: a
Profissão de Fé, a Oração, a Caridade e o Jejum), isto é, a grande peregrinação
à Meca, para diferenciar da pequena peregrinação (<i>Umra</i>), que todo muçulmano saudável e com condição financeira é
obrigado a fazer pelo menos uma vez na vida. Geralmente traduzida como peregrinação,
a <i>Hajj</i>, mais precisamente, é uma série
de ritos executados em determinados pontos e momentos do trajeto da
peregrinação no interior da Grande Mesquita (<i>al-masjid al-haram</i>) e nos locais sagrados (<i>Mina</i>, <i>Muzdalifa</i> e Monte <i>Arafat</i>) ao redor da cidade de Meca. Acontece
anualmente entre os dias oitavo e décimo terceiro do mês <i>Dhul Hijja</i>, o décimo segundo e último do calendário muçulmano. Em
vista da diferença do calendário lunar dos muçulmanos com o calendário solar,
este ano o evento acontecerá entre os dias 24 e 29 de Outubro. Além da <i>Hajj,</i> existe outra peregrinação
muçulmana, a <i>Umra</i> (visitação) a qual
pode ser feita em qualquer época do ano e não é obrigatória, conhecida também
como peregrinação menor (Robinson, 2003, 127-36). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A execução da <i>Hajj</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><i><br /></i></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-E9Cl3LfkqzA/UI5hBfZc9tI/AAAAAAAAAc4/XeE37s1Uvdo/s1600/Hajj1.gif" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-E9Cl3LfkqzA/UI5hBfZc9tI/AAAAAAAAAc4/XeE37s1Uvdo/s320/Hajj1.gif" height="243" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mapa mostrando o itinerário da <i>Hajj</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A série de ritos</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">da peregrinação (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">)
começa no 8º dia do mês de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Dhul-Hijja</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
o 12º do calendário muçulmano, e termina no 13º dia. Entretanto, antes deste
período, no sétimo dia, os peregrinos se submetem à Purificação Ritual (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ihram</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), a qual deve ser feita antes de
entrar na </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Al-Masjid Al-Haram</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (a
Grande Mesquita de Meca). Esta consiste em aparar as unhas e o bigode, remover
os fios de cabelo desnecessários, tomar banho e vestir os trajes brancos sem
costura (o </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">izar</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> e o </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">rida</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">). Também, eles devem recitar a
oração ritual (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Talbiyah</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">). As mulheres
são dispensadas de alguns destes requisitos. Durante a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, o peregrino deve abster-se de usar roupas costuradas, de
cobrir a cabeça (as mulheres não cobrem o rosto), de se banhar e de cuidar do
corpo, de praticar atividade sexual, de usar perfumes, de envolver-se em
conflito e em derramamento de sangue, de caçar e de destruir plantas (Long,
1979: 16). No passado, quando os peregrinos chegavam por terra, foram
instalados locais de purificação em cidades ao redor de Meca, para que os fiéis
pudessem efetuar os ritos de purificação </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(Ihram</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">)
e, assim, alcançarem o estado de consagração, antes de entrarem na Grande
Mesquita. Atualmente, como muitos chegam de avião, estes ritos preparatórios
são feitos em Meca mesmo. Isto tem que ser feito até o 7º dia, pois no 8º dia
iniciam-se os ritos da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
propriamente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Veja abaixo a programação da <i>Hajj</i> dia por dia no mês de <i>Dhul–Hijja</i> do calendário muçulmano (Long,
1979: 11-23; Robinson, 2003: 132-6 e Bianchi, 2004: 08-10):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
8º dia: vestidos nos trajes brancos e previamente consagrados (<i>Ihram</i>), os peregrinos entram na <i>Al-Masjid Al-Haram</i> (a Grande Mesquita) pelo
Portão da Paz (<i>Bab as-Salam</i>) e
executam inicialmente o <i>Tawaf</i> da Chegada
(circulação por 7 vezes ao redor da <i>Caaba</i>
no sentido anti-horário) repetindo orações. Durante cada giro em torno da <i>Caaba</i>, é prescrito um toque na Pedra
Preta, porém durante a <i>Hajj</i> não é
obrigatório, em vista da multidão, que pode ser substituído por um gesto
simulando o toque. Em seguida, executam a <i>Sai</i>
(a caminhada e/ou a corrida entre as colinas de <i>Safa</i> e de <i>Marwa</i> por 7
vezes). Depois, os peregrinos retornam ao pátio da <i>Caaba</i> para beberem a água da fonte <i>Zamzam</i> para, então, em seguida, se dirigirem à <i>Mina</i> (3 milhas de Meca), onde realizam orações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
9º dia: os peregrinos deixam <i>Mina</i> e
se dirigem ao monte <i>Arafat</i>, o local
onde Maomé fez seu último sermão, aí permanecem em vigília contemplativa, rezam
e recitam o Alcorão. Este momento é considerado o auge da <i>Hajj</i>. Em seguida, se dirigem para <i>Muzdalifa</i>, onde passam a noite dormindo no chão e no céu aberto. No
dia seguinte os peregrinos retornam para <i>Mina</i>,
para a cerimônia do apedrejamento do demônio (<i>ramy al-jamarat</i>). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
10º dia: Em <i>Mina</i>, os peregrinos
recolhem um tanto de pedras de cascalho, para serem lançadas contra 3 muros
(antes eram 3 pilares, após 2004 os pilares foram substituídos por 3 muros
altos, uma vez que as pedras lançadas estavam atingindo peregrinos do outro
lado), rito que significa o desafio ao demônio. Depois, se possível, os
peregrinos sacrificam um animal de sua propriedade e, em seguida, os homens
raspam o cabelo e as mulheres cortam uma polegada do cabelo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
11º dia: os peregrinos retonam à Meca e executam a segunda <i>Tawaf</i> (a circulação ao redor da <i>Caaba</i>)
e a segunda <i>Sai</i> (a corrida entre as
colinas de <i>Safa</i> e de <i>Marwa</i>). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
12º dia: os peregrinos retornam à <i>Mina</i>
e repetem o ritual do apedrejamento do demônio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
13º dia: retorno à Meca, onde executam o <i>Tawaf</i>
do Adeus (a última circulação ao redor da <i>Caaba</i>)
e, por fim, as cerimônias terminam e, então, os peregrinos deixam Meca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A origem pré-islâmica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Diante da grandiosidade deste
evento, bem como da tamanha devoção dos fiéis durante as cerimônias e da beleza
da Grande Mesquita de Meca, é interessante conhecer a crença que motiva a
magnitude desta concentração religiosa. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-gw9DQnHqnWg/UI5de7wFJNI/AAAAAAAAAco/q8et6f2sK4Q/s1600/470_hajj_kaaba_470x300.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-gw9DQnHqnWg/UI5de7wFJNI/AAAAAAAAAco/q8et6f2sK4Q/s320/470_hajj_kaaba_470x300.jpg" height="203" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A <i>Caaba</i> cercada por milhares de peregrinos durante a <i>Hajj</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em suma, os ritos da <i>Hajj</i> são re-encenações de lendas que
relatam episódios aflitos e gloriosos das vidas de Abraão (Ibrahim para os
muçulmanos), de sua escrava, <i>Hajar</i>, com
quem teve um filho, Ismael (Bianchi, 2004: 08). Lendas, nem sempre
coincidentes, preservadas pela tradição (<i>Hadith</i>),
das quais Maomé adaptou para um contexto islâmico, a fim de atribuir uma origem
gloriosa e monoteísta para o conjunto de revelações que estava transmitindo na
época. Os cultos à <i>Caaba</i> (lit. cubo), à Pedra Preta e aos locais ao redor (<i>Safa</i>, <i>Marwa</i>, etc.) já existiam antes de Maomé, porém eram cultos
politeístas praticados pelas tribos nativas da região árabe. Maomé, após suas
conquistas militares, reformou estes cultos dando-lhes um caráter monoteísta. O
Alcorão III. 96-7 ufaneia: “A primeira Casa (de adoração) destinada aos homens
foi aquela de <i>Bakka</i> (Meca). Plena de
benção e guia para todos os seres. Nela estão sinais manifestos: o lugar de
estadia de Abraão. Qualquer um que penetre nela alcança segurança. A
peregrinação a ela é um dever que os homens devem a deus...” (Ali, 1934: 148 e
Challita, 2002: 32). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A associação de Abraão com o Islã foi
uma manipulação astuta de Maomé que funcionou. Nas palavras de David E. Long:
“Ao vincular o Islã a Abraão, Maomé parece ter sido influenciado pela grande
população judia em Medina. Não só ele conheceu a tradição judia com os judeus,
como também procurava alcançar reconhecimento de si mesmo como profeta, para
tanto, Maomé utilizou a tradição comumente aceita de que Abraão era o pai
natural de ambos: dos árabes e dos judeus. Quando os muçulmanos romperam com os
judeus de Medina, o uso de Abraão como uma figura de pai foi apropriado, visto
que ele (Abraão) pré-datava tanto o Cristianismo como a Torá Judaica. Ligar Abraão
com o Islã foi, mais que tudo, uma inovação e não uma adaptação da tradição
pré-islâmica de Meca” (Long, 1979: 05).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A etimologia da palavra <i>Hajj</i> é interpretada assim: “A palavra <i>Hajj</i> está relacionada com o hebraico <i>Hag</i>, a qual refere-se aos festivais
cíclicos envolvendo a peregrinação e talvez a circulação. Significa “dirigir-se
para”, relacionada com o ato de peregrinação” (Long, 1979: 04).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As lendas por trás dos
ritos da <i>Hajj </i>islâmica<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-tineWI4dGRc/UI5iP6QYyrI/AAAAAAAAAdA/9_AgUaIWVRc/s1600/17157kaabacube.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-tineWI4dGRc/UI5iP6QYyrI/AAAAAAAAAdA/9_AgUaIWVRc/s320/17157kaabacube.jpg" height="252" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Desenho mostrando o interior da <i>Caaba</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A construção da <i>Caaba</i> por Abraão e seu filho Ismael é mencionada no Alcorão (II.
125-7), mas os relatos mais extensos foram preservados nas tradições (<i>Hadith</i>). Então, um corpo de lendas se
desenvolveu a partir da referência à construção da <i>Caaba</i> por Abrão e seu filho no livro sagrado do Islã. No entanto,
“de acordo com alguns relatos, a <i>Caaba</i>
de Abraão foi, na verdade, a segunda a ser construída no local, a primeira
sendo construída por Adão, que tinha ido à Meca após ser expulso do Paraíso.
Esta primeira construção, tal como a lenda relata, foi destruída durante o
Dilúvio” (Long, 1979: 06). Portanto, segundo esta versão da lenda, o que Abraão
fez foi, na verdade, reconstruir a <i>Caaba</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os relatos nas lendas são divergentes,
de modo que David E. Long tenta organizá-los assim: “Abraão e seu filho Ismael
tiveram ajuda sobrenatural enquanto eles construíam (ou reconstruíam) a <i>Caaba</i>. De acordo com uma versão, deus
guiou Abraão até o local da primeira <i>Caaba</i>
por uma nuvem, que parou acima do local e ordenou a Abraão que construísse um
edifício sobre a sombra que ela projetava. Abraão começou a construir usando
pedras trazidas por Ismael. Numa outra versão, as pedras eram extraídas de três
montanhas: uma de Meca, uma de Jerusalém (o Monte das Oliveiras) e uma do
Líbano (o Monte Hermon)” (Long, 1979: 06).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“No canto leste da <i>Caaba</i> (cada canto está dirigido para um ponto cardial) está a
famosa Pedra Negra. De acordo com a
lenda, ela foi trazida até Abraão pelo anjo Gabriel de <i>Jabal Abn Qubays</i> (uma montanha perto de Meca), onde ela tinha
permanecido desde o dilúvio, tendo sido parte da Caaba original. A pedra era
originalmente branca, mas ficou preta pela contato com os pecados do homem. No
Dia do Julgamento a pedra falará em testemunho contra a humanidade” (Long,
1979: 06). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Outro conjunto de lendas ligando Abraão
ao Islã e a <i>Hajj</i> trata das sagrada
fonte de água <i>Zamzam</i>, localizada no
interior da Grande Mesquita e da <i>Sai</i>,
ou as sete travessias entre as colinas de <i>Safa</i>
e <i>Marwa</i>. Não há menção da <i>Zamzam</i> no Alcorão, mas as colinas <i>Safa</i> e <i>Marwa</i> são elogiadas (II. 158): “<i>Al-Safa</i>
e <i>Al-Marwa</i> figuram entre os lugares
de Deus. Quem fizer a peregrinação à Casa (<i>Caaba</i>)
ou a visitar (<i>Umra</i>) não cometerá
transgressão se circundar estes dois montes...” (Ali, 1934: 62 e Challita,
2002: 14). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-hwn5BbM4Azc/UI5i4bO5ukI/AAAAAAAAAdI/10nJA0MD8X8/s1600/blackstonemecca1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-hwn5BbM4Azc/UI5i4bO5ukI/AAAAAAAAAdI/10nJA0MD8X8/s320/blackstonemecca1.jpg" height="320" width="265" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Pedra Negra no interior da <i>Caaba</i>, a qual é vista e <br />
tocada de fora pelos fiéis através de um objeto que <br />
parece a combinação de vitrine e relicário</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“As lendas relativas à <i>Zamzam</i> e à <i>Sai</i> variam, mas a história geral envolve <i>Hajar</i> e seu filho Ismael, abandonados no deserto por Abraão. De
acordo com uma versão, Abraão e sua esposa <i>Sarah</i>,
tendo deixado a Caldeia, viajaram para o Egito. Quando estavam lá, o faraó <i>Salatis</i> tentou por três vezes seduzir
Sarah, mas foi milagrosamente impedido, de maneira que não pode fazê-lo.
Liberando-a para seu marido, ele deu a ela uma lembrança, uma bela escrava, <i>Hajar</i>. No principio as coisas iam bem,
Abraão teve um filho, Ismael, com <i>Hajar</i>
(pois <i>Sarah</i> era estéril). Mas <i>Sarah</i> começou a ficar ciumenta e exigiu
que Abraão abandonasse os dois no deserto. Relutante ele fez assim, deixando-os
no Vale da Sede, o local da atual Meca. Abraão previu, contudo, que aquele era
o local da primeira <i>Caaba</i> e que
nenhum mal ocorreria a <i>Hajar</i> e a
Ismael. Depois que ele partiu, <i>Hajar</i>
correu em direção a uma miragem de água até que ela alcançou o topo da colina <i>Al-Safa</i> e regressou, então ela perseguiu
a miragem até que ela alcançou o topo da colina <i>Al-Marwa</i>. Após correr de ida e de volta por sete vezes, ela
retornou até seu filho, somente para descobrir a água surgindo de onde ele
estava. Esta era a água de <i>Zamzam</i>. Em
alguns relatos Ismael acidentalmente descobriu a água.e em outros, o anjo Gabriel
golpeou a terra e fê-la surgir, enquanto que outros, foi a redescoberta da água
originalmente usada por Adão e Eva quando eles foram expulsos do Éden. De
qualquer maneira, a <i>Sai</i> existe para
comemorar a corrida de ida e de volta de <i>Hajar</i>
em busca de água” (Long, 1979: 07). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“De acordo com uma versão, Abraão foi
ordenado por deus num sonho a sacrificar seu filho Ismael. No dia seguinte, ele
disse ao seu filho que eles iriam sair para encontrar lenha, mas quando estavam
caminhando, Abraão não se conteve e confessou a Ismael o que Deus lhe tinha
instruído fazer. Ismael aceitou seu destino e seguiu seu pai mate o local do
sacrifício que Abraão tinha visto no sonho, um penhasco próximo ao terceiro <i>Jamrah</i> (antes pilar, agora muro para
arremesso de pedras) em Mina. No caminho, Satã apareceu para Ismael três vezes,
uma vez em cada <i>Jamrah</i> e o alertou
sobre o que seu pai pretendia fazer. Em cada ocasião Ismael lançou pedras
contra Satã. Quando Ismael foi amarrado e colocado no local do sacrifício,
Abraão colocou uma faca no seu pescoço, mas a faca recusou entrar na sua carne.
Após uma terceira tentativa, o anjo Gabriel apareceu com um carneiro. Ele disse
a Abraão que Deus tinha recebido seu sacrifício e não exigia a alma de Ismael,
e que deveria, ao invés disto, oferecer um carneiro em seu lugar” (Long, 1979:
08). Esta é a origem do rito do apedrejamento em Mina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A <i>Hajj</i>
é um exemplo atual de como a crença em antigas lendas ainda é capaz de levar
multidões a se exporem e a se submeterem às condições de desconforto e de
risco, em troca de uma simples demonstração de submissão. Certamente,
aglomerações com estas proporções não poderiam ocorrer sem incidentes, com a exposição
ao risco de milhares de fiéis que, com frequência, resulta em acidentes e em
casos de contaminação, apesar das providências dos organizadores sauditas, ano
após ano, para evitar o aumento de ocorrências. As maiores tragédias decorrentes
da grande aglomeração na <i>Hajj</i>,
ocorridas nas últimas décadas, serão relatadas e analisadas em seguida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As tragédias<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/--COcBrCqc3o/UI5kENWC8xI/AAAAAAAAAdQ/ATf2jUa_5Yw/s1600/stoning-jamarat.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/--COcBrCqc3o/UI5kENWC8xI/AAAAAAAAAdQ/ATf2jUa_5Yw/s320/stoning-jamarat.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Multidão a caminho do Rito do Apedrejamento em <i>Mina</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os desastres alarmantes com numerosas
vítimas é uma ocorrência recente na história das peregrinações islâmicas, pois
a concentração de peregrinos em Meca não devia ser tão numerosa e tumultuada no
passado, tal como é nos dias atuais. O aumento da facilidade de locomoção, com
o surgimento de novos e mais rápidos meios de transporte (o avião, o automóvel,
o ônibus, os trens de alta velocidade, etc.), tornou a viagem à Meca mais
acessível para um número maior de peregrinos nas últimas décadas. Ademais,
agências de viagem facilitam o empreendimento, através de financiamentos,
consórcios e subsídios, bem como providenciam antecipadamente transporte, locação
de tendas, refeições, acessórios para os ritos e outros serviços, facilidades
tal como numa viagem turística (Bianchi, 2004: 04). Por conseguinte, as
peregrinações gradativamente se tornaram cada vez mais abarrotadas de fiéis. Veja
em seguida como as coisas se comercializaram: “... o gerenciamento da
peregrinação moderna se espalha com notável rapidez, oferecendo pacotes
subsidiados para todos os orçamentos e gostos. Os pacotes hoje incluem reserva
online, reservas computadorizadas em hotel e para avião, materiais de
treinamento bem ilustrado e videotape, hospitais de campo móveis, seguro de
vida, bagagem e roupa com código de cores” (Bianchi, 2004: 05). E como tudo que
se comercializa também se desvirtua: “... como em quase todos os casos, a
administração da <i>Hajj</i> é manchada com
o favoritismo e com a corrupção” (Bianchi, 2004: 05). Enfim, os principais
causadores das tragédias são os incêndios, as explosões de pânico e as
contaminações de doenças graves. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No passado, o perigo principal era
outro, quando as viagens tinham que ser feitas por terra, os saques e os roubos
às caravanas de peregrinos, a caminho de Meca eram as mais frequentes
ocorrências. Hoje, este é um problema superado, mas que foi substituído por
outros. De modo que, os problemas dos peregrinos que viajam para a <i>Hajj</i> não são de agora, apenas mudou a
maneira de como acontecem (incêndios, correrias de pânico, atos terroristas,
asfixias em túnel, epidemias, paradas cardíacas, etc.) e, mais
impressionantemente, a magnitude destes acontecimentos, bem como o número de
vítimas, em virtude da grande aglomeração de participantes. <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-TE3q0Q6WdgA/UI5kqdt14WI/AAAAAAAAAdY/TCdZDjHxE4w/s1600/go-makkah-hajj-oumra-d76rg2-hajj-manassikjpg.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-TE3q0Q6WdgA/UI5kqdt14WI/AAAAAAAAAdY/TCdZDjHxE4w/s320/go-makkah-hajj-oumra-d76rg2-hajj-manassikjpg.jpg" height="233" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os 3 pilares do Rito do Apedrejamento, depois substituídos<br />
por 3 muros. As pedras lançadas costumavam atingir os<br />
peregrinos do outro lado</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Espiritualmente, a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> pode ser um momento magnífico para os muçulmanos, mas, por
outro lado, apesar da aparente beleza e da suntuosidade do evento, esta
peregrinação fisicamente é um momento de tumulto e de caos, onde muitos são
expostos ao perigo. “Ela é uma experiência estafante e perigosa, quando a
exaustão, com o tempo, se transforma em delírio, a serenidade dá lugar à impaciência
e o perigo ao pânico. Até os mais autoconfiantes peregrinos percebem que, estar
mais perto de deus também o leva para mais perto da morte” (Bianchi, 2004: 07).
Mesmo assim, Robert R. Bianchi observa: “A </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
funciona por causa do bom sentido de ajuda mútua dos peregrinos, e não por
causa dos recursos precários que os governantes dispõem para ajudá-los e
controlá-los. Todo o dinheiro e a tecnologia, o planejamento e a segurança, são
impressionantes e crescentes a cada ano, mas nunca suficientes. O fator
decisivo é o autocontrole e a cooperação mútua dos peregrinos” (Bianchi, 2004:
08).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não adianta a rapidez com a qual as
autoridades sauditas providenciam novos recursos e tentam melhorar a segurança
do evento, pois elas nunca conseguem acompanhar o crescente surto de peregrinos
ansiosos para se submeterem a qualquer condição. Por exemplo, nas últimas três
décadas, cerca de 2.700 peregrinos morreram somente em <i>Mina</i>, a maioria por causa de incêndios nos acampamentos ou por
causa de multidões aglomeradas em pontes de pedestres e em túnel que leva às
áreas de apedrejamento (Bianchi, 2004: 10). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Abaixo segue uma lista mostrando, em
ordem cronológica, as principais tragédias ocorridas nas últimas décadas
(Bianchi, 2004: 11; BBC News 17/12/2007 e Aljazeera.com 19/11/2009):<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1975: Um incêndio matou pelo menos 200 peregrinos no acampamento em <i>Mina</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1979: Cerca de 250 membros de uma seita saudita tomou a Grande Mesquita. Mais
de 100 invasores e 127 soldados sauditas foram mortos, depois de duas semanas
de cerco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1987: Polícia entrou em choque com manifestantes pró-iranianos na Grande
Mesquita, deixando 402 mortos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1989: Um peregrino foi morto e 16 ficaram feridos após a explosão de uma bomba
colocada perto da Grande Mesquita. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1990: 1.426 peregrinos morreram, por pisoteamento e por asfixia, durante uma
correria de pânico no interior de um túnel de pedestres através das montanhas
entre Meca e <i>Mina</i>. Uma falha elétrica
cortou o fornecimento de energia do ar condicionado e da iluminação do túnel,
com isso o pânico se espalhou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1994: Pisoteamento matou 270 peregrinos perto do <i>Jamarat</i> (rito de apedrejamento).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1997: Um incêndio espalhou-se pelo acampamento de peregrinos em <i>Mina</i> destruindo 70 mil tendas e causando
343 mortes e ferindo 1.500. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
1998: Multidão super aglomerada e pisoteamento no <i>Jamarat</i> deixou 118 mortos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
2001: Multidão sufocada durante o <i>Jamarat</i>
deixou 35 mortes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
2003: 14 peregrinos morreram quando retornavam do rito de apedrejamento<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
2004: 251 peregrinos morreram em Mina durante uma correria de pânico no <i>Jamarat</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
2006: 345 peregrinos morreram num pisoteamento durante o rito de apedrejamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Agora, diante deste quadro funesto, a
sensatez nos leva a refletir sobre o proveito em participar nesta apinhada
peregrinação anual, em tão grandes circunstâncias de risco, com o dispêndio de
tanto esforço, tempo e dinheiro, na confiança em lendas controvertidas sem
nenhuma sustentação histórica, apenas em troca de uma demonstração de submissão
ao Islã e a Deus. Portanto, seria curioso investigar a suscetibilidade à crendice
dominante nas mentes destas multidões, que leva tantos fiéis a se submeterem a
tal sacrifício e a tamanha exposição ao risco, porém, infelizmente, a limitação
de espaço aqui nos obriga a deixar esta investigação para outra oportunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ALI,
Abdullah Yusuf (tr.). <i>The Holy Quran</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1934. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ALI,
Maulana M. (tr.). <i>A Manual of Hadith</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1944, p. 232-51. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ARBERRY,
Arthur J. (tr.). <i>The Koran Interpreted</i>.
New York: Macmillan Publishing Co., 1955.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BIANCHI,
Robert R. <i>Guests of God: Pilgrimage and
Politics in the Islamic World. </i>New York/Oxford: Oxford U<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">niversity
Press, 2004. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CHALLITA,
Mansour (tr.). <i>O Alcorão</i>. Rio de
Janeiro: ACIGI, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CHITTICK,
William C. and Sachiko Murata. <i>The Vision
of Islam</i>. St. Paul: Paragon House, 1994, p. 19-20.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">LONG,
David Edwin. <i>The Hajj Today: A Survey of
the Contemporary Makkah Pilgrimage. </i>Albany: State University of New York
Press, 1979. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PALMER,
E. H. (tr.). <i>The Qur’an – Sacred Books of
the East, vols. 6 and 9</i>. Delhi: Motilal Banarsidass, 1994. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PETERS,
Francis E. <i>A Reader on Classical Islam</i>.
Princeton: Princeton University Press, 1994, p. 279-89. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">RIPPIN,
Andrew. <i>Muslims: Their Beliefs and
Pratices</i>, <i>vol. 2</i>. London:
Routledge, 1997, p. 136-41. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROBINSON,
Neal. <i>Islam: A Concise Introduction</i>.
London/New York: RoutledgeCurzon, 2003, p. 127-48.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">WARRAQ, Ibn. <i>Why I am not a Muslim</i>. Amherst:
Prometheus Books, 1995, p. 35-</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">41.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WILLIAMS,
John A. <i>Islam</i>. New York: George
Braziller, 1961. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-44744953499904790262012-10-09T05:07:00.000-07:002014-03-05T11:10:13.838-08:00|ESTUDO| A Comicidade dos Milagres na Infância de Jesus<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: left;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/a-comicidade-dos-milagres-na-infancia-de-jesus-2/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/a-comicidade-dos-milagres-na-infancia-de-jesus-2/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-xs5iXj5H5e8/UHQLntcTDpI/AAAAAAAAAZY/imO8zCeFg7k/s1600/san_jose_con_el_nino_jesus.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-xs5iXj5H5e8/UHQLntcTDpI/AAAAAAAAAZY/imO8zCeFg7k/s1600/san_jose_con_el_nino_jesus.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pintura do menino Jesus e seu pai José</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Muitos desconhecem e, por isso, se
surpreenderão ao saber da existência de evangelhos sobre a infância de Jesus.
