Octavio da Cunha
Botelho
(Obs: este estudo está disponível em versão mais atualizada em:
http://observadorcriticodasreligioes.wordpress.com/2014/01/04/maome-e-seus-casamentos-mais-chocanters/)
Cena do filme Innocence of Muslims |
Atualmente testemunhamos uma onda de violência, da parte de muçulmanos
inconformados com a produção de um filme denominado Innocence of Muslims (A Inocência dos Muçulmanos) exibido uma única
vez nos EUA para um número pequeno de espectadores sem ser lançado no circuito,
mas parcialmente disponibilizado no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=lO7jZfQspXA)
em uma montagem de trechos com a duração de 13,5 minutos. Pelos curtos
episódios disponíveis nesta edição resumida, é possível perceber que filme é um
deboche da pessoa de Maomé e do Alcorão. O profeta do Islã é representado como
um tolo, um mulherengo, um extorsionário e um saqueador impiedoso, e o Alcorão
como um livro que legitima a crueldade e os interesses de Maomé.
Segundo as
investigações até agora, o produtor é um californiano chamado Nakoula Basseley
Nakoula (55), um cristão copta que está em liberdade condicional depois de uma
condenação por crimes financeiros. O elenco do filme agora alega que foi
enganado pelo produtor, o qual, após as gravações, dublou as falas dos diálogos
para alterar o texto. Os atores não sabiam que se tratava de um filme sobre
Maomé, pois foram informados que o filme se chamaria O Guerreiro do Deserto. A qualidade é muito precária, com um
orçamento muito pequeno, o que nos faz lembrar uma produção amadora. O elenco é
totalmente desconhecido, o ator que interpreta Maomé tem a aparência de um
surfista californiano. Algumas cenas no deserto são captadas no interior de
estúdio, com as imagens dos atores sobrepostas às imagens do deserto ao fundo,
porém com tanta artificialidade, que é possível perceber as sombras da
iluminação artificial de estúdio sobre os atores.
Maomé numa cena de fúria no filme Innocence of Muslims |
Diante destas
ocorrências, amigos e leitores do meu blog estão me solicitando que escreva
algo. Então, para aproveitar que o assunto ainda está em ebulição, acrescento
abaixo um breve estudo sobre os mais chocantes casamentos de Maomé, desde uma
perspectiva crítica. Algumas destas esposas são mostradas nesta montagem resumida do
filme, inclusive sua primeira esposa Khadija,
numa cena sensual. Mais adiante, quase no final, Maomé é flagrado na cama com a
escrava de uma de suas esposas, ao depara-se com a cena, ela se enfurece e lhe aplica
uma surra de chinelo com a ajuda da sua subordinada.
O primeiro casamento
Maomé se casou
pela primeira vez aos vinte e cinco anos de idade com uma viúva rica de
quarenta anos, a qual já tinha dois casamentos anteriores, portanto quinze anos
mais velha que ele, chamada Khadija.
Ela o colocou na administração dos seus negócios, uma vez que até então ele não
possuía trabalho fixo, como um agente comercial, e pelos relatos nas
biografias, ele se saiu bem. Os críticos percebem neste evento o oportunismo de
Maomé em casar-se por dinheiro, é o que alguns denominam através da expressão
popular de “golpe do baú”. Seu casamento
com Khadija durou vinte e cinco anos,
até o falecimento de sua esposa aos sessenta e cinco anos de idade. Durante
todo o seu período de casado, ele não teve nenhuma outra esposa e viveu dos
negócios da empresa comercial da mulher. Pois, como observa Anwar Hekmat: “Khadija era uma mulher muito capaz e
rica, e em vista do fato que ela era de um clã influente de Meca, é muito
provável que ela tenha estipulado uma cláusula no seu contrato de casamento
evitando que seu marido casasse com outra mulher. Antes, as mulheres islâmicas
na Arábia eram mais independentes do que elas são hoje no Islã. (...)
Financeiramente, Maomé era muito dependente de sua rica esposa, mas é claro que
ela não teria suprido ele com meios bastantes para se casar com outra mulher”
(Hekmat, 1997: 41). Do que foi dito
acima, não é difícil deduzir que Maomé, durante os anos que conviveu com Khadija, se comportou como um marido bem
submisso da esposa, muito diferente da orientação no Alcorão IV: 34: “Os homens
têm autoridade sobre as mulheres pelo que Deus os fez superiores a elas e que
gastam de suas posses para sustentá-las...”.