Obviamente, não são textos canonizados, portanto foram abandonados ao
esquecimento pelas correntes cristãs predominantes. Mesmo entre os textos
apócrifos, não são os mais conhecidos e publicados, de modo que, o artigo
abaixo será para muitos leitores uma surpreendente novidade. Ao mesmo tempo que
surpreendem, estes textos nos divertem também, uma vez que estão repletos de
relatos sobre milagres cômicos de Jesus na sua infância, muitos deles em
momentos de travessuras. Enfim, os cristãos se surpreenderão, ou talvez os
abominarão, enquanto que os laicos se divertirão com a comicidade. Sendo assim,
este estudo é apropriado para o Dia das Crianças, já que a infância é a fase
das travessuras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A composição e a preservação de
narrativas sobre a infância de líderes religiosos não são frequentes na cultura
religiosa. Exceto nos apócrifos de Jesus, só iremos encontrar mais narrativas
extensas sobre a infância de <i>Sri Krishna</i>
no livro 10 do <i>Bhagavata Purana</i>. A
diferença é que os textos sobre a infância de Jesus nunca foram canonizados,
enquanto que os relatos sobre a infância de <i>Sri
Krishna,</i> não foram apenas amplamente reconhecidos pelos hindus, como também
foram reproduzidos em muitas artes e compostas muitas canções em louvor aos
episódios desta fase da sua vida. Ou seja, a infância de <i>Sri Krishna</i> é
reverentemente cultuada. <o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os Evangelhos da
Infância de Jesus<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O número de evangelhos, nos primeiros
anos do Cristianismo, era tão grande que os mesmos podiam até mesmo ser classificados
em gêneros. Os historiadores não apresentam números coincidentes, mas estima-se
que, pelo menos, cinquenta evangelhos eram existentes na época do Concílio de
Nicéia (325 e.c.). Dentre os tantos gêneros, um deles é o gênero dos <i>Evangelhos da Infância de Jesus</i>. Estes
nunca foram canonizados, por isso, com o tempo, caíram no esquecimento, bem
como foram queimados pela Igreja na Idade Média. De modo que muitos hoje,
cristãos ou ateus, nem sequer sabem que estes textos apócrifos existem. Em
vista do número de manuscritos sobreviventes, estes textos devem ter gozado de certa
popularidade nas regiões onde a perseguição ortodoxa era menor.</span></div>
<div style="text-align: left;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Parece que a principal intenção com
a composição dos </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evangelhos da Infância</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
foi mostrar o conhecimento precoce de Jesus de sua origem sobrenatural e de seu
poder sobre a vida e a morte. Bem como, outro objetivo pode ter sido preencher
a omissão sentida nos textos ortodoxos quanto às informações sobre a infância
de Jesus. Exceto a passagem em Lucas 2:41-50, os Evangelhos Canônicos são quase
que omissos sobre os primeiros anos da sua vida (Elliott, 1996: 19).</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-M7SsTnWwBQI/UHQL2DSxrmI/AAAAAAAAAZw/inizawTCn_M/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-M7SsTnWwBQI/UHQL2DSxrmI/AAAAAAAAAZw/inizawTCn_M/s320/download.jpg" height="211" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Página interna do Evangelho Árabe da Infância</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O leitor cristão dos dias de hoje
ficará chocado com estes relatos, enquanto que o cético se deleitará com a
comicidade dos eventos, no entanto, deve-se levar em conta que os textos
cristãos e o Cristianismo dos primeiros séculos eram muito diferentes do que
temos atualmente, após muitos séculos de exclusiva leitura habitual dos textos
canônicos. Assim, é preciso lembrar que, nos primeiros séculos, não existia uma
uniformidade textual nos relatos evangélicos, diferentes igrejas utilizavam
distintos textos, até que gradativamente se consolidou uma corrente
predominante, vitoriosa nos primeiros concílios, que unificou os textos e
homologou o cânone. Portanto a diversidade de relatos orais e de textos era
enorme, daí que os cristãos daquela época não deviam se chocar com estas
narrativas, que para nós hoje parecem cômicas.</span></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> De fato, dentre os gêneros de
evangelhos, os da infância são os mais risíveis. Algumas passagens até parecem
episódios de filmes de comédia. Confesso que, quando li estes textos pela
primeira vez, no início dos anos 1980, não consegui conter o riso, sobretudo no
episódio do milagre do alongamento da tábua durante a confecção de uma cama,
para socorrer José, pai de Jesus, um carpinteiro imprevidente.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Os <i>Evangelhos
da Infância</i> <i>de Jesus</i>
sobreviventes são:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Evangelho da Infância</i> <i>por Tomé o Israelita</i> (Platt Jr., 1926:
60s; Elliott, 1993: 68s; 1996: 20s e Ehrman, 2003; 57s)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Evangelho Árabe da Infância </i>(Donaldson,
1885: 405s; Platt Jr., 1926: 38s; Elliott, 1993: 100s e 1996: 28s)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Livro da Infância do Salvador </i>(Elliott,
1993: 108)<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Evangelho Armênio da
Infância </span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Elliott, 1993: 118)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Histórias Coptas da
Infância </span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Elliott, 1993: 121)<i><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Muitos episódios se repetem nos
evangelhos da infância, o <i>Evangelho da
Infância por Tomé</i> parece ser o mais antigo, e os outros podem ter sido
compostos a partir dele. O <i>Evangelho
Árabe da Infância</i> é o mais extenso. Todos eles tratam da vida de Jesus dos
cinco aos doze anos, terminando com o episódio de Jesus no templo, narrado em
Lucas 2:41-50. O <i>Evangelho da Infância</i>
<i>por Tomé</i> inicia a narrativa onde
termina o <i>Protoevangelho de Tiago</i>,
portanto pode ser considerado uma continuação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os milagres cruéis de
Jesus<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Nos relatos destes evangelhos
apócrifos da infância, Jesus também realiza alguns milagres cruéis, causando
lesões corporais e assassinando crianças e adultos, por motivos fúteis. Veja em
seguida alguns deles. No <i>Evangelho da
Infância de Jesus</i> por Tomé o Israelita III 1-3, é relatado que Jesus,
enquanto brincava, represou uma água. Um rapaz, vendo aquilo, desfez o que
Jesus tinha feito. Jesus ficou irritado quando viu o que tinha acontecido e
disse ao rapaz: “malvado, idiota irreverente, esta água represada lhe incomoda?
Veja, agora você ficará seco como uma árvore, e você nunca terá folhas, ou
raiz, ou frutos”. Imediatamente o rapaz ficou completamente seco (Elliott,
1993: 76; 1996: 20-1 e Ehrman, 2003: 58). <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Em seguida, neste mesmo evangelho,
um episódio que é repetido no </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evangelho
Árabe da Infância</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, cap. XLVII, Jesus comete um assassinato por vingança, a
partir de um motivo fútil, quando caminhava por uma aldeia e uma criança que
corria lhe esbarrou no ombro. Jesus ficou irritado e disse a ela: “Você não prosseguirá
em seu caminho”, e imediatamente a criança caiu e morreu (Donaldson, 1885: 414,
Platt Jr. 1926: 57, Elliott, 1993: 76; 1996: 21 e Ehrman, 2003: 58). E a
crueldade não acaba aqui, logo adiante, no capitulo V, depois desta ocorrência,
os pais do rapaz assassinado foram reclamar para José, pai de Jesus. Este
último advertiu Jesus, o qual lhe respondeu: “Bem sei que estas palavras não
vêm de ti. Mas calarei em respeito a sua pessoa. Esses outros, ao contrário,
receberão seu castigo”. E no mesmo instante, aqueles que o acusaram, ficaram
cegos (Elliott, 1993: 76 e Ehrman, 2003: 58-9).</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-Me6dzJhouUw/UHQLu2ceigI/AAAAAAAAAZg/f4OIkj-pNws/s1600/jesus-and-birds.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Me6dzJhouUw/UHQLu2ceigI/AAAAAAAAAZg/f4OIkj-pNws/s320/jesus-and-birds.jpg" height="320" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Gravura reproduzindo o milagre da infusão de vida <br />
nos pássaros de barro</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> E ainda mais, noutra passagem do </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evangelho Árabe da Infância</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, cap. XLVI,
Jesus estava brincando, num dia de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sabbath</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
com outras crianças na beira de um rio, onde tinham feito passarinhos de barro.
Ao ver aquilo, o filho de um judeu, pois é proibido fazer tais coisas neste dia
sagrado dos judeus, os advertiu e começou a destruir o que tinha sido feito.
Quando Jesus estendeu as mãos em direção aos passarinhos de barro que tinha
feito, estes saíram voando e cantando. Quando o filho do judeu se aproximou da
poça, que Jesus tinha cavado, para destruí-la, ela secou e Jesus disse-lhe: “Vê
como esta água secou, assim será com a sua vida”. E a criança secou (Donaldson,
1885: 414 e Platt Jr., 1926: 56-7). Este milagre é narrado no </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evangelho da Infância</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> por Tomé o
Israelita, capítulo II, mas com a omissão do assassinato da criança que secou
(Elliott, 1993: 75-6; 1996: 20 e Ehrman, 2003: 58).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Estes milagres cruéis relatados
acima, que não são todos nos Evangelhos da Infância, são muito diferentes dos
milagres piedosos dos Evangelhos Canônicos. Porém, nem estes últimos textos ficaram
absolutamente livres de um milagre cruel. Veja a maldição e o crime ecológico
em Mateus 21:18-20 (também, Marcos 11:12-14 e 20-26), “De manhã, voltando à
cidade, (Jesus) teve fome. Vendo uma figueira à beira do caminho, aproximou-se
dela, mas não achou nada senão folhas, e disse-lhe: ‘Jamais nasça fruto de ti’.
E imediatamente a figueira secou”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A água de banho e as
fraudas milagrosas de Jesus<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A água do banho de Jesus, enquanto
bebê, segundo o <i>Evangelho Árabe da
Infância,</i> era milagrosa e realizava curas, ela curou uma jovem leprosa
(Platt Jr., 1926:43-4), um menino leproso filho da esposa de um príncipe (Platt
Jr., 1926: 44-5), o feitiço de um jovem que foi transformado num mulo (Platt
Jr., 1926: 45-6), duas crianças atacadas por uma peste em Belém (Platt Jr.,
1925: 48) e outros milagres de cura (Platt Jr., 1926: 48s). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Também, as fraudas de Jesus realizavam
milagres e a morte de rivais. Numa passagem do <i>Evangelho Árabe da Infância</i>, a mãe de uma criança doente, que tinha
uma mulher rival, pois seu marido era casado com duas esposas, recebe de
presente as fraudas de Jesus, com as quais ela confecciona uma túnica para seu
filho doente. Ao vesti-lo com esta nova roupa, ele foi curado e sua rival
morreu no mesmo dia (Platt Jr., 1925: 48). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Numa passagem mais adiante, uma
jovem era atormentada por Satã, que lhe aparecia na forma de um dragão. A
família vivia uma profunda tristeza. Sua mãe, ao saber das curas do menino
Jesus, foi até Belém encontrar com Maria, a qual lhe deu um pouco de água do
banho de Jesus, para derramá-la sobre o corpo da possuída. Em seguida,
entregou-lhe as fraudas do menino Jesus. Então sua mãe retornou a sua cidade, e
quando veio o tempo no qual Satã costuma atormentá-la na forma de um dragão, a
jovem colocou sobre sua cabeça as fraudas e desdobrou-a, e de repente, delas
saíram chamas que se dirigiam à cabeça e aos olhos do dragão. Com isso, Satã
fugiu apavorado, abandonando a jovem e nunca mais apareceu (Platt Jr., 1926: 51-2).
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os milagres mais cômicos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Em seguida, é apresentada uma
seleção dos milagres mais hilários na infância de Jesus, extraída
principalmente do <i>Evangelho Árabe da
Infância</i> e do <i>Evangelho da Infância </i>por
Tomé o Israelita.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Jesus fala no berço ainda bebê</i>: Em
ordem cronológica, o primeiro milagre de Jesus aconteceu quando tinha acabado
de nascer, ainda bebê no berço, quando falou a sua mãe; “Eu, que nasci de ti,
sou Jesus, o Filho de Deus, o Verbo, como te anunciou o anjo Gabriel, e meu Pai
me enviou para a salvação do mundo” (<i>Evangelho
Árabe da Infância</i>, cap. I; Donaldson, 1885: 405 e Platt Jr., 1926: 38).
Este milagre é mencionado no Alcorão (XIX, 30-1), mas com uma fala diferente
(Challita , 2002: 158).<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-KENieIuqNMc/UHQLznh9nEI/AAAAAAAAAZo/CzFarGdT64Q/s1600/ambrose-ms-bed.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-KENieIuqNMc/UHQLznh9nEI/AAAAAAAAAZo/CzFarGdT64Q/s320/ambrose-ms-bed.jpg" height="221" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Desenho do episódio do alongamento da tábua por Jesus <br />
e seu pai José na carpintaria</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">-
</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Medida de tábua não era problema</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">: O
pai de Jesus era carpinteiro e costumava fazer arados e cangas. Ele recebeu um
pedido de um homem rico para fazer uma cama. Mas, quando a medida de uma das
vigas transversais ficou pequena demais, ele não soube o que fazer. O menino
Jesus disse ao seu pai, “coloque as duas peças de madeira sobre o chão e as
alinhe do meio para a extremidade”. José fez assim tal como a criança disse.
Então, Jesus se colocou na outra extremidade, pegou a tábua mais curta e a
esticou até alcançar o mesmo comprimento da outra (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Evangelho</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">da Infância por
Tomé</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, cap. 13; Elliott, 1993: 78 e Ehrman, 2003: 60-1).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>As estátuas de barro</i>: Quando Jesus
completou sete anos de idade, ele brincava um dia com outras crianças de sua
idade. Para divertirem-se eles faziam com o barro imagens de animais, tais como
lobos, asnos, pássaros, e cada um elogiava o seu próprio trabalho,
esforçando-se para que fosse melhor do que os dos seus companheiros. Então
Jesus disse para as outras crianças: ordenarei às estatuas de barro que fiz que
andem e elas andarão. E então Jesus ordenou às imagens que andassem e elas imediatamente
andaram. Quando ele mandava voltar, elas voltavam. Ele havia feito estátuas de
pássaros que voavam quando ele ordenava que voassem e paravam quando ele dizia
para parar, e quando ele lhes dava bebida e comida, eles bebiam e comiam (<i>Evangelho Árabe da Infância;</i> Platt Jr.,
1926: 52-3). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Jesus, tintureiro adivinho</i>: Certo
dia, em que brincava e corria com outras crianças, Jesus passou em frente a uma
loja de um tintureiro que se chamava Salém. Havia nesta loja tecidos que
pertenciam a um grande número de habitantes da cidade, e que Salém se preparava
para tingir de várias cores. Tendo Jesus entrado na loja, pegou todas as
fazendas e jogou-as na caldeira. Salém ficou apavorado e disse: “Que fizeste
tu, ó filho do Maria? Prejudicaste a mim e aos meus clientes”. Então, Jesus
respondeu: “Qualquer fazenda que queira mudar a cor eu mudo”. E ele retirou as
fazendas da caldeira, e cada uma estava tingida da cor que desejava o
tintureiro (<i>Evangelho Árabe da Infância</i>;
Platt Jr., 1926: 53).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>A explosão da cobra</i>: José enviou seu
filho Tiago para recolher lenha e trazê-la para casa. Jesus o acompanhou.
Enquanto Tiago estava recolhendo a lenha, uma cobra mordeu sua mão. Quando ele
estava estirado no chão para morrer, Jesus apareceu e soprou o local da
mordida. A dor passou imediatamente, a cobra explodiu e Tiago recuperou a saúde
(<i>Evangelho da Infância de Jesus por Tomé</i>,
cap. 16; Elliott, 1993: 79 e Ehrman, 2003: 61).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Jesus ressuscita um menino para
inocentar-se</i>: Jesus estava brincando num terraço de uma casa e uma das
crianças, com quem brincava, caiu do terraço e morreu. Quando as outras
crianças viram o que tinha acontecido, elas fugiram, de maneira que Jesus
permaneceu lá sozinho. Quando os pais do menino que caiu chegaram, eles
acusaram Jesus. Mas Jesus disse, “Eu não o empurrei”. Mas eles começaram a
acusá-lo publicamente. Então, Jesus foi até o local do menino acidentado e com
voz alta gritou, “Zenon (era o nome do menino) levanta-te e diga-me, eu
empurrei você?” O menino imediatamente levantou-se e disse, “não, você não me
empurrou, mas você me ressuscitou”. Quando os outros viram isto, eles ficaram
impressionados (<i>Evangelho da Infância </i>por
Tomé, cap. 09; Elliott, 1993: 78 e Ehrman, 2003: 60). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>Milagre para compensar um descuido</i>:
Quando Jesus tenha seis anjos, sua mãe lhe entregou um jarro para que buscasse
água para sua casa. Mas, ele tropeçou na multidão e o jarro quebrou. Então,
Jesus abriu o mando que usava e o encheu de água, carregando a água até sua mãe
(<i>Evangelho da Infância</i> por Tomé, cap.
11; Elliott, 1993: 78 e Ehrman, 2003: 60). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
<i>O imprevidente carpinteiro José é
socorrido mais uma vez por Jesus</i>: Um dia, o rei de Jerusalém mandou
chamá-lo e disse; “Eu quero, José, que me faças um trono segundo as dimensões
do lugar onde costumo sentar-me”. José obedeceu, e pondo mãos a obra, passou
dois anos no palácio para construir o trono. E quando foi colocado no lugar,
perceberam que de cada lado faltavam dois palmos a menos da medida fixada.
Então o rei ficou bravo com José, que temendo a raiva do monarca, não conseguia
comer e deitou-se em jejum. Então, Jesus perguntou-lhe qual era a causa do seu
receio, e ele respondeu: “É que a obra que trabalhei durante dois anos está
perdida”. E Jesus respondeu-lhe: “Não tenha medo e não perca a coragem, pega
este lado do trono e eu do outro, para que possamos dar-lhe a medida exata”. E
José tendo feito o que lhe havia pedido Jesus, e cada um puxando para um lado,
o trono obedeceu e ficou exatamente com a dimensão desejada (<i>Evangelho Árabe da Infância</i>; Platt Jr.,
1926: 53-4). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">CHALLITA, Mansour. <i>O Alcorão</i>. Rio de Janeiro: ACIGI, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">DONALDSON, James and
Alexander Roberts (eds.). <i>The Arabic
Gospel of the Infancy of the Saviour </i>em <i>Early
Church Fathers – Ante-Nicene Fathers, </i>vol. VIII. Edinburg: T&T Clark,
1885, reprint Grand Rapids: Wm. B. Eerdman Publishing Company, p. 405-15. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">EHRMAN, Bart D. <i>Lost Scriptures: Books that did not make it
into the New Testament</i>. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">New York: Oxford University Press,
2003, 57-62.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">ELLIOTT, J. K. <i>The Apocryphal New Testament: A Collection
of Apocryphal Christian Literature in an English Translation. </i>Oxford:
Clarendon Press, 1993, 46-122. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">______________ <i>The Apocryphal Jesus: Legends of the Early
Church</i>. New York/Oxford: Oxford University Press, 1996, p. 19-30.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">JAMES, M. R. <i>The Apocryphal New Testament</i>. Oxford:
Clarendon Press, 1924.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">PLATT Jr., Rutherford H. <i>The Lost Books of the Bible</i>. New York:
Alpha House, 1926, p. 38-62. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-18514972806525511162012-09-19T08:20:00.001-07:002014-03-05T11:01:16.377-08:00|ESTUDO| Maomé e seus Casamentos mais Chocantes<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
Octavio da Cunha
Botelho</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p><br />
(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:<br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/maome-e-seus-casamentos-mais-chocanters/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/maome-e-seus-casamentos-mais-chocanters/</a>)</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-9ufXsuaCXR8/UFnfG62MhrI/AAAAAAAAAQM/h1fhbrdAjrA/s1600/INNOCENCE-MUSLIMS.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-9ufXsuaCXR8/UFnfG62MhrI/AAAAAAAAAQM/h1fhbrdAjrA/s1600/INNOCENCE-MUSLIMS.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cena do filme <i>Innocence of Muslims</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Atualmente testemunhamos uma onda de violência, da parte de muçulmanos
inconformados com a produção de um filme denominado </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Innocence of Muslims</i><span style="text-indent: 35.4pt;"> (A Inocência dos Muçulmanos) exibido uma única
vez nos EUA para um número pequeno de espectadores sem ser lançado no circuito,
mas parcialmente disponibilizado no YouTube (</span><a href="http://www.youtube.com/watch?v=lO7jZfQspXA" style="text-indent: 35.4pt;">http://www.youtube.com/watch?v=lO7jZfQspXA</a><span style="text-indent: 35.4pt;">)
em uma montagem de trechos com a duração de 13,5 minutos. Pelos curtos
episódios disponíveis nesta edição resumida, é possível perceber que filme é um
deboche da pessoa de Maomé e do Alcorão. O profeta do Islã é representado como
um tolo, um mulherengo, um extorsionário e um saqueador impiedoso, e o Alcorão
como um livro que legitima a crueldade e os interesses de Maomé.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Segundo as
investigações até agora, o produtor é um californiano chamado Nakoula Basseley
Nakoula (55), um cristão copta que está em liberdade condicional depois de uma
condenação por crimes financeiros. O elenco do filme agora alega que foi
enganado pelo produtor, o qual, após as gravações, dublou as falas dos diálogos
para alterar o texto. Os atores não sabiam que se tratava de um filme sobre
Maomé, pois foram informados que o filme se chamaria </span><i style="text-indent: 35.4pt;">O Guerreiro do Deserto</i><span style="text-indent: 35.4pt;">. A qualidade é muito precária, com um
orçamento muito pequeno, o que nos faz lembrar uma produção amadora. O elenco é
totalmente desconhecido, o ator que interpreta Maomé tem a aparência de um
surfista californiano. Algumas cenas no deserto são captadas no interior de
estúdio, com as imagens dos atores sobrepostas às imagens do deserto ao fundo,
porém com tanta artificialidade, que é possível perceber as sombras da
iluminação artificial de estúdio sobre os atores.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Y25XZ6HDiXo/UFnePNDoUsI/AAAAAAAAAQE/Kvu_qoQCkLY/s1600/0e8043c09b48a57378a430afbb6521ac.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Y25XZ6HDiXo/UFnePNDoUsI/AAAAAAAAAQE/Kvu_qoQCkLY/s320/0e8043c09b48a57378a430afbb6521ac.jpg" height="174" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maomé numa cena de fúria no filme <i>Innocence of Muslims</i></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-top: 12.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Diante destas
ocorrências, amigos e leitores do meu blog estão me solicitando que escreva
algo. Então, para aproveitar que o assunto ainda está em ebulição, acrescento
abaixo um breve estudo sobre os mais chocantes casamentos de Maomé, desde uma
perspectiva crítica. Algumas destas esposas são mostradas nesta montagem resumida do
filme, inclusive sua primeira esposa </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Khadija</i><span style="text-indent: 35.4pt;">,
numa cena sensual. Mais adiante, quase no final, Maomé é flagrado na cama com a
escrava de uma de suas esposas, ao depara-se com a cena, ela se enfurece e lhe aplica
uma surra de chinelo com a ajuda da sua subordinada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O primeiro casamento<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Maomé se casou
pela primeira vez aos vinte e cinco anos de idade com uma viúva rica de
quarenta anos, a qual já tinha dois casamentos anteriores, portanto quinze anos
mais velha que ele, chamada <i>Khadija</i>.
Ela o colocou na administração dos seus negócios, uma vez que até então ele não
possuía trabalho fixo, como um agente comercial, e pelos relatos nas
biografias, ele se saiu bem. Os críticos percebem neste evento o oportunismo de
Maomé em casar-se por dinheiro, é o que alguns denominam através da expressão
popular de “golpe do baú”. Seu casamento
com <i>Khadija</i> durou vinte e cinco anos,
até o falecimento de sua esposa aos sessenta e cinco anos de idade. Durante
todo o seu período de casado, ele não teve nenhuma outra esposa e viveu dos
negócios da empresa comercial da mulher. Pois, como observa Anwar Hekmat: “<i>Khadija</i> era uma mulher muito capaz e
rica, e em vista do fato que ela era de um clã influente de Meca, é muito
provável que ela tenha estipulado uma cláusula no seu contrato de casamento
evitando que seu marido casasse com outra mulher. Antes, as mulheres islâmicas
na Arábia eram mais independentes do que elas são hoje no Islã. (...)
Financeiramente, Maomé era muito dependente de sua rica esposa, mas é claro que
ela não teria suprido ele com meios bastantes para se casar com outra mulher”
(Hekmat, 1997: 41). Do que foi dito
acima, não é difícil deduzir que Maomé, durante os anos que conviveu com <i>Khadija</i>, se comportou como um marido bem
submisso da esposa, muito diferente da orientação no Alcorão IV: 34: “Os homens
têm autoridade sobre as mulheres pelo que Deus os fez superiores a elas e que
gastam de suas posses para sustentá-las...”. </div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-okA3Raa0GVo/UFngZ2SXWbI/AAAAAAAAAQU/xbmOmyx5uQA/s1600/muhammad_khadija.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-okA3Raa0GVo/UFngZ2SXWbI/AAAAAAAAAQU/xbmOmyx5uQA/s320/muhammad_khadija.png" height="320" width="195" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pintura de Maomé e Khadija</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Depois da
morte de </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Khadija</i><span style="text-indent: 35.4pt;">, “como ele (Maomé)
não tinha mais que trabalhar para seu sustento, ele gastou a maioria do seu
tempo batendo papo com as pessoas que ele tinha a oportunidade de encontrar nas
viagens e estudar as vidas sociais e crenças religiosas de outros povos fora de
Meca” (Hekmat, 1997: 40). Bem, tudo que Maomé aprendeu, teve de ser através de
bate papo, uma vez que era analfabeto. A prova de que ele foi um marido
submisso enquanto casado com </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Khadija</i><span style="text-indent: 35.4pt;">
está no fato que, assim que esta sua primeira esposa faleceu, ele viu a
oportunidade de extravasar todo o seu apetite sexual, reprimido durante aqueles
anos, e se casou em seguida com várias esposas, inclusive com uma criança de
nove anos (</span><i style="text-indent: 35.4pt;">Aisha)</i><span style="text-indent: 35.4pt;"> e com sua nora (</span><i style="text-indent: 35.4pt;">Zaynab</i><span style="text-indent: 35.4pt;">). Nas palavras de Anwar Hekmat:
“Maomé pode ter reprimido suas paixões sexuais não se atrevendo a revelá-las
abertamente enquanto sua poderosa esposa estava viva, mas da descrição que ele
fornece do paraíso no Alcorão, pode-se seguramente admitir que a ideia de
desfrutar a companhia de jovens e belas mulheres era uma qualidade inata e
sempre foi um papel dele enquanto viveu.” (Hekmat, 1997: 42). Seu apetite
estava tão reprimido que o segundo casamento aconteceu apenas poucos dias após
a morte de </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Khadija</i><span style="text-indent: 35.4pt;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Os casamentos mais chocantes<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sua segunda
esposa foi <i>Sauda</i>, a ex-esposa de um
dos seus seguidores que tinha se mudado para a Etiópia, estando lá, seu marido
abandonou o Islã e se converteu ao Cristianismo. <i>Sauda</i>
então abandonou o marido e retornou para Meca. Segundo a lei islâmica, qualquer
mulçumano que muda de religião e assim torna-se um apóstata é considerado um
divorciado de sua esposa, e não sendo mais legalmente ligado a ela. Com seu
retorno à Meca, Maomé a tomou como esposa e consumou o casamento. Isto
aconteceu apenas poucos dias após a morte de <i>Khadija</i>. Porém, <i>Sauda</i>
permaneceu apenas poucos meses na companhia de Maomé (Hekmat, 1997: 43). </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Foram tantas
esposas que as biografias divergem quanto à quantidade. Os números podem variar
de quatorze até vinte e um, mas a maioria dos biógrafos concorda em quatorze
(Hekmat, 1997: 33-4). A dificuldade em estimar com precisão reside no fato que,
além de esposas, ele desposou concubinas, escravas e prisioneiras de guerra.
Portanto, seu harém se tornou numeroso e diversificado após a morte de sua
primeira esposa. Ademais, ele se casou com algumas viúvas de seus companheiros
mortos nos campos de batalha, e a justificativa para tal ato, pelos apologistas
do Islamismo, é que ele desposou estas viúvas para lhes dar proteção (Robinson,
2003: 92). Bem, agora seria interessante saber por que é necessário se casar
com alguém para lhe dar proteção.</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-qHqY4EjQBEk/UFnhCLVuENI/AAAAAAAAAQc/OIzsdpKVME4/s1600/aisha-1bmp.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-qHqY4EjQBEk/UFnhCLVuENI/AAAAAAAAAQc/OIzsdpKVME4/s1600/aisha-1bmp.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Maomé na cama com Aisha</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Não cabe aqui
tratar de todos os numerosos casamentos de Maomé, portanto, dos tantos
matrimônios, dois foram os mais chocantes. O primeiro foi com uma criança de
nove anos, chamada </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Aisha</i><span style="text-indent: 35.4pt;">, sua
terceira esposa. Uma prática de pedofilia por alguém que se proclamava
mensageiro de deus. Ela era filha de um grande amigo de Maomé, </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Abu Bakr</i><span style="text-indent: 35.4pt;">, um dos seus primeiros
seguidores e que depois se tornaria o primeiro Califa (sucessor) no Islamismo.
O contrato de casamento foi feito quando </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Aisha</i><span style="text-indent: 35.4pt;">
ainda tinha seis anos de idade. Nas assustadoras palavras de Anwar Hekmat: “O
apóstolo de Alá, na sua paixão de possuí-la, estava com tanta pressa que não
esperou sequer pela chegada da noite, ele pediu à mãe da noiva para enviá-la
para sua cama nas primeiras horas da manhã logo após a cerimônia de casamento”
(Hekmat: 1997: 43). Quando esta união aconteceu, Maomé tinha mais de cinquenta
anos de idade, portanto idade suficiente para ser avô de </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Aisha</i><span style="text-indent: 35.4pt;"> e, também, era mais velho que o pai dela, </span><i style="text-indent: 35.4pt;">Abu Bakr</i><span style="text-indent: 35.4pt;">. O relato seguinte é tão
absurdo que chega ser cômico: “A garota era tão criança que, de acordo com os
biógrafos islâmicos, ela levava seus brinquedos para a cama do Profeta. A
pequena garota tinha permissão de manter seus brinquedos e suas bonecas, e algumas
vezes o Profeta brincava de jogos com ela” (Hekmat, 1997: 45).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O próximo
casamento chocante foi com sua nora (<i>Zaynab</i>),
ou seja, a filha de seu filho adotivo, <i>Zayd</i>.
Um caso incestuoso que teve origem num ato de explosão passional de Maomé. Veja
a narração deste episódio por Hekmat: “Um dia Maomé foi inesperadamente até a
casa de seu filho adotivo. <i>Zayd</i> não
estava em casa, mas a nora recebeu seu sogro mesmo que ela não estivesse
completamente vestida. Sendo sua nora, ela provavelmente não se importou de se
vestir ou de se cobrir completamente. Maomé não deixou de notar as belezas
ocultas de sua nora, e após murmurar algumas palavras incoerentes, ele
exclamou: Louvor a Alá, o mais elevado; louvor a Alá, que muda o coração dos
homens” (Hekmat, 1997: 56). Daí nasceu a paixão de Maomé por sua nora <i>Zaynab</i>, uma paixão que ele entendeu como
motivada por deus. Esta união incestuosa é relatada também no Alcorão (33: 37)
com a aprovação de Alá: “... E quando <i>Zayd</i>
satisfez seu desejo de sua mulher, nós ta demos em casamento para que os
crentes soubessem que não é um crime para eles casarem-se com as mulheres de
seus filhos adotivos, uma vez que estes tenham satisfeito seu desejo delas. O
mandamento de Deus é sempre cumprido” (Palmer, 1994: 144; Ali, 2002: 1118 e
Challita, 2002: 226). E tudo que foi relatado acima é legitimado pelo Alcorão:
“Ó Profeta, tornamos legais para ti as tuas esposas que dotastes e as escravas
que Deus te outorgou, e as filhas de seus tios paternos e maternos, e de tuas
tias paternas e maternas que emigraram contigo e qualquer outra mulher crente
que se oferecer ao Profeta e que ele quiser desposar: privilégio teu, com
exclusão dos demais crentes – sabemos o que lhes impusemos com relação às suas
esposas e escravas – para que ninguém possa censurar-te. Deus é compassivo e
misericordioso” (33: 50 – Arberry, 1955: 126-7; Palmer, 1994: 146; Ali, 2002:
1122 e Challita, 2002: 226). </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
De tudo que foi dito acima, para o Alcorão, deus
aprova e incentiva o incesto privilegiado, a poligamia, o pagamento de dote, a
pedofilia e a escravatura. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b>Bibliografia<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">ALI, Abdullah Yusuf (tr.). <i>The Holy Qur’an: Text, Translation and
Commentary</i>. New York: Tahrike Tarsile Qur’an Inc, 2002.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ALI,
Maulana M. (tr.). <i>A Manual of Hadith</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1944. <o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">ARBERRY,
Arthur J. (tr.) </span><i><span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">The Koran Interpreted</span></i><span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">. New York:
Macmillan, 1955.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 11.0pt;">CHALLITA,
Mansour (tr.). <i>O Alcorão</i>. Rio de
Janeiro: ACIGI, 2002.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-size: 11.0pt;">COOK, Michael. <i>Muhammad</i>. New York/Oxford: Oxford University Press, 1996. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">HEKMAT, Anwar. <i>Women and the Koran: The Status of Women in
Islam</i>. Amherst: Prometheus Books, 1997. <o:p></o:p></span><br />
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">MOTZKI, Harald (ed.). <i>The Biography of Muhammad: The Issue of Sources</i>. Boston/Leiden: Brill Academic Publishers, 2000.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">PALMER, E. H. (tr.) <i>The Qur’an (Sacred Books of the East, vol.
09)</i>. Delhi: Motilal Banarsidass, 1994.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">PETERS,
Francis E. <i>A Reader on Classical Islam</i>.
Princeton: Princeton University Press, 1994. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROBINSON,
Neal. <i>Islam: A Concise Introduction</i>.
London/New York: RoutledgeCurzon, 2003.<o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">WARRAQ, Ibn. <i>Why I am not a Muslim</i>. Amherst:
Prometheus Books, 1995. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">_____________ (ed.). <i>The Origins of the Koran: Classic Essays on
Islam’s Holy Book</i>. Amherst Prometheus Books, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">_____________ (ed.). <i>The Quest for the Historical Muhammad</i>.
Amherst: Prometheus Books, 2000.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span lang="EN-US" style="font-size: 11.0pt; mso-ansi-language: EN-US;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">WILLIAMS,
John A. <i>Islam</i>. New York: George
Braziller, 1961. <o:p></o:p></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-54897650232697779142012-09-17T08:08:00.000-07:002014-03-05T11:03:20.898-08:00|ESTUDO| Apolônio de Tiana e a Manipulação para Transformá-lo no Rival de Jesus ou no Cristo Pagão<br />
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Octavio da
Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: right;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/apolonio-de-tiana-e-a-manipulacao-para-transforma-lo-no-rival-de-jesus-ou-no-cristo-pagao/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/apolonio-de-tiana-e-a-manipulacao-para-transforma-lo-no-rival-de-jesus-ou-no-cristo-pagao/</a>)</span></div>
</div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-RZRyJmj-CsE/UFc3WGZmhKI/AAAAAAAAAOs/GTLVNScsOlY/s1600/200px-Apollonius_of_Tyana.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-RZRyJmj-CsE/UFc3WGZmhKI/AAAAAAAAAOs/GTLVNScsOlY/s1600/200px-Apollonius_of_Tyana.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Moeda com a imagem de Apolônio</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A tradição do seu culto, a qual foi
florescente do século II ao século IV e.c., não sobreviveu até os dias atuais. Porém,
uma grande dose de admiração por este controvertido personagem ainda é
cultivada pelos esoteristas, pelos teósofos, pelos adeptos da Rosa Cruz e pelos
maçons. A admiração pode chegar ao delírio de até conceber que Apolônio foi uma
reencarnação de Jesus. Ora reconhecido como um rival de Jesus, ora como um
‘cristo pagão’, seu ensinamento e sua vida em muitos episódios se assemelham
aos de Jesus: curas, ressuscitamento de mortos, proclamação de profecias,
realização de milagres, confronto com as autoridades romanas, rejeição aos
sacrifícios sanguinários, caridade aos pobres, prisão e julgamento por tribunal
romano, ascensão ao céu e aparição após a morte. Se a intenção do autor da sua
biografia (<i>Vita Apollonii Tyanensis</i>)
foi comparar ou, até mesmo, superar as façanhas de Jesus, ainda é uma polêmica
entre os pesquisadores. Não aparece nenhuma menção do Cristianismo nesta obra. Apolônio
se tornou uma das últimas figuras heroicas da religião pagã, e como tal, um
rival natural de Jesus na luta entre paganismo e Cristianismo. Já para os adeptos
do sincretismo, ele foi o ‘Cristo Pagão’. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que podemos afirmar com mais segurança
é que ambos os relatos, de Apolônio e de Jesus, duas figuras quase
contemporâneos, são justaposições de mitos e de fatos históricos. A diferença é
que, a quantidade de material preservado deste último é muito maior, enquanto
que, o principal relato da vida e dos ensinamentos de Apolônio foi registrado
na <i>Vita Apollonii Tyanensis</i> (Vida de
Apolônio de Tiana), de Flávio Filóstrato (170-247 e.c), publicada em 217 e.c. Os
outros relatos anteriores, mencionados pelo autor para o uso na composição da biografia,
foram perdidos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> No entanto, a preservação de maior
quantidade de textos de uma figura religiosa, não significa, consequentemente,
que esteja assegurada a historicidade completa ou da maior parte dos relatos de
referido personagem, pois quanto maior o número de relatos, maior poderá ser o
número de lendas e de ficções acrescidas nos relatos, o que é muito comum na cultura
religiosa, uma vez que o ímpeto pela exaltação e pelo embelezamento é um hábito
compulsivo dos autores nos momentos da composição de textos religiosos. Em
outras palavras, quanto maior a quantidade de textos, maior a produção
delirante, e este último parece ser o caso do Cristianismo. Enfim, o que mais
importa é o grau de historicidade dos relatos ou das provas documentais e
materiais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A Vida de Apolônio de
Tiana segundo Filóstrato<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-8cDrutPCw1o/UFc4GGmAmDI/AAAAAAAAAO0/tvZDFrUjie4/s1600/41RMZ6W7M3L._SL500_AA300_.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-8cDrutPCw1o/UFc4GGmAmDI/AAAAAAAAAO0/tvZDFrUjie4/s320/41RMZ6W7M3L._SL500_AA300_.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Grande parte do que se conhece sobre
este místico é extraído da biografia romantizada intitulada</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Vita Apollonii</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Tyanensis</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
(Vida de Apolônio de Tiana), de autoria de Flávio Filóstrato (170-247 e.c.), um
erudito e sofista da corte dos Saveri, cuja composição foi empreendida após o
pedido de Julia Domna, esposa de Sétimo Severo e mãe de Caracalla, para que
este erudito desse um formato literário para uma coleção de anotações (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">hypomnemata</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) feitas por um discípulo e companheiro
de viagem de Apolônio chamado Damis (Conybeare, 1912: vol. I, 11; Dzielska,
1986: 19 e Zimmerman, 2002: 79). Ela lhe
entregou as memórias para tal tarefa, as quais ela tinha conseguido com um
parente de Damis, porém Julia Domna faleceu antes da publicação da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vita Apollonii</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> em 217 e.c. Aconteceu
neste período uma onda de admiração por Apolônio de Tiana na corte dos Saveri. Caracalla
visitou Tiana e aumentou o santuário do culto a Apolônio. Alexandre Severo
mantinha um altar (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">lararium</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) com
estátuas de Abraão, Orfeu, Cristo e Apolônio de Tiana (Zimmerman, 2002: 79). A
historicidade de Damis e a veracidade da existência destas memórias (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">hypomnemata</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) são objetos de discussão
entre os pesquisadores. Maria Dzielska entende que ambas são invenções da
imaginação de Filóstrato, a fim de embelezar a biografia (Dzielska, 1986: 19s).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Apolônio é retratado na biografia de
Filóstrato como um filósofo neo-pitagórico, nascido na cidade de Tiana, na
Capadócia, uma região da atual Turquia. Como tal, ele rejeitava vinho,
casamento, carne e condenava o sacrifício de animais. Em sua emulação do seu
mestre (Pitágoras), Apolônio caminhava descalço com barba e cabelos compridos.
O início de sua carreira foi como um médico e curandeiro no templo de Asclépio
na Cilícia, onde ficou famoso por sua capacidade de cura (Odgen: 2002, 61). Em
seguida viajou muito, esteve na Pérsia, na Índia, no Egito, na Grécia, em Roma,
na Espanha e em muitas cidades do Oriente Médio (Dzielska, 1986: 51-84). Por
todos os lugares onde passou, ele revolucionou os cultos, bem como foi admirado
e profetizado como alguém destinado a ter uma missão divina. Ele viajou pelo
mundo como um salvador. Também foi perseguido quando começou a assumir partido
político, foi preso, levado a tribunal, em um deles escapuliu desaparecendo
milagrosamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Parece que ainda no século II e.c.,
ele já tinha se tornado uma lenda, quando provavelmente muitas histórias
fabulosas foram acrescidas à sua tradição. Filóstrato pode ter lançado mão de algumas
e acrescidos outras durante a composição da <i>Vita
Apollonii</i> (Kofsky, 2000: 60 e Zimmerman, 2002: 79-80). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A historicidade de
Apolônio<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> As datas precisas do seu nascimento
e da sua morte ainda são controvérsias entre os historiadores. Maria Dzielska
sugere 40-120 e.c., outros autores preferem apenas mencionar que sua vida se desenrolou
no primeiro século (Ogden: 2002: 61 e Zimmerman, 2002: 79). <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tal como no caso de Jesus, em Apolônio
não existe sequer um registro contemporâneo por um autor de fora da sua própria
tradição também. O registro mais próximo do nazareno é o do historiador judeu
Flávio Josefo (37-100 e.c.), na obra <i>Antiguidade
dos Judeus</i> (18.03.03), de 93 e.c., portanto cerca de seis décadas após a
morte de Jesus. No caso de Apolônio, é o do retórico e satírico Luciano de
Somasata (125-180 e.c) que vem a referência mais próxima, na obra satírica <i>Alexander Sive Pseudomantis</i> (Alexandre o
Falso Profeta – um discípulo do discípulo de Apolônio), </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">na qual </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Apolônio é
retratado como um charlatão e mago depravado (Fowler, 1905: vol. II, 212-38 e Zimmerman,
2002: 79), portanto, algumas décadas após a morte do profeta de Tiana. Que este
personagem existiu, parece difícil negar, agora o que intriga os historiadores
e os pesquisadores é saber, assim como na vida de Jesus, o que nos seus relatos
é mito e o que é história. Assim como existe um projeto “Em Busca do Jesus
Histórico”, historiadores de Apolônio tentam fazer o mesmo, mesmo diante da
menor quantidade de relatos preservados, o que torna a tarefa mais difícil. A
inscrição exposta no museu de Adana, Turquia, pode ser uma prova material de
que o seu culto foi florescente em algumas regiões do Império Romano (Jones,
1980: 190-4).</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-7Y0HfnDXN2I/UFc5qmIiqeI/AAAAAAAAAPE/vm4EfQCe5GI/s1600/Apollonius_Inscription.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-7Y0HfnDXN2I/UFc5qmIiqeI/AAAAAAAAAPE/vm4EfQCe5GI/s320/Apollonius_Inscription.JPG" height="237" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Epigrama de Apolônio de Tiana exposta no museu de Adana, Turquia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">De modo que, a historicidade de ambos
parece ser certa, as dúvidas persistem quanto ao tanto de mitos e de forjamentos
foram acrescidos aos fatos históricos. Assim, por falta de material
independente da tradição religiosa e de origem imparcial em ambos (Apolônio e
Jesus), torna-se difícil saber o que Filóstrato alterou na vida de Apolônio,
para fazê-lo igual e até mesmo superior a Jesus, do mesmo modo que é difícil
saber o que os compositores dos evangelhos, canônicos e apócrifos, alteraram nos
relatos da vida de Jesus, para coincidir com as profecias do Antigo Testamento,
e com isso transmitir para a posteridade a ideia de que Jesus era o Messias
esperado. Ou até mesmo, por outro lado, procuraram alterar os fatos para
desvincular Jesus do Antigo Testamento, a fim de romper o elo com a tradição
judaica, como foi o caso dos compositores dos evangelhos gnósticos, para com
isso fazer de Jesus mais um sábio do que um salvador. Enfim, a prática de
registro e a documentação eram muito precárias na Antiguidade, sobretudo nas
regiões periféricas do Império Romano.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O sujo criticando o mau
lavado e vice versa<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Sabemos pela história do
Cristianismo que Lactâncio (240-320 e.c.) e Eusébio de Cesareia (263-339 e.c.)
foram influentes na consolidação da ortodoxia cristã que triunfaria nos
primeiros concílios. Ambos escreveram críticas contra Apolônio de Tiana em resposta
às críticas a Cristo e aos cristãos feitas por Sossianus Hierócles (fl. 303
e.c.), governador romano da Bitínia quando a Grande Perseguição (303 e.c.)
começou, em sua obra <i>Amante da Verdade</i>
(<i>Philalethes</i>).</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-ywjxR7fxODE/UFdAO35HA-I/AAAAAAAAAPs/s7oUAmgL_v8/s1600/220px-Philosophe_errant_Apo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-ywjxR7fxODE/UFdAO35HA-I/AAAAAAAAAPs/s7oUAmgL_v8/s320/220px-Philosophe_errant_Apo.jpg" height="320" width="153" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Estátua de Apolônio</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Maaike Zimmerman </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">entende que, se não fosse esta obra de Hierócles, Apolônio teria caído no
esquecimento (Zimmerman, 2002: 80). O texto original foi perdido, mas as
informações de seu conteúdo podem ser extraídas das reproduções de trechos em </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Divine Institutes</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> de Lactâncio
(Fletcher, 1885: 138-8) e em </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Against
Hierocles</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Contra Hieroclem</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) de
Eusébio (Conybeare, 1912: vol. II, 484-605). Alguns autores suspeitam que
Hierócles escreveu o </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Amante da Verdade</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
na tentativa de estimular o culto pagão em algumas regiões do Império para com
isso conter o avanço do Cristianismo. Suas críticas incluíam: “um ataque ao
Novo testamento como estando repleto de contradições internas. Os apóstolos e
os evangelistas eram primitivos, ignorantes e analfabetos que divulgaram
mentiras. Hierócles atacou Pedro e Paulo em particular, Jesus era um vadio
arruaceiro que foi cercado por uma gangue de novecentos ladrões. Os cristãos
eram ingênuos e idiotas e sua fé irracional. Hierócles tenta minimizar a
importância dos milagres que Jesus executou, embora ele não os negue. Ele
apresenta ao leitor Apolônio de Tiana e o contrasta com Jesus, alegando que o
primeiro realizou milagres que foram tão impressionantes quanto os de Jesus, ou
até mesmo maiores. Mas, Apolônio manteve-se em um ar de modéstia, diferente das
ostentações de Jesus com suas alegações de divindade. Ele afirma que os pagãos
eram mais sábios que os cristãos, porque eles não entendiam Apolônio como um
deus, apesar dos milagres que realizou, enquanto que os cristãos acreditavam
que Jesus era deus por causa de um número de pequenos milagres” (Kofsky, 2000:
59, também: Ogden, 2002: 67-8).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> E mais adiante: “Hierócles condena
os cristãos por seu exagerado louvor aos milagres de Jesus, os quais ele
compara com aqueles executados por Apolônio de Tiana, tal com descrito por
Filóstrato. Hierócles passa então a elogiar a obra de Filóstrato e as
biografias anteriores de Apolônio, que ele vê como verdade histórica. Em
contraste, as histórias sobre Jesus foram escritas por charlatões como Pedro e
Paulo. Hierócles zomba da ingenuidade idiota dos cristãos que fundaram sua fé
em falsos relatos, que prestam homenagem à magia e extraem conclusões
irracionais quanto à divindade do homem” (Kofsky, 2000: 59 e Ogden, 2002: 67-8).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> A publicação de <i>Amante da Verdade</i> de Hierócles contribuiu para depreciar a imagem
de Jesus e assim, por sua vez, aumentou o orgulho religioso dos pagãos. Com
isso, teve uma influência intelectual que preparou o caminho para as grandes
perseguições aos cristãos no final do século III e início do século VI. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-vxwxKeftgRI/UFc_MYvkxKI/AAAAAAAAAPk/GTTZghVA6eg/s1600/250px-Eusebius_of_Caesarea.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-vxwxKeftgRI/UFc_MYvkxKI/AAAAAAAAAPk/GTTZghVA6eg/s1600/250px-Eusebius_of_Caesarea.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eusébio de Cesareia (263-339 e.c.)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Por outro lado, Eusébio observa que
as críticas de Hierócles não traziam nada de novo, pois eram reproduções
literais de críticas de autores precedentes, sobretudo de Celso em <i>A Verdadeira Doutrina</i> e de Porfírio em <i>Contra os Cristãos</i>. Assim, o que
Hierócles fez, na realidade, foi apenas reunir uma seleção de argumentos de
seus predecessores contra Jesus e o Cristianismo, e sistematicamente justapôs a
imagem lendária de Apolônio com Jesus e os evangelhos. Então, Eusébio preferiu
escrever um tratado especialmente para refutar a comparação de Hierócles entre
Apolônio e Jesus (Conybeare, 1912: vol. II, 487 e Kofsky, 2000: 60). Lactâncio
desprezou a obra de Hierócles irrisoriamente e viu a comparação entre Jesus e
Apolônio como banal, enquanto Eusébio a percebeu como um grave perigo (Kofsky,
2000: 63). Portanto, a principal intenção da obra <i>Against Hierocles</i> de Eusébio foi desfazer o paralelo traçado por
Hierócles entre Jesus e Apolônio, pois para o autor cristão, Apolônio não foi
nem sequer um filósofo, nem um homem de alto caráter moral e daí, certamente,
não poderia ser comparado com Jesus (Kofsky, 2000: 66).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Uma das principais preocupações de
Eusébio é com os milagres de Apolônio. Ele os discute a fim de apontar as
graves dúvidas quanto à sua veracidade. Ele alega que eles foram provavelmente
inventados por seus biógrafos (Kofsky, 2000: 67). A crítica de Eusébio luta
para minimizar a dimensão sobrenatural da Vida de Apolônio. Ele lança dúvidas
sobre todos os milagres realizados por Apolônio, explicando muitos deles como
atos de magia, cujos segredos foram aprendidos na Índia, assim argumenta a
favor da sua inferioridade. Ainda mais, Apolônio realizou milagres através de
um demônio. Eusébio faz um julgamento de cada um dos milagres de Apolônio e os atribui
a vários demônios. Ele conclui que todos os milagres foram realizados através
de demônios. Eusébio, então, traça a definitiva conclusão que Apolônio era um
mago, que era auxiliado por demônios (Conybeare, 1912: vol. II, 565-7 e Kofsky,
2000: 67-8). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Combate entre crendices<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Bem, o que extraímos desta discussão
acima é que cada lado usa seus argumentos, tanto para acusar como para se
defender, porém os mesmos são sempre com base na crença religiosa de cada
autor. Um lado acusa o outro lado, a partir de sua crença preferencial e para
se defender utiliza-se também da crença. Algo como tentar “apagar o fogo com
fogo e secar a água com água”. Enfim, um duelo de crenças. De modo que, nos faz
lembrar a frase popular: “o sujo criticando o mau lavado” e vice versa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De uma maneira geral, quando analisamos criticamente
esta discussão entre Eusébio e Hierócles desde uma perspectiva de fora da
apaixonada perspectiva religiosa, conseguimos perceber aí um acalorado combate,
cujas <i>armas são os argumentos e as
munições as crenças.</i> Por mais que os argumentos (armas) sejam coerentes em
si mesmos, estes são supridos por crendices (munições), que resultam em nenhum
efeito letal sobre o inimigo, uma vez que, de ambos os lados, as munições são
constituídas da mesma natureza crédula. É um tiroteio com um grande espetáculo
retórico, mas sem nenhuma consequência probatória. Algo como combater uma
crendice ingênua com outra crendice ingênua. Nenhuma parte é capaz de provar
suficientemente que sua crença é mais crível que a outra adversária, pois ambas
têm a mesma sustentação: a credulidade. O exemplo nos faz lembrar os filmes de
guerra, cujas armas (argumentos) são muito sofisticadas, mas as munições
(crenças) são de festim, ou seja, sem nenhum efeito letal, apenas espetáculo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BROWN,
Keven. <i>Hermes Trismegistrus and
Apollonius of Tyana in the Writings of Baha’u’llah </i>em <i>Revisioning the Sacred: New Perspectives on a Baha’i Theology</i>. Jack
Mclean (ed.), <i>Studies in the Babi and
Baha’i Religions</i>, vol. 8, Los Angeles: Kalimat Press, 1997, p. 153-87. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CONYBEARE,
F. C. (tr.) <i>Filostratus: The Life of
Apollonius of Tyana</i>, vols. I and II. Loeb Classical Library, vols. 16 and
17. Cambridge: Harvard University Press, 1912.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">__________________
(tr.) <i>The Treatise of Eusebius Agaisnt
the Life of Apollonius by Philostratus - by Eusebius. </i>Loeb Classical
Library, vol. 17. Cambridge: Harvard University Press, 1912, vol. II, p.