Pintura de Maomé e Khadija |
Depois da
morte de Khadija, “como ele (Maomé)
não tinha mais que trabalhar para seu sustento, ele gastou a maioria do seu
tempo batendo papo com as pessoas que ele tinha a oportunidade de encontrar nas
viagens e estudar as vidas sociais e crenças religiosas de outros povos fora de
Meca” (Hekmat, 1997: 40). Bem, tudo que Maomé aprendeu, teve de ser através de
bate papo, uma vez que era analfabeto. A prova de que ele foi um marido
submisso enquanto casado com Khadija
está no fato que, assim que esta sua primeira esposa faleceu, ele viu a
oportunidade de extravasar todo o seu apetite sexual, reprimido durante aqueles
anos, e se casou em seguida com várias esposas, inclusive com uma criança de
nove anos (Aisha) e com sua nora (Zaynab). Nas palavras de Anwar Hekmat:
“Maomé pode ter reprimido suas paixões sexuais não se atrevendo a revelá-las
abertamente enquanto sua poderosa esposa estava viva, mas da descrição que ele
fornece do paraíso no Alcorão, pode-se seguramente admitir que a ideia de
desfrutar a companhia de jovens e belas mulheres era uma qualidade inata e
sempre foi um papel dele enquanto viveu.” (Hekmat, 1997: 42). Seu apetite
estava tão reprimido que o segundo casamento aconteceu apenas poucos dias após
a morte de Khadija.
Os casamentos mais chocantes
Sua segunda
esposa foi Sauda, a ex-esposa de um
dos seus seguidores que tinha se mudado para a Etiópia, estando lá, seu marido
abandonou o Islã e se converteu ao Cristianismo. Sauda
então abandonou o marido e retornou para Meca. Segundo a lei islâmica, qualquer
mulçumano que muda de religião e assim torna-se um apóstata é considerado um
divorciado de sua esposa, e não sendo mais legalmente ligado a ela. Com seu
retorno à Meca, Maomé a tomou como esposa e consumou o casamento. Isto
aconteceu apenas poucos dias após a morte de Khadija. Porém, Sauda
permaneceu apenas poucos meses na companhia de Maomé (Hekmat, 1997: 43).
Foram tantas
esposas que as biografias divergem quanto à quantidade. Os números podem variar
de quatorze até vinte e um, mas a maioria dos biógrafos concorda em quatorze
(Hekmat, 1997: 33-4). A dificuldade em estimar com precisão reside no fato que,
além de esposas, ele desposou concubinas, escravas e prisioneiras de guerra.
Portanto, seu harém se tornou numeroso e diversificado após a morte de sua
primeira esposa. Ademais, ele se casou com algumas viúvas de seus companheiros
mortos nos campos de batalha, e a justificativa para tal ato, pelos apologistas
do Islamismo, é que ele desposou estas viúvas para lhes dar proteção (Robinson,
2003: 92). Bem, agora seria interessante saber por que é necessário se casar
com alguém para lhe dar proteção.
Maomé na cama com Aisha |
Não cabe aqui
tratar de todos os numerosos casamentos de Maomé, portanto, dos tantos
matrimônios, dois foram os mais chocantes. O primeiro foi com uma criança de
nove anos, chamada Aisha, sua
terceira esposa. Uma prática de pedofilia por alguém que se proclamava
mensageiro de deus. Ela era filha de um grande amigo de Maomé, Abu Bakr, um dos seus primeiros
seguidores e que depois se tornaria o primeiro Califa (sucessor) no Islamismo.
O contrato de casamento foi feito quando Aisha
ainda tinha seis anos de idade. Nas assustadoras palavras de Anwar Hekmat: “O
apóstolo de Alá, na sua paixão de possuí-la, estava com tanta pressa que não
esperou sequer pela chegada da noite, ele pediu à mãe da noiva para enviá-la
para sua cama nas primeiras horas da manhã logo após a cerimônia de casamento”
(Hekmat: 1997: 43). Quando esta união aconteceu, Maomé tinha mais de cinquenta
anos de idade, portanto idade suficiente para ser avô de Aisha e, também, era mais velho que o pai dela, Abu Bakr. O relato seguinte é tão
absurdo que chega ser cômico: “A garota era tão criança que, de acordo com os
biógrafos islâmicos, ela levava seus brinquedos para a cama do Profeta. A
pequena garota tinha permissão de manter seus brinquedos e suas bonecas, e algumas
vezes o Profeta brincava de jogos com ela” (Hekmat, 1997: 45).