484-605.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DZIELSKA,
Maria. <i>Apollonius of Tyana in Legend and
History</i>, Roma: L’erma di Bretschneider, 1986.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">FLETCHER,
William (tr.) <i>Divine Institutes by
Lactantius</i> em <i>Early Christian Fathers
– Ante-Nicene Fathers, vol. VII, Fathers of the Third and Fourth Centuries.</i>
James Donaldson and Alexander Roberts (eds.). Edimburg: T&T Clark, 1885, p.
01-329. Reprint Grand Rapids: Wm. B. Eerdman Publishing Company. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">FOWLER,
H. W. and F. G. Fowler (trs.). <i>Alexander
the Oracle-monger</i> (<i>Alexander Sive
Pseudomantis</i>) em <i>The Works of Lucian
of Samosata</i>, vol. II. Oxford: Clarendon Press, 1905, p. 212-38. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JONES,
C. P. <i>An Epigram on Apollonius of Tyana</i>
em <i>The Journal of Hellenic Studies</i>,
vol. 100, Centenary Issue, 1980, p. 190-4. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">KOFSKY,
Aryeh. <i>Eusebius of Caesarea Against
Paganism</i>. Boston/Leiden: Brill Academic Publishers, 2000, p. 58-71.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MEAD,
George R. S. <i>Apollonius of Tyana</i>.
London/Benares: Theosophical Publishing Society, 1901. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">OGDEN,
Daniel. <i>Magic, Witchcraft and Ghosts in
the Greek and Roman Worlds: A Sourcebook.</i> London/New York: Oxford
University Press, 2002, p. 61-77. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ZIMMERMAN,
Maaike. <i>The Conception of Saintliness in
Philostratus’ Life of Apollonius </i>em <i>The
Invention of Saintliness</i>, Anneke B. Mulder-Bakker (ed.). London: Routledge,
2002, p. 79-92. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sites
sobre Apolônio de Tiana<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">em
inglês:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Artigos de Jona Lendering: </span><a href="http://www.livius.org/ap-ark/apollonius/apollonius01.html"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.livius.org/ap-ark/apollonius/apollonius01.html</span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Artigo de Maria Dzielska: </span><a href="http://www.history.snn.gr/apollonius.html"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.history.snn.gr/apollonius.html</span></a><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Apolônio como encarnação de Jesus: </span><a href="http://www.einterface.net/gamini/tyana.html"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.einterface.net/gamini/tyana.html</span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Rosacrucian Digest: </span><a href="http://www.rosicrucian.org/publications/digest/digest1_2009/05"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.rosicrucian.org/publications/digest/digest1_2009/05</span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">em
português:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Sociedade das Ciências Antigas: </span><a href="http://www.sca.org.br/biografias/ApolonioTiana.pdf"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">http://www.sca.org.br/biografias/ApolonioTiana.pdf</span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-48148730436272296762012-08-13T04:53:00.001-07:002014-03-05T10:59:20.982-08:00|ESTUDO| Conheça os Motivos para o Encolhimento dos Hare Krishnas<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: left;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/conheca-os-motivos-para-o-encolhimento-dos-hare-krishnas/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/conheca-os-motivos-para-o-encolhimento-dos-hare-krishnas/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-FDVJQeWhq_8/UD0Q5Ahsx9I/AAAAAAAAAN8/Ups9KktJBUo/s1600/sankirtan1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-FDVJQeWhq_8/UD0Q5Ahsx9I/AAAAAAAAAN8/Ups9KktJBUo/s320/sankirtan1.jpg" height="196" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sri Chaitanya acompanhado de seus devotos</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Os mais velhos que vivenciaram os
anos 1960 e 1970 do Movimento Contracultura, ao lerem este artigo, reconhecerão
logo o significado do Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare
Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> naquele contexto, já os jovens poderão achá-lo interessante e instrutivo,
mas para entender de verdade o que representou o Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> para aquela época, terão de pedir a seus pais para
contar-lhes com tempo e paciência. Proveniente de uma seita vishnuísta difundida
antes apenas regionalmente na Índia, esta doutrina foi trazida para o Ocidente
nos anos 1960 para, em pouco tempo, se tornar o mais popular e rico dos Novos Movimentos Religiosos. A popularidade e visibilidade chegaram a tanto que
pareciam que seus adeptos eram ubíquos. Eles estavam sempre nas ruas, nas
praças, nos ônibus e nos aeroportos, das grandes cidades, distribuído seus
livros, revistas e incenso em troca de doações em dinheiro, bem como não eram
esquecidos nos meios de comunicações: jornais, revistas, televisão, rádio e
cinema; quer como notícia ou como alvo de zombaria. Com o tempo o Movimento se
transformou na imagem da religião hindu no Ocidente. Já seu caráter exótico, para os ocidentais naturalmente,
atraiu artistas e intelectuais para o seu séquito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Assim, o estudo abaixo pretende
apontar os motivos que levaram a diminuição da visibilidade deste Movimento nos
dias de hoje, bem como a sua recente transformação no sentido de tornar-se, em
contradição com a sua proposta inicial, uma religião étnica, em virtude do crescente
aumento do ingresso de imigrantes hindus nas suas comunidades e da frequência
dos mesmos nos seus templos, sobretudo nos países de língua inglesa onde esta
imigração é numerosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Religião proselitista e
religião hereditária<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Dentre as várias maneiras de classificar
as religiões, uma delas é dividi-las quanto à sua admissão de novatos, ou seja,
as que aceitam convertidos, por isso estão abertas ao ingresso de qualquer
pessoa, estas são conhecidas como religiões proselitistas. Assim, são consequentemente
as com maior possibilidade de crescimento do seu séquito, em vista do ímpeto
missionário e propagandista. As religiões proselitistas mais conhecidas são: o
Cristianismo, o Islamismo, o Budismo, o Taoismo e o Sikhismo. Por outro lado,
existem as religiões que não aceitam convertidos, seu ingresso somente acontece
através da descendência familiar, ou seja, para ser um adepto desta modalidade
de religião é necessário que seja filho ou filha de um casal desta mesma
religião. Esta é a que é conhecida como religião hereditária, cujos exemplos
mais conhecidos são: o Hinduísmo, o Jainismo, o Zoroastrismo e algumas
correntes do Judaísmo. Por exemplo, para ser um hindu, é necessário que seja
filho ou filha de um casal hindu, que automaticamente pertença a qualquer uma
das castas e a um dos estágios de vida do hindu (<i>varnashrama dharma</i>); logo, não é possível se tornar um hindu
através da conversão. Entretanto, desde alguns poucos séculos para cá começaram
a surgir excepcionais movimentos religiosos na Índia que extraem as suas
doutrinas e as suas práticas do Hinduísmo e, ao mesmo tempo, aceitam
convertidos, rompendo assim o requisito da hereditariedade e a exigência de
pertencer a uma casta (<i>varna: sudra,
vaishya, kshatriya e brâmane</i>), ou de estar situado em algum dos quatro
estágios da vida <i>(ashrama: brahmacharin,
grhasthya, vanaprastha e samnyasin</i>) do hindu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Agora, a razão para a explicação acima é que o
Movimento <i>Hare Krishna </i>se enquadra
neste último exemplo, visto que suas doutrinas e suas práticas de <i>bhakti yoga </i>(<i>yoga</i> devocional) são comuns com o Hinduísmo tradicional, porém a
instituição aceita qualquer novato, com isso desrespeita o sistema de castas e
dos estágios da vida, daí o motivo que o levou a alcançar propagação mundial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os seis principais
cultos do Hinduísmo</span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-DpOM7GabAQM/UCjkB4HQANI/AAAAAAAAAMk/tRxw8nxTWtc/s1600/013630400-EX00.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-DpOM7GabAQM/UCjkB4HQANI/AAAAAAAAAMk/tRxw8nxTWtc/s1600/013630400-EX00.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem do deus Shiva</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Apesar da habitual insistência dos
hindus em assegurarem a unidade do Hinduísmo, estudos crítico-históricos
apontam que o que denominamos de Hinduísmo atualmente é, na realidade, uma
reunião de antigas tradições com pontos em comum e outros em contraste, mais do
uma religião unificada propriamente. Dentre os tantos cultos que se juntaram
para formarem o que se denomina hoje de Hinduísmo, seis deles sobresaem em
popularidade, os quais são denominados coletivamente como os <i>shanmatas</i> (os seis principais cultos de
adoração), que são: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">1)
o culto <i>shakta</i> (adoração da energia
universal – <i>Shakti</i>), <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">2)
o culto <i>ganapatya</i> (adoração do deus <i>Ganesha</i>, também conhecido como <i>Ganapati</i>), <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">3)
o culto <i>kaumara</i> (adoração do deus <i>Kumara</i>, o qual também recebe os nomes
de: <i>Skanda</i>, <i>Subramanya</i>, <i>Karthikeya</i> e <i>Muruga</i>), <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">4)
o culto <i>saura</i> (adoração do deus-sol <i>Surya</i>),<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">5)
o culto <i>shaiva</i> (adoração do deus <i>Shiva</i>) e<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">6)
o culto <i>vaishnava</i> (adoração do deus <i>Vishnu</i>).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Dentre estes, os dois últimos, isto
é, os cultos </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">shaiva</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (shivaista) e o </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (vishnuista) são os mais
populares, portanto universalmente praticados na Índia hoje (Klostermaier,
2000: 80-187). Enfim, é da tradição deste último, o culto vishnuista </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), adoração ao deus </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vishnu</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, que o Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> se origina, com a peculiar
diferença na maior ênfase na adoração de uma das encarnações (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">avatars</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vishnu</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
atribuída pelo fundador da tradição </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gaudiya
vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A origem do Movimento <i>Hare Krishna</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Para os muitos ocidentais que não
conhecem as tradições antigas da Índia, a exótica <i>International Society for Krishna Consciousnes</i> (ISKCON), mais conhecida
popularmente como Movimento <i>Hare Krishna</i>,
parece uma recente e artificial adaptação de tradições hindus, intencionalmente
destinada a provocar o sentimento de exotismo nos ocidentais, sem nenhuma
linhagem tradicional. Também, outros pensam que suas doutrinas e suas práticas
representam o Hinduísmo como um todo. No entanto, a realidade é diferente, a origem
do movimento se encontra numa antiga tradição vishnuísta (culto ao deus <i>Vishnu</i>) conhecida como tradição <i>Gaudiya Vaishnava</i>, iniciada nos estados
de Bengala e de Orissa, Índia, no século XVI e.c., por um santo devoto do deus <i>Krishna</i> conhecido como <i>Sri Chaitanya Mahaprabhu</i> (1486-1533). Diferente
das outras interpretações hindus, <i>Chaitanya</i>
elevou <i>Krishna</i> para o mais alto nível
no panteão hindu, contrariando os ortodoxos que o consideravam como uma <i>avatar</i> (encarnação divina) dentre outras
de <i>Vishnu</i>. Ademais, contrariando os
brâmanes ortodoxos, que só permitiam que os textos sagrados fossem lidos no
Sânscrito, ele incentivou seus discípulos a traduzi-los para a língua local, o
Bengalês, a fim de que sejam lidos por mais devotos, algo semelhante ao que fez
também Martinho Lutero com a Bíblia, ambos foram contemporâneos no século XVI,
bem como foi um dos primeiros santos indianos a abrir a oportunidade de
adoração a <i>Sri Krishna</i> aos devotos
não hindus. Suas biografias relatam que alguns dos seus discípulos mais
próximos eram mulçumanos (Dasgupta, 1975: 384s e Elkman, 1986: 01-20). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-j2KNPNBsTFs/UCjlJTf04PI/AAAAAAAAAMs/z_o_bgjEFJ4/s1600/prabhu2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-j2KNPNBsTFs/UCjlJTf04PI/AAAAAAAAAMs/z_o_bgjEFJ4/s320/prabhu2.jpg" height="320" width="224" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sri Baktivedanta Prabhupada, fundador</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Mais precisamente, o Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> é a ramificação ocidental de
um centro missionário da religião </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gaudiya
vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> denominado </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Gaudiya Math</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
fundado por </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Srila Bhaktisiddhanda
Saraswati</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Thakura</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, em 1920, na
cidade de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mayapura</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, no estado de
Bengala, Índia. Quando da morte do seu fundador em 1937, já existiam 64 missões
</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gaudiyas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> sob a direção do </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Gaudiya Math</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mayapura</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">. O qual, por sua vez, foi um desdobramento da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Gaudiya Vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mission</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, fundada em 1886 por </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Swami
Bhaktivinoda Thakura</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, pai de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Srila
Bhaktisiddhanta Saraswati Thakura</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">. O primeiro missionário enviado ao
Ocidente foi </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Swami Bon Maharaj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, logo
antes da Segunda Guerra Mundial, porém seu giro pela América e Europa não foi
capaz de atrair o interesse de muitos ocidentais (Klostermaier, 2000: 278). O
movimento decolou mesmo no Ocidente a partir da chegada de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Bhaktivedanta Prabhupada</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, um ex-vendedor de remédios e depois
proprietário de loja, educado numa escola inglesa em Bengala, o qual, aos 59
anos, deixou sua esposa e seus filhos com o seu irmão a fim de se tornar um
renunciante (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">samnyasin</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">). Ele dedicou muitas horas traduzindo textos de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> para o inglês. Então, aos 69
anos de idade, mediante a sugestão do seu guru, ele desembarcou no porto de
Nova York em 19 de Setembro de 1965, com a mala repleta de traduções inglesas
dos textos </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">vaishnavas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, com o objetivo
de divulgar a doutrina </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gaudiya vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
no Ocidente. Certamente ele não fazia a menor ideia de que, em poucos anos, a
instituição religiosa que fundou no ano seguinte, 1966, a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">International Society for Krishna Consciousness</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (ISKCON), apelidada
de Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, se
transformaria rapidamente, graças ao seu ímpeto missionário e propagandista,
associado ao perspicaz uso da estratégia de propaganda da cultura ocidental, na
mais difundida instituição de origem indiana no mundo (Shinn, 1994; Klostermaier,
2000: 277-8; Lewis, 2001: 214s; Rochford Jr. 2005: 101s e 2007: 09s).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O exotismo dos <i>Hare Krishnas</i><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Quando
começaram a se popularizarem no Ocidente, as pessoas aqui os consideravam muito
exóticos, para alguns eles eram até cômicos. Vistos pelas ruas das cidades com
suas túnicas cor de laranja, com a cabeça raspada e apenas um rabicho (<i>sikha</i>) atrás, com a cinza sagrada (<i>vibhuti</i>) na testa, tocando o <i>mrdanga</i> (tambor) e os címbalos, bem como
dançando ao canto do <i>Mahamantra</i> “<i>Hare Krishna Hare Krishna, Krishna Krishna,
Hare Hare; Hare Rama Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare</i>” e distribuindo
varetas de incenso, revistas e livros da organização em troca de doações em
dinheiro, esta prática é denominada pelo Movimento como <i>sankirtan</i>, diziam que aquele trabalho era para sobreviverem, mas
que, na realidade, era para enriquecer a instituição, que se tornou milionária,
daí que eles foram tema de zombarias pela imprensa, nos filmes, nos programas
humorísticos, etc. No entanto, foi exatamente este exotismo que auxiliou a
rápida disseminação do movimento. De mãos dadas com a rebeldia do Movimento
Contracultura dos anos 1960 e 1970, visto que ambos os movimentos depreciavam
muitos dos valores da cultura ocidental, em favor de uma nova visão de mundo e de
um novo estilo de vida, o movimento cresceu ao ponto de se tornar, durante os
anos acima, o mais popular e rico dentre os Novos Movimentos Religiosos. Muitos
dos primeiros convertidos norte americanos ao Movimento eram hippies.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O auge da popularidade <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Nos anos 1970, os <i>Hare Krishnas</i> alcançaram o clímax da sua
visibilidade, eles se tornaram quase que ubíquos. Eram sempre mencionados nos
meios de comunicação, muitas vezes como alvo de zombaria. Os monges eram vistos
com frequência abordando pessoas nas ruas, nas praças, no interior dos ônibus e
nos aeroportos das grandes cidades, oferecendo livros, revistas e incenso em
troca de doações. Muitas destas abordagens chegavam a ser incômodas e
constrangedoras, em razão da petulância e da insistência. Nenhuma outra
atividade do Movimento foi mais criticada do que esta. Petulantes e insistentes
como eram, o resultado foi que esta atividade (a <i>sankirtan</i>) enriqueceu a instituição ao ponto de reunir um
patrimônio milionário que somava numerosas comunidades, templos, restaurantes,
fazendas e colégios internos espalhados por quase todos os países do mundo. Este
trabalho de distribuição em troca de doações <i>(sankirtan</i>) era feito pelos devotos sem remuneração e terminou no
início dos anos 1980 com a intensificação das acusações de exploração de
trabalho escravo (Rochford Jr., 2007: 13). <o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-B5b2-RzC_ro/UCjl1zd1t3I/AAAAAAAAAM0/XhHHqOOnnC0/s1600/image001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-B5b2-RzC_ro/UCjl1zd1t3I/AAAAAAAAAM0/XhHHqOOnnC0/s1600/image001.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">George Harrison com monges Hare Krishnas</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O surpreendente é que muitos
intelectuais e artistas se tornaram simpatizantes do Movimento e alguns, até
mesmo, adeptos. Uma conversão de celebridade muito notada foi a do Beatle
George Harrison (1943-2001), cuja devoção por <i>Sri Krishna</i> foi colocada na música <i>My Sweet Lord</i> (1970), cujo disco compacto simples foi o mais
vendido na Grã Bretanha em 1971. Diz-se que ele permaneceu devoto até o último
dia de sua vida. No cinema, a aparição mais impressionante foi no filme <i>Hair</i> (1979) do diretor tcheco Milos
Forman (1932- ), num episódio psicodélico quando é celebrada uma cerimônia de
casamento numa igreja cristã, mas o ritual, o figurino, a música e a dança são
particularmente hindus, inspirados, sobretudo, no culto de <i>Sri Krishna</i>. No final da cerimônia, os convidados saem da igreja
dançando atrás de um grupo de monges <i>Hare
Krishna</i>, que caminhava cantando e dançando ao som do <i>Mahamantra</i>. As conversões de celebridades e de pessoas abastadas
trouxeram muitas doações, com as quais o Movimento se enriqueceu ainda mais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em suma, o Movimento <i>Hare Krishna</i> foi indubitavelmente o
culto oriental mais popular dos anos 1960 e 1970, apesar do bombardeio de
críticas pela imprensa e da perseguição difamatória dos movimentos anticultos
da época, esta última promovida principalmente pelos cristãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O início do abalo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O estremecimento das estruturas do
Movimento teve início logo após a morte de seu fundador, <i>Sri Bhaktivedanta Pabhupada,</i> em 1977. Nas palavras de E. Burke
Rochforf Jr: “Logo após a morte de <i>Prabhupada</i>,
os <i>Hare Krishnas</i> enfrentaram
contínuos problemas de sucessão. Questões surgiram quase imediatamente sobre se
sucessores de <i>Prabhupada</i> na verdade
tinham sido iniciados por ele para atuarem como gurus na sua ausência. Dentro
de uma década, a maioria dos onze gurus sucessores de <i>Prabhupada</i> foram obrigados a sair do movimento por causa de
transgressões e/ou comportamento ilegal. Em seguida, um número de reformas foi
implantado para limitar a volatilidade da instituição dos gurus, os <i>Hare Krishnas</i> agora têm aproximadamente
cem gurus iniciando discípulos pelo mundo. Apesar das mudanças, contudo, a
controvérsia persiste sobre o papel e a autoridade dos gurus <i>Hare Krishnas</i> e a instituição dos gurus
como um todo” (Rochford Jr., 2005: 103). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Tal como a afirmação acima deixa
clara, as estruturas de autoridade do Movimento <i>Hare Krishna</i> tornaram-se enfraquecidas e ameaçadas nos anos que
seguiram a morte do seu fundador. Isto resultou no contínuo conflito
institucional e no aparecimento de um movimento insurgente dentro da própria
organização, que buscou redefinir a instituição dos gurus e substituir os
líderes existentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A avalanche de
processos judiciais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Os conflitos internos de autoridade
foram apenas o começo do abalo, em seguida surgiram problemas ainda mais
graves. Com a desunião e o subsequente enfraquecimento do Movimento, uma onda
de descrédito levou muitos adeptos históricos a abandonarem as comunidades, os
quais, individualmente ou coletivamente, solicitaram na Justiça norte
americana, através de seus advogados, indenizações milionárias por exploração
de trabalho escravo, por lavagem cerebral, por abuso sexual de crianças, por
maus tratos, por castidade forçada, por inibição da liberdade de expressão, por
cárcere privado e por abuso de trabalho infantil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Destas ações judiciais mencionadas
acima, as que mais abalaram a reputação e a estrutura da instituição foram as ações
promovidas pelos ex-alunos dos colégios internos para crianças (<i>gurukulas),</i> alegando abuso infantil. O
fato é que, à medida que as comunidades <i>Hare
Krishnas</i> cresceram em número de membros, sentiu-se a necessidade de criar
escolas especiais para a apropriada educação das crianças. “<i>Swami Prabhupada</i> afirmou que os devotos
deveriam estar com o tempo livre para vender livros devocionais e efetuar
outros trabalhos para o culto. De modo que seus filhos deveriam ser enviados
para colégios internos, assim eles não ficariam na dependência de seus pais,
mas ao invés disto, se tornariam a próxima geração de devotos leais.
Consequentemente, onze escolas estavam operando nos EUA no fim dos anos 1970,
frequentemente conduzidas por professores e equipe administrativa precariamente
selecionados e sem treinamento” (Singer, 2003: 348). A história começou assim.
“a primeira <i>gurukula</i> formal foi
fundada em Dallas em 1971, e permaneceu a única escola deste gênero no
movimento até 1976, quando as autoridades estaduais obrigaram-na a fechar. Na
época do fechamento, a escola tinha aproximadamente cem alunos, a maioria
estava entre as idades de quatro e oito anos” (Rochford Jr., 2007: 75). Mas os <i>Hare Krishnas </i>eram insistentes e “em
1975, com a extinção da escola de Dallas, <i>gurukulas
</i>foram abertas em Los Angeles e em <i>New
Vrndavan</i>, e entre 1975 e 1978, onze escolas <i>Hare Krishnas</i> foram abertas nos EUA. Em 1976, a <i>Bhaktivedanta Swami International Gurukula</i>
começou a aceitar adolescente como alunos em <i>Vrndavan</i>, Índia. Uma vez que os <i>Hare
Krishnas</i> tornaram-se um movimento global nos fins dos anos 1970 e início
dos anos 1980, <i>gurukula</i>s foram abertas
na França, na Austrália, na África do Sul, na Inglaterra e na Suécia, e em 1980
e 1981, escolas regionais foram abertas em Lake Huntington, Nova York, e
Califórnia central respectivamente” (Rochford Jr., 2007: 75).<o:p></o:p></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8sRzQPMKYko/UCjmvSINC3I/AAAAAAAAAM8/_tJNvqMKkBo/s1600/hare-krishna01.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-8sRzQPMKYko/UCjmvSINC3I/AAAAAAAAAM8/_tJNvqMKkBo/s320/hare-krishna01.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monges Hare Krishnas oferecendo livros na rua</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Relatos de jovens, pais e
educadores, que posteriormente abandonaram o Movimento, confirmaram que as
crianças que frequentavam as </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gurukulas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
sofreram abuso sexual, psicológico e físico. O número de vítimas não pode ser conhecido com
muita exatidão, mas uma pesquisa não aleatória feita em 1998 pelo Ministério da
Juventude do Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
com 115 ex-alunos, então nas idades entre 15 e 34 anos, descobriu que 25%
tinham sido sexualmente abusados por mais de um ano; 29% relataram que eles
experimentaram abuso sexual por um período de um mês a um ano. Quanto ao abuso
físico, 31% indicaram que eles tinham sido repetidamente espancados por um
professor ou por alguém mais velho, ao ponto de deixar marcas em seus corpos
(Rochford Jr., 2007: 75). Os casos não param por aí. “Em Janeiro de 2002, a
Association for the Protection of </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vaishnava</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
Children - APVC (Associação para a Proteção de Crianças </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Vaishnavas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), que foi formada em resposta às crescentes alegações de
abuso infantil, tinha recebido alegações de maus tratos infantis, incluindo
abuso infantil, contra mais de 300 pessoas. 60% dos relatos de abusos feitos à
APVC foram de antes de 1992, quando existiam grandes quantidades de alegações
ligadas com uma escola (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gurukula</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">. Ainda mais, mais de 80% destes
casos eram acusações de abuso sexual” (Rochford Jr., 2007: 75-6).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> O motivo que levou os monges <i>Hare Krishnas</i> a cometerem estas crueldades
com as crianças tem um fundo ideológico e é explicado por E. Burke Rochford Jr.
assim: “Como o número de casamentos e de filhos começou a crescer nos meados
dos anos 1970, a vida familiar foi definida pela elite de renunciantes dos <i>Hare Krishnas</i> como um símbolo de
fraqueza espiritual. Como um grupo politicamente marginal e estigmatizado, os
pais de família foram deixados incapazes de afirmar sua autoridade de pais
sobre suas vidas e de seus filhos. As crianças foram abusadas em parte porque
elas não eram valorizadas pelos líderes, e mesmo, muito frequentemente, por
seus próprios pais, que aceitavam as justificativas teológicas e outras mais
oferecidas pela liderança para permanecerem não envolvidos nas vidas de seus
filhos” (Rochford, 1998). <o:p></o:p></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-mfd4pTNx3Mw/UD0SJHjCcOI/AAAAAAAAAOE/KWfhx3NAFUQ/s1600/2169016987_f76f8ca1e7.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-mfd4pTNx3Mw/UD0SJHjCcOI/AAAAAAAAAOE/KWfhx3NAFUQ/s320/2169016987_f76f8ca1e7.jpg" height="225" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sri Krishna e Arjuna, protagonistas do épico Mahabharata</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Agora, o golpe mais forte contra o
Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> aconteceu em
12 de Junho de 2000, quando 44 ex-adeptos, que sofreram abusos no passado,
entraram com uma ação judicial na Corte de Justiça da cidade de Dallas, EUA,
solicitando uma indenização de US$ 400 milhões pelos abusos e pelos maus tratos
(Campbell, 2000 e Singer, 2003: 349). A notícia correu o mundo e o Movimento,
que já vinha gradativamente declinando, ficou com sua imagem ainda mais deteriorada.
Logo em seguida, algumas comunidades </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare
Krishnas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> nos EUA, temendo o confisco judicial, solicitaram na Justiça a
proteção da Lei de Falência, a fim de evitar o arresto de seus bens (Singer,
2003: 349).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> As consequências de todas estas
turbulências foram que a prática da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">sankirtan</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
(distribuição de livros, revistas e incenso em troca de doações) foi abolida e
as </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gurukulas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (escolas internos para
crianças) foram fechadas. Com o fim da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">sankirtan</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
os monges </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> tiveram de
procurar emprego no mercado de trabalho para se sustentarem, uma vez que a
renda obtida da prática de distribuição em troca de doações foi paralisada.
Também, com o fechamento das </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">gurukulas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">,
os filhos dos adeptos passaram a estudar em escolas públicas, tal como a
maioria das crianças. Enfim, o resultado foi que, a partir de então, o tão
conservador e exótico Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare
Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> foi obrigado a se submeter a um processo de secularização, o qual
resultou numa radical transformação no perfil e no estilo de vida de seus
adeptos, o que explica, em grande parte, o motivo da diminuição da sua
visibilidade, em vista da amenização do seu caráter exótico (Rochford Jr., 2005:
101-8 e 2007: 97-114).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Concluindo, o Movimento <i>Hare Krishna</i> se transformou numa
instituição legalmente falida, bem como judicialmente ameaçada de perder talvez
quase todos os seus bens, os quais acumulou com a exploração do trabalho
gratuito de distribuição de livros e de incenso em troca de doações (<i>sankirtan</i>) por seus adeptos, diante da
avalanche de ações judiciais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O movimento circular<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Como mencionada acima, a abolição da
prática de distribuição em troca de doações secou a principal fonte de renda
dos <i>Hare Krishnas</i>, com isso tiveram
que procurar outra fonte de renda para o sustento de suas comunidades e de seus
templos. Esta procura resultou num fenômeno curioso e, até certo ponto,
surpreendente, ou seja, o gradativo aumento do ingresso de imigrantes hindus no
Movimento <i>Hare Krishna</i> nos países com
imigração numerosa, sobretudo os de língua inglesa, a partir das últimas
décadas. O resultado foi que, com o tempo, estes imigrantes hindus passaram a
ser a maioria em algumas comunidades e templos, bem como alguns hindus se
tornaram até presidentes de algumas comunidades. São eles que fornecem a
maioria do sustento econômico do Movimento atualmente (Rochford Jr., 2005: 104).
Por outro lado, nos países onde não existe grande número de, ou nenhuma
imigração hindu, o movimento quase que desapareceu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-IF6BoNDipqc/UCjowsfEfqI/AAAAAAAAANc/NDmeolcd98Y/s1600/183915_1778125486538_1041415679_2027560_7237417_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-IF6BoNDipqc/UCjowsfEfqI/AAAAAAAAANc/NDmeolcd98Y/s320/183915_1778125486538_1041415679_2027560_7237417_n.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Monges Hare Krishnas cantando o Mahamantra na rua</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> E. Burke Rochford Jr. chama este
processo de “hinduização” do Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare
Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (Rochford Jr., 2007: 181-200). Bem, a conclusão que se pode extrair
deste fenômeno é que a história do Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> efetuou um movimento circular, no que diz respeito ao
critério de ingresso de novatos. Ou seja, de um movimento que abriu as portas
do culto a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> para todos,
independentes de religião, de casta, de cor, de nacionalidade e de sexo,
contrariando a ortodoxia hindu da época, trabalho efetuado por </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Chaitanya Mahaprabhu</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> no século XVI,
foi então trazido para o Ocidente com este mesmo propósito, para finalmente, a
partir das últimas décadas, voltar ao estágio anterior a </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Chaitanya</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, quando o culto de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sri Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> era praticado somente por hindus, se transformar
gradativamente em um movimento majoritariamente hindu. Enfim, o Movimento </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hare Krishna</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, que foi marcado pela sua
abertura religiosa a todos os povos, culturas e raças, está se transformando
aos poucos numa religião étnica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia</span></b><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CAMPBELL,
Julia. <i>Hare Krishna Schools Sued: Federal
Suit Involves 44 Plaintiffs Alleging Abuse. </i>ABC News.com, June 12, 2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">DASGUPTA,
S. N. <i>A History of Indian Philosophy</i>.
Delhi: Cambridge University Press/Motilal Banarsidass, 1975, vol. IV, p.
384-448.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ELKMAN,
Stuart. </span><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">Jiva Gosvamin’s Tattvasandarbha: A Study on the
Philosophical and Sectarian Development of the Gaudiya Vaishnava Movement</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">. Delhi: Motilal Banarsidass, 1986.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">GOSWAMI, Tamal K. <i>The Perils of Succession: Heresies of
Authority and Continuity in the Hare Krishna Movement. </i>ISKCON
Communications Journal, vol. 05, No 01, June, 1997. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">KLOSTERMAIER, Klaus K<i>. Hinduism: A Short History</i>. Oxford:
Oneworld Publications, 2000, 277-80.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">LALICH, Janja A. <i>Bounded Choice: True Believers and
Charismatic Cults</i>. Berkeley: University of California Press, 2004, p. 12-4.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">LEWIS, James R. (ed.). <i>Odd Gods: New Religions and the Cult
Controversy</i>. Amherst: Prometheus Books, 2001, p. 214-8.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">_______________. (ed.)<i> The Oxford Handbook of New Religious
Movements</i>. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">New York: Oxford University Press, 2004,
<i>passim</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">_______________
and Jesper A. Petersen (eds.). <i>Controversial
New Religions</i>. New York/Oxford: Oxford University Press, 2005, 101-17.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ROCHFORD
Jr, E. Burke. <i>Child Abuse in the Hare
Krishna Movement</i>: 1971-1986. ISKCON Communications Journal, vol. 06, No 01,
June, 1998.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________________
<i>Family Development and Change in the Hare
Krishna Movement </i>em <i>Controversial New
Religions</i>, James R. Lewis and Jesper A. Petersen (eds.).New York/Oxford:
Oxford University Press, 2005, p. 101-17.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">______________________
<i>Hare Krishna Transformed</i>. London/New
York: New York University Press, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">SHINN,
Larry. <i>The Maturation of the Hare Krishna
Movement</i>. ISKCON Communications Journal, vol. 02, No 01, January, 1994. </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: EN-US;">SINGER, Margaret T. <i>Cults in Our Midst</i>. San Francisco:
Jossey-Bass, 2003, p. 348-9.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-21291337166942896732012-07-31T01:11:00.000-07:002014-03-05T11:37:05.551-08:00|ESTUDO| O Jejum do Ramadã e seus Efeitos Colaterais<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha
Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> </span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/07/o-jejum-do-ramada-e-seus-efeitos-colaterais/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/07/o-jejum-do-ramada-e-seus-efeitos-colaterais/</a>)</div>
</div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Iniciado a partir do dia 20 de Julho, o
mês do Ramadã é o período mais sagrado para os muçulmanos, quando é praticado o
jejum (<i>sawm</i>) durante o período diurno
nos 29 ou 30 dias do mês, com isso as refeições são consumidas durante a noite.
A sacralidade reside no fato de ser neste mês que Maomé recebeu a primeira
revelação do anjo Gabriel, numa noite denominada pelos muçulmanos de Noite do
Destino (al-Qadr). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O breve estudo abaixo pretende, num
primeiro momento, informar resumidamente o que é o Ramadã, com sua celebração
principal, o jejum; bem como sua origem, sua menção nos textos sagrados, suas
interpretações controversas e suas transformações desde o objetivo original;
para em seguida relatar alguns resultados de pesquisas que apontam os efeitos
prejudiciais, tanto fisiológicos como psicológicos, deste jejum nos praticantes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os
cinco pilares do Islamismo</span></b><br />
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-iPaFvZEA_lw/UBedXjgR43I/AAAAAAAAALo/uU7dtiMDZTM/s1600/fim+do+ramad%C3%A3+-+C%C3%B3pia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-iPaFvZEA_lw/UBedXjgR43I/AAAAAAAAALo/uU7dtiMDZTM/s320/fim+do+ramad%C3%A3+-+C%C3%B3pia.jpg" height="239" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A grande mesquita de Meca</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A identidade mulçumana é reconhecida
pela prática dos cinco princípios estabelecidos pela tradição islâmica: a
profissão de fé ou testemunho </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(shahadah</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">),
a oração (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">salat</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), a doação (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">zalat</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">), o jejum </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(sawm</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">) e a peregrinação (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">hajj</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">).
O Alcorão menciona estes cinco princípios do Islã em passagens dispersas, mas
nunca a menção dos cinco coletivamente como um mandamento numa só passagem. Portanto,
a fonte canônica para a homologação destes princípios se encontra nos </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hadiths</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> (ditos de Maomé), os textos
islâmicos de maior autoridade após o Alcorão, sobretudo numa passagem do </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Hadith</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Muslim</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sahih</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> 1.06.20: “É
narrado, na autoridade de </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Abdulah Ibn
Omar</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, que o Mensageiro de Deus (Maomé), que a paz esteja com ele, disse: a
superestrutura do Islã está erguida em cinco pilares: o testemunho que não há
nenhum deus além de Deus, que Maomé é seu servo e mensageiro, e o
estabelecimento da oração, do pagamento da taxa de doação, da peregrinação a
Casa (de Deus em Meca) e o jejum do mês do Ramadã (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Muslim</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sahih </i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">1.06.20 –
Peters, 1994: 152).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">1)-
A Profissão de Fé ou Testemunho (<i>Shahadah</i>):
É o pré-requisito para o ingresso na religião islâmica, quando o novato faz a
declaração formal de sua fé que Alá é o único deus: “Declaro que não há outro
deus além de Alá, e que Maomé é o mensageiro de Deus”. O novato é admitido a
partir do momento que faz esta declaração na presença do imã (líder islâmico) e
de outras testemunhas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">2)-
A Oração (<i>Salat</i>): Existem as orações
obrigatórias e as complementares, bem como as individuais (no lar) e as
coletivas (na mesquita). As imprescindíveis são as cinco orações diárias: do
amanhecer, do meio dia, da tarde, do anoitecer e da noite. Também, muito
importante é a oração coletiva das Sextas Feiras, ao meio dia, na mesquita. Com
a expansão do Islamismo para outras regiões distantes, surgiu a dúvida se o
horário a ser seguido deveria ser o horário local ou o horário de Meca, devido
às diferenças no fuso horário, predominou a interpretação da prática no horário
local. A exigência é de que as orações sejam realizadas com o orador voltado
para Meca, mas existem exceções entre alguns grupos mulçumanos espalhados pelo
mundo (Rippin, 1997: 130-1).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">3)-
A Doação (<i>Zakat</i>): É uma parte da
riqueza do mulçumano que é doada para os necessitados, difere da caridade que é
espontânea. Uma <i>Zakat</i> (doação) especial
é a <i>Fitra,</i> que é oferecida pelo
mulçumano no fim do mês sagrado do Ramadã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">4)-
O Jejum (<i>Sawm</i>): O mais importante é o
jejum do mês do Ramadã, quando é proibido comer, beber, fumar ou ter relação
sexual, no período do dia, durante um mês. Nos casos de impossibilidades,
existem opções alternativas para aqueles impossibilitados de praticá-lo. Outro
jejum de menor importância, mas ainda praticado por algumas comunidades
mulçumanas, é o jejum <i>Ashura</i>, o qual
antecedeu ao jejum do Ramadã, para depois ser substituído por este último ainda
nos tempos de Maomé (Robinson, 2003: 121-2).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">5)-
A Peregrinação (<i>Hajj</i>): O muçulmano
deve realizar pelo menos uma peregrinação a Meca na vida. Chegando lá, o fiel
deve efetuar sete voltas ao redor da <i>Caaba</i>
(Pedra Negra), no interior da Grande Mesquita. Em seguida bebe água do poço de <i>Zenzem</i>, para então dirigir-se ao monte <i>Arafat</i> (Ali, 1944: 16-30, 119-87,
208-21, 222-31 e 332-51; Rippin, 1997: 127-41; Chittick, 1994: 8-20; Peters,
1994: 150-2 e <i>passim</i> e Robinson,
2003: 96-116).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ramadã, o mês sagrado</span></b><br />
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-Nmcy-fNGeTk/UBeeJtuNdWI/AAAAAAAAALw/omW8p-FOCog/s1600/ramadc3a3-termina-na-maioria-dos-pac3adses-c3a1rabes-do-oriente-mc3a9dio(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Nmcy-fNGeTk/UBeeJtuNdWI/AAAAAAAAALw/omW8p-FOCog/s320/ramadc3a3-termina-na-maioria-dos-pac3adses-c3a1rabes-do-oriente-mc3a9dio(1).jpg" height="228" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Muçulmanos orando durante o Ramadã</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A
razão para a sacralidade está no fato de ter sido durante este nono mês do
calendário lunar dos muçulmanos, o Ramadã, que a primeira revelação do anjo
Gabriel foi feita a Maomé, numa gruta no monte <i>Hira</i>, no entorno de Meca, em 610 e.c. “Foi no mês de Ramadã que o
Alcorão foi revelado...” (Alcorão: <i>sura</i>
2, <i>aya</i> 185). Este evento é denominado
de Noite do Destino (<i>al-Qadr</i>) e está
registrado na <i>sura</i> (capítulo) 97 do
Alcorão: “Sim, revelamos o Alcorão na Noite do Destino (<i>al-Qadr</i>)... A noite de <i>Qadr</i>
(Destino) vale mais que mil meses...” (<i>sura</i>
97<i>, ayas</i> 1-03 - Challita, 2002: 348).
Outro nome para esta noite é Noite Abençoada (<i>Laylat al-Qadr</i>), bem como outra interpretação é Noite do Poder
(Ali, 1934: 1765; Arberry, 1955: 345 e Palmer, 1994, vol. 09: 337). A revelação
corânica foi um processo gradativo que se estendeu por 23 anos, por isso os
intérpretes dividem as revelações do Alcorão em <i>suras</i> (capítulos) que foram reveladas durante o período da permanência
de Maomé em Meca, e as <i>suras</i> que
foram reveladas no período de sua estadia em Medina. O mais comum é comemorar a
Noite do Destino (<i>al-Qadr</i>) na 27ª
noite do mês do Ramadã, mas existe divergência, para outros intérpretes, este
evento é comemorado na 24ª noite (Peters, 1994: 169-70). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os muçulmanos seguem o calendário lunar,
cuja diferença com o nosso calendário solar faz com que a cada ano o mês do
Ramadã se antecipe aproximadamente onze dias. Assim, em 1998 o Ramadã começou
em 20 de Dezembro, em 1999, em 09 de Dezembro, em 2000, no dia 28 de Novembro
(Robinson, 2003: 119) e continuou se antecipando até que, no ano de 2012,
iniciou recentemente no dia 20 de Julho. O mês do Ramadã começa quando a nova
lua crescente faz sua primeira aparição no céu, daí então, o amanhecer do dia
seguinte é o primeiro dia do mês do Ramadã. Porém, este critério é problema na
época de noites nubladas, quando não é possível avistar a lua. Nestes últimos
casos, o critério é o cálculo (Chittick, 1994: 17). O horário preciso de
iniciar o jejum é problema também para os muçulmanos que vivem nas regiões
polares. O momento exato na manhã para o início do jejum do Ramadã é
determinado curiosamente assim no Alcorão: “... E comei e bebei até que comecei
a distinguir, na aurora, a linha branda da linha preta. Depois, jejuai até a
noite...” (<i>sura</i> 2, <i>aya</i> 187 – Challita, 2002: 16). O jejum
acontece apenas durante o dia, sendo assim, termina no crepúsculo de cada dia. No
período da noite é permitido comer e beber. Apesar da prescrição da moderação,
levantamentos constataram um assustador aumento do consumo de alimentos no
período noturno: “Em alguns países mulçumanos, contudo, não é agora incomum bem
mais carnes e verduras serem consumidas no Ramadã, que em todos os outros meses
juntos. Existe assim uma grande e séria distância entre o ideal e a realidade”
(Robinson, 2003: 126). Em outras palavras, o que alguns jejuadores abstêm
durante o dia é extravasado durante a noite, de modo que, a rigor, o jejum não
tem efeito religioso, o que acontece na prática é apenas a inversão no turno
das refeições. <o:p></o:p></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-IielwkW5TcI/UBef5eekqoI/AAAAAAAAAMA/XuJ1xdMvpks/s1600/ramadan-reuters-athar-h(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-IielwkW5TcI/UBef5eekqoI/AAAAAAAAAMA/XuJ1xdMvpks/s320/ramadan-reuters-athar-h(1).jpg" height="185" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Preparação da comida para a refeição noturna no Ramadã</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Agora, o intrigante na primeira revelação
corânica é o fato de Maomé ser analfabeto, mas, milagrosamente, conseguir ler o
texto apresentado a ele durante uma visão, já que, segundo os registros
preservados nos </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hadiths</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> (ditos e atos
de Maomé) e nas biografias, Maomé era iletrado. Segundo o relato de uma de suas
biografias, esta primeira revelação aconteceu quando ele estava dormindo numa
caverna no monte </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Hira</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">, quando lhe
surgiu, numa visão, o anjo Gabriel com uma colcha de brocado, na qual havia
algum escrito e disse: recite, no que Maomé perguntou: o que eu devo recitar?
Ele não conseguia ler o que estava escrito, pois era analfabeto. Pela sua
pergunta “o que devo recitar?”, percebe-se que o seu analfabetismo era tão
completo que nem sequer foi capaz de identificar que o que estava sobre a
colcha era um texto. O anjo insistiu por mais três vezes e Maomé deu as mesmas
respostas indagando o que deveria recitar, até que ele finalmente leu o texto e
depois acordou do sono conseguindo conservar na memória tudo que estava escrito
no texto daquela colcha (Williams, 1961: 61 e Peters, 1993: 51). Este evento é
para os crentes mulçumanos um exemplo do poder do que deus é capaz, já para os
céticos, mais uma lenda inventada pela imaginação humana. A primeira revelação
nesta Noite do Destino está registrada nos cinco primeiros versos (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">ayas</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">) da </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">sura</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> 96, denominada </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Alaq</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
(Coágulo), no Alcorão: “Leia (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">iqraa</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">)
em nome de teu Senhor, que criou, criou o homem de um coágulo. Leia (</span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">iqraa</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">). E teu Senhor é o mais generoso,
que ensinou (o uso da) pena...” (Ali, 1934: 1761 e Palmer, 1994, vol. 09: 336).
Outros tradutores traduziram a palavra </span><i style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">iqraa</i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">
como ‘recita’ (Arberry, 1955: 344, Peters, 1994: 51 e Challita, 2002: 347). Esta
diferença na tradução pode ser explicada pelo fato que na Antiguidade era comum
a leitura em voz alta, uma vez que a maioria da população era analfabeta, então
quem sabia ler, lia, quando solicitado, de maneira para os outros ouvirem.
Logo, ler poderia ser sinônimo de recitar. Agora, a menção da criação do homem
a partir de um coágulo, mencionada logo acima, é exegeticamente desafiadora, e
para a mentalidade científica, até cômica.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com o tempo, sobretudo mais
recentemente, as celebrações do Ramadã se transformaram na mais importante
comemoração e na grande manifestação da unidade do Islamismo, o mês quando os
muçulmanos tornam-se conscientes de seu passado e afirmam seus laços com os
seus ancestrais. Dentre as comemorações, a mais importante no mês do Ramadã é o
jejum (<i>sawm</i>), o quarto pilar da fé
mulçumana, na qual é proibido comer, beber, fumar e ter relação sexual durante
o período do dia. Orações (<i>salat</i>) e
doações (<i>zakat</i>) também são efetuadas
em casa e nas mesquitas, bem como recitações do Alcorão são feitas à noite,
costuma-se dividir o texto em trinta partes, sendo que cada uma é lida numa
noite até que a leitura completa termine na trigésima, ou seja, na última noite
do Ramadã. Estações de TV e de radio transmitem ao vivo estas recitações
durante todo o mês. A prática do jejum já era conhecida por Maomé e seus
companheiros, pelo que é possível extrair da sua biografia e da seguinte
passagem do Alcorão: “Ó vós que credes, foi-vos prescrito o jejum, como foi aos
que vos precederam...” (<i>sura</i> 2, <i>aya</i> 183 – Ali, 1934: 72; Palmer, 1994,
vol. 06: 25 e Challita, 2002: 16). Maomé conviveu com judeus e com cristãos, os
quais já praticavam o jejum. A primeira prática de jejum estabelecida por Maomé
para os seus seguidores foi no <i>Ashura</i>,
o Dia do Perdão dos Judeus, depois com o rompimento com os judeus, ele
transferiu o jejum para o mês do Ramadã e o jejum do <i>Ashura</i> se tornou opcional (Robinson, 2003: 121).</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-V6Ijd2hff2M/UBeesefuk6I/AAAAAAAAAL4/eaq6vO3gaIA/s1600/3131541_ramada8+-+C%C3%B3pia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-V6Ijd2hff2M/UBeesefuk6I/AAAAAAAAAL4/eaq6vO3gaIA/s1600/3131541_ramada8+-+C%C3%B3pia.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">Família muçulmana durante refeição </span></td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">O propósito do jejum do Ramadã é
proporcionar ao jejuador a experiência de privação, de modo que ele ou ela
sinta o sofrimento do necessitado. Daí o hábito de, no fim do jejum, doar
alimento a um carente. Assim, para o praticante, o mês do Ramadã é o da
solidariedade e do auxílio mútuo. Quando praticado seriamente, representa uma
experiência válida e socialmente útil, pois poderá ser uma maneira de inibir o
egoísmo e de diminuir a indiferença com os necessitados. No entanto, sua
prática se tornou um problema para a complexa e dinâmica vida contemporânea,
sobretudo nas metrópoles, onde o ritmo de vida é mais acelerado e muitos
serviços públicos não podem ser paralisados. Pois, durante o Ramadã, em algumas
cidades o comércio reduz o horário de funcionamento, ou até mesmo não abre durante
o dia, muitos profissionais não trabalham e assim por diante. O problema é
ainda maior para mulçumanos que residem em cidades de países onde o Islamismo
não é a religião majoritária, visto que é difícil praticar o jejum, com as
atividades complementares, orações, visita à mesquita, etc., num ambiente
socialmente estranho e com uma rotina desfavorável. No caso de pessoas
impossibilitadas de praticarem o jejum durante o Ramadã, são prescritas tarefas
alternativas tais como caridade, assistência social, etc. Os desobrigados são:
as crianças, os enfermos, os viajantes, as gestantes, as mulheres em período de
amamentação ou de menstruação, bem como os profissionais de atendimentos
imprescindíveis e urgentes: médicos, enfermeiras, bombeiros, policiais, etc.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> No entanto, em linhas gerais, a
prática do jejum do Ramadã tem perdido muito do seu objetivo original, Andrew
Rippin observa este processo de decadência: “Muçulmanos contemporâneos que
participam do jejum, contudo, exibem sutis mudanças na interpretação de suas
ações. Enquanto que no passado um sentido de valor penitente de jejuar estava
certamente presente, isto tem sido menosprezado nas interpretações das décadas
recentes. O jejum é praticado porque ele foi ordenado por deus, não por
qualquer benefício individual que possa acontecer ao indivíduo em termos de seu
destino na vida após a morte. Benefício moral no aqui e agora, contudo, é
enfatizado. O jejum é um meio de nivelamento social e de reforçar noções de
responsabilidade social. (...) Ainda mais, há um total sentido de unidade muçulmana
celebrada durante o jejum, especialmente, nos aspectos festivos da vida noturna
durante o mês” (Rippin, 1997: 132-3).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> De modo que, comparativamente, o
jejum islâmico do Ramadã contrasta flagrantemente em motivo e em objetivo com
outras tradições ascéticas que praticam o jejum, tal como as asceses ióguica e
budista. Nestas últimas, o jejum é praticado com o fim de controlar a gula, de
desapegar a mente, de desenvolver a capacidade de autocontrole e, sobretudo, de
preparar o corpo e a mente para a prática da meditação prolongada (quem pratica
meditação sabe que o jejum e a alimentação moderada auxiliam no desempenho
meditativo, enquanto que o funcionamento digestivo perturba o relaxamento e a
concentração, de modo que nunca se pratica meditação após uma refeição). Portanto,
é uma prática com objetivos físico-psicológicos de preparação para uma tarefa
ainda maior, a meditação, isto é, interna; enquanto que o jejum do Ramadã é uma
prática externa e formal, a fim de atender aos mandamentos de submissão e de
obediência, cercada de pompa e exibicionismo religioso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os efeitos colaterais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Existem publicações que apontam os
efeitos fisiológicos e psicológicos do jejum do Ramadã nos praticantes. Um
resumo de pesquisas foi publicado no Journal of Social Bahavior and
Personality, em 2004, por Masahiro Tida e Kanehisa Morimoto, com o título de <i>Ramadan Fasting: Effect on Healthy Muslims</i>
(O Jejum do Ramadã: Efeito Sobre os Mulçumanos Saudáveis). O estudo começa
observando que a mudança dramática nos hábitos alimentares causa efeitos fisiológicos
e psicológicos (Morimoto, 2004: 13). Algumas pesquisas apontam para uma perda
de peso, desidratação; diminuição da gordura corporal, do batimento cardíaco,
do consumo de oxigênio e do metabolismo, enquanto outras pesquisas não apontam
a perda de peso. As diferenças podem ser atribuídas ao costume local e a
qualidade da comida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Os principais efeitos fisiológicos do
jejum são: hemoconcentração (diminuição do conteúdo líquido que resulta no
aumento de células vermelhas no sangue) e desidratação. A diminuição no consumo
de líquidos é a causa destas condições de desequilíbrio líquido. No estágio
inicial da desidratação, os sinais clínicos são: taquicardia, cansaço e
indisposição, dores de cabeça e náusea (Morimoto, 2004: 13). O aumento de ácido
úrico no sangue é também notável, porque a hiperuricemia (alta presença de
ácido úrico no sangue) é uma das conhecidas sequelas do jejum prolongado. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ademais,
resultados indicam que há um impressionante aumento no risco de aterosclerose
(formação de placas no interior de artérias e veias), em virtude do aumento do
colesterol que favorece esta doença, pelo consumo de alimentos durante uma
única e longa refeição noturna (Morimoto, 2004: 13).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Efeitos psicológicos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Alguns estudos têm mostrado os
seguintes sintomas durante o período do dia: falta de concentração, cansaço,
irritabilidade, sonolência e outros sintomas indesejáveis, que podem ter
efeitos negativos na vida profissional e escolar dos indivíduos. Um aumento nos
acidentes de trânsito tem sido registrado. Estes efeitos podem acontecer em
razão da diminuição das horas de sono durante o Ramadã e a hipoglicemia
(diminuição da glicose no sangue) causada pelo jejum. Também, fumantes ficam
mais irritados devido à abstinência do hábito de fumar. Geralmente, os homens
tendem a ficar mais irritados que as mulheres durante o Ramadã. Estes efeitos
pioram ainda mais quando o mês do Ramadã cai na estação do verão, época na qual
os dias são mais longos e a temperatura mais quente (Morimoto, 2004: 13). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Bibliografia</span></b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ALI,
Abdullah Yusuf (tr.). <i>The Holy Quran</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1934. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ALI,
Maulana M. (tr.). <i>A Manual of Hadith</i>.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1944. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ARBERRY,
Arthur J. (tr.). <i>The Koran Interpreted</i>.