O próximo
casamento chocante foi com sua nora (Zaynab),
ou seja, a filha de seu filho adotivo, Zayd.
Um caso incestuoso que teve origem num ato de explosão passional de Maomé. Veja
a narração deste episódio por Hekmat: “Um dia Maomé foi inesperadamente até a
casa de seu filho adotivo. Zayd não
estava em casa, mas a nora recebeu seu sogro mesmo que ela não estivesse
completamente vestida. Sendo sua nora, ela provavelmente não se importou de se
vestir ou de se cobrir completamente. Maomé não deixou de notar as belezas
ocultas de sua nora, e após murmurar algumas palavras incoerentes, ele
exclamou: Louvor a Alá, o mais elevado; louvor a Alá, que muda o coração dos
homens” (Hekmat, 1997: 56). Daí nasceu a paixão de Maomé por sua nora Zaynab, uma paixão que ele entendeu como
motivada por deus. Esta união incestuosa é relatada também no Alcorão (33: 37)
com a aprovação de Alá: “... E quando Zayd
satisfez seu desejo de sua mulher, nós ta demos em casamento para que os
crentes soubessem que não é um crime para eles casarem-se com as mulheres de
seus filhos adotivos, uma vez que estes tenham satisfeito seu desejo delas. O
mandamento de Deus é sempre cumprido” (Palmer, 1994: 144; Ali, 2002: 1118 e
Challita, 2002: 226). E tudo que foi relatado acima é legitimado pelo Alcorão:
“Ó Profeta, tornamos legais para ti as tuas esposas que dotastes e as escravas
que Deus te outorgou, e as filhas de seus tios paternos e maternos, e de tuas
tias paternas e maternas que emigraram contigo e qualquer outra mulher crente
que se oferecer ao Profeta e que ele quiser desposar: privilégio teu, com
exclusão dos demais crentes – sabemos o que lhes impusemos com relação às suas
esposas e escravas – para que ninguém possa censurar-te. Deus é compassivo e
misericordioso” (33: 50 – Arberry, 1955: 126-7; Palmer, 1994: 146; Ali, 2002:
1122 e Challita, 2002: 226).
De tudo que foi dito acima, para o Alcorão, deus
aprova e incentiva o incesto privilegiado, a poligamia, o pagamento de dote, a
pedofilia e a escravatura.
Bibliografia
ALI, Abdullah Yusuf (tr.). The Holy Qur’an: Text, Translation and
Commentary. New York: Tahrike Tarsile Qur’an Inc, 2002.
ALI,
Maulana M. (tr.). A Manual of Hadith.
Lahore: The Ahmadiyya Anjuman Ishaat Islam, 1944.
ARBERRY,
Arthur J. (tr.) The Koran Interpreted. New York:
Macmillan, 1955.
CHALLITA,
Mansour (tr.). O Alcorão. Rio de
Janeiro: ACIGI, 2002.
COOK, Michael. Muhammad. New York/Oxford: Oxford University Press, 1996.
COOK, Michael. Muhammad. New York/Oxford: Oxford University Press, 1996.
HEKMAT, Anwar. Women and the Koran: The Status of Women in
Islam. Amherst: Prometheus Books, 1997.
MOTZKI, Harald (ed.). The Biography of Muhammad: The Issue of Sources. Boston/Leiden: Brill Academic Publishers, 2000.
MOTZKI, Harald (ed.). The Biography of Muhammad: The Issue of Sources. Boston/Leiden: Brill Academic Publishers, 2000.
PALMER, E. H. (tr.) The Qur’an (Sacred Books of the East, vol.
09). Delhi: Motilal Banarsidass, 1994.
PETERS,
Francis E. A Reader on Classical Islam.
Princeton: Princeton University Press, 1994.
ROBINSON,
Neal. Islam: A Concise Introduction.
London/New York: RoutledgeCurzon, 2003.
WARRAQ, Ibn. Why I am not a Muslim. Amherst:
Prometheus Books, 1995.
_____________ (ed.). The Origins of the Koran: Classic Essays on
Islam’s Holy Book. Amherst Prometheus Books, 1998.
_____________ (ed.). The Quest for the Historical Muhammad.
Amherst: Prometheus Books, 2000.
WILLIAMS,
John A. Islam. New York: George
Braziller, 1961.