New York: Macmillan Publishing Co., 1955.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">BARKIA,
Ahmed, Kamel Mohamed, Maha Smaoui, Nouri Zouari, Mohamed Hammami and Moncef
Nasri<i>. Change of Diet, Plasma Lipids,
Lipoproteins and Fatty Acids During Ramadan: a Controversial Association of the
Considered Ramadan Model with Atherosclerosis Risk.</i> Journal of Health,
Population and Nutrition, volume 29, issue 05, October: 2011, p. 486. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">CHALLITA,
Mansour (tr.). <i>O Alcorão</i>. Rio de
Janeiro: ACIGI, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">CHITTICK,
William C. and Sachiko Murata. <i>The Vision
of Islam</i>. St. Paul: Paragon House, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">MORIMOTO,
Kanehisa and Masahiro Toda. <i>Ramadan
Fasting: Effect on Healthy Muslims.</i> Journal of Social Behavior and
Personality, volume 32, issue 01, January: 2004, p. 13. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">PALMER,
E. H. (tr.). <i>The Qur’an – Sacred Books of
the East, vols. 6 and 9</i>. Delhi: Motilal Banarsidass, 1994. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">PETERS,
Francis E. <i>A Reader on Classical Islam</i>.
Princeton: Princeton University Press, 1994. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">RIPPIN,
Andrew. <i>Muslims: Their Beliefs and
Pratices</i>, <i>vol. 2</i>. London:
Routledge, 1997. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">ROBINSON,
Neal. <i>Islam: A Concise Introduction</i>.
London/New York: RoutledgeCurzon, 2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">WARRAQ,
Ibn (ed.). <i>The Quest for the Historical
Muhammad</i>. Amherst: Prometheus Books, 2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">WILLIAMS,
John A. <i>Islam</i>. New York: George
Braziller, 1961. <o:p></o:p></span></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-19330659939178596712012-06-29T04:49:00.000-07:002014-03-05T11:06:02.594-08:00|ESTUDO| O Início do Papado por um Pescador Analfabeto<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Octavio
da Cunha Botelho<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: left;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/o-inicio-do-papado-por-um-pescador-analfabeto/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/o-inicio-do-papado-por-um-pescador-analfabeto/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-D5_gs0z4LSU/T-2Z29dhzqI/AAAAAAAAAK0/HRsjbmrWdsg/s1600/jesus-entregando-a-chave-do-paraiso-para-pedro.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-D5_gs0z4LSU/T-2Z29dhzqI/AAAAAAAAAK0/HRsjbmrWdsg/s320/jesus-entregando-a-chave-do-paraiso-para-pedro.jpg" height="195" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pintura mostrando Jesus entregando a chave do céu a Pedro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">Preparado
para ser postado especialmente neste Dia de São Pedro, 29/06, o estudo abaixo
mostra como é curioso saber que o papado da religião com o maior número de
seguidores no mundo, o Cristianismo, que apesar da grandiosidade e da riqueza,
teve a origem da sua tradição num pescador analfabeto, o apóstolo Pedro.
Ademais, expõe que a sua liderança, nos primeiros anos da Igreja, tornou-se uma
dúvida depois da descoberta de textos perdidos por muitos séculos. Alguns
historiadores concluem que a ideia da liderança do apóstolo Pedro, desde o
início do Cristianismo, foi uma manipulação ideológica arquitetada pela
corrente dominante, que fez apagar a rivalidade com outros líderes, sobretudo
Maria Madalena, e desaparecer os textos que apresentavam as ideias contrárias. Ademais,
o estudo aponta o ambiente culturalmente precário da região onde surgiu o
Cristianismo, bem como o posicionamento dos seus primeiros adeptos nas camadas
culturais mais baixas da sociedade na época.</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">Parece
que o primeiro papa alfabetizado, de quem se tem registro, foi Clemente I, que
foi bispo em Roma de 91 a 101 e.c., sucedendo o apóstolo Pedro (morto em 64
e.c.), a Lino (68-78 e.c.) e a Anacleto (79-91 e.c.), portanto o quarto papa na
sequência sucessória (Kelly, 1988: 05-8). A alfabetização de Clemente I é atestada,
pois deixou documentos escritos (cartas e homilias).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">O
analfabetismo na Antiguidade<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Grande parte do que conhecemos sobre
a Antiguidade é conhecida pela literatura registrada pelos escritores daquela
época. Em vista da quantidade de textos e da beleza de muitos deles, muitos
leitores atuais são levados a pensar que o letramento era um fato comum e
disseminado entre a população antiga. Nada
mais enganoso. Pesquisas apontam que “no mundo antigo, a maioria das pessoas
não sabia ler” (...) e “que aquilo que conhecemos por letramento universal é um
fenômeno moderno que só surgiu com o advento da Revolução Industrial” (...) “até
o período moderno, quase todas as sociedades apresentavam apenas uma pequena
minoria da população capaz de ler e escrever” (Ehrman, 2006: 47). Bart D.
Ehrman continua: “Isto se aplica até mesmo às sociedades antigas que
estimulavam a leitura e a escrita – por exemplo, a Roma dos primeiros séculos
cristãos, ou até mesmo a Grécia do período clássico” (Ehrman, 2006: 47). Em
seguida ele aponta que: “o melhor e mais influente estudo sobre o letramento
nos tempos antigos, feito pelo professor da Universidade de Columbia, William
Harris, indica que nos tempos e lugares mais propícios – por exemplo, Atenas à
altura do período clássico do século V a.e.c. – as taxas de alfabetização
raramente atingiam de 10 a 15% da população. Transpondo os números, isto
significa que, nas melhores condições, de 85 a 90% da população não podia ler
ou escrever. No século I cristão, na época do Império Romano, as taxas de
alfabetização podem ter sido mais irrisórias ainda” (Ehrman, 2006: 47-8). Enfim, a alfabetização, e ainda bem mais a
erudição, eram privilégios de muitos poucos na Antiguidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">A
precariedade cultural dos primeiros cristãos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Se o índice de analfabetismo era alto, mesmo nos
períodos e nos lugares favoráveis à cultura, tal como indicados acima, imagine
na região da Palestina do século I, tão distante dos grandes centros culturais
da época (Atenas, Roma, Alexandria e Pérgamo, bem como mais distante ainda dos
centros culturais da Índia e da China – o grande centro cultural dos persas,
Persépolis, já tinha sido destruído). Aquela era uma região situada na
periferia cultural do Império Romano. Quando lemos sobre pessoa erudita daquela
região e época, seu saber se restringia ao conhecimento religioso, enquanto que
nos grandes centros culturais já se cultivada e ensinava a erudição filosófica,
científica, artística, literária, poética, teatral, política e retórica.
Portanto, naquela região, o pouco de saber que existia era o equivalente
exclusivo ao saber religioso, enfim, a religião era a única erudição, ou seja,
só existia educação religiosa, pois esta deve ser a razão de não se ter
registro da existência de algum texto (oral ou escrito), que não seja
religioso, naquela época e região. <o:p></o:p></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GoMsSg-uJfY/T-2hidhMCJI/AAAAAAAAALQ/_xUv2SkAFZA/s1600/BXK63647_vista-parcial-do-vaticano-e-da-cidade-de-roma-vista-do-alto-da-basilica-de-sao-pedro800.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-GoMsSg-uJfY/T-2hidhMCJI/AAAAAAAAALQ/_xUv2SkAFZA/s320/BXK63647_vista-parcial-do-vaticano-e-da-cidade-de-roma-vista-do-alto-da-basilica-de-sao-pedro800.jpg" height="216" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto aérea do Vaticano</td></tr>
</tbody></table>
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;"> Que o Cristianismo surgiu e se
desenvolveu nos primeiros anos em comunidades formadas por cristão das classes
culturais mais baixas, está confirmado em alguns dos primeiros documentos.
Inicialmente era uma religião de incultos dirigida para os também incultos, até
que, gradativamente, membros mais instruídos passaram a integrar suas
comunidades. Uma das mais interessantes fontes que constata o baixo nível
cultural dos primeiros cristãos é a obra <i>Contra
Celso</i> (<i>Adversus Celsus</i>), do final
do século II e.c., de autoria de Orígenes, um dos mais importantes teólogos dos
primeiros séculos. Nela Orígenes contesta as críticas de Celso ao Cristianismo,
numa obra perdida denominada <i>A Palavra
Verdadeira</i>. “Uma das imputações era que os cristãos são pessoas ignorantes,
de baixa extração. O que é impressionante é que, em sua réplica, Orígenes não
nega isso” (Ehrman, 2006: 51). Veja as indicações da precariedade cultural dos
cristãos por Celso: “Eis a palavra de ordem deles (os cristãos): para trás quem tem cultura, quem tem sabedoria, quem tem discernimento. (...) Mas se tiver
algum ignorante, insensato, inculto, uma criança, que se aproxime com coragem” (<i>Contra Celso</i>, 3.44 – Ehrman, 2006: 51).
Estes últimos eram os alvos preferidos dos cristãos para a conversão. Em
seguida, ele prossegue dizendo que os cristãos “jamais se aproximam de uma
assembleia de homens prudentes com a audácia de nela revelar seus mistérios.
Mas, logo que percebem a presença de adolescentes, de um bando de escravos, de
um ajuntamento de idiotas, para lá correm a se exibir” (<i>Contra Celso</i>, 3.50 – Ehrman, 2006: 51). Mais adiante aponta os
ofícios braçais exercidos pelos cristãos: “cardadores, sapateiros, pisoeiros”,
ou seja: “pessoas das mais incultas e rudes”. E o silêncio dos cristãos diante
de pessoas cultas: “Diante de mestres cheios de experiência e discernimento não
ousam abrir a boca. Mas é só surpreenderem seus filhos acompanhados de mulheres
incultas e idiotas, que começam a falar coisas estranhas sem consideração com o
pai ou com os preceptores... os outros não passam de impertinentes estúpidos.
Eis aí com que palavras os persuadem” (<i>Contra
Celso</i>, 3.55 – Ehrman, 2006: 51). </span><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;">Sobre esta passagem,
Orígenes contesta que os cristãos “são sábios, mas são sábios no que refere a
deus, não no que refere às coisas do mundo. Em outros termos, ele não nega que
a comunidade cristã seja amplamente constituída de classes de baixa extração,
pouco instruídas” (Ehman, 2006: 51). Concluindo, a única cultura existente
naquela época e naquela região, afastada dos centros culturais, era a cultura
religiosa, de modo que somente os religiosos eram cultos. Bem, como diz um
ditado popular: “numa terra de cegos, quem tem apenas um olho é rei”, podemos
imaginar como deveria ser o deslumbramento dos analfabetos e dos cristãos
incultos diante dos poucos religiosos letrados da época.</span><br />
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;"> Outro exemplo da precariedade
cultural dos primeiros cristãos está num texto cristão do século II e.c., o </span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;">Pastor</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;"> de Hermas, num episódio quando
Hermas afirma não se recordar de todo um livro que lhe foi ditado, então ele
pede para fazer uma cópia manuscrita: “Eu o tomei (o livro) e fui para outra
parte do campo, onde copiei todo o conjunto, letra por letra, mesmo não sabendo
distinguir as sílabas. E, no final, quando completei as letras do livro, ele
foi...” (</span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;">Pastor de Hermas</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;">, 5.4 –
Ehrman, 2006: 58). Este texto foi muito estimado nos primeiros anos do
Cristianismo, tanto que chegou a fazer parte do Novo Testamento em alguns dos
primeiros códices cristãos (Ehrman, 2006: 57). O analfabetismo de Hermas é
explícito: “copiei todo o conjunto, letra por letra, mesmo não sabendo
distinguir as sílabas”, e representa a mais clara menção ao analfabetismo dos
primeiros cristãos. Em vista desta precariedade, Bart D. Ehrman afirma que as
transcrições dos primeiros manuscritos, por copistas cristãos, estão repletas
de erros. Orígenes observou esta deficiência: “As diferenças entre os
manuscritos se tornaram gritantes, ou pela negligência de alguns copistas ou
pela audácia perversa de outros...” (</span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;">Contra
Celso</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif;">, 2.27 – Ehrman, 2006: 62). Para solucionar isto, algumas primeiras
comunidades cristãs contratavam copistas profissionais para copiarem seus
manuscritos, até que copistas cristãos educados e bem treinados gradualmente ingressaram
na Igreja. Em suma, estes são exemplos do primitivo ambiente cultural, no qual
o Cristianismo surgiu, e da precariedade intelectual dos primeiros adeptos
cristãos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Mais
um exemplo da ignorância dos primeiros compositores de textos cristãos, agora
num texto apócrifo, aparece no trecho final do <i>Evangelho de Pedro</i>, quando este apóstolo estando em Jerusalém
afirma: “Eu, Simão Pedro, de minha parte, e André, meu irmão, pegamos nossas redes
e dirigimo-nos ao mar, indo em nossa companhia Levi, filho de Alfeu, quem o
senhor...” (XIV.60 – Elliott, 1993: 158 e Ehrman, 2003: 34). A ignorância
geográfica do autor deste evangelho é absurda, uma vez que Jerusalém não é
banhada pelo mar, portanto não existe razão para a presença de redes de pesca
naquela cidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">A
disputa pela liderança entre o apóstolo Pedro e Maria Madalena <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Pedro
(morto em 64 e.c.) foi considerado pela Igreja como o príncipe dos apóstolos e o
primeiro papa. Seu nome original era <i>Simon</i>,
português Simão, depois recebeu o nome (talvez apelido) de Pedro (latim: <i>Petrus</i>), que é a forma masculinizada do
substantivo feminino em latim <i>petra</i>
(pedra), do aramaico <i>cephas</i> e do
grego <i>petros</i>. Foi um dos primeiros
seguidores de Jesus e lhe foi concedido o papel de líder e de porta-voz dos
apóstolos conforme o Novo Testamento. Estava presente nos principais eventos na
vida de Jesus segundo os Evangelhos Canônicos (Kelly, 1998: 05). Tanto o evangelho
canônico de Mateus (4.18) como o apócrifo <i>Evangelho
de Pedro</i> (XIV.60) concordam que ele era um pescador. Uma vez que seus atos
são bem conhecidos dos leitores da Bíblia, não é necessária a repetição aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Curiosamente, a literatura apócrifa
de Pedro, recuperada até hoje, é bem mais numerosa que a canônica. Se reunidos
os textos mais completos e os fragmentos, existem os seguintes documentos: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">a) Ministério: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>O Evangelho de Pedro</i> (Elliott, 1993:
150-8 e Ehrman, 2003: 31-4)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>A Pregação de Pedro</i> – <i>Kerigma Petrou</i> (Elliott, 1993: 20-3 e Ehrman,
2003: 236-8)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">b) Atos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>Os Atos de Pedro</i> (Elliott, 1993: 390-426
e Ehrman, 2003: 135-54) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>Os Atos de Pedro e dos Doze Apóstolos</i>
(Robinson, 2007: 248-54)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">c) Apocalipse:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>O Apocalipse de Pedro </i>(Elliot, 1993:
593-612 e Ehrman, 2003: 280-7)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>O Apocalipse Copta de Pedro</i> (Ehrman,
2003: 78-81 e Robinson, 2007: 319-24)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">d) Epistolas: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>A Carta de Pedro a Felipe</i> (Ehrman, 2003:
195-200 e Robinson, 2007: 367-72)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- <i>A Carta de Pedro a Tiago</i> <i>e sua Recepção</i> (Ehrman, 2003: 191-4) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">- e <i>A Epistula Petri</i> (Elliott, 1993:
433-9). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Agora, o que precisa ser informado e
também discutido é que a aceitação da liderança de Pedro não era uma
unanimidade nos primeiros anos do Cristianismo, tal como transmite o Novo
Testamento e os relatos dos primeiros padres, conservados pela Igreja Católica.
Após a descoberta dos manuscritos de <i>Nag
Hammadi</i>, sobretudo a do <i>Evangelho de
Maria Madalena</i>, os historiadores foram obrigados a repensar a posição de
Pedro, tanto no tempo do ministério de Jesus, como também nos primeiros anos do
Cristianismo (D’Angelo, 1999: 105-6). Maria Madalena é altamente estimada nos
textos gnósticos, nalgumas passagens chega a aparecer como uma discípula
predileta de Jesus, a qual recebia ensinamentos secretos que eram ocultados dos
outros apóstolos. O <i>Evangelho de Maria
Madalena</i> diz: “Maria disse: O que a vós está oculto eu vos proclamarei” (Ehrman,
2003: 36 e Wilson, 2007: 443). Ela é elogiada em alguns trechos: “Pedro disse a
Maria: irmã, nós sabemos que o Salvador amava a ti mais que todas as mulheres”
(<i>Evangelho de Maria</i> – Ehrman, 2003:
36 e Wilson, 2007: 443) e numa passagem do <i>Pistis
Sophia</i> dos gnósticos: “Jesus, o compassivo, respondeu e disse à Maria:
Maria, tu és abençoada, a quem eu ensinarei todos os mistérios das alturas (...)
tu, cujo coração está elevado ao reino do céu mais que de teus irmãos” (Mead,
1921: 20). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Ela
participa ativamente em alguns diálogos, deixando até transparecer um papel de
liderança. Em razão disto, seu relacionamento com Pedro não parecia ser muito
amistoso. Nas palavras de Karen L. King: “O confronto de Maria e Pedro, uma
sequência também encontrada em <i>O
Evangelho de Tomé, Pistis Sophia</i> e <i>O
Evangelho dos Egípcios</i>, reflete algumas tensões do Cristianismo do século
II. Pedro e André representam as posições ortodoxas que negam a validade da
revelação esotérica e rejeita a autoridade da mulher no ensinamento. O <i>Evangelho de Maria</i> ataca ambas as
posições de frente por meio da figura de Maria Madalena. Ela é a amada do
Salvador, possuidora do conhecimento e do ensinamento superior àquelas da
tradição apostólica pública” (King, 2007: 442). Veja como Pedro discrimina Maria no <i>Evangelho de Tomé</i>: “Simão Pedro disse a
ele (Jesus): Permite que Maria nos deixe, pois as mulheres não são dignas da
vida”. Então a estranha resposta de Jesus: “Jesus disse: eu mesmo devo guiá-la
para fazer dela um homem, para que ela possa se tornar um espírito vivo
semelhante a vós homens. Pois, cada mulher que fizer dela mesma um homem,
entrará no reino do céu” (Ehrman, 2003: 28 e Lambdin, 2007: 125). O diálogo se
transforma em discussão hostil no <i>Evangelho
de Maria</i>, quando Maria fala de alguns ensinamentos secretos que recebeu de
Jesus. Ao terminar seu discurso, André a contesta com as seguintes palavras:
“Eu pelo menos não acredito que o Salvador disse isto. Pois, certamente, esses
ensinamentos são ideias estranhas”. Pedro então entra na coversa e questiona:
“Ele (Jesus) realmente falou com uma mulher sem o nosso conhecimento e não
abertamente conosco? Vamos todos mudar de posição e ouvi-la? Ele preferiu a ela
a nós?” Então Maria responde a Pedro: “Meu irmão Pedro, o que pensas? Tu crês
que eu mesma inventei estas coisas no meu coração, ou que estava mentindo sobre
o Salvador?” Em seguida Levi entra na conversa e acalma o clima (Ehrman, 2003:
37 e Wilson, 2007: 444).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">O
analfabetismo do apóstolo Pedro <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-m88QOTjiM20/T-2e7tVDZsI/AAAAAAAAALI/5SklFwJQ8YM/s1600/sao_pedro_g%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-m88QOTjiM20/T-2e7tVDZsI/AAAAAAAAALI/5SklFwJQ8YM/s1600/sao_pedro_g%25281%2529.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem de S. Pedro</td></tr>
</tbody></table>
<span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">A
clara referencia ao analfabetismo do apóstolo Pedro aparece em Atos dos Apóstolos
4.13: “Vendo eles a coragem de Pedro e de João, e considerando que eram homens
sem instrução e idiotas, admiravam-se”. No original grego consultado, a
expressão traduzida como “sem instrução” é </span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">agrammatoi,
</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">que Jerônimo na Vulgata traduziu para o Latim como </span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">sine litteris</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;"> e a palavra “idiotas” no Grego é </span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">idiotai</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;"> e no Latim </span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">idiotae</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">.
A tradução desta última palavra é especialmente curiosa nas Bíblias, uma vez
que os tradutores e os editores procuram encobrir a carga pejorativa do seu significado
etimológico (</span><i style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">idiotai</i><span style="background-color: white; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 35.4pt;">), utilizando de
um artifício eufemístico, traduzindo-a então por outra palavra de menor carga
humilhante (ex: sem estudos, sem conhecimentos, sem instrução, etc.), mas nunca
como ‘idiotas’ ou ‘analfabetos’.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Uma
discutida menção do analfabetismo de Pedro aparece na saudação final de sua
Primeira Epístola, 5.12: “Por meio de Silvano, que estimo como um irmão fiel,
vos escrevi resumidamente...”. Intérpretes discutem se na frase “por meio de
Silvano” (Grego: <i>dia siluanou</i> e
Latim: <i>per silvanum</i>) o sentido é de
que a carta foi escrita por Pedro e apenas enviada por Silvano, ou mesmo,
escrita por outro escriba e enviada por Silvano ou, também, foi ditada por
Pedro e redigida por Silvano. Para aqueles que levam em conta a passagem, na
qual ele é mencionado como analfabeto nos Atos dos Apóstolos (4.13), as duas
últimas hipóteses são as mais plausíveis. Para os que não acreditam que Pedro
era analfabeto, o fundamento é a expressão “escrevi” (Grego: <i>egrafa</i> e Latim: <i>scripsi</i>), a qual é entendida referir-se à redação do próprio Pedro.
Acontece que, segundo os historiadores, na Antiguidade, uma vez que o número de
analfabetos era grande, era comum contratar o trabalho de redação de escribas
que, quando estes últimos redigiam as cartas ou comunicados, escreviam como que
se as cartas fossem escritas pelas pessoas que a ditavam, ou seja, os
remetentes. De modo que, assim, parecia que quem tinha escrito a carta era a
pessoa analfabeta, a qual, na verdade, tinha apenas ditado a carta para o
escriba redigir. Agora, a passagem em Atos dos Apóstolos 4.13 é muito explícita
quanto ao analfabetismo de Pedro, somada ao fato de ser um pescador, bem como
aos altos índices de analfabetismo da Antiguidade, maior ainda naquela região
afastada dos grandes centos culturais, são mais favoráveis à conclusão de que Pedro
era analfabeto e que, certamente, teve de ditar a carta para a redação de
Silvano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">D’ANGELO, Mary
Rose. <i>The Case of Mary Magdalene</i> em <i>Women & Christian Origins</i>. New
York/Oxford: Oxford University Press, 1999, 105-28. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">DONALDSON, James and Alexander Roberts (eds.). <i>Early Church Fathers – Ante-Nicene Fathers, </i>vols.
I, II, III e IV. Edinburg: T&T Clark, 1885, reprint Grand Rapids: Wm. B.
Eerdman Publishing Company. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">EHRMAN, Bart D. <i>Lost
Scriptures: Books that did not make it into the New Testament</i>. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">New York: Oxford University Press,
2003.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">_______________O
Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por</span></i><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> <i>Quê?</i> </span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Rio de Janeiro: Prestígio Editorial, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">ELLIOTT, J. K. <i>The
Apocryphal New Testament: A Collection of Apocryphal Christian Literature in an
English Translation. </i></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Oxford:
Clarendon Press, 1993. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">FARROW, John. <i>The Pageant of the Popes</i>. New York:
Sheed & Ward, 1942.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">KELLY, J. N. D. <i>Oxford Dictionary of Popes</i>. Oxford:
Oxford University Press, 1988.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">KING, Karen L<i>. O Evangelho de Maria, Introdução</i> em <i>A Biblioteca de Nag Hammadi</i>, James M.
Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p. 442-3.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">LAMBDIN, Thomas
(tr.). <i>O Evangelho de Tomé</i> em <i>A Biblioteca de Nag Hammadi</i>, James M.
Robinson (Ed.). São PAULO: Madras editora, 2007, p. 116-25. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">MEAD, George R. S. (tr.) <i>Pistis Sophia</i>. <st1:place w:st="on"><st1:city w:st="on">London</st1:city></st1:place>:
J. M. Watkins, 1921.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">ROBINSON, James M.
(ed.). </span><i><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">The Nag Hammadi Library in English</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">.
</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Leiden: E. J. Brill,
1988. Edição brasileira: <i>A Biblioteca de
Nag Hammadi</i>. </span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">São Paulo: Madras Editora, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">WILSON, R. McL e James Brashler (trs.). <i>Evangelho de Maria</i> em <i>A Biblioteca de Nag Hammadi</i>, James M.
Robinson (ed.). São Paulo: Madras Editora, 2007, p. 443-4. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> </span> </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-86823186596243807362012-06-20T05:17:00.003-07:002014-03-05T10:42:24.582-08:00|ESTUDO| A Maçonaria e sua Origem com os Pedreiros Analfabetos<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: right;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em: </span><br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/a-maconaria-e-a-sua-origem-com-os-pedreiros-analfabetos/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/a-maconaria-e-a-sua-origem-com-os-pedreiros-analfabetos/</a>)</div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Neste próximo Domingo irá se comemorar
mais um Dia de São João Batista, apesar de ser mais conhecida pela comemoração
dos cristãos, esta data (24 de Junho) é também importante para a história da
Maçonaria, pois nela comemora-se o aniversário da reunião entre representantes de
quatro lojas maçônicas de Londres, na taberna <i>Goose and Gridiron</i>, para a fundação da Grande Loja de Londres em 24
de Junho de 1717 (Mazet, 1992: 257; Cerinotti, 2004: 14 e Jacob, 2007: 11), depois
reformulada como Grande Loja Unificada da Inglaterra em 1813, com a adesão da
Loja de York, inicialmente descontente. A escolha desta data para a reunião não
foi por acaso, mas em razão da afinidade com este santo cristão, admirado por
outras sociedades esotéricas, sobretudo pelos Templários, as quais os maçons da
época supunham serem fontes da Maçonaria (Cerinotti, 2004: 109). Mesmo não
tendo jurisdição universal, pois a Maçonaria está fragmentada em incontáveis
divisões (no Brasil, segue-se mais o Grande Oriente, de origem francesa), a
multiplicidade aumenta ainda mais quando se leva em contas as lojas
irregulares, este foi um marco importante na história da Maçonaria Moderna. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Bo0WRgzYiQo/T-RsVEmlZgI/AAAAAAAAAKc/1O1f9YbmNHE/s1600/03.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Bo0WRgzYiQo/T-RsVEmlZgI/AAAAAAAAAKc/1O1f9YbmNHE/s320/03.jpg" height="320" width="304" /></a></div>
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Agora, quem conhece os fascinantes
símbolos e os pomposos rituais, bem como a suntuosidade dos templos (lojas) e a
celebridade dos adeptos da atual Maçonaria, terá dificuldade em acreditar que
esta faustosa sociedade secreta teve sua origem numa corporação (<i>craft</i>) de pedreiros analfabetos, a qual
pode ser a razão da conservação de seus ensinamentos, durante a fase da
Maçonaria Operativa, exclusivamente através de símbolos e de ritos, ao invés também
de textos escritos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">As pesquisas sobre a origem da Maçonaria
estão envolvidas numa teia intricada de teorias controvertidas, desde as mais
delirantes até as mais sóbrias (Cerinotti, 2004: 8-11). O assunto ainda carece
de mais pesquisa acadêmica, quando comparado com a grande quantidade de estudos
sobre outras tradições, pois o número de estudos acadêmicos é escasso, de modo
que a quantidade de publicações pelas mais importantes universidades do mundo é
muito pequena. Tentando contornar estes obstáculos, o estudo abaixo pretende
apontar, em meio a um oceano de relatos fabulosos (para conhecer um exemplo,
ver: Anderson, 1734: 07-45), a origem iletrada da corporação dos Pedreiros Livres
(<i>Free-masons</i>), durante o período denominado
pelos pesquisadores de Maçonaria Operativa, a partir dos poucos estudos crítico-históricos,
independentes das interpretações da tradição e da propaganda maçônicas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Etimologia da
denominação Franco Maçonaria<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Do inglês <i>Freemasonry</i> e do francês <i>Franc
Maçonnerie</i>, não existe consenso entres os pesquisadores quanto à origem do
termo. Alguns apontam que significa que estes pedreiros (do francês: <i>maçon</i>) e construtores medievais, em
virtude do ofício, tinham <i>salvo-conduto</i>
das autoridades para transitarem livremente de uma região para outras, conforme
as obras exigiam seu trabalho, portanto a denominação de pedreiros livres (<i>free-masons</i>). Outros acreditam que
receberam esta denominação em razão do caráter mais especializado das suas
habilidades de ofício, portanto eram profissionais livres, para diferenciá-los
dos escravos que, no passado, eram a mão de obra majoritária nas edificações. Ainda,
outra etimologia é apontada na palavra inglesa <i>free stone</i> (pedra de cantaria), aquela pedra particularmente
adequada ao trabalho do entalhador (Cerinotti, 2004: 14-6). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-wBTJYndxjs0/T-IKFfT97-I/AAAAAAAAAJ8/ycwfIZPCJEo/s1600/05.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-wBTJYndxjs0/T-IKFfT97-I/AAAAAAAAAJ8/ycwfIZPCJEo/s320/05.jpg" height="261" width="320" /></a><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Qualquer que seja a etimologia,
Franco Maçonaria é a denominação para a corporação de pedreiros e construtores
que, a partir de certo momento, ainda desconhecido pelos historiadores, quando
seus membros passaram a se reunirem nos alojamentos (lojas, do inglês: <i>lodge</i> e do francês: <i>loge</i>) nos canteiros das obras, além da prática habitual das
refeições e do descanso, para trocarem informações sobre os simbolismos e os
segredos por trás das artes e da arquitetura nas catedrais e nos mosteiros que
edificavam, que os levaram, em seguida, com o acúmulo de informações secretas,
a praticarem rituais iniciáticos nestes alojamentos (lojas), para a admissão de
novatos e a transmissão secreta dos ensinamentos. Em outras palavras, uma
corporação que combinava o ofício da construção com a construção do caráter de
seus membros sob o véu do segredo. Parece que, segundo os manuscritos mais
antigos, o segredo foi utilizado inicialmente apenas para a salvaguarda das
técnicas do ofício da construção, depois se estendeu para o objetivo de velar
os símbolos, as senhas e os rituais maçônicos (Mazet, 1992: 251), daí se
desenvolveu o espírito corporativista, que até hoje marca tanto o caráter da
Maçonaria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Maçonaria e religião<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Os maçons são unânimes em afirmar que a
Maçonaria não é uma religião, a definição clássica é: “um peculiar sistema de
moralidade, velado em alegoria e ilustrado por símbolos” (Mazet, 1992: 248). Apesar
da recusa, os maçons insistem que que todo candidato deve ser um religioso, pois não é possível ingressar na sociedade sem
acreditar em deus (Anderson 1734: 48 e Cerinotti, 2004: 102). Os juramentos dos
adeptos são feitos diante de um livro religioso (Bíblia, etc.), conforme o
regulamento da jurisdição. Enfim, a Maçonaria é uma sociedade que não se
considera religiosa, mas aos seus adeptos se solicita que sejam religiosos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-UrLtIaynAdA/T-RtDEdEYmI/AAAAAAAAAKk/M-UydDQhahA/s1600/02.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-UrLtIaynAdA/T-RtDEdEYmI/AAAAAAAAAKk/M-UydDQhahA/s320/02.jpg" height="261" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Agora, o que leva os maçons a pensarem
que a Maçonaria não é uma religião deve-se ao conceito circunscritamente
cristão de religião, entretanto, quando se expande o conceito de religião para
além dos limites do teísmo, a Maçonaria demonstra traços muito comuns com
outras tradições não teístas. Por exemplo, o Hinduísmo também tem um sistema de
moral (<i>dharma shastra</i>), grande parte
das suas concepções estão veladas por símbolos, concede iniciações e, ademais,
pratica uma quantidade de ritos muito maior que a Maçonaria. Os maçons não são
teístas, mas sim deístas, a realidade suprema é o Grande Arquiteto do Universo
(GADU), de maneira que, na Maçonaria, não existe cultos de louvor, adoração ao
senhor, orações, súplicas pela graça divina, romaria, bem como sacramentos de
batismo, de casamento, etc. Em suma, o conceito de religião é controvertido,
porém, conforme a abrangência, a Maçonaria apresenta elementos tão comuns com
as religiões em geral, que se torna difícil excluí-la do rol das religiões,
sobretudo quando se tem em mente que religião não é só teísmo, fé e devoção.
Para resumir, a Maçonaria não se considera uma religião, mas, paradoxalmente,
tudo nela tem origem e natureza religiosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Maçonaria
Operativa e Maçonaria Especulativa (Moderna)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> A história da Maçonaria possui um
crucial <i>turning point</i>, a transição de
Maçonaria Operativa (composta exclusivamente de pedreiros e construtores) para
a de Maçonaria Especulativa (composta de adeptos que não são mais pedreiros e
construtores, portanto denominados de “maçons aceitos”). Esta transição
aconteceu nos séculos XV, XVI e XVII e.c., quando houve uma redução drástica no
número de construções de catedrais, de fortalezas e de mosteiros, bem como a
expansão da Reforma Protestante, as quais resultaram em prejudicais
consequências na corporação dos maçons. Consequentemente, perderam o elo com os
padres da Igreja, que patrocinavam as construções, para então, buscarem
trabalho em outras fontes, a fim de que a corporação sobrevivesse (Mazet, 1992:
253 e Jacob 2007: 12). Foi nestas circunstâncias que a Maçonaria, de uma
corporação exclusivamente constituída por pedreiros e mestres de obra, abriu as
portas para a entrada de membros de fora da profissão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-g47HtlB4-TQ/T-IKHAm_0cI/AAAAAAAAAKM/QgsLIbPFpes/s1600/07.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-g47HtlB4-TQ/T-IKHAm_0cI/AAAAAAAAAKM/QgsLIbPFpes/s320/07.jpg" height="320" width="219" /></a><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Estes novos adeptos, os quais eram
intelectuais, pessoas da nobreza, profissionais de outras áreas, portanto
candidatos bem mais instruídos, ficaram fascinados com a descoberta de que os
maçons guardavam muitos segredos antigos. Entretanto, ao mesmo tempo, por serem
cultos, perceberam que os antigos maçons não guardaram, ou já tinham perdido, o
significado por trás daqueles símbolos e ritos, daí que estes novos
interessados sentiram a necessidade de especular e pesquisar sobre a origem dos
mesmos. Foi então, a partir daí, que se iniciou o que é conhecido como
Maçonaria Especulativa, quando elementos de outras tradições tais como a
Cabala, a Rosa Cruz, a Alquimia, as Lendas de Cavaleiros Medievais e o
Hermetismo foram infiltrados na Maçonaria, por obra destes novos membros
aceitos. Especulação que resultou numa prolífera criação de novos graus, além
dos antigos dois graus do período operativo (o grau de Aprendiz e o de Companheiro,
já o grau de Mestre Maçom só se tem registro a partir do ano de 1770 –
conhecidos como os três graus simbólicos), numa sucessão na qual os graus
superiores tentam explicar, também através de símbolos e ritos, os graus anteriores,
de modo que o candidato permanece na contínua expectativa de conseguir a
explicação do simbolismo do seu grau no grau seguinte. Assim, com o tempo, a
Maçonaria se transformou numa sociedade na qual o significado encoberto pelos
seus símbolos e ritos é sempre explicado por outro símbolo e rito, de maneira
que nunca se alcança uma explicação discursiva e exegética. Como interpretam
alguns críticos, “um poço sem fundo onde nunca se encontra a água para saciar a
sede”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Este processo de busca do significado
da simbologia e de criação de novos graus continua até hoje, cujo resultado foi
o surgimento de incontáveis lojas e ordens irregulares (aquelas não
reconhecidas por uma Grande Loja ou por um Grande Oriente). Mas este critério
de reconhecimento é vago, pois se os próprios fundadores da Maçonaria Moderna
(Especulativa) tiveram de especular sobre o significado e a origem da Maçonaria
que herdaram dos maçons operativos, nos séculos XVI e XVII, os quais eles
julgaram como perdidos, não significa que a busca está concluída, pois eles
mesmo herdaram uma tradição desprovida de exegese. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">O fascínio pelo
segredo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-eAeYyvPoSvs/T-IKBEtWggI/AAAAAAAAAJk/yv_sCHcyrZ0/s1600/01.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-eAeYyvPoSvs/T-IKBEtWggI/AAAAAAAAAJk/yv_sCHcyrZ0/s320/01.jpg" height="240" width="320" /></a><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> As religiões têm início e crescem em
razão da admiração e da fascinação de um grupo de seguidores pela mensagem,
pelo carisma, pela santidade ou pelos milagres de um líder religioso, bem como
por mitos e mistérios de relatos antigos, depois estes primeiros discípulos
sobrevalorizam a mensagem, ao ponto de então criar um significado que é
organizado em doutrinas e práticas, as quais só fazem sentido dentro da sua
própria lógica, transformando este conjunto de doutrinas e práticas num
sistema, para enfim organizar-se em instituição social. Com o surgimento da
Maçonaria Moderna (Especulativa) não foi tão diferente, os novos candidatos
ficaram fascinados, no período da transição, com a tradição dos maçons
operativos, que eles atribuíam guardarem segredos antigos, e deste fascínio
pelo segredo, a Maçonaria prosperou e diversificou-se, atualmente com milhares
de adeptos pelo mundo (Cerinotti, 2004: 96-101).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">A modalidade de analfabetismo
da Maçonaria Operativa <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> Os historiadores são unânimes em
afirmarem que, durante a Antiguidade e a Idade Média, de 80% a 90% da população
destas épocas era analfabeta. O alfabetismo era um privilégio de poucos, pois
não existia o imenso sistema de educação em grande escala, aberto para todos,
como atualmente. Porém, dentro desta grande população analfabeta, existiam os
que eram apenas analfabetos funcionais (aqueles que só conseguiam ler ou
escrever os assuntos dentro de sua ocupação funcional), bem como os que só eram
treinados na sua profissão, através de um processo de treinamento, geralmente
passado de pai para filho, o qual os historiadores da educação denominam, para
diferenciar da educação priopriamente, de “aprendizagem do trabalho” ou de
“tecnização do conhecimento” (Manacorda, 2006: 70-2, 106-10; 138-9 e 161-7).
Este processo consistia inicialmente da aprendizagem das técnicas da profissão
(artesãos, lavradores, carpinteiros, etc.) transmitida pelos pais aos filhos,
sem a necessidade da alfabetização, até a formação das primeiras corporações de
aprendizagem na Europa (Manacorda, 2006: 161-7). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Yzkb14CbPMo/T-IKGPsu6SI/AAAAAAAAAKE/lElqukJyITU/s1600/06.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-Yzkb14CbPMo/T-IKGPsu6SI/AAAAAAAAAKE/lElqukJyITU/s320/06.jpg" height="320" width="219" /></a><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> A corporação (<i>craft</i>) dos maçons operativos pode ter sido uma das primeiras
corporações de aprendizagem a surgir, cuja transmissão não era aquela de pai
para filho, mas de uma maçom para outro. Com isso os maçons operativos superavam
em suas habilidades profissionais os outros trabalhadores do mesmo ofício, os
escravos, daí a suposta origem da denominação “pedreiros livres” (<i>free masons</i>). Que os maçons operativos
eram hábeis nas técnicas da construção, pois conheciam até Aritmética e Geometria
que eram aplicadas nas construções, está bem confirmado, no entanto, fortes
indícios levam a supor que eram despreparados, quanto à capacidade de ler ou de
escrever textos. As principais pistas para tal suspeita estão na inexistência
de escritos, de autoria de maçons, durante o período medieval, bem como a conclusão
de Edmond Mazet de que: “... não é difícil adivinhar qual deve ter sido o
conteúdo da Maçonaria Operativa na Idade Média. Ele só pode ter sido
inteiramente cristão e certamente refletiu os ensinamentos dos padres; que é,
foi fundado na Bíblia e na exegese bíblica, que os maçons não conheciam de ler
o livro ou os comentários sobre ele, mas de ouvir os sermões dos padres sobre
eles e de esculpir cenas históricas e simbólicas extraídas deles” (Mazet, 1992:
252). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Os escassos conhecimentos que temos da
Maçonaria operativa da Idade Média são extraídos dos <i>Old Charges</i> (Antigos Deveres), sobretudo os dois textos mais
antigos: o manuscrito <i>Regius</i> (1390
e.c.) e o manuscrito <i>Crook</i> (1450 e.c.), sendo que, curiosamente, ambos foram escritos por padres (Haywood, 1923b
e Mazet, 1992: 251). Segundo E. Mazet, “eles contem (especialmente o <i>Regius</i>) um conjunto de instruções
religiosas e morais que expressam o interesse dos padres em moralizar e
catequizar os maçons” (Mazet, 1992: 251). Os <i>Old Charges</i> seguintes, que só aparecem a partir de 1583 e.c.
(Mazet, 1992: 253), podem ter sido escritos por maçons. Portanto, mais uma
evidência de que, quanto mais antiga a referência aos maçons operativos, maior
a confirmação do seu analfabetismo. Enfim, sendo analfabetos, eles só podiam
registrar através de símbolos e de ritos, o que aprendiam com os padres
cristãos e com as esculturas que esculpiam nas catedrais, nas fortalezas e nos
mosteiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman", serif;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif;">ANDERSON,
James. <i>The Constitutions of the
Free-Masons</i>. Printed London: 1723, reprinted Philadelphia: 1734; Online
Eletronic Edition, Loncoln: University of Nebraska.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif;">CERINOTTI,
Angela. <i>Maçonaria</i>, São Paulo: Editora
Globo, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">HAYWOOD, H. L. <i>Symbolical</i>
<i>Masonry: An Interpretation of the Three
Degrees</i>. <st1:place w:st="on"><st1:state w:st="on">New York</st1:state></st1:place>:
George H. Doran Company, 1923a.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">________________ <i>The
Old Charges of Freemasonry</i> em <i>The
Builder</i>. September, 1923b.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">JACOB, Margaret C. <i>Living
the Enlightenment: Freemasonry and Politics in Eighteenth</i>-<i>Century Europe</i>. New York/Oxford: Oxford
University Press, 1991. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">__________________<i>The</i>
<i>Origins of Freemasonry: Facts and
Fictions</i>. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">MANACORDA, Mario A. <i>História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias</i>. São Paulo:
Cortez Editora, 2006.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif;">MAZET,
Edmond. <i>Freemasonry and Esotericism</i>
em <i>Modern Esoteric Spirituality</i>.
Antoine Faivre and Jacob Needleman (eds.). New York: Crossroad, 1992, p.
248-76. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif;">PIKE, Albert. </span><i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">Moral and Dogma of the Ancient and Accept Scottish
Rite of Freemasonry</span></i><span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">. Charleston: Supreme Council of the Thirty-Third
Degree, 1871.<o:p></o:p></span><br />
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">STEVENSON, David. <i>The Origins of Freemasonry: Scotland's Century 1590 to 1710</i>. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Times New Roman", serif;">WILMSHURS, W. L. <i>The
Meaning of Masonry</i>. <st1:place w:st="on"><st1:city w:st="on">London</st1:city></st1:place>:
P. Lund, Humphries & Co, 1922.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-73744845413282902492012-06-15T05:56:00.001-07:002014-03-05T10:45:05.712-08:00|ESTUDO| Abelardo e Heloísa: o Poder da Igreja Passou e o Romance Permanece<br />
<div class="MsoNormal">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em: </span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/abelardo-e-holoisa-o-poder-da-igreja-passou-e-o-romance-permanece/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/02/abelardo-e-holoisa-o-poder-da-igreja-passou-e-o-romance-permanece/</a>)</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-vkI7-l1Fcdk/UbI4seSLLwI/AAAAAAAABSM/ZadwFpZGIFg/s1600/abelardheloise.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-vkI7-l1Fcdk/UbI4seSLLwI/AAAAAAAABSM/ZadwFpZGIFg/s320/abelardheloise.jpg" height="320" width="310" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Pintura retratando Abelardo e Heloísa</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Este artigo deveria ter sido postado no Dia
dos Namorados (12/06/2012), mas em virtude da ocupação com outras tarefas, não
foi possível prepará-lo até aquela data comemorativa. Embora com atraso, não é
inconveniente sua postagem intempestiva, sobretudo por conta da comoção que esta
história é capaz de provocar nos amantes. Pois, trata-se de um dos mais famosos
casos de romance entre religiosos: o relacionamento romântico entre Pedro
Abelardo (um padre, depois monge) e Heloísa (educada num convento, depois
freira). O caso foi reproduzido na poesia, na música, na literatura, no teatro
e no cinema.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pedro Abelardo (1079-1142)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <i>Pierre
Abélard</i> (Pedro Abelardo) foi o mais notável teólogo de sua época. Nascido
numa família de cavaleiros em uma cidade perto de <i>Mantes</i>, França, ele recusou a carreira de soldado para se dedicar
aos estudos. Seu ardente interesse pelo debate o levou a Paris, onde logo se
destacou por sua habilidade no uso da Lógica. Chegando lá, tornou-se aluno de Guilherme
de Champeaux, o mais afamado dentre os mestres daquela época. Porém, “a
simpatia inicial de Guilherme pelo jovem discípulo não tardou em converter-se
em profunda antipatia, pois não contente de lhe criticar certas doutrinas, Abelardo
ocasionalmente o derrotava nos debates escolares” (Gilson, 1995: 296). Assim, seu
temperamento impetuoso o manteve em permanente conflito com a Igreja, por
muitas vezes foi obrigado a alterar suas afirmações e a queimar seus escritos,
mesmo assim sua produção literária é relativamente volumosa (<i>Historia Calamitatum</i>, caps. I e II; Gilson,
1995: 296-7 e 306-8).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Heloisa de Argenteuil
(1101-1164)<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Héloise</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
(Heloísa) foi uma brilhante erudita, educada num convento, com conhecimento de
Latim, de Grego e de Hebraico. Sabe-se que pertencia a uma família de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">status</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> social inferior ao de Abelardo. Ela foi uma protegida de seu tio Fulbert, um
cônego de Paris. Em algum momento de sua vida, ainda na adolescência, ela
tornou-se aluna de Abelardo, o qual já tinha se transformado em um dos mais
populares professores e filósofos de Paris. Durante a convivência, os dois se
apaixonaram e consequentemente iniciaram um romance secreto, ela era cerca de
vinte anos mais nova, o qual resultou no nascimento de um filho, a quem deram o
nome exótico de </span><i style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Astrolabius</i><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
(astrolábio), instrumento de navegação utilizado para medir a altura das
estrelas e dos astros acima do horizonte.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O romance com fim trágico<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-17DBc44sFSg/UbI5QxjDelI/AAAAAAAABSU/_tT6gvssDFo/s1600/abelard_heloise1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-17DBc44sFSg/UbI5QxjDelI/AAAAAAAABSU/_tT6gvssDFo/s1600/abelard_heloise1.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Abelardo e Heloísa sendo surpreendidos por Fulbert;<br />
pintura de Jean Vignaud, 1819</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Eles se casaram em segredo, mas
apesar da tentativa de encobrir os fatos, para não atrapalhar a carreira de
Abelardo, o romance secreto foi descoberto pelo tio de Heloísa, Fulbert, o qual
contratou alguns capangas para surpreender Abelardo, enquanto dormia, para
então, em seguida, castrá-lo. Com a castração, Abelardo se tornou monge e
Heloisa foi enviada como freira para o convento de Argenteuil, onde, em virtude
de sua capacidade e de sua erudição, ocupou o cargo de abadessa, depois de
alguns anos da sua chegada. Mesmo depois de separados, os dois amantes
mantiveram uma apaixonada e erudita correspondência, escrita durante os quase
quinze anos após a separação. Assim, Heloísa incentivou Abelardo em seu
trabalho filosófico e ele dedicou sua profissão de fé a ela.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A leitura destas cartas, bem como da história
deste trágico romance, comovem muitos amantes. Trata-se de uma das mais
emocionantes histórias de amor que temos conhecimento, sobretudo nos
angustiantes anos da separação. Esta dramática história foi reproduzida na
poesia, na literatura, na música, no teatro e no cinema. O livro mais popular é
o da escritora Marion Meade, <i>Stealing
Heaven</i>, adaptado para o cinema num filme homônimo, mas lançado no Brasil
com o título de <i>Em Nome de Deus</i>, de
1988, dirigido por Clive Donner, estrelado por Derek de Lint (Abelardo), Kim
Thomson (Heloísa) e Denholm Elliot (Fulbert). O filme fez muito sucesso nas
locadoras nos anos do <i>boom</i> do VHS. Na
poesia, ficou conhecida a frase do poeta Alexander Pope atribuída à Heloísa “<i>eternal sunshine of the spotless mind</i>”
(brilho eterno da mente pura), a qual foi recentemente utilizada no título de
um filme de Michel Gondry, estrelado por Jim Carrey, Kate Winslet e Kirsten
Dunst, lançado no Brasil com o título de “<i>Brilho
Eterno de uma Mente sem Lembrança”. </i>O
poema “<i>Eloisa to Abelard</i>” de
Alexander Pope foi incluído num apêndice na edição inglesa de Israel Gollancz
das cartas de Abelardo e Heloísa, de 1901 (p. 96-109).<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b>
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Algumas reflexões<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Numa época quando ouvimos tão frequentemente
sobre casos de pedofilia e de homossexualismo no meio religioso, sem punição,
nos indignamos ao saber de um casal que tentou o amor, em sua forma mais
natural, mas foi tão duramente punido. Se transpusermos o rigor da punição
recebida pelo casal medieval para os casos de pedofilia e de homossexualismo,
qual será a punição proporcional e equivalente para estes últimos casos? Será
que estes casos também não aconteciam na Idade Média? Se Abelardo foi castrado,
que punição mereceria um pedófilo naquela época? <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: right;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-_iI2TsfbDYU/UbI5rMLwU6I/AAAAAAAABSc/rHl7JIMrtvM/s1600/images+(2).jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-_iI2TsfbDYU/UbI5rMLwU6I/AAAAAAAABSc/rHl7JIMrtvM/s1600/images+(2).jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O mausoléu de Abelardo e Heloísa</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A punição de Abelardo com a castração retrata
a mentalidade obsessiva da época medieval na Europa, quando a religião
(Cristianismo) dominava a vida das pessoas em tudo e para sempre, desde o
nascimento ao funeral, com isso o rigorismo moral regia a vida da sociedade. Não
existia outro tribunal de apelação, senão o da Igreja. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A lição que permanece deste trágico caso
medieval é que Abelardo e Heloísa, apesar das punições e do sofrimento, aos
quais foram submetidos, deixaram uma mensagem de triunfo sobre a religião, pois
o relacionamento que procuraram cultivar, o romance, continua vivo e
florescente até os dias de hoje, tanto nas vidas dos casais, como na poesia, na
literatura, no teatro, na música e no cinema; enquanto que o relacionamento com
deus, de lá para cá, só acumulou decadência, ou seja, a religião, de poder
regente e cultura dominante nas vidas das pessoas, transformou-se em subalterna
assistente e mera consoladora para os desamparados e desinformados
respectivamente. De modo que, o que encontramos nos dias de hoje não é mais a
religião dos tempos gloriosos, mas sim o resto da religião. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">BELLOWS,
Henry A. (tr.) <i>Historia Calamitatum: The
Story of My Misfortunes.</i> New York: Macmillan, 1972. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GILSON,
Etienne e Philotheus Boehner. <i>História da
Filosofia Cristã</i>. Petrópolis: Vozes, 1995, p. 295s.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">GOLLANCZ,
Israel (ed.). <i>The Love Letters of Abelard
and Heloise</i>. London: J.M. Dent and Co., 1901.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MEADE,
Marion. <i>Stealing Heaven: The Love Story
of Heloise and Abelard</i>. New York: E-rights/E-reads Ltd Publishers,
2010. <i><o:p></o:p></i></span></div>
</div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-12079576639004763682012-05-30T05:50:00.003-07:002014-03-05T07:43:53.751-08:00|ESTUDO| Os Irmãos de Jesus: Um Breve Estudo Crítico-textual<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Octavio da Cunha Botelho<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: left;">
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: auto; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: auto; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">(Obs: <u>este estudo está disponível em uma versão mais atualizada em:</u></span><br />
<span style="text-align: left;"><a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/03/os-irmaos-de-jesus/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/03/os-irmaos-de-jesus/</a>)</span></div>
</div>
</div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A discussão abaixo tem relações com
o assunto do artigo “<i>A Mãe de Deus é
Filha de um Casal em Desespero</i>” postado aqui em 16/05/2012, uma vez
que toca no assunto da perpétua virgindade de Maria, pois se confirmada a
existência dos irmãos de Jesus, como filhos de sua mãe, este dogma torna-se uma impossibilidade. As opiniões se dividem e o estudo seguinte procura apresentar os
argumentos prós e contras, a partir dos textos, sobretudos os canônicos, visto que
não existe confirmação, asseguradamente comprovada, fora das citações textuais,
da existência dos irmãos de Jesus. Assim, o artigo abaixo é, de certa maneira,
um estudo crítico-textual. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Numa época e numa região nas quais o
registro de eventos era muito precário, o estudo abaixo terá de se limitar às
poucas referências textuais dos autores de evangelhos (canônicos e apócrifos),
nem sempre fidedignas, para mostrar o que é possível crer de suas escassas e
dúbias informações, muitas vezes imprecisas e ambíguas que, em decorrência
destas imprecisões, abriram espaço para a manipulação de interpretações
teológicas, mais do que para a preocupação com a fidelidade histórica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Uma controvérsia que
iniciou logo nos primeiros anos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-4qj4kCRXbNw/T8YYb2VlFiI/AAAAAAAAAHY/7gQBvtU_aO4/s1600/filme.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-4qj4kCRXbNw/T8YYb2VlFiI/AAAAAAAAAHY/7gQBvtU_aO4/s320/filme.jpg" height="256" width="320" /></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O fato de Jesus ter tido ou não
irmãos e irmãs é uma discussão antiga. A controvérsia foi ardente nos primeiros
anos do Cristianismo, sobretudo a partir do instante em que o mito da eterna
virgindade de Maria começava a se firmar como um dogma consolidado da ortodoxia
cristã. Parece que o primeiro grupo a desaprovar foi a seita dos ebionitas, uma
corrente de judeus cristãos que sustentava a opinião de que Jesus era filho
biológico de José e Maria, portanto nem sequer aceitava a imaculada concepção
de Maria e o nascimento milagroso de seu filho. Por outro lado, o principal
personagem para a consolidação do dogma da perpétua virgindade de Maria foi
Jerônimo (347-420 e.c.), o autor da conhecida tradução latina da Bíblia
(Vulgata), através de sua obra <i>Adversus
Helvidius</i> (Contra Helvídio), mais comumente traduzida como <i>The Perpetual Virginity of Blessed Mary </i>(A
Perpétua Virgindade da Abençoada Maria), em razão de que ele aproveitou as
críticas a Helvídio para também desenvolver seus argumentos em favor da
perpétua virgindade de Maria (Fremantle, 1892: 334-46). Em virtude de seu
prestígio na ocasião, Jerônimo conseguiu persuadir muitos cristãos e seu ponto
de vista ajudou a consolidar ainda mais o dogma da eterna virgindade de Maria, cujo
reconhecimento foi homologado pelos concílios subsequentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Após Jerônimo, a discussão esfriou e
somente retornou à tona muitos séculos depois através dos autores protestantes ‘pós-reforma’,
uma vez que Lutero, Calvino, Zwingli e outros primeiros reformadores
protestantes reconheceram a perpétua virgindade de Maria. Atualmente, o quadro
é mais ou menos o seguinte, as igrejas que ainda aceitam o dogma da perpétua
virgindade de Maria (<i>aeiparthenos</i> –
sempre virgem, como é conhecida pelos devotos das igrejas Ortodoxa e Oriental) são:
a Igreja Católica, a Ortodoxa, a Anglicana, as Igrejas Orientais e alguns
grupos protestantes conservadores. As que não aceitam são muitas igrejas
protestantes, número extenso demais para ser enumerado aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os irmãos e as irmãs de
Jesus no Novo Testamento canônico<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Quando este assunto surge, as
discussões são acaloradas, em razão das claras e explícitas referências aos
irmãos e às irmãs de Jesus nos textos canônicos, inclusive citação dos nomes
dos irmãos, sobretudo por conta dos argumentos impetuosos dos defensores da
Virgem Maria. A menção mais clara aparece num momento em que Jesus pregava para
um grupo de ouvintes que o aclamava, então um conterrâneo perguntou surpreso ao
ver a pregação de alguém familiar: “Não é este o filho do carpinteiro? Não é
Maria sua Mãe? Não são seus irmãos: Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs,
não vivem todas entre nós? (Mt. 13:54-5 e Mc. 6:03).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Fih2a3VJ0fw/T8YcK8pYLaI/AAAAAAAAAIM/hcmyWDUg9yM/s1600/VIRGIN.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-Fih2a3VJ0fw/T8YcK8pYLaI/AAAAAAAAAIM/hcmyWDUg9yM/s320/VIRGIN.jpg" height="320" width="256" /></a></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A primeira pergunta que surge com a
leitura desta passagem é saber se os irmãos especificados e as irmãs mencionadas
são filhos de Maria ou de José de um casamento anterior. As opiniões dos
intérpretes se dividem. Se os filhos são de Maria, ou seja, irmãos de sangue de
Jesus, significa que ela e José tiveram uma vida conjugal e geraram filhos após
o nascimento de Jesus, com isso a perpétua virgindade de Maria torna-se
impossível. Se estes são filhos de José
de um casamento anterior, o Novo Testamento é omisso, só existem referências à
paternidade de José, antes do seu encontro com Maria, num texto apócrifo, tal
como será visto em seguida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> As palavras irmãos e irmãs no texto
grego consultado desta passagem são: <i>adelfoi</i>,
que Jerônimo traduziu na Vulgata como <i>fratres</i>,
e <i>adelfai</i> (Vulgata: <i>sorores</i>) respectivamente. Na tentativa
de defender a eterna divindade de Maria, Jerônimo argumentou que estes irmãos e
irmãs de Jesus não são filhos de Maria, sua mãe, mas de outra Maria, mulher de
Cléofas (Fremantle, 1892: 340-1), a qual estava presente junto a Jesus
crucificado, com Maria mãe de Jesus e Maria Madalena (Jo. 19:25). Existe nesta
passagem uma confusão de Marias. Outro argumento muito utilizado, pelos
defensores da perpétua virgindade de Maria, é o de que estes irmãos e irmãs
são, na verdade, primos de Jesus, quer sejam pelo lado do seu pai ou da sua
mãe. Na seguinte passagem do Evangelho de João: “Junto à cruz de Jesus estavam
de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena”
(Jo. 19:25), é mencionada que Maria, mãe de Jesus, tinha uma irmã, mas a
passagem é confusa, nem sequer os textos em grego e em latim auxiliam no
esclarecimento, uma vez que não é possível saber qual frase é sujeito ou
aposto. Ou seja, se a frase “Maria, mulher de Cléofas” é aposto de “a irmã de
sua mãe”, pois sendo assim, Maria, a mãe de Jesus, teria uma irmã com o mesmo
nome, fato muito improvável, de modo que o mais provável é que sejam pessoas
distintas. Mesmo assim, alguns autores até acreditam que Maria, a mãe de Jesus,
teve uma irmã, também chamada Maria, e que as passagens com a menção dos nomes
dos irmãos de Jesus (Mt. 13:54-5 e Mc. 6:03) se referem aos seus primos, ou
seja, aos filhos da Maria irmã da Maria, mãe de Jesus. O que os intérpretes
cristãos não são capazes de inventar para defender suas crenças ridículas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Outro argumento é o de que a antiga
língua aramaica, a qual era falada na época, não possuía uma palavra específica
para primos, de modo que era usada uma palavra mais genérica que incluía ambos,
primo e irmão no seu significado. Os textos grego e latino não observaram esta
homogeneidade. A língua grega possui uma palavra para primo (<i>anepsios</i>) e outra para irmão (<i>adelfos</i>), de maneira que os tradutores
gregos traduziram como <i>adelfoi</i>
(irmãos). Esta palavra grega <i>adelfoi</i>
(irmãos) só pode ser no sentido de irmãos de sangue, uma vez que é formada de “<i>a</i>” (mesmo) e “<i>delphys</i>” (útero), portanto o significado etimológico é “do mesmo
útero”. Bart D. Ehrman é da opinião de que Jesus teve irmãos, filhos de Maria
(Ehrman, 1999: 99). O argumento da inexistência de uma palavra específica para
primo na língua aramaica é fraco, uma vez que na época e na região já existia o
senso e a especificação dos membros da família era necessária. E caso não o
tivesse, teriam de importar do grego ou do latim para o seu vocabulário, a fim
de usar nos sensos. Ademais, no vocabulário de qualquer língua, quer sejam até as
mais primitivas, os nomes de familiares são os primeiros a surgirem, por se
tratar de um uso tão frequente. Portanto, é impossível que uma língua com
tantos falantes, que já tinha até escrita, não tivesse uma palavra para diferenciar
um primo de um irmão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-6i7QSFb22YQ/T8YY_Wri8iI/AAAAAAAAAHo/LAohMo9NkzI/s1600/tiago.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-6i7QSFb22YQ/T8YY_Wri8iI/AAAAAAAAAHo/LAohMo9NkzI/s320/tiago.jpg" height="320" width="256" /></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Ainda outro argumento é o de que estes não
eram irmãos de sangue de Jesus, mas sim irmãos no sentido afetivo de
partidários. Segundo os defensores desta hipótese, era comum naquela região
chamar um colega de irmão, algo como uma denominação coletiva, para incentivar
o espírito de coleguismo, entre membros de um grupo de colegionários. Porém, o
argumento não se encaixa na passagem acima, uma vez que ela diferencia a mãe,
os irmãos e as irmãs de Jesus, do contrário poderia ter agrupado todos (mãe,
irmãos e irmãs) sob a denominação coletiva de irmãos. Também, uma passagem do Evangelho
de João contraria este argumento, quando seus irmãos disseram a Jesus na
tentativa de evitá-lo: “Parte daqui e vai para a Judéia, a fim de que também os
seus discípulos vejam as obras que fazes. Pois quem deseja ser conhecido em
público não faz coisa alguma ocultamente. Já que fazes estas coisas, revela-se
ao mundo. Com efeito, nem mesmo os seus irmãos acreditavam nele” (Jo. 7:03-5).
Quando seus irmãos dizem “a fim que seus discípulos vejam as obras que fazes”,
eles mesmos estão se excluindo do grupo de discípulos de Jesus, portanto não
podiam ser irmãos no sentido de partidários, pior ainda a frase final: “nem
mesmo os seus irmãos acreditavam nele (Jesus)”. Ainda mais, em outra passagem é
feita a diferenciação entre seus irmãos e seus discípulos: “Depois disto desceu
para Cafarnaum, com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos...” (Jo. 2:12). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Outras passagens dos evangelhos onde
os irmãos de Jesus são mencionados são as seguintes: “Chegaram sua mãe e irmãos
e estando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Ora, a multidão estava sentada ao
redor dele, e disseram-lhe; tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram”
(Mc. 3:31-3, também Mt. 12:46-50 e Lc. 8:19-21). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Fora dos evangelhos, os irmãos são
mencionados nos Atos dos Apóstolos: “Todos eles perseveraram unanimemente na
oração, juntamente com as mulheres, entre elas, Maria, mãe de Jesus, e os
irmãos dele” (Ac. 1:14). Na Epístola aos Gálatas, Paulo relata que, quando
esteve em Jerusalém: “Dos apóstolos não vi mais nenhum, a não ser Tiago, irmão
do senhor” (Gl. 1:19). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os irmãos de Jesus nos
apócrifos e na obra de Flávio Josefo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O argumento de que os irmãos de
Jesus eram filhos de um casamento anterior de José, pode ter sua origem na
tradição registrada no Protoevangelho de Tiago, quando o pai de Jesus sente-se
envergonhado em tomar Maria como esposa por isso afirmou: “Tenho filhos e sou
velho, enquanto que ela é uma menina; não gostaria de ser objeto de zombarias
por parte dos filhos de Israel” (IX, 02 – Elliott, 1993: 61). O Evangelho de
Tomé menciona uma passagem semelhante à de Mateus 12:46-50: “Os discípulos
disseram a ele (Jesus): Teus irmãos e tua mãe estão lá fora...” (Dito 99 –
Elliott, 1993: 146 e Robinson, 2007: 124). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> A morte por apedrejamento do irmão
de Jesus, Tiago, é mencionada numa passagem da obra <i>Antiguidade dos Judeus</i> de Flávio Josefo (37-100 e.c.). Esta é a
menção mais próxima dos eventos do Novo Testamento, de algum irmão de Jesus,
fora dos relatos cristãos: “então ele reuniu o <i>Sanhedrin</i> dos juízes e trouxe diante dele o irmão de Jesus chamado
Cristo, cujo nome era Tiago, e alguns outros. Quando ele os tinha acusado como
infratores da lei, ele entregou-os para serem apedrejados” (Ant. of the Jews,
XX: 09: 01 – Van Voorst, 2000: 83). De modo que, o historiador Josefo
acreditava que Jesus teve irmãos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A passagem mais
intrigante<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O maior embaraço dos defensores da
perpétua virgindade de Maria está na seguinte passagem do Evangelho de Mateus:
“E, sem que ele (José) a tivesse conhecido, ela (Maria) deu a luz o seu filho <i>primogênito</i>, que recebeu o nome de
Jesus” (Mt. 1:25, ver também Lc: 2:07). A palavra primogênito no texto grego
consultado é <i>prototokos</i> (nascido
primeiro – gerado primeiro), a qual Jerônimo traduziu na Vulgata como <i>primogenitum</i>. A passagem deixa o sentido
de que Jesus foi o primeiro filho (primogênito) de Maria, a qual teve outros em
seguida. Portanto, em vista disto, é curioso observar a grande quantidade de
traduções da Bíblia que omitem a palavra primogênito nesta passagem em suas
edições, cuja redação do trecho final fica assim: “ela deu a luz o seu filho,
que recebeu o nome de Jesus”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-GcEtVPZcMqs/T8YZHtLpiPI/AAAAAAAAAHw/zmHHHowRh6M/s1600/judas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-GcEtVPZcMqs/T8YZHtLpiPI/AAAAAAAAAHw/zmHHHowRh6M/s320/judas.jpg" height="320" width="256" /></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Agora, é curioso também saber por que
os copistas cristãos, que fizeram tantas outras alterações (tanto voluntárias
como involuntárias) durante o processo de copiar os manuscritos cristãos no
passado (ver: Ehrman, 2006), não retiraram do texto a palavra primogênito, uma
vez que o dogma da perpetua virgindade de Maria era defendido pela corrente dominante
e a palavra era polêmica. Surpreendentemente, foi mantida nos manuscritos
gregos e na Vulgata. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Jerônimo, em sua tentativa de
defender o dogma da perpétua virgindade, argumentou que: “Nossa posição é esta:
cada filho unigênito é um filho primogênito, mas nem todo primogênito é um
unigênito. Por primogênito nós entendemos não só aquele que é sucedido por outros,
mas aquele que não tem predecessor” (Fremantle, 1892: 339). Ele encontrou um
duplo sentido para a palavra primogênito, ou seja, não é só um primeiro filho
de uma série de outros, mas, sobretudo o que é o mais importante para ele, um
primeiro filho que não tem predecessor. Quando comparado com o uso mais comum
da palavra primogênito, esta interpretação de Jerônimo parece mais um jogo
linguístico, pois é muito incomum alguém utilizar a palavra primogênito para um
filho, quando este não é sucedido por outros. Mesmo assim, com a descoberta
deste duplo sentido, a astúcia de Jerônimo funcionou e com isso foi convincente
na época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Algumas reflexões
finais<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Este assunto é muito debatido entre
cristãos católicos, que ainda sustentam a eterna virgindade de Maria, e
cristãos protestantes que não reconhecem tal dogma. De maneira que, o estudo
acima se assemelha, em parte, aos argumentos contestatórios apresentados pelos
protestantes. Longe disto, este estudo não pretende defender nenhum dos lados,
apenas mostrar como uma crença perdura, mesmo diante de tantas passagens adversas
nas escritoras. Estritamente falando, os protestantes contestam o mito da
perpétua virgindade, mas, ao mesmo tempo, com base em seu princípio da <i>Sola Scriptura</i> (só pela escritura, isto
é, a Bíblia) acreditam em outros mitos, tão ingênuos como este; por exemplo, o
mito da imaculada concepção de Maria, só porque está na Bíblia, enquanto o mito
da perpétua virgindade de Maria, foi extraído, pelos primeiros cristãos, das
tradições paralelas às escrituras que foram homologadas nos concílios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"> O Movimento Protestante do século XVI
contestou e retirou muitos dogmas e crenças tradicionais de suas
interpretações, mas conservou sua confiança literal no texto da Bíblia, com
isso se prenderam ao princípio da <i>Sola
Scriptura,</i> uma vez que na época não existiam ainda os estudos críticos das
escrituras (Alta Critica e Crítica Textual), tal com nos dias de hoje. Pois se
existissem, os protestantes teriam de protestar também tanto contra a hostil e repugnante
batalha no processo de formação da Bíblia (Ehrman, 2008), como também as
incontáveis alterações efetuadas pelos copistas de manuscritos, mesmo depois da
sua formação (Ehrman, 2006). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Daí que, como resultado decepcionante deste
estudo, o protesto mais sensato que um protestante poderá fazer é tornar-se um
cético, tal como Bart D. Ehrman (ex-protestante com graduação em Teologia na
Universidade de Princeton), o mais dedicado pesquisador de manuscritos bíblicos
e da história inicial do Cristianismo da atualidade, o qual, depois de muita
pesquisa, chegou a seguinte conclusão: “A Bíblia, feita todas as contas, é um
livro inteiramente humano” (Ehrman, 2006: 22). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Bibliografia<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">EHRMAN, Bart D. <i>Jesus:
Apocalyptic Prophet of the New Millennium</i>. New York/Oxford: Oxford
University Press, 1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">_________________ O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não
Disse? Quem Mudou a Bíblia e Por Quê. Rio de Janeiro: Prestígio Editorial,
2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">________________ <i>Lost
Christianities: The Battle for Scripture and the Faiths We Never Knew</i>. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">New York/Oxford: Oxford
University Press, 2003. Versão brasileira: <i>Evangelhos
Perdidos: As Batalhas pela Escritura e os Cristianismos que Não</i> <i>Chegamos a Conhecer</i>. </span><span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Rio
de Janeiro/São Paulo: Editora Record, 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">ELLIOTT, J. K. <i>The
Apocryphal New Testament: A Collection of Apocryphal Christian Literature in an
English Translation. </i>Oxford: Clarendon Press, 1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">FREMANTLE, W. H. (tr.). <i>The Perpetual Virginity of Blessed Mary</i> em <i>The Principal Works of St. Jerome</i> (<i>Nicene and Post-Nicene Fathers of the Christian Church</i>, Series II,
Vol. VI). Edinburg: T&T Clark, 1892, p. 334-46 (Reimpressão digital: Grand
Rapids: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, p. 758-78).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">ROBINSON, James M. (ed.). <i>The Nag
Hammadi Library in English</i>. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Leiden:
E. J. Brill, 1988. Edição brasileira: <i>A
Biblioteca de Nag Hammadi</i>. São Paulo: Madras Editora, 2007.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-family: 'Times New Roman', serif;">VAN VOORST, Robert. <i>Jesus Outside the New Testament: An Introduction to the Ancient</i> <i>Evidence</i>. Grand Rapids/Cambridge: W. B.
Eerdmans, 2000. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<br /></div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7350252534349872631.post-63526670996407737782012-05-22T06:58:00.000-07:002014-03-05T10:57:20.429-08:00|CRÍTICA| Marcha para Jesus: "Quem Não Marchar Direito Vai Preso pro Inferno"<br />
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Octavio
da Cunha Botelho<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
(Obs: este textos está disponível em versão mais atualizada em:<br />
<a href="http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/08/marcha-para-jesus-quem-nao-marchar-direito-vai-preso-para-o-inferno/">http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/08/marcha-para-jesus-quem-nao-marchar-direito-vai-preso-para-o-inferno/</a>)<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> </span></b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">No último Sábado aconteceu mais uma Marcha para
Jesus, desta vez no Rio de Janeiro, onde cerca de 250 mil fiéis se aglomeraram
para rezar, ouvir música gospel e protestar contra o atual texto do projeto de
lei que criminaliza o preconceito homossexual. Estas modalidades de concentrações
religiosas se tornaram frequentes nos últimos anos, algumas já chegaram a
reunir cerca de um milhão de pessoas em São Paulo. Assim, o estudo abaixo
procura comparar, de maneira descontraída, as semelhanças entre os movimentos
obedientes e imitativos das marchas militares com o pensamento submisso e o
comportamento imitativo dos participantes destas marchas religiosas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Marcha:
imitação e sujeição ao ritmo<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-t8Pa4Tr-RIk/T7uip_EODdI/AAAAAAAAAGs/1G97NklGeiM/s1600/marcha+militar.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-t8Pa4Tr-RIk/T7uip_EODdI/AAAAAAAAAGs/1G97NklGeiM/s320/marcha+militar.jpg" height="256" width="320" /></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> A palavra marcha tem diferentes
sentidos, pode ser até uma simples caminhada, não significando apenas aquele
conjunto gestual de movimentos semelhantes e simultâneos dos soldados,
conhecido como marcha militar, marcada ou não pelo acompanhamento musical de
uma banda. Agora, para uma marchar militar ser executada é necessária uma padronização
de movimentos executados simultaneamente, na qual cada soldado imita o
movimento do outro com rigorosa semelhança. Não existe margem para o improviso,
nenhum elemento pode ser criativo naquele momento, a sujeição e a obediência ao
ritmo, bem como à coreografia sincronizada são as propriedades da marcha
militar. Em suma, a sujeição ao ritmo e a imitação de movimentos são os fatores
que fazem a marcha militar efetiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Agora, não é esta marcha
gestualmente ritmada que caracteriza as marchas para Jesus, estas são
executadas em forma de caminhadas, com liberdade de movimentos físicos. Agora,
o que assemelha a marcha militar com a marcha para Jesus é a motivação
psicológica por trás da simples caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Não é difícil observar que, em
muitas pessoas, o sentimento de compartilhar o mesmo pensamento e o mesmo
comportamento com uma maioria lhes traz convicção e segurança de estar pensando
ou fazendo a coisa certa. É algo como nadar no sentido da correnteza, parece
que se está indo para o caminho certo, mas, na verdade, o nadador está sendo
levado, ele não tem absoluto controle sobre o seu destino. O instinto de
rebanho é estudado pelos psicólogos há décadas e consegue explicar muitas
reações irrefletidas. Enfim, todo instinto de rebanho é uma ato de imitação.
Quando alguém toma uma atitude assim na vida, costuma se chamar, na linguagem
popular, de “Maria vai com as outras” ou de “macaco de imitação”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">A
Marcha para Jesus costuma reunir um rebanho de submissos fiéis, que está ali
motivado pelo sentimento de que aquela multidão de coparticipantes lhe assegura
a convicção. Em outras palavras, o aglomerado lhe transmite o sentimento de que,
se tantas pessoas estão aqui e fazendo o mesmo que eu, então isto significa que
o que creio é verdadeiro e o que faço está correto. Pensar e fazer como os
outros é uma atitude de imitação que se assemelha à marcha militar. Assim como
na marcha militar a imitação assegura o bom desempenho coreográfico, também na
Marcha para Jesus a imitação de pensamento e de decisão assegura a convicção,
daí os frequentes delírios de fé dos participantes nestas ocasiões. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">“Quem
não marchar direito vai preso pro <i>inferno</i>”<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> Muitos leitores devem ter brincado
com a seguinte cantiga na infância: <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"> “Marcha soldado, cabeça de papel, <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">quem
não marchar direito vai preso pro quartel”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Pode
parecer cômico, mas o que aproxima esta cantiga com o que está sendo tratado
aqui é a semelhança entre a imitação e a obediência. “Marchar direito”
significa marchar como os outros, portanto o mesmo que praticar a imitação. Já,
“não marchar direito” representa uma ato de desobediência, o qual, num ambiente
coercivo como o militar e o religioso, implica em ir “preso pro quartel”, ou ir
para o inferno respectivamente. Existem muitos paralelos que podem ser
apontados entre a obediência militar e a obediência religiosa. Quando o hábito
de imitação se torna muito enraizado, o mesmo assume um papel coercivo sobre a
pessoa, ou seja, a sujeição ao hábito de imitação se torna uma imposição de
obediência. Pessoas assim muito vulneráveis à submissão pensam que, evitar um
hábito até parece uma desobediência, com isso criam uma personalidade submissa,
tornando-se vítimas fáceis da manipulação alheia. Nenhuma outra instituição,
exceto a religião, carrega tanto este espírito submisso do que o militarismo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Esta
mentalidade em tudo contrasta com o espírito iluminista, definido nas conhecidas
palavras de Emanuel Kant: “O iluminismo é a saída do homem do estado de
minoridade que ele deve imputar a si mesmo. Minoridade é a incapacidade de
valer-se de seu próprio intelecto sem a guia de outro. Esta minoridade é
imputável a si mesmo se sua causa não depende de falta de inteligência, mas sim
de falta de decisão e coragem de fazer uso de seu próprio intelecto sem ser
guiado por outro. <i>Sapare aude</i>! Tem
coragem de servir-te de sua própria inteligência! Este é o lema do
iluminismo”.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ddNu1wVMCTM/T7uk1dI74uI/AAAAAAAAAHM/u05LK4utxfI/s1600/marcha+jesus.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ddNu1wVMCTM/T7uk1dI74uI/AAAAAAAAAHM/u05LK4utxfI/s320/marcha+jesus.jpg" height="256" width="320" /></a><span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Agora,
o interessante é a semelhança entre o militarismo e as igrejas cristãs, as
quais costumam chamar seus devotos de soldados, de modo que é frequente se
ouvir as denominações “Soldados de Cristo”, “Exército do Senhor”, etc. A força
com a qual as igrejas submetem seus devotos é muito parecida com a obediência
militar, sobretudo entre os militares de baixa patente. Pessoas tão submissas,
como estes soldados de Cristo, parecem, tal como na cantiga acima, ter “cabeça
de papel”, na qual estão escritas as ordens a serem obedecidas. As Marchas para
Jesus geralmente são convocadas pelos pastores, de modo que os fiéis (soldados
de Cristo), com suas cabeças de papel, respondem prontamente às ordens dos seus
guias e comparecem em imenso número a estes eventos. É impressionante o poder
de influência que os pastores têm sobre as “cabeças de papel”, elas temem que,
se não “marcharem direito irão presos pro inferno”. Pois, o ritmo da marcha é
ditado pelos pastores que, em seguida, é automaticamente seguido pela submissa
massa de seguidores, numa obediência e harmonia de movimentos que até parece
uma marcha militar, com isso esta submissão é capar de levar multidões para
estas concentrações religiosas.</span></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Para
concluir, usando de uma metáfora, o que os participantes nestas marchas
religiosas precisam é apagar as inscrições, com as gravações dos comandos dos
pastores gravadas em suas cabeças de papel e, em seguida, escrever um novo
texto esclarecedor, que lhes mostre a decadência cultural da religião nos
últimos séculos, fazendo assim que suas cabeças de papel se transformem em
cabeças de verdade e, com isso lhes habilite reconhecer a inutilidade da cultura
religiosa para a atualidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
Octavio da Cunha Botelhohttp://www.blogger.com/profile/11140531591712504482noreply@blogger.com